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No veio da esperança a essência etérea da criança diversa na escola

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inexplicavelmente, a atormentar com o seu peso inútil a pasta dos<br />

alunos <strong>na</strong>s nossas <strong>escola</strong>s.<br />

Escrever para <strong>criança</strong>s tem de ser uma ciência, porque é<br />

necessário conhecer as íntimas condições dessas peque<strong>na</strong>s vi<strong>da</strong>s, o<br />

seu funcio<strong>na</strong>mento, as suas características, as suas possibili<strong>da</strong>des – e<br />

todo o infinito que essas palavras comportam – para escolher,<br />

distribuir, graduar, apresentar o assunto.<br />

Tem de ser arte porque, ain<strong>da</strong> quando atendendo a tudo isso, se<br />

não estivermos diante de alguém que tenha o dom de fazer de uma<br />

peque<strong>na</strong> e delica<strong>da</strong> coisa uma completa obra de arte, não possuiremos<br />

o livro adequado ao leitor a que se desti<strong>na</strong>. [...]<br />

O artista é uma criatura que se distingue <strong>da</strong>s outras pela sua<br />

intuição, pela sua sensibili<strong>da</strong>de e pelo seu poder de criar de acordo<br />

com a vibração especial que lhe transmite ca<strong>da</strong> ambiente. Por isso<br />

mesmo, há neles como uma facul<strong>da</strong>de combi<strong>na</strong>tória, que os faz<br />

pressentir acontecimentos e épocas. Eles são, também, capazes de<br />

escrever para <strong>criança</strong>s, embora ignorando as ver<strong>da</strong>des que sobre ela<br />

vem fixando a ciência: orientados, ape<strong>na</strong>s, pela delicadeza do seu tato<br />

espiritual, e pelo desejo superior de um convívio íntimo com a alma<br />

infantil. Moder<strong>na</strong>mente, aliás, se está verificando a enorme similitude<br />

psicológica <strong>da</strong> <strong>criança</strong> como artista, quer <strong>na</strong>s vivências subjetivas,<br />

quer <strong>na</strong>s realizações objetivas. (MEIRELES, Cecília, Literatura. 9 de<br />

novembro de 1930) (Sem grifo no origi<strong>na</strong>l)<br />

Na Pági<strong>na</strong> de Educação Cecília acedeu muitas vezes espaço para discutir as<br />

especifici<strong>da</strong>des que envolvem o processo de elaboração de um livro infantil. Numa<br />

reportagem, sem identificação de autoria, cujo objetivo foi comentar sobre a coleção de<br />

poemas para as <strong>criança</strong>s produzi<strong>da</strong> por Humberto Diaz Casanueva, trata, num trecho,<br />

sobre o tema dizendo que a Literatura Infantil<br />

existente ressente-se de duas taras principais: o esforço moralizador e<br />

a puerili<strong>da</strong>de desse esforço. <strong>No</strong>ssos livros de leitura, compostos sem<br />

nenhum critério artístico, não tem correspondido nem favorecido aos<br />

interesses literários <strong>da</strong> infância. É por isso que tem grande<br />

importância o movimento que se nota no sentido de proporcio<strong>na</strong>r às<br />

<strong>criança</strong>s a literatura geral, a começar <strong>da</strong>s tradições primitivas e<br />

populares. É fato já estabelecido que entre a infância dos povos e a<br />

infância dos homens há numerosos pontos de contato com relação à<br />

ativi<strong>da</strong>de do espírito.<br />

As obras de folclore, brota<strong>da</strong>s <strong>da</strong> imagi<strong>na</strong>ção popular, possuem<br />

um caráter espontâneo e simples que, embora se eleve aos domínios<br />

altíssimos <strong>da</strong>s artes, não obstante, convêm às <strong>criança</strong>s. Talvez a<br />

melhor mestra <strong>da</strong> literatura seja a avozinha que, com palavras<br />

nostálgicas ao lado do braseiro, povoa a nossa fantasia de heróis e<br />

gnomos, de fa<strong>da</strong>s e princesas. Dessa maneira familiar o crescimento<br />

anímico do menino encontra o primeiro alimento para o seu<br />

desdobramento normal e progressivo. [...]<br />

A poesia <strong>da</strong>s <strong>criança</strong>s<br />

[...] A arte <strong>da</strong>s <strong>criança</strong>s se parece em certo modo com a arte dos<br />

primitivos, por sua expressão de pureza e espontanei<strong>da</strong>de. [...]

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