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Fundamentos Antropo-Filosóficos das Educação - UFPB Virtual ...

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<strong>Fundamentos</strong> <strong>Antropo</strong>-filosóficos da <strong>Educação</strong><br />

expressa suas angústias e questionamentos sobre a origem do mal e sobre porque Deus teria<br />

consentido a existência do mal), cap. 12: “O problema do mal”, cap. 13: “A solução do problema<br />

do mal” e cap. 16: “Onde reside o mal?”, Santo Agostinho justifica e fundamenta a origem do mal<br />

e sua solução, mostrando que o mal é falha, queda, desvio, corrupção, e não a substância real<br />

(como o bem) (Livro VII, cap. 5); o mal deve ser entendido como privação, diminuição ou<br />

imperfeição (Livro VII, cap. 12); o mal não é uma substância algo real, mas desvio, corrupção da<br />

essência (Livro VII, cap. 16). Ou seja, para Agostinho, matéria não seria um mal, ela também seria<br />

boa, só que ela sofre de uma deficiência do Bem (privação, ausência), de falta da essência. E<br />

como essa deficiência - o mal - se manifesta, na prática? Pelo sofrimento, culpa. Mas de onde<br />

vem o sofrimento e a culpa? Para Agostinho, na “inversão” da fé pelas paixões e a conseqüente<br />

submissão da fé às paixões. Mas então a paixão seria um mal? Não necessariamente. Entretanto,<br />

a paixão é um bem mutável, não absoluto. Ou seja, o homem é arrastado ao mal quando faz a<br />

inversão, quando troca a fé pelas paixões, quando prioriza bens mutáveis e imperfeitos, bens<br />

mundanos (dinheiro, prazeres, fama, glória) em detrimento dos bens imutáveis, bens eternos e<br />

perfeitos. Esse é o problema: o homem valoriza a paixão (bem mutável), em vez de se assegurar<br />

num bem imutável. Essa é a “falha”, a “deficiência”, o “desvio”, a “queda”. Aí vem o sofrimento, a<br />

culpa, o pecado, o mal. “Mal” significa: troca de um bem imutável por um mutável. Mas porque o<br />

homem faz essa inversão? Para Agostinho, por causa do livre-arbítrio, a sua liberdade de escolher<br />

entre um bem absoluto e um bem provisório. (Sobre a discussão acerca a origem do livre-arbítrio<br />

e o problema do mal, ver Confissões - Livro I, cap. 3, e Livro II, cap. 1 e 20). Então o homem<br />

escolhe errado porque é livre? Não necessariamente. Para Agostinho, o mal é uma<br />

carência/deficiência <strong>das</strong> criaturas, e o pecado é o mau uso da liberdade (que inverte fé por<br />

paixão), é conduzir erroneamente as próprias vontades. A solução? Para conduzi-la corretamente,<br />

apesar do pensamento autônomo, o homem depende da iluminação divina (seguir as orientações<br />

divinas). Se o bem vem de Deus, o mal se origina da ausência do bem: inclinação na qual<br />

prevalecem os impulsos do corpo, e não os da alma. Trata-se da graça divina como possibilidade<br />

de redenção.<br />

Daí a justificativa do fundamento epistemológico: o homem só tem acesso ao<br />

conhecimento se iluminado por Deus. A apreensão da ideia, do conceito verdadeiro, não advém<br />

de um esforço intelectual humano, mas da iluminação divina. Deus “revela” as verdades ao<br />

homem. O conhecimento, que tinha lugar central na filosofia de Santo Agostinho, se confundia<br />

com a fé. Santo Agostinho parte da indagação sobre o conhecimento, introduzindo a razão, o<br />

pensamento e os sentidos humanos no debate teológico. O pensamento não se confunde com o<br />

mundo material. Ele é simultaneamente a essência do ser humano e a fonte de erros que podem<br />

afastá-lo da verdade. O pensamento seria a capacidade de concluir verdades imutáveis por meio<br />

de processos mentais. Como o homem é inconstante e sujeito ao erro, uma verdade imutável não<br />

pode provir dele mesmo, mas de Deus, que é a própria perfeição. Nesse caso, o homem tem<br />

pensamento autônomo e acesso à verdade eterna, mas, para isso, depende de iluminação divina.<br />

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