14.04.2013 Views

No veio da esperança a essência etérea da criança diversa na escola

No veio da esperança a essência etérea da criança diversa na escola

No veio da esperança a essência etérea da criança diversa na escola

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Movimento este que permitiu que re<strong>na</strong>scessem diálogos outros semeando palavras<br />

como sementes férteis ao vento. Ao desfolhar <strong>diversa</strong>s de suas dimensões, assim como<br />

Ariadne 3 , puxando fios simbólicos relativos às imagens <strong>da</strong> <strong>criança</strong> <strong>diversa</strong> <strong>na</strong> <strong>escola</strong>,<br />

pude penetrar <strong>na</strong> sensibili<strong>da</strong>de poética e no compromisso político de suas produções.<br />

Cecília Meireles atuou ativamente nos movimentos culturais de seu tempo. A<br />

poeta 4 era partidária <strong>da</strong> Escola <strong>No</strong>va 5 e defendia, assim como Fer<strong>na</strong>ndo de Azevedo e<br />

Anísio Teixeira, uma educação pública, universal, obrigatória e laica, sendo uma<br />

defensora intransigente <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de mundial. Destacava-se, no meio intelectual, por<br />

ser detentora de um saber especializado – a pe<strong>da</strong>gogia, sustenta<strong>da</strong> pela Psicologia e pela<br />

Literatura. Foi nomea<strong>da</strong>, em 1935, professora de Literatura Luso-Brasileira e de Técnica<br />

e Crítica Literária, no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, tendo, ain<strong>da</strong>, organizado<br />

a Primeira Biblioteca Infantil do país – o Pavilhão Mourisco 6 . Cecília Meireles, que<br />

instância que “realiza-se sempre temporalmente e no presente, enquanto o sistema de língua é virtual e<br />

estranho ao tempo” (1989, p. 186). “Tudo o que se <strong>na</strong>rra acontece no tempo, desenvolve-se<br />

temporalmente; e o que se desenvolve no tempo pode ser contado.” (idem, p.24) Não interessa a Ricoeur<br />

a fragmentação <strong>da</strong> ação <strong>na</strong>rrativa, mas sim o caráter comum entre todos os gêneros discursivos –<br />

temporali<strong>da</strong>de. Até mesmo a noção de temporali<strong>da</strong>de que temos é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo <strong>na</strong>rrar <strong>da</strong> existência huma<strong>na</strong>.<br />

A linguagem possibilita essa fragmentação. Para Ricoeur, a linguagem é o veículo para o registro <strong>da</strong><br />

experiência huma<strong>na</strong>. Diz que: “Ao tratar a quali<strong>da</strong>de temporal <strong>da</strong> experiência – temporali<strong>da</strong>de- como<br />

referente comum <strong>da</strong> história e <strong>da</strong> ficção, eu constituo em problema único ficção, história e tempo.” (idem,<br />

p. 24) Da forma como entende a ação <strong>na</strong>rrativa não existe diferença entre discurso científico e <strong>na</strong>rrativa,<br />

são ambas produções huma<strong>na</strong>s. O “modelo” <strong>veio</strong> depois que o homem se reconheceu como ser-nomundo,<br />

capaz de uma linguagem, estruturando-se pela ação <strong>na</strong>rrativa. A fragmentação é uma ação<br />

posterior que pode se estruturar <strong>na</strong> forma de romance, discurso científico, obra de arte, filme, reportagem,<br />

crônica etc.<br />

3 Ariadne, uma bela princesa <strong>da</strong> mitologia grega filha de Minos e Pasífae, tinha um meio irmão chamado<br />

Minotauro, que era meio homem, meio touro - filho de Pasífae com um touro branco. Ele vivia num<br />

labirinto no palácio de Cnossos, que era tão complexo que nem Daedelus, o arquiteto que o construiu,<br />

conseguiu encontrar a saí<strong>da</strong>. Um dia, Teseu, um jovem semi-deus foi a Ate<strong>na</strong>s para matar o Minotauro.<br />

Ariadne, que se apaixonou por esse jovem, receou que este morresse no labirinto, não conseguindo<br />

encontrar a saí<strong>da</strong>. Dessa forma, resolveu entregar-lhe um fio de lã, que ficaria preso <strong>na</strong> entra<strong>da</strong> do<br />

labirinto, fazendo com que o seu amor conseguisse retor<strong>na</strong>r após ter cumprido a sua missão. Teseu<br />

prometeu casar com Ariadne e, ambos partiram de barco. Ao chegarem à ilha de Naxos, Teseu abandonou<br />

Ariadne. Esta, desespera<strong>da</strong> atirou-se ao mar, procurando a morte. O deus grego Bacchus segurou-a em<br />

seus braços e imediatamente se apaixonou por ela, casaram-se e tiveram filhos, quando Ariadne morreu,<br />

Bacchus colocou no céu em forma de estrelas a sua coroa, como lembrança do seu amor. (Ver STRAUSS,<br />

Richard, Ariadne de Naxos. 2007)<br />

4 A opção pelo uso do termo poeta, em detrimento do feminino poetisa, se dá em virtude <strong>da</strong> opinião de<br />

Cecília Meireles que se auto intitulava poeta. “Eu canto porque o instante existe e a minha vi<strong>da</strong> está<br />

completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” (MEIRELES, Cecília, 1982b, p.19)<br />

5 Movimento que teve início <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> de 1920 e que se consolidou nos anos de 1930 defendia, dentre<br />

outros ideais, o publicismo, a laici<strong>da</strong>de e a co-educação.<br />

6 O Pavilhão Mourisco situava-se <strong>na</strong> praia de Botafogo, <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, foi i<strong>na</strong>ugurado em<br />

1934 quando Anísio Teixeira estava à frente do departamento de Educação do Distrito Federal. Esse<br />

espaço cultural tinha por fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de atender as <strong>criança</strong>s após o horário <strong>escola</strong>r para desenvolverem<br />

ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s à leitura, arte, música entre outras. De acordo com Yolan<strong>da</strong> (1996) “Este centro de<br />

cultura despertou o entusiasmo <strong>da</strong>s <strong>criança</strong>s e do público em geral e contava com a participação de<br />

intelectuais e artistas que atuavam como colaboradores especiais.” (p. 528) Ver também Jussara Pimenta<br />

(2001).<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!