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Guitarra elétrica

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música serial 15 ... Mas.. Quem ouve, sente uma coisa brasileira mas nas entrelinhas, eu não coloco<br />

nada brasileiro “politicamente correto” , obrigatoriamente, é natural (...) Eu não paro pra pensar,<br />

“eu sou brasileiro, eu tenho que tocar coisa brasileira”, como eu já vi uma composição de fusion,<br />

com guitarra distorcida, que não tem nada a haver com música brasileira, mas bota um tamborim<br />

ali só pra justificar... Isso me soa gratuito (Carvalho, 2007).<br />

Vinícius Rosa ressaltou o peso das primeiras influências musicais se perpetuando por toda<br />

a trajetória artística do indivíduo:<br />

Eu acho que o início, o que te leva, né , aquele impulso assim, é fundamental pro que você vai<br />

acabar sendo. Mas eu acho também que você pode também depois...Por exemplo , conheço alguns<br />

músicos de jazz , que escutaram isso desde o início, e eles são bons pra caraca mesmo. E eu só<br />

posso acreditar que eles bons desse jeito porque aquilo é muito natural pra eles, entendeu? Mas eu<br />

também não posso acreditar que “ah,então esses caras nunca vão tocar tango”, por exemplo, não dá<br />

pra ser assim também, né? Eu até acho que os caras do samba tocam assim porque fazem isso<br />

desde que nasceram, mas.. Você adequa também, eu acredito..O cara não vai ser igual...Sei lá, vai<br />

tocar aquele violão com o sotaque igualzinho ao que o Gilberto Gil toca, mas vai tocar bem, vai ser<br />

legal. Hoje em dia eu escuto muito mais isso do que em qualquer época, eu acho... Eu acho legal<br />

(Rosa, 2007).<br />

Chama a atenção nas respostas à segunda pergunta como a primeira e a última geração de<br />

guitarristas entrevistados (respectivamente, Zé Menezes e Vinícius) falam sobre o mesmo<br />

assunto: o contato com gêneros musicais distintas aos de sua formação, como uma forma de não<br />

estagnar os conhecimentos musicais. O “universalismo” de Alexandre Carvalho é um reflexo<br />

desta mesma exposição a diferentes culturas musicais, uma variante musical da tão conhecida<br />

miscigenação cultural dos brasileiros (Ortiz, 1985 e Schwarcz, 1993).<br />

Sobre a terceira pergunta, Zé Menezes citou o frevo e o choro como músicas de grande<br />

identidade brasileira e de caráter técnico. Heraldo do Monte respondeu a esta pergunta se<br />

remetendo aos questionamentos naturais de um músico em busca de sua identidade musical:<br />

A identidade não é um drama, como muita gente teme. Tem frases que a gente gosta, outras não,<br />

articulações que são mais fáceis para a gente, coisas que a gente descobre sozinho em casa...Fatalmente, isto tudo vai<br />

dar na tal “identidade”! (Monte, 2007).<br />

15 Alexandre Carvalho nos últimos tempos tem se dedicado à composição erudita (ele é formado em composição e<br />

tem o mestrado pela UFRJ) numa ramificação com influências jazzísticas, denominada “third stream”.<br />

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