Fundamentos Antropo-Filosóficos das Educação - UFPB Virtual ...
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<strong>Fundamentos</strong> <strong>Antropo</strong>-filosóficos da <strong>Educação</strong><br />
na vida eterna), a liberdade (concedida por Deus). A doutrina cristã oferece as chaves para a<br />
solução destas questões através da metafísica da (ordem da) criação e da (história da) salvação.<br />
A justificativa é a instalação (criação) do mundo (por um Deus criador), que confere ao homem e a<br />
comunidade humana um status destacado em meio a criação. Essa criação tem conteúdo<br />
cosmológico/teleológico: existe uma ordem essencial – o destino: nela o homem pode ler quem é<br />
e quem pode ser. A primeira recorre à segunda: à justiça e bondade de Deus salvador, que no fim<br />
dos tempos irá resgatar sua promessa de salvador, condicionada por uma vida moral e obediente<br />
as leis divinas; Deus julga a cada um de acordo com os seus méritos, como cada pessoa<br />
conduziu sua vida. Os mandamentos indicam o caminho da salvação pessoal e são aplicados de<br />
modo imparcial.<br />
<strong>Educação</strong>. Santo Agostinho foi um dos primeiros filósofos a escrever um tratado dedicado<br />
à educação (De Magistro). A educação está totalmente voltada para o aprimoramento religioso e<br />
espiritual. A formação do homem requisitado pelo cristianismo é o homem santificado. Embora<br />
educativo, esse processo não seria dirigido pelos homens, mas pelo próprio Deus, por meio da<br />
iluminação. Ou seja, a educação em Santo Agostinho é um fenômeno divino. A pedagogia está a<br />
serviço do desenvolvimento da fé e espiritualidade do homem, sem nenhuma finalidade material,<br />
política ou social. Quando a Igreja cristã se torna a instituição definidora da cultura de seu tempo,<br />
educação e catequese se equivalem, se confundem. Também denominada “educação patrística” –<br />
porque eram os padres que a ensinavam e administravam – a educação tinha por objetivo<br />
estimular a obediência à autoridade dos mestres, a resignação e a humildade diante do<br />
desconhecido, mas principalmente, treinar e controlar as paixões, com o objetivo de merecer a<br />
salvação, numa suposta vida após a morte. Na obra Confissões, Santo Agostinho narra sua<br />
própria história da sua própria conversão ao cristianismo depois de uma vida em pecado, e<br />
descreve como busca e encontra a salvação. Mas é na obra, De Magistro, que encontramos a<br />
intenção educativa de Santo Agostinho. Aqui apresenta sua doutrina do mestre interior, de que o<br />
professor mostra/ilumina o caminho e o aluno deve adotá-lo, como objetivo bem definido:<br />
conquistar a paz da alma, evitar o pecado controlando as paixões. O mestre seria o intercessor, o<br />
representante, o tradutor do conteúdo do conhecimento que viria da iluminação divina. Para citar<br />
um exemplo, essa matriz agostiniana foi fonte de inspiração da Escola Jesuítica ou Companhia de<br />
Jesus. Esta escola, com disciplina militar, surgiu no Séc. XVI na Espanha e foi criada por um<br />
militar Inácio de Loyola (1491-1556). Na educação, representou a linha de frente na guerra da<br />
Igreja Católica contra a reforma protestante de Martin Lutero (Figura 5). Valorizavam a disciplina e<br />
obediência, a promoção do sacrifício da liberdade (= sem liberdade) em benefício do temor de<br />
Deus. Os Jesuítas tiveram grande influência na história da colonização europeia na América<br />
porque construíram as primeiras estruturas educativas do Continente (por exemplo: as “Missões<br />
jesuíticas” ou “Reduções jesuíticas”, que tinham por objetivo batizar e catequizar os índios, além<br />
de evitar a expansão do protestantismo).<br />
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