Fundamentos Antropo-Filosóficos das Educação - UFPB Virtual ...
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<strong>Fundamentos</strong> <strong>Antropo</strong>-filosóficos da <strong>Educação</strong><br />
- ser de paixão e desejo: está presente na estrutura da psyché, como sede <strong>das</strong> paixões e dos<br />
desejos; a vertente irracional da psyché, que deve ser controlada pela virtude, o hábito e a vida<br />
pública. É o ponto de partida para a discussão em torno da significação e função do prazer (ver:<br />
Ética a Nicômaco, Livro VII, cap. 12-15, e Livro X, cap. 1-5).<br />
<strong>Educação</strong>. A importância de Aristóteles para a educação dá-se de modo indireto. As<br />
principais obras de onde se podem tirar informações pedagógicas são as que tratam de ética e<br />
política.<br />
O ponto de partida aqui é a questão-chave: qual é o fim último de to<strong>das</strong> as atividades<br />
humanas, o bem supremo que está acima de todos os demais? Para Aristóteles, o “bem”, a<br />
“felicidade”. (aqui a preocupação de Aristóteles não é apenas de uma cidade justa, como em<br />
Platão, mas de uma cidade feliz). Mas, quando pensamos nos bens que desejamos, logo<br />
aparecem uns mais importantes que outros, uns subordinados a outros. Por isso, é preciso pensar<br />
na possível existência de um fim que todos desejamos, por si mesmo, ficando os demais bens<br />
como meio para alcançá-lo. Esse fim não pode ser outro senão a vida boa, a vida feliz. O<br />
problema é que os conceitos de “vida boa” e de “felicidade” sempre foram extremamente vagos.<br />
Para uns, consiste em acumular dinheiro, para outros se trata de adquirir fama e glória. Mas, para<br />
Aristóteles, essas maneiras possíveis de conceber a vida boa não podem ser a verdadeira<br />
felicidade. A felicidade precisa ser buscada por si mesma. Portanto, a ânsia de riqueza e glória<br />
não são o fim, a verdadeira felicidade em si, mas são meios para alcançar a felicidade (e meios<br />
não constituem a própria felicidade). O autentico e verdadeiro fim último da vida humana teria que<br />
ser “auto-suficiente”.<br />
Pode-se aprender a ser feliz? Ou se chega à felicidade pelo hábito? Ou a felicidade é<br />
proporcionada por alguma divindade ou pela sorte? Para Aristóteles, há dois caminhos possíveis<br />
para alcançar a felicidade:<br />
- O exercício da inteligência teórica: a felicidade mais perfeita do ser humano reside no exercício<br />
da contemplação, da compreensão dos conhecimentos. Isso seria uma atividade prazerosa. O<br />
termo grego Theorein significa ver, observar, contemplar. Por isso, ao elaborar uma teoria, ou<br />
simplesmente a compreende, consegue uma “visão” <strong>das</strong> coisas que supera e é preferível ao<br />
estado de ignorância em que vivia anteriormente. A atividade teórica consiste em saber, entender,<br />
descobrir a explicação, experimentar a satisfação de uma luzinha que acende: “Ah, enfim eu<br />
compreendo!”, “tudo faz sentido!”. No entanto, Aristóteles reconhece que o ideal de uma vida<br />
contemplativa só é possível aos deuses, “porque o homem precisa do bem externo; necessita da<br />
saúde do corpo, de alimentos e dos demais cuidados” (Ética a Nicômaco, Livro X, Cap 8, 1178b).<br />
Mas, se a contemplação não pode ser o único ideal de felicidade, se ela não é o único caminho,<br />
qual seria a outra possibilidade?<br />
- O exercício do entendimento prático: também se pode ter acesso à felicidade pela sabedoria<br />
prática, que deve ser capaz de dominar as paixões e estabelecer uma relação amável e