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josemar josé barbosa assistência humanizada

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O que parecia uma mera ficção científica, parece estar cada vez mais<br />

próximo de tornar-se uma realidade. A fusão do homem com a máquina<br />

objetiva conferir ao beneficiado capacidades físicas inimagináveis, há até bem<br />

pouco tempo, para um ser humano.<br />

O movimento transhumanista, que se desenvolveu na última década do<br />

século XX, viu nascer, em 1998, a Associação Transhumanista Mundial, nos<br />

Estados Unidos, tendo como fundadores os filósofos Nick Bostrom e David<br />

Pearce. Este movimento representa mais uma peça para este mosaico de<br />

ideias na busca por construir um conceito do humano e da ação <strong>humanizada</strong>.<br />

Os transhumanistas, como declara Neves (2005), entendem-se como<br />

“continuadores do humanismo”, numa perspectiva evolucionista, e acreditam<br />

na possibilidade de o ser humano vir a tornar-se um “pós-humano”, ao fazer<br />

uso dos recursos produzidos pela engenharia genética, da nanotecnologia e<br />

até mesmo da robótica. Isto remete-nos às ideias eugênicas 11 . A eugenia, que<br />

já foi alvo de muitas críticas por ser associada à noção de raças superiores,<br />

volta a ser foco de discussões acadêmicas acaloradas. Este fato acrescenta<br />

mais elementos à já difícil empreitada de construir uma definição precisa para a<br />

ideia de humano.<br />

Como reflexo da inserção destas novas variáveis, a palavra humano,<br />

novamente, parece correr o risco de sofrer um processo de pulverização de<br />

seus limites conceituais, o que força-nos a nos colocar no ofício de repensá-lo<br />

detidamente. Morin (2002, p. 47-48) posiciona-se de modo contundente a este<br />

respeito:<br />

Os progressos concomitantes da cosmologia, das ciências da<br />

Terra, da ecologia, da biologia, da pré-história, nos anos 60-70,<br />

modificaram as ideias sobre o Universo, a Terra, a Vida e sobre o<br />

Homem. O humano continua esquartejado, partido como<br />

pedaços de um quebra-cabeça ao qual falta uma peça. Aqui se<br />

apresenta um problema epistemológico: é impossível conceber a<br />

unidade complexa do ser humano pelo pensamento disjuntivo,<br />

que concebe nossa humanidade de maneira insular, fora do<br />

cosmos que a rodeia, da matéria física e do espírito do qual<br />

fomos constituídos, bom como pelo pensamento redutor, que<br />

restringe a unidade humana a um substrato puramente bioanatômico.<br />

As ciências humanas são elas próprias fragmentadas<br />

e compartimentadas. Assim, a complexidade humana torna-se<br />

invisível e o homem desvanece ‘como rastro de areia’.<br />

11 “A Eugenia foi criada pelo austríaco inglês Francis Galton [...] supondo poder melhorar a humanidade<br />

através de cruzamentos programados entre seres humanos ‘melhores’”. (NEVES, 2005, p. 33).<br />

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