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No veio da esperança a essência etérea da criança diversa na escola

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educação não tem escapado às transformações ocorri<strong>da</strong>s <strong>na</strong> contemporanei<strong>da</strong>de. Hoje<br />

tem-se verificado a tentativa, ain<strong>da</strong> que precária, de constituição de um sistema público<br />

de ensino, voltado para a extensão <strong>da</strong> <strong>escola</strong>ri<strong>da</strong>de elementar à população. Precária<br />

porque, apesar <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s <strong>criança</strong>s estar inseri<strong>da</strong> no contexto <strong>escola</strong>r ao longo do<br />

Ensino Fun<strong>da</strong>mental, nem to<strong>da</strong>s conseguem o desenvolvimento <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des<br />

essenciais à formação intelectual e pessoal. Dessa forma, pode-se afirmar que o<br />

percurso de constituição <strong>da</strong> educação brasileira tem sido marcado por descontinui<strong>da</strong>des<br />

que precisam ser a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s.<br />

Ao pensar no caráter objetivante <strong>da</strong> relação entre o passado e o presente, reporto-<br />

me ao ambiente de efervescência intelectual e cultural, instaurado já <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> de 1920<br />

e que teve início com as novas idéias sobre educação influencia<strong>da</strong>s por concepções<br />

america<strong>na</strong>s e européias. Destaca-se nesta déca<strong>da</strong> a criação <strong>da</strong> ABE (Associação<br />

Brasileira de Educação) 7 , que desde o início de sua fun<strong>da</strong>ção caracterizou-se como um<br />

lugar privilegiado <strong>da</strong> militância educacio<strong>na</strong>l por defender a formação cultural e o<br />

aperfeiçoamento profissio<strong>na</strong>l do educador, através de Cursos, Conferências – realiza<strong>da</strong>s<br />

<strong>na</strong>s capitais - e as Sema<strong>na</strong>s <strong>da</strong> Educação – volta<strong>da</strong>s para as instituições -, que ocorriam<br />

em várias ci<strong>da</strong>des brasileiras.<br />

Pode-se dizer, grosso modo, que a proposta dos diferentes grupos abrigados pela<br />

ABE foi marca<strong>da</strong> por disputas 8 entre católicos 9 e progressistas. Os primeiros, que<br />

tiveram a liderança de Fer<strong>na</strong>ndo de Magalhães, defendiam o ensino religioso, voltado a<br />

um “pensamento tutorial católico” 10 , enquanto os progressistas lutavam por uma<br />

educação laica, ministra<strong>da</strong> pelo Estado.<br />

7 Instituição fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 15 de outubro de 1924, com sede <strong>na</strong> Ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro. Teve como<br />

instituidores Heitor Lyra <strong>da</strong> Silva - líder inconteste do grupo formado por expressiva maioria de<br />

engenheiros -, Fer<strong>na</strong>ndo Laboriau, Dulcídio Pereira, Amoroso Costa, Isabel Lacombe, Alice Carvalho de<br />

Mendonça, Amaury de Medeiros (médico) e José Augusto (advogado). Outros engenheiros se juntaram<br />

ao grupo, dentre eles destaco: Paulo Carneiro, Venâncio Filho, Edgar Sussekind de Mendonça, Everardo<br />

Backeuser, Álvaro Alberto e Menezes de Oliveira. A corrente médica teve seu destaque incorporando<br />

nomes como: Fer<strong>na</strong>ndo de Magalhães, Roquette Pinto, Artur Moses, Gustavo Lessa, Carlos Sá, Miguel<br />

Couto. É importante destacar a presença de professores de todos os graus e níveis de ensino: Anísio<br />

Teixeira, Lourenço Filho, Fer<strong>na</strong>ndo de Azevedo, Consuelo Pinheiro, Paschoal Lemme, Juracy Silveira,<br />

Franklin Botelho de Magalhães, Basílio de Magalhães e cente<strong>na</strong>s de outros que a freqüentavam <strong>na</strong>s tardes<br />

de segun<strong>da</strong>-feira.<br />

8 Sobre meandros <strong>da</strong>s disputas ideológicas ocorridos no interior <strong>da</strong> ABE desde 1924 até 1932 – período<br />

que abrangeu a realização de cinco Conferências - ver Rocha (2004).<br />

9 Quando usei o termo Católicos referi-me neste trabalho a um grupo de intelectuais que defendiam o<br />

ideal católico em âmbito educacio<strong>na</strong>l. Mesmo assim reconheço que se faz necessário considerar as<br />

singulari<strong>da</strong>des, para que não se caia num determinismo. A análise pressupôs a percepção de<br />

heterogenei<strong>da</strong>des que viabilizaram diálogos e possibilitaram um abran<strong>da</strong>mento de divergências.<br />

10 Pensamento que se afasta dos ideais revolucionários franceses de liber<strong>da</strong>de e igual<strong>da</strong>de, sustentando-se<br />

<strong>na</strong> noção de soberania apoia<strong>da</strong> no controle moral de um povo: a ordem como coisa estática. Ver a<br />

respeito em Rocha (2004, p. 137 e 139).<br />

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