Boletim da CARDIO - Hospital Sírio Libanês

Boletim da CARDIO
Publicação Trimestral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês
Residência Médica em Cardiologia
no Hospital Sírio-Libanês
Prof. Dr. Roberto Kalil Filho,
Diretor Geral do Centro de Cardiologia do HSL
Os primeiros programas de residência médica no Brasil foram
criados nos anos 40 no Hospital das Clínicas da FMUSP. Na época,
esses programas copiavam o modelo criado no início do século
20 por Halsted, um cirurgião americano, no qual um grupo
seleto de recém-formados acompanhava um professor em sua
atividade clínica.
Foi só em 1977, com a criação da Comissão Nacional de
Residência Médica, ligada ao Ministério da Educação, que a residência
médica adotou sua estrutura atual: modalidade de ensino
de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso
de especialização, caracterizada por treinamento em serviço,
em regime de tempo integral, funcionando em instituições de
saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais
médicos de elevada qualificação ética e profissional.
Hoje, a residência médica desempenha papel indispensável
na formação do médico. As Sociedades exigem residência
médica na área para emissão de títulos de especialista e a maioria
dos hospitais também exige o certificado de conclusão de
residência para admitir médicos em seu corpo clínico.
Apesar de sua importância, o País tem uma carência muito
grande de vagas de residência. Dos médicos recém-formados
no Brasil, calcula-se que apenas cerca de 40% consigam ser admitidos
em um programa.
O Hospital Sírio-Libanês tem uma tradição de bom atendimento,
sendo um dos melhores hospitais do País. Possui corpo
clínico integrado pelos melhores profissionais e tecnologia de
ponta, tendo condição de oferecer ensino de altíssima qualidade
para todos os níveis de aprendizado.
Tendo isso em conta, o Centro de Cardiologia iniciou este
ano seu Programa de Residência Médica. Credenciado pelo
MEC, teve seus candidatos selecionados por meio do concurso
Janeiro / Fevereiro / Março - 2010 6 ª edição
do SUS, realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo.
Os residentes participantes do programa estagiarão nos
diversos serviços do Centro de Cardiologia, sob supervisão de
profissionais altamente gabaritados, participando integralmente
do atendimento ao paciente cardiológico, além de terem a
oportunidade de acompanhar exames de investigação cardiológica
de última geração.
O aprendizado ambulatorial será feito na AMA de Especialidades,
Unidade Santa Cecília e o de cardiologia pediátrica no
Hospital Municipal Menino Jesus. Ambos são vinculados à Filantropia
do HSL e contam com médicos totalmente capacitados
para ministrar ensino de primeira linha aos residentes.
O programa teórico também é bastante rico. Além de aulas
semanais sobre temas básicos de Cardiologia, com especialistas
nos diferentes temas, o residente acompanha a atividade científica
do Centro de Cardiologia, desenvolve seminários semanais
de preparação para os assuntos das aulas e tem reuniões quinzenais
sobre eletrocardiograma e discussão de artigos recentes
da literatura médica.
Esperamos assim oferecer um programa que forme profissionais
de alto gabarito, com treinamento de primeira linha e
sólido embasamento teórico.
Nesta Edição
Tilt Test pág. 2
Looper pág. 3
Ablação por Cateter pág. 4
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Tilt Table Test - Teste de
Inclinação Ortostática
Dra. Denise Hachul, Médica do Centro de Cardiologia do HSL
síncope é a perda súbita e transitória da consciência, um desmaio.
A causa vasovagal, também conhecida pelos nomes de
“neurocardiogênica ou neuromediada”, representa a maioria dos
casos de síncope na população geral e faz parte de um grupo
de desordens devido a falhas dos mecanismos que mantêm o
equilíbrio da pressão arterial. Geralmente este tipo de perda de
consciência é precipitado por estresse emocional, dor, visão de
sangue, punções venosas (ou outros procedimentos médicos),
permanência prolongada em postura ereta, mas também pode
ocorrer sem um fator precipitante específico.
O Teste de Inclinação Ortostática ou Tilt Table Test é um
método utilizado como ferramenta auxiliar no diagnóstico de
pessoas suscetíveis a esse fenômeno.
As principais indicações para realização do Teste de Inclinação
são:
• Perdas de consciência e/ou tonturas frequentes, de origem
não esclarecida;
• Episódio único de desmaio quando associado a traumatismo
físico ou acidente automobilístico, em atletas
ou em pessoas com idade avançada;
• Quedas frequentes e inexplicadas em idosos;
• Para diferenciação entre síncope e epilepsia: algumas
vezes as síncopes vasovagais apresentam abalos musculares
e podem ser erroneamente interpretados como
convulsões epiléticas. O Tilt Test está indicado também
para esclarecimento desta dúvida.
O Teste de Inclinação é contraindicado em:
• Paciente com obstruções severas das válvulas cardíacas;
• Pacientes com aumento importante da espessura do
músculo cardíaco;
Boletim da Cardio
• Pacientes com obstruções graves na circulação sanguínea
do coração (artérias coronárias);
• Pacientes com obstruções importantes das artérias cerebrais;
• Gravidez.
O teste consiste na monitorização e registro contínuos da
pressão arterial e eletrocardiograma do paciente deitado e a 70
graus em pé, sobre uma maca basculante motorizada, com suporte
para os pés e cintos de segurança.
É realizado por médico e acompanhado por um técnico de
enfermagem, em ambiente hospitalar, em sala silenciosa, com
pouca iluminação e temperatura agradável.
Antes do teste o paciente deve permanecer em jejum por
pelo menos 6 horas e estar adequadamente hidratado. Após
um período de repouso em posição horizontal, o paciente é inclinado
a até 70 graus e permanece nesta postura por 40 a 45
minutos.
Considera-se o teste positivo quando ocorre queda importante
da pressão arterial, com ou sem diminuição da frequência
cardíaca, acompanhando os sintomas do paciente.
Assim, durante o teste, o paciente poderá experimentar
sensações de tontura e mesmo um desmaio, mas estes sintomas
serão rapidamente controlados com o retorno da maca
para posição horizontal e outras medidas adicionais, se necessárias.
Por isso recomenda-se que o paciente venha acompanhado
de um familiar ou responsável e não dirija automóvel
após o exame.
Não foram reportados na literatura médica, até o momento,
eventos adversos graves relacionados ao teste de inclinação,
desde que sejam respeitados os protocolos determinados pelas
diretrizes nacionais e internacionais, seguidos rigorosamente
neste serviço do Hospital Sírio-Libanês.

www.hospitalsiriolibanes.org.br/dor
Entre em contato com o Centro de Cardiologia pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: centro.cardiologia@hsl.org.br
Monitor
de eventos
Dr. Fábio Sândoli de Brito, Médico do Centro de Cardiologia do HSL
Looper é um sistema de monitorização prolongada do eletrocardiograma,
que acompanha a pessoa em seu meio ambiente, enquanto
ela realiza todas suas atividades de rotina. É utilizado para
esclarecer sintomas cuja natureza não foi possível determinar por
outros métodos, em especial pelo Holter de 24 horas.
Os sintomas mais comuns que podem ser esclarecidos por
esse método são as palpitações e a síncope (desmaio) ou pré-sincope
(ameaço de desmaio). Dores no peito, mal-estar indefinido
ou crises de dispneia (dificuldade de respirar) também podem ser
investigados pelo Looper.
Pacientes com coração normal, mas com sintomas como
síndrome do pânico, ao realizarem o Looper terão a constatação
real de que nada esta ocorrendo com o coração no momento das
crises. Isto certamente será um potente suporte para os tratamentos
clínico e psicológico necessários para esses pacientes.
Como funciona?
O sistema utilizado no Hospital Sírio-Libanês utiliza recursos
de telefonia celular e transmissão via internet. O monitor/gravador
é um pequeno aparelho do tamanho de um telefone celular que se
conecta por meio de um cabo a dois eletrodos fixados no tórax do
paciente. O aparelho é capaz de captar o eletrocardiograma e em
tempo real envia para uma central, como um “torpedo”, amostras
deste exame. Esta central pode ser acessada pelo médico ou técnico
a qualquer momento, em qualquer ponto de acesso à Internet
ou por meio de dispositivos de acesso móvel, como notebooks e
palmtops e alguns tipos de telefones celulares. O eletrocardiograma
é então examinado e a equipe do Looper, de posse dos dados,
tomará as decisões pertinentes. Habitualmente o aparelho é programado
para enviar “torpedos” de eletro a cada 15 a 20 minutos, o
que equivale à geração de 72 a 96 amostras por dia.
Mais importante, no entanto, é quando ocorre o sintoma
que motivou a indicação do Looper. Quando isso acontece, o
paciente ou acompanhante pressiona um botão e o gravador
instantaneamente retém em sua memória os sinais elétricos e
envia para a central o eletrocardiograma daquele momento. Em
poucos segundos a central é avisada e o médico ou o técnico,
acessando a internet em sua página na central do Looper, terá
diante de si os traçados eletrocardiográficos daquele período
em que ocorreu o sintoma crítico. Dessa forma, será possível
adotar as medidas cabíveis de acordo com os achados do eletrocardiograma.
O Looper também pode ser de grande utilidade para o acompanhamento
de pacientes em regime de cuidados de Home Care.
Como é feito o exame?
O monitor/gravador é de pequeno porte e de fácil manipulação.
O paciente é orientado quanto à retirada e colocação dos
eletrodos diariamente para seu banho. O aparelho redige um relatório
diário com as atividades realizadas no dia a dia da monitorização
e seus respectivos horários.
O sistema pode ser mantido por vários dias ou semanas,
permitindo o esclarecimento diagnóstico sem que o paciente
modifique seus hábitos de vida. Estas condições facilitam o esclarecimento
do caso.
Geralmente a monitorização é programada para duas semanas,
mas poderá ser prolongada por tempo indeterminado, caso
no período inicial não ocorram os sintomas ou não haja informações
que levem ao esclarecimento do caso.
A grande vantagem em relação ao Holter é a possibilidade
de monitorização mais prolongada, o que torna viável o diagnóstico
de sintomas esporádicos. Não há contraindicações para a realização
do exame. As limitações do exame são a incapacidade do
paciente, geralmente idoso, em acionar o botão durante o evento,
o que pode ser minimizado se familiares ou acompanhantes forem
orientados para o acionamento, caso ocorra algum sintoma.
Nenhum preparo especial é necessário para realização do
exame.
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Ablação por Cateter
das Arritmias Cardíacas
Dr. Mauricio Ibrahim Scanavacca,
Médico do Centro de Cardiologia do HSL
As chamadas taquiarritmias cardíacas (anormalidades no
ritmo dos batimentos cardíacos que tornam-se muito acelerados)
são condição clínica frequente e que podem causar palpitações,
dor no peito, falta de ar e até parada cardíaca. Até 1990
o único recurso para o tratamento das taquiarritmias eram
medicações, as chamadas drogas antiarrítmicas, nem sempre
eficazes e com muitos efeitos colaterais. Desde então, consolidou-se
o emprego da chamada ablação por radiofrequência
para tratamento das arritmias cardíacas.
Como o procedimento é realizado?
Nesse procedimento, são inseridos cateteres (pequenos
fios com eletrodos na ponta) nas veias da região da virilha
ou do pescoço, alcançando-se o coração, onde a arritmia do
paciente é registrada. Elimina-se a arritmia por meio da cauterização
por ondas de radiofrequência (ablação por radiofrequência)
de pontos específicos no interior das cavidades
cardíacas. A intensidade da energia liberada pelo cateter tem
uma relação direta com a profundidade e extensão da região
a ser cauterizada, gerando elevação da temperatura na super-
Tecido
Cateter
RF RF
Boletim da Cardio
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Lesão
Ablação com Radiofrequência
A energia elétrica (radiofrequência) liberada na ponta do
cateter promove cauterização circunscrita no tecido em contato
com o eletrodo e interrompe a formação ou a condução de
estímulos elétricos neste local.
fície do coração e da ponta do cateter, que é cuidadosamente
controlada. O número e intensidade das aplicações de radiofrequência
dependem da extensão e localização do local a ser
cauterizado.
O procedimento pode em geral ser realizado com sedação
leve, porém em alguns casos pode ser necessária anestesia geral.
A duração do método é variável conforme o tipo e a complexidade
da arritmia, mas em geral varia de duas a quatro
horas.
Na maioria dos casos, a ablação por cateter elimina a
arritmia ou a torna menos frequente e intensa. O uso de medicamentos
antiarrítmicos pode ser ainda necessário para o
controle total.
A ablação por cateter das arritmias cardíacas é um procedimento
seguro quando realizado dentro dos padrões recomendados.
Complicações graves são raras.
O Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês é dotado
de um serviço de Eletrofisiologia (estudo das arritmias
cardíacas) com profissionais experientes que dispõem dos
equipamentos mais modernos para realização destes procedimentos
com a qualidade e segurança necessárias.
Expediente
Editor: Prof. Dr. Roberto Kalil Filho
Co-Editores: Dra. Maristela Monachini e Dr. Pedro Nunes
Gerência de Comunicação: Katia Camata Ribeiro
Coordenação de Comunicação: Marjorie Sapatel
Edição e Produção: Estela Ladner (Espaço 2 Comunicações) Tel: (11) 3815-3686
Arte: Adriana Cassiano
Jornalista Responsável: Simon Widman (Mtb. 15460)
Endereço: Rua Dona Adma Jafet, 91 Cep 01308-050
Tel: (11) 3155-8231 Fax: (11) 3155-1031
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