Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra
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J. A. Segurado e Campos<br />
13. Fundamentos da acusação<br />
13.1. Na peroração do discurso Licurgo sintetiza<br />
em cinco artigos os fundamentos 172 que o levaram a<br />
acusar <strong>Leócrates</strong> como mau cidadão, merecedor, pelo<br />
seu comportamento indigno ao tomar conhecimento<br />
do <strong>de</strong>sastre da Queroneia, da pena capital.<br />
Em primeiro lugar o orador aponta o crime <strong>de</strong><br />
alta traição, o qual, só por si, mereceria a pena máxima.<br />
<strong>Leócrates</strong>, enquanto todos os <strong>de</strong>mais cidadãos se<br />
ofereciam, mesmo quando a ida<strong>de</strong> ou outros factores<br />
admissíveis <strong>de</strong> tal os eximiam, a engrossar as fileiras<br />
do exército, a prestarem os seus serviços na reparação<br />
das muralhas, na construção <strong>de</strong> navios, na aquisição <strong>de</strong><br />
equipamento bélico, em suma, a preparar a resistência<br />
da cida<strong>de</strong> a um eventual ataque <strong>de</strong> Filipe II a Atenas<br />
para tirar <strong>de</strong> imediato todo o partido possível da vitória<br />
em Queroneia, numa palavra, enquanto os outros<br />
resistiam, <strong>Leócrates</strong> assumiu uma das formas possíveis<br />
<strong>de</strong> colaboracionismo: a fuga da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando-a<br />
<strong>de</strong>sarmada perante o inimigo.<br />
Num dos seus característicos exageros retóricos<br />
Licurgo chega ao ponto <strong>de</strong> equiparar a falta <strong>de</strong> coragem<br />
<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong> a uma tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrube do regime<br />
<strong>de</strong>mocrático, ao não participar no esforço cívico<br />
conducente à preservação da liberda<strong>de</strong>. Anteriormente,<br />
aliás, já Licurgo evocara um <strong>de</strong>creto em que se garantia<br />
a impunida<strong>de</strong> a quem porventura tomasse a iniciativa<br />
<strong>de</strong> matar um mau cidadão que “favorecesse a tirania ou<br />
172 C. Leocr., 147.<br />
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