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Boletim do Búfalo - nº 2 - jul/2005 - Associação Brasileira de ...

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A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ser possível a utilização<br />

da en<strong>do</strong>gamia no processo <strong>de</strong> melhoramento<br />

JOHANSSON & RENDEL (1968), cita<strong>do</strong>s<br />

por RAZOOK (1977), trabalhan<strong>do</strong> com<br />

rebanhos consangüíneos e posteriormente<br />

cruzan<strong>do</strong> as diferentes linhagens em ga<strong>do</strong><br />

Holandês concluem que: “A imprevisibilida<strong>de</strong><br />

da consangüinida<strong>de</strong> em rebanhos<br />

<strong>de</strong> diferentes origens, a tendência a uma<br />

redução da eficiência produtiva e a falta <strong>de</strong><br />

uniformida<strong>de</strong> na “performance” <strong>de</strong> indivíduos<br />

consangüíneos <strong>de</strong>sencorajam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> linhagens consangüíneas<br />

como meio geral para melhoramento <strong>do</strong><br />

ga<strong>do</strong> leiteiro. O <strong>de</strong>senvolvimento e a manutenção<br />

<strong>de</strong> linhagens consangüíneas será<br />

muito oneroso e o cruzamento <strong>de</strong> tais linhagens<br />

po<strong>de</strong> não favorecer indivíduos claramente<br />

superiores a indivíduos provenientes<br />

<strong>de</strong> cruzamento com outros rebanhos<br />

exteriores não consangüíneos.”<br />

O fato é que a en<strong>do</strong>gamia acarreta em<br />

perdas produtivas e reprodutivas, porém<br />

trabalhar linhagens em mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s níveis<br />

<strong>de</strong> parentesco <strong>de</strong> um ancestral prova<strong>do</strong>,<br />

po<strong>de</strong> ser uma boa opção para imprimir características<br />

<strong>de</strong>sejadas <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

família.<br />

Em função disso, a recomendação geral<br />

nos processos <strong>de</strong> melhoramento <strong>do</strong>s rebanhos<br />

tem si<strong>do</strong> a <strong>de</strong> se buscar acasalar animais<br />

<strong>de</strong> alto potencial produtivo, porém,<br />

com o menor coeficiente <strong>de</strong> en<strong>do</strong>gamia possível,<br />

visan<strong>do</strong> aumentar nos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

a presença <strong>de</strong> genes responsáveis pelas<br />

características que se busca (raciais, produtivas,<br />

<strong>de</strong> conformação, etc.) ao mesmo<br />

tempo em que se evita a referida “<strong>de</strong>pressão<br />

en<strong>do</strong>gâmica” e paralelamente se consegue<br />

obter algum grau <strong>de</strong> heterose.<br />

Mo<strong>de</strong>rnos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> avaliação genética<br />

e aplicáveis a gran<strong>de</strong>s contingentes<br />

populacionais (como o BLUP-mo<strong>de</strong>lo animal),<br />

têm permiti<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s indivíduos<br />

<strong>de</strong> melhor potencial genético para<br />

uma <strong>de</strong>terminada característica ou grupo <strong>de</strong><br />

características almejadas, e são expressos<br />

em índices como BV (Breeding Value), PTA<br />

(habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão), DEP (<strong>de</strong>senvolvimento<br />

espera<strong>do</strong> na progênie) <strong>de</strong> expressão<br />

quantitativa e que permitem “classificar”<br />

os animais em função das caracte-<br />

rísticas avaliadas e costumam ser divulga<strong>do</strong>s<br />

nos tradicionais “rankings” e “sumários”.<br />

As mo<strong>de</strong>rnas biotecnologias <strong>de</strong> reprodução<br />

(inseminação artificial, transferência<br />

<strong>de</strong> embriões, e quem sabe até mesmo a<br />

clonagem no futuro) e sua popularização,<br />

têm permiti<strong>do</strong> a rápida multiplicação <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> indivíduo o que vem ocorren<strong>do</strong><br />

em nosso meio por exemplo em zebuínos<br />

on<strong>de</strong> se busca multiplicar os animais melhores<br />

classifica<strong>do</strong>s nos sumários.<br />

Uma das conseqüências são resulta<strong>do</strong>s<br />

preocupantes como os publica<strong>do</strong>s por FA-<br />

RIA et al. (2001), que observou que, no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1994 a 1998, apenas 10 touros<br />

foram pais <strong>de</strong> 19,3% <strong>do</strong>s animais da raça<br />

Nelore nasci<strong>do</strong>s no Brasil e, ainda que o<br />

aumento <strong>de</strong> consangüinida<strong>de</strong> por geração<br />

na raça tem si<strong>do</strong> da mesma magnitu<strong>de</strong> da<br />

que se observaria em uma pequena população,<br />

constituída <strong>de</strong> 34 machos e 34 fêmeas<br />

acasalan<strong>do</strong>-se ao acaso e <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> um<br />

casal <strong>de</strong> filhos cada.<br />

A bubalinocultura brasileira, ainda que<br />

por motivos diversos tais como: baixo volume<br />

<strong>de</strong> importações, pequena quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> rebanhos sob controle zootécnico, baixo<br />

intercâmbio comercial inter-regional, etc<br />

potencialmente tem os mesmos problemas<br />

<strong>de</strong>scritos para os zebuínos. Numa fase inicial,<br />

principalmente a partir das décadas <strong>de</strong><br />

70-80, <strong>de</strong>spertou-se enorme interesse entre<br />

os cria<strong>do</strong>res na busca <strong>de</strong> animais com padrões<br />

raciais bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, o que mais facilmente<br />

era obti<strong>do</strong> com a utilização <strong>de</strong> animais<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s importa<strong>do</strong>s originais<br />

e suas progênies, a quem se <strong>de</strong>nominam<br />

“POI”, que quantitativamente, eram em<br />

reduzidíssimo número, resultan<strong>do</strong> que rebanhos<br />

que buscavam se fechar em tais linhagens,<br />

certamente possuem alto grau <strong>de</strong><br />

en<strong>do</strong>gamia.<br />

As raras importações <strong>de</strong> material genético<br />

principalmente a partir da década<br />

<strong>de</strong> 60 ( sêmen da Bulgária e da Itália, e<br />

alguns poucos exemplares italianos), a<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> muito pouco utilizadas<br />

em nosso meio, também provinham<br />

<strong>de</strong> rebanhos com eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />

consangüinida<strong>de</strong> (na Itália, por exemplo,<br />

há séculos não existe a introdução <strong>de</strong> animais<br />

<strong>de</strong> outros países e os <strong>do</strong>is animais<br />

com sêmen búlgaro introduzi<strong>do</strong> no país<br />

eram filhos da mesma mãe).<br />

A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> animais<br />

“puros” porém acabou favorecen<strong>do</strong> os<br />

acasalamentos visan<strong>do</strong> formações raciais<br />

por “absorção”, passíveis <strong>de</strong> registro em<br />

Livro Aberto (LA) e após algumas gerações,<br />

reconheci<strong>do</strong>s como puros o que, se por um<br />

la<strong>do</strong> acaba geran<strong>do</strong> animais com menor<br />

repetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> características em suas<br />

progênies para perfeito enquadramento nos<br />

padrões raciais admiti<strong>do</strong>s, por outro la<strong>do</strong>,<br />

carregam menor <strong>do</strong>se <strong>de</strong> consangüinida<strong>de</strong>,<br />

o que evita seus efeitos <strong>de</strong>pressivos nas<br />

características <strong>de</strong> interesse econômico.<br />

Em trabalho apresenta<strong>do</strong> no Congresso<br />

das Filipinas em 2004, Ramos et al. aferiram<br />

os efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão en<strong>do</strong>gâmica<br />

na produção leiteira <strong>de</strong> búfalos no Brasil,<br />

concluin<strong>do</strong> que a mesma ocorre quan<strong>do</strong> o<br />

coeficiente <strong>de</strong> en<strong>do</strong>gamia ultrapassa 6-7%,<br />

conclusão <strong>de</strong> certa forma concordante com<br />

trabalho <strong>de</strong> Vasconcelos que em rebanho<br />

com coeficiente médio <strong>de</strong> consangüinida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 6%, não havia observa<strong>do</strong> <strong>de</strong>pressão da<br />

produção leiteira atribuível a tais níveis <strong>de</strong><br />

consangüinida<strong>de</strong>,<br />

Infelizmente no Brasil são ainda pouco<br />

comuns proprieda<strong>de</strong>s que submetam seus<br />

rebanhos a controle zootécnico e<br />

genealógico resultan<strong>do</strong> daí que, na elaboração<br />

<strong>de</strong> avaliações <strong>de</strong> potencial genético<br />

produtivo, somente uma pequena parcela<br />

<strong>do</strong> rebanho tem si<strong>do</strong> avaliada utilizan<strong>do</strong>-se<br />

as técnicas hoje disponíveis o que, se persistin<strong>do</strong>,<br />

acabará por i<strong>de</strong>ntificar poucos<br />

animais <strong>de</strong> mérito superior e conseqüentemente,<br />

uma superutilização <strong>do</strong>s mesmos e<br />

com conseqüente aumento da<br />

consangüinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos rebanhos, tendência<br />

já constatada no trabalho <strong>de</strong> Ramos<br />

e que, a exemplo <strong>do</strong>s zebuínos, po<strong>de</strong>rá se<br />

transformar num problema.<br />

Acreditamos que a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso<br />

“rebanho <strong>de</strong> base”, forma<strong>do</strong> principalmente<br />

por animais mestiços e LA, caso <strong>de</strong>spertem<br />

os cria<strong>do</strong>res para a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

controle zootécnico e genealógico <strong>de</strong> seus<br />

rebanhos, permitiria que i<strong>de</strong>ntificássemos em<br />

maior quantida<strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> mérito produtivo<br />

superior e não consangüíneos, reduzin<strong>do</strong><br />

tal problema em potencial.<br />

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