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Dom da Invisibilidade

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quase, visto que endinheira<strong>da</strong> Yasmin chegou quando, sem maior motivo que um de nós saiba,<br />

largou negócios tocados na capital onde brilhava como capitalista <strong>da</strong> noite para aqui nesse fim<br />

de mundo abrir bodega de menor importância, sem os sutis encantos que os papéis de jornal<br />

nos informavam ela ter, corteja<strong>da</strong> por poderosos de diversos timbres, sem cansaço do glamour<br />

que a alcançasse e vivendo aquela vi<strong>da</strong> plena que é a real dizer a bem-aventurança do paraíso<br />

baixa<strong>da</strong> à crosta terrestre e a promessa cumpri<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as propagan<strong>da</strong>s que nos embalam<br />

sonhos e nos fazem entender sermos todos iguais frente ao dinheiro, sem o qual nenhum passa<br />

de inútil traste sem substância, e eis justo o que queria dizer a respeito <strong>da</strong> núbia Yasmin – sua<br />

visibili<strong>da</strong>de absoluta, o brilho estelar de que é feita e que a furta <strong>da</strong>s dores mun<strong>da</strong>nas, embora<br />

tenha retirado do mais vil lodo <strong>da</strong> mun<strong>da</strong>ni<strong>da</strong>de o dinheiro que a alçou ao reino dos céus na<br />

terra, o que pode parecer paradoxal a quem não afeito a assuntos divinos mas, tenha certeza,<br />

na<strong>da</strong> tem de paradoxo pela razão já dita de que todos somos fiéis servos e idênticos frente ao<br />

deus que nos rege a felici<strong>da</strong>de e a infelici<strong>da</strong>de no belo mercado a que se chama vi<strong>da</strong>. Porquanto<br />

sim é de dinheiro se fala aqui, pouco importando se levado de pai ou capturado de outros,<br />

muito embora duvide Yasmin tê-lo retirado do pai que amava, inclusive de forma duplica<strong>da</strong><br />

por não ter mãe para dividir os calores do coração. Até meu amigo Francisco, maestro de<br />

músicas que escolheu reger sinfonia metrifica<strong>da</strong> por goles, desculpe-me a comparação<br />

mequetrefe, há de admitir o que digo não obstante o amor de mágoa por ele alimentado a<br />

Yasmin. Pois a esse respeito não sei se ele à núbia se declarou, ou se tão somente teceu suas<br />

teias em torno dela esperando que a fascinasse a hábil construção, de sorte que em alguma<br />

noite vaga Yasmin o encostasse a uma parede e o olhasse nos olhos: que está a fazer?, é tão<br />

simples, ele diria, teço uma rede para enre<strong>da</strong>r, isso vejo mas pergunto outra coisa, que coisa?,<br />

pergunto o que fará comigo se me deixo enre<strong>da</strong>r, e essa é pergunta que se faça?, se não fosse<br />

eu não a teria feito, nesse caso respondo que a amaria, mas se já faz isso sem me ter na teia,<br />

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