Boletim da OTORRINO - Hospital Sírio Libanês

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2 Como cuidar da voz Dr. Rui Imamura, Médico do Centro de Otorrinolaringologia do HSL A importância da voz nas sociedades modernas é inquestionável. Além de garantir maior eficiência na relação interpessoal e melhor integração sócio-cultural, a boa saúde vocal tem repercussões até na esfera econômica, uma vez que cerca de 25% da população economicamente ativa consideram a voz um instrumento primordial de trabalho. Dessa forma, alterações da voz - as chamadas disfonias - podem influenciar diretamente a vida social e profissional de uma pessoa. Diversas doenças podem levar à disfonia, comprometendo a qualidade vocal de modo temporário ou permanente. Em alguns casos, a disfonia pode ser causada por uma doença grave, até mesmo um câncer. A definição das condutas a serem tomadas nesses casos requer um diagnóstico preciso. De um modo bastante prático, em forma de perguntas e respostas, vamos esclarecer algumas dúvidas básicas sobre o tema. Quais são os sintomas mais comuns quando uma pessoal tem algum problema de voz? Os sintomas mais comuns são: • Rouquidão • Voz trêmula ou estrangulada • Perda da potência ou intensidade da voz • Falhas ou perda da voz • Necessidade de fazer esforço para falar • Cansaço ou dor na garganta ao falar Quando se deve procurar o médico? Sempre que se ficar rouco? A rouquidão é um sintoma bastante comum, principalmente se a pessoa está gripada ou grita muito (por exemplo, em final de copa do mundo) e não deve ser um motivo de preocupação imediata. Contudo, se ela é muito intensa ou se persiste por mais de duas semanas, está associada com expectoração de sangue, dor na garganta ou irradiada para o ouvido, falta de ar ou dificuldade em engolir, deve-se procurar orientação médica. Estes sintomas são ainda mais relevantes se ocorrem em pessoas que fumam e ingerem bebidas alcoólicas, devido ao risco aumentado de aparecimento de tumores. Boletim da OTORRINO Qual é o papel do médico e o do fonoaudiólogo diante de um paciente com disfonia? O médico é o profissional com melhores condições para atender inicialmente o paciente com queixas vocais, com o objetivo de fazer o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento, que pode ser medicamentoso, cirúrgico ou fonoterápico com a participação de fonoaudiólogos. Como é feita a avaliação do paciente com problema de voz? Existem diversos exames que podem ser feitos pela pessoa com problemas vocais. O principal deles é a laringoscopia, no qual a laringe e as cordas vocais são examinadas pelo médico em busca de alguma alteração que justifique os sintomas. Este exame é realizado ambulatorialmente, com ou sem utilização de anestesia tópica, feita com sprays anestésicos. O exame pode ser feito pela boca ou pelo nariz e dura poucos minutos. Outros exames, como avaliação perceptiva e acústica da voz feitos pela fonoaudióloga, de imagem, laboratoriais, entre outros, podem ser necessários para definir o diagnóstico. O que se deve evitar para garantir uma boa saúde vocal? • Falar fora do seu tom habitual (mais agudo ou mais grave) • Falar muito alto ou sussurrar • Ingerir bebidas alcoólicas em excesso ou consumir drogas inaláveis • Fumar ou falar muito em ambientes de fumantes • Ingerir alimentos ricos em ácidos e gorduras. Evitar comer tarde da noite • Falar muito em ambientes com ar-condicionado, poeira e muito frio • Abusar no consumo de alimentos condimentados e chocolate • Ingerir pastilhas ou sprays analgésicos sem indicação médica
www.hospitalsiriolibanes.org.br/otorrino Entre em contato com o Centro de Otorrino pelo telefone: (11) 3155-0854 ou e-mail: otorrino@hsl.org.br Abordagem multidisciplinar das fissuras labiopalatinas Dr. Nivaldo Alonso e Dr. Diógenes Laércio Rocha, Cirurgiões Plásticos do Centro de Otorrinolaringologia do HSL A fissura labiopalatina é a malformação congênita facial mais frequente. Essa deformidade pode ocorrer entre a quarta e a décima segunda semana de gestação, durante a formação da face. A ocorrência de infecções no primeiro trimestre, juntamente com a ingestão de medicamentos e exposição à irradiação podem ser os responsáveis por seu aparecimento. Os estudos atuais apontam a fissura labiopalatina como uma deformidade facial ligada a um modelo de transmissão genética multifatorial. Esta herança genética pressupõe a existência de um tipo de transmissão familiar envolvendo vários genes, porém sem a precisa identificação de como esta transmissão se faz e quais os genes diretamente responsáveis. Tem como característica principal uma comunicação entre a cavidade nasal e oral, produzindo um grande transtorno para a fala e a mastigação. As famílias com filhos portadores da deformidade quase sempre associam a fissura à alteração do desenvolvimento psicomotor, o que frequentemente causa uma grande apreensão quando do nascimento da criança. Logo após a constatação de que não existe comprometimento mental, o aspecto estético aparece como a preocupação mais relevante dos familiares. A incidência da fissura labiopalatina varia de acordo com a distribuição geográfica, características étnicas e desenvolvimento socioeconômico. Os números da deformidade em países desenvolvidos oscilam entre 1 por 500 a 1 por 768 nascidos vivos. A fissura pode afetar apenas a região do lábio como também incluir o alvéolo dentário, o osso maxilar e todo o véu do paladar. O tratamento da fissura labiopalatina se inicia ao nascimento, com o apoio psicológico à família, passa pelas primeiras orientações de alimentação ao recém-nascido, até chegar ao primeiro estágio da cirurgia do lábio, realizada em geral em torno dos três meses de idade. A partir desta primeira cirurgia, todo o acompanhamento do desenvolvimento do crescimento facial é necessário, até que esteja finalizado aos 18 anos de idade, demonstrando bem claramente que a melhor reabilitação dos pacientes só pode ser conseguida com a interação de várias especialidades médicas, odontológicas e contando com a participação essencial da fonoaudiologia e a da psicologia. O protocolo de tratamento dos pacientes portadores de fissura labiopalatina segue as seguintes etapas: inicialmente as cirurgias do lábio e posicionamento do nariz são realizadas aos três meses de idade. Esta etapa varia de acordo com o estado nutricional do paciente. A seguir, entre os 12 meses e 18 meses, é realizada a cirurgia de fechamento do palato duro e palato mole (céu da boca) simultaneamente. Nesta etapa são reposicionados os músculos do palato mole, principais responsáveis pela fonação e mastigação, e corrigida a arcada anterior correspondente ao palato duro. Desta forma, ao final do segundo ano de vida, a cavidade oral já estará completamente isolada da cavidade nasal. A partir dessa idade, as crianças são submetidas a avaliações e terapias fonoaudiológicas e consultas médicas a cada três meses. As crianças portadoras de fissuras labiopalatinas apresentam uma incidência maior de infecções do trato respiratório, o que exige a participação do otorrinolaringologista nestes primeiros anos de vida. A partir do terceiro ano, juntamente com avaliação fonoaudiológica, são realizadas avaliações de crescimento e desenvolvimento facial. A irrupção do dentes decíduos (de leite) juntamente com a presença ou ausência dos germens permanentes são acompanhados e, aos cinco anos, inicia-se a ortopedia maxilar, quando podem ser empregados aparelhos ortopédicos, de acordo com a necessidade. A qualidade da voz e a inteligibilidade da fala são mais precisamente avaliadas em torno dos cinco anos. Nesta fase, além da avaliação clínica, podem ser empregados métodos diagnósticos complementares, como a nasoendoscopia e videofluoroscopia, que podem demonstrar mais precisamente o funcionamento da musculatura do véu do paladar. O tratamento multidisciplinar e interdisciplinar, com uma perfeita interação das decisões terapêuticas, determina a necessidades de criação de centros onde esta interação possa ocorrer de maneira natural. O Centro de Otorrinolaringologia do Hospital Sírio-Libanês e a equipe de Cirurgia Crânio-Facial têm esta missão. 3
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