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O CASTELO DA Luz - CloudMe

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evés da liberdade. A morte e a solidão acompanham os exilados, e de repente Orion achou que,<br />

mesmo que tivesse escolhido o caminho dos bravos, ele talvez não conseguisse trilhá-lo.<br />

— Então você também notou, não é? – instigou o infernal – Os sinais. Eles são a prova<br />

definitiva de que o fim do Sétimo Dia está terminando, e com ele toda a vida humana.<br />

O Apocalipse.<br />

Orion estava certo. Os sinais eram evidentes. Todos os símbolos e profecias apontavam<br />

para o Juízo Final.<br />

— Eu sou um anjo renegado, o último ainda vivo. Estou condenado a viver neste<br />

Mundo Físico. Não posso mais cruzar o Tecido da Realidade como vocês. Mas não é preciso ser<br />

muito esperto para notar que o Armagedon se aproxima – o guerreiro fez uma pausa, e então<br />

concluiu:<br />

– E é triste pensar que tudo o que fizemos foi em vão.<br />

Orion achegou-se ao exilado, e tocou o seu ombro. Mesmo manco, se equilibrava com<br />

maestria no braço da estátua de pedra, arrastando a bengala.<br />

— Não há mais saída, Orion – continuou o fugitivo – Não há mais esperança. O arcanjo<br />

Miguel finalmente conseguirá seu intento, mas desta vez ele não enviará os seus anjos. A<br />

civilização humana arruinará a si própria, com suas guerras e armas modernas. E contra os<br />

homens, nada podemos fazer.<br />

Seguiu-se um longo silêncio, e a conversa penetrou na noite cerrada. Ablon continuava<br />

atento à silenciosa presença de Apollyon, o Exterminador, que o observava de longe. Os dois<br />

eram inimigos declarados, desde os tempos em que ambos eram generais no Paraíso – Apollyon<br />

era também um anjo caído, como Orion e Lúcifer. Era aquela uma contenda milenar, e essas<br />

brigas ancestrais só se resolvem na espada.<br />

— Há muitos anos, eu fui o príncipe de Atlântida – começou o visitante – Como um<br />

deus, eu governei a cidade. Cada humano era para mim como um filho. A felicidade estava em<br />

todo o lugar, e quase não existia o sofrimento. Naquela época, eu tinha um amigo. Ele era um<br />

formidável guerreiro, um soldado valente e sábio. Não raro, ele vinha ao meu palácio. Nós<br />

falávamos à multidão e depois cantávamos louvores ao Altíssimo – ele mirou as ondas do mar –<br />

Mas um dia, terminou a utopia. A fúria dos arcanjos devastou minha ilha, e o povo morreu.<br />

Com ela, acabou também o meu sonho, o meu desejo de difundir a perfeita civilização, sem dor<br />

ou miséria. Quando regressei ao Salão Celestial, soube que o meu amigo, o general incansável,<br />

havia enfrentado os primogênitos, e a coragem dele me fez prosseguir. Tudo o que eu queria era<br />

vingança, e então, desesperado, eu aceitei as idéias de Lúcifer. É verdade que fomos derrotados,<br />

e que tenebrosa foi a nossa punição, mas eu nunca me arrependi por ter confrontado o opressor.<br />

Para isso, eu me inspirei em alguém – o olhar voltou ao lutador – Por toda a sua vida você lutou,<br />

general. Não pode desistir logo agora.<br />

— E qual é a sua proposta? – perguntou, amolecido pela confissão do monarca.<br />

— Sei que Lúcifer o traiu. Talvez ele não seja a criatura mais justa do universo, mas é<br />

quem melhor conhece as fraquezas do tirânico Miguel. Todos, no Inferno e no Céu, esperam<br />

pelo derradeiro confronto, a batalha do Armagedon, que antecederá ao despertar do Altíssimo.<br />

O combate é a nossa última chance de despojar o Príncipe dos Anjos, antes de o Criador voltar à<br />

cena do cosmo. Os vencedores estarão mais perto de Deus, e a Ele apresentarão suas armas.<br />

— Quando Yahweh acordar, Ele punirá os perversos – argumentou o renegado – E não<br />

há dúvida de que Miguel será o primeiro a ser condenado, por ter usado a Sua Palavra para<br />

justificar tantos massacres. Então, por que não esperar, simplesmente. Por que não aguardar o<br />

regresso de Jeová?<br />

— Não sei quanto a você, mas nós queremos vingança – rebateu, e analisou o rosto<br />

sofrido do fugitivo – E eu diria que você também.<br />

— Tudo o que eu quero é a justiça.<br />

— Que seja. Chame-a como quiser. Os seus interesses estão ligados ao nosso. Miguel se<br />

prepara para a guerra, e nós temos um inimigo em comum.<br />

— O que está me propondo é uma aliança – digeriu o guerreiro, incrédulo.<br />

— A Estrela da Manhã quer você ao nosso lado.<br />

— Seu mestre sabe que eu nunca me uniria a ele, não depois de ele nos ter enganado, e<br />

denunciado a conjuração. Se eu tiver que lutar essa última batalha, não será sob as asas de um

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