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Prêmio Territórios Quilombolas - Ministério do Desenvolvimento ...

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conhecer que o sujeito que vive no campo hoje é capaz de “absorver e de acompanhar<br />

a dinâmica da sociedade em que se insere e de se adaptar às novas estruturas sem, contu<strong>do</strong>,<br />

abrir mão de valores, visão de mun<strong>do</strong> e formas de organização social que lhes<br />

são próprias”. 14 Mas como as práticas cotidianas ultrapassam os limites <strong>do</strong> controlável,<br />

a relação campo-cidade cria tensões entre os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> quilombo e mesmo entre os<br />

jovens e seus projetos individuais.<br />

>> Os caminhos de Meri na relação campo-cidade<br />

Deixa a moreninha passear<br />

Deixa a moreninha passear<br />

O terreiro é grande 15<br />

Quan<strong>do</strong> falamos em juventude rural, sobre quem nos referimos? A própria difi culdade<br />

de estabelecer o que é o rural, frente ao intenso fl uxo material e simbólico cidadecampo,<br />

torna um desafi o a conceituação <strong>do</strong> que é juventude rural. Deve-se considerar<br />

que tal defi nição carrega uma forte pretensão generalizante que enquadra diferentes<br />

sujeitos num mesmo critério estabeleci<strong>do</strong> geralmente por outrem, quase nunca pelos<br />

próprios indivíduos que vivem a condição de estar no campo.<br />

A heterogeneidade das condições de vida e trabalho <strong>do</strong>s jovens que moram no campo<br />

confi gura formas de viver diferenciadas, constituin<strong>do</strong> experiências e identidades<br />

coletivas distintas. As diferenças nos processos de socialização <strong>do</strong>s jovens rurais são<br />

marcadas, na maior parte, por condições de gênero e pelos recursos materiais e simbólicos<br />

que lhes são disponíveis. Os jovens e as jovens negociam nesses espaços com<br />

as expectativas <strong>do</strong>s pais em relação ao seu futuro e com os recursos que herdam das<br />

gerações anteriores, construin<strong>do</strong> nesse diálogo geracional suas trajetórias de vida. As<br />

incertezas quanto ao próprio futuro se fazem presentes quan<strong>do</strong> confrontam as diversas<br />

alternativas de vida que se apresentam com a precariedade da sua inserção no<br />

mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho.<br />

O “ser jovem” varia de acor<strong>do</strong> com a classe, o gênero, a raça, o local de moradia etc.,<br />

pois esses recortes sociais interferem nas possibilidades de inserção social <strong>do</strong>s sujeitos.<br />

A juventude, como um conceito construí<strong>do</strong> historicamente, muda no tempo, no espaço<br />

e de sociedade para sociedade, não poden<strong>do</strong>, dessa forma, serem estabeleci<strong>do</strong>s limi-<br />

14 Ibid.<br />

15 “Deixa a moreninha passear”, ponto de jongo de Mãe Zeferina.<br />

29<br />

Entre o quilombo e a cidade: trajetória de<br />

uma jovem quilombola

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