O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)
O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)
O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)
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seria uma total <strong>de</strong>cepção. Mesmo a praça principal (Praça Marquês <strong>de</strong> Pombal) se<br />
apresentava aos olhos do re<strong>da</strong>ctor “tão simples como o obelisco que plantaram no seu<br />
meio. Em resumo – [a Vila] não possue um monumento, nem um edifício mais notável,<br />
nem um jardim; enfim, <strong>na</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>na</strong><strong>da</strong>”. Até no que toca à paisagem envolvente, “os seus<br />
arredores [eram] insignificantes”, com “uma paisagem ári<strong>da</strong>”, as gentes “pouco<br />
comunicativas” e, talvez por isso, não <strong>de</strong>scobriram os viajantes, em to<strong>da</strong> a sua curta visita,<br />
“nenhum exemplar feminino por on<strong>de</strong> [pu<strong>de</strong>ssem] aquilatar os dons que a <strong>na</strong>tureza<br />
dispensou às mulheres <strong>de</strong> Vila Real <strong>de</strong> Santo António”. Em suma, “<strong>na</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> interessante<br />
[os] pren<strong>de</strong>u a esse triste rincão <strong>da</strong> Terra Portugueza, que ali emu<strong>de</strong>ceu os seus cânticos,<br />
os doces gorjeios pelas luarentas noites estivaes; terra sem aroma; sem mulheres, sem<br />
beleza, <strong>de</strong> homens sisudos e ru<strong>de</strong>s” 32. Uma <strong>de</strong>cepção total, portanto.<br />
7. As indústrias do <strong>Algarve</strong> e o <strong>turismo</strong><br />
Após uma visita a Aiamonte, vila que, aos olhos dos re<strong>da</strong>ctores, se apresentou com “os<br />
seus arruamentos são mais bem <strong>de</strong>lineados do que em Vila Real” – <strong>da</strong>do no mínimo<br />
curioso, tendo em conta a ortogo<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vila pombali<strong>na</strong> – e “uma vi<strong>da</strong> pouco intensa<br />
<strong>de</strong>vido, em especial, à pouca energia dos seus dois a três mil habitantes indíge<strong>na</strong>s”,<br />
regressaram novamente a Vila Real, que atravessaram “rapi<strong>da</strong>mente, para que o confronto<br />
não [os] conduzisse à tristeza que [<strong>de</strong>les] queriam separa<strong>da</strong>”, embarcando <strong>de</strong>pois no<br />
comboio para Faro, a caminho do Gran<strong>de</strong> Hotel, no qual viriam a confirmar as boas<br />
impressões que acerca <strong>de</strong>le tinham. Na capital <strong>da</strong> província, pu<strong>de</strong>ram observar uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
relativamente bem ilumi<strong>na</strong><strong>da</strong>, dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> um teatro que tiveram oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
frequentar, visitando no dia seguinte o mercado, “pequeno mas suficiente”, o jardim e<br />
algumas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e seus “estabelecimentos mo<strong>de</strong>rnizados e bem sortidos”,<br />
comprando <strong>de</strong>pois <strong>na</strong> gran<strong>de</strong> mercearia “Jeronymo Martins”, os saborosos “«D. Rodrigos»,<br />
os «Morgados» e outras espécies <strong>da</strong> primorosa doçaria Algarvia” e uma remessa <strong>de</strong> figos<br />
para a família, cuja industria, “no <strong>Algarve</strong>, se acha largamente <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, facilitando o<br />
respectivo comercio por forma atraente para o visitante (…), factor importante <strong>da</strong><br />
economia <strong>da</strong> provincia, [a par dos outros] (…) produtos <strong>da</strong> <strong>região</strong> que, por egual, teem<br />
muita procura, taes como a amêndoa, a alfarroba, o vinho, a cortiça (…) paralelamente à<br />
industria <strong>da</strong>s conservas” 33. Conheceram ain<strong>da</strong> “uma curiosa fabrica <strong>de</strong> moagem, cuja<br />
instalação se acha feita pelo systhema Suisso, servindo para <strong>de</strong>scasque e moagem <strong>de</strong> trigo,<br />
milho e arroz”, numa visita proporcio<strong>na</strong><strong>da</strong> por um amigo que foram encontrar em Faro,<br />
32 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p.16.<br />
33 I<strong>de</strong>m, nº113, Novembro <strong>de</strong> 1921, p.66.<br />
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