13.04.2013 Views

O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)

O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)

O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

po<strong>de</strong>rem ser salvos n’um caso <strong>de</strong> <strong>na</strong>ufrágio.” 29 Não po<strong>de</strong>ndo os articulistas confirmar essa<br />

informação, dizem os mesmos que a mencio<strong>na</strong>ram ape<strong>na</strong>s a título <strong>de</strong> curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

certamente <strong>de</strong>sconfiando <strong>da</strong> veraci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mesma. Chegaram então, por fim, a Vila Real <strong>de</strong><br />

Santo António, após uma jor<strong>na</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zasseis horas e com pouco mais <strong>de</strong> hora e meia <strong>de</strong><br />

atraso. Era esta, em 1921, a duração <strong>da</strong> viagem <strong>de</strong> comboio para o <strong>Algarve</strong>: uma<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto.<br />

6. Vila Real <strong>de</strong> Santo António: uma “terra sem aroma”<br />

Em Vila Real <strong>de</strong> Santo António, a impressão foi “<strong>de</strong>sagradável. (…) A estação <strong>de</strong> caminho<br />

<strong>de</strong> ferro (…) por construir, embora já há tempo tenha sido projectado um edifício para esse<br />

fim. (…) O caminho que lhe dá acesso (…) pouco tentador; havendo um carreiro pelo meio<br />

d’um campo escalvado, fronteiro à estação, que, encurtando o espaço para a Vila – aliás a<br />

pequeníssima distância – mostra, to<strong>da</strong>via, ao viajante, um aspecto <strong>de</strong>solador.” 30 Curiosa é a<br />

<strong>de</strong>scrição do cronista relativamente à estética <strong>de</strong>spoja<strong>da</strong> <strong>da</strong>s construções pombali<strong>na</strong>s,<br />

ain<strong>da</strong> então com muito poucos vestígios <strong>de</strong> gente, como o mesmo bem refere. Diz este que<br />

“<strong>na</strong> travessia para o hotel [seguiram] por diversas ruas, to<strong>da</strong>s feias, <strong>de</strong> mau piso, la<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> casebres, sem vestígios <strong>de</strong> civilização. Quasi to<strong>da</strong>s as casas são térreas, não tendo<br />

nenhum pavimento superior a <strong>da</strong>r-lhes vislumbre <strong>de</strong> estética”. Enquadrando esta<br />

<strong>de</strong>scrição no contexto temporal em que é escrita, um período <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnismos, <strong>de</strong><br />

extroversão <strong>da</strong>s formas, <strong>de</strong> abertura à arte nova, às <strong>de</strong>corações e floreados próprios<br />

<strong>da</strong>quele tempo, compreen<strong>de</strong>-se perfeitamente o comentário.<br />

O hotel <strong>da</strong> Vila, o primeiro a que chegaram, não <strong>de</strong>spertou, como seria <strong>de</strong> esperar,<br />

surpresa positiva alguma, já que este estava “em justa relação com o valor <strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong>” –<br />

não merecia mesmo “a mais simples referência”. Numa vila “importante pela sua industria,<br />

pela sua situação <strong>de</strong> porto <strong>de</strong> mar (…) e <strong>de</strong>mais fronteira a Espanha, (…) estes predicados<br />

constituíam suficientes motivos para tor<strong>na</strong>r a última Vila <strong>de</strong> Portugal n’uma interessante e<br />

atraente locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer <strong>na</strong>ção que não fosse a nossa”. Sendo ela “parte do<br />

continente portuguez, por isso dá a impressão d’uma terra <strong>de</strong> pescadores selvagens no<br />

extremo Austral do Continente Africano” 31. A visita à vila confirmou <strong>de</strong>pois a <strong>de</strong>solação “a<br />

ca<strong>da</strong> passo”. Não fosse a gran<strong>de</strong> Aveni<strong>da</strong> à beira-mar, “on<strong>de</strong> se encontram as principaes e<br />

mais civiliza<strong>da</strong>s habitações, to<strong>da</strong>via em mistura com gran<strong>de</strong>s fabricas <strong>de</strong> conservas”, e<br />

29 I<strong>de</strong>m, nº108, Junho <strong>de</strong> 1921, p.189.<br />

30 I<strong>de</strong>m, nº109, Julho <strong>de</strong> 1921, p.15.<br />

31 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p.15.<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!