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O CASTELO DA Luz - CloudMe

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Ablon, por sua vez, já tinha em mente uma conjuração. Planejava reunir alguns<br />

celestiais que compartilhavam das mesmas idéias que ele e depois buscaria o apoio de um dos<br />

cinco gigantes — Lúcífer, o principal inimigo do poderoso Miguel. Mas, para isso, a<br />

humanidade teria que sobreviver à próxima destruição, e então os conjurados agiriam.<br />

Por ora, a situação estava nas mãos dos arcanjos.<br />

O Castelo da <strong>Luz</strong> era uma edificação grandiosa, lapidada em pedra clara, ouro e<br />

mármore e praticamente inacessível por terra ou mar. Por ar, os virtuais inimigos teriam que,<br />

antes, vencer as numerosas patrulhas aladas que defendiam a fortaleza. Por todos os cantos do<br />

céu, anjos armados deslizavam ao vento, subiam, desciam, mergulhavam e rodopiavam, em uma<br />

dança bela e mortal.<br />

No pátio menor, uma área circular com cem metros de raio, os querubins praticavam<br />

técnicas de infantaria, manejando suas espadas contra oponentes invisíveis. Outros moviam suas<br />

lanças, simulando o combate, enquanto um regimento de mulheres-anjo praticava tiro com seus<br />

arcos fantásticos.<br />

Ablon ajeitou sua armadura dourada, uma couraça peitoral coruscante. As armaduras<br />

completas, com placas por todo o corpo, estavam reservadas aos príncipes de casta e aos<br />

insuperáveis arcanjos — Balberith, o líder da ordem dos anjos guerreiros, tinha uma couraça<br />

completa. Depois, o general apertou a fivela cinto e desceu a mão à bainha, só para sentir o<br />

conforto de sua espada mística, a Vingadora Sagrada. Para os querubins, mestres da luta, a<br />

espada é uma rte do corpo, um acessório indispensável à batalha. Eles nunca esquecem suas<br />

armas e se sentem incompletos sem elas.<br />

Nas alturas da fortaleza, a brisa gelada trazia o aroma da maresia. Com sentidos de<br />

caçador, o Primeiro General escutava as ondas a estourar na base da delgada montanha,<br />

novecentos metros abaixo. Ouvia o espargir dos respingos e as gotas salgadas escorrendo na<br />

rocha.<br />

De repente, um movimento chamou sua atenção. No céu, avistou dois soldados em<br />

disputa feroz. Sem armas, eles trocavam socos e chutes, disparando nuvens e em seguida<br />

descendo ao pátio. Os duelos eram comuns no castelo e incentivados como parte da natureza<br />

dos querubins. De acordo com o código da casta, qualquer guerreiro podia desafiar outro de<br />

mesma hierarquia para um combate particular. No confronto, porém, as armas eram vetadas, e o<br />

uso de armadura, obrigatório. Assim, a peleja nunca era letal. O duelo virava treinamento diário,<br />

motivando os adversários a aprimorar suas habilidades. Muitos desafios eram aceitos na hora, e<br />

frequentemente a fortaleza se convertia em arena aberta. Anjos em serviço não podiam lutar,<br />

apenas os celestiais em período de descanso.<br />

O costume de convocar alguém ao duelo consistia em desatar a fivela do cinto,<br />

deixando cair a espada. Era o sinal que indicava que o rival estava desarmado e pronto para a<br />

disputa. Os alados que portavam armas distintas — como lanças e arcos — simplesmente<br />

largavam o objeto no chão e aguardavam a resposta do oponente.<br />

Esquecendo a briga, Ablon escutou um andar regular, acompanhado do tilintar de metal.<br />

O capitão Dariel, lutador célebre pela rapidez e percepção, parou diante do superior.<br />

— General, o príncipe Balberith solicita a presença de todos os líderes de legião no<br />

pátio central — anunciou, contraindo as asas em sinal de respeito.<br />

— Ele adiantou alguma coisa?<br />

— Baturiel retornou, senhor. Ele traz a decisão dos arcanjos.<br />

A VONTADE DOS HOMENS<br />

O pátio principal do castelo era enorme. Vista de cima, a fortaleza desenhava um grande<br />

círculo central, orlado por quatro pátios menores. Entre eles, altas torres de guarda faziam a<br />

segurança, com os olhos voltados aos pontos mais distantes do oceano.

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