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176 que Floriano o tratara. Fizeram um pequeno lunch e Quaresma saiu. Sentia necessidade de rever aquellas ruas estreitas^ com as suas lojas profundais e escuras^ onde os empregad se moviam como emi um subterrâneo. A tortuosa rua Ourives, a esburaíada rua da Assembléa, a çasquítha^nii do Ouvidor davam-lhe saudades. A vida continuava a mesma. Havia grupos Arados e moças a passeio; no Café do Rio, uma multidão, iram os avançados, os jacobinos, a guarda abnegada da ReptmHcá^os intransigentes, a cujos olhos, a moderação, a to^rancia e o respeito pela liberdade e a vida alheias eram crimes de lesa-patria, symptomas de monarchismo criminoso c abdicação deshonesta diante do estrangeiro. O estrangeiro era sobretudo o portuguez, o que não impedia de haver jornaes jacobinissimos redigidos por portuguezes/ da mais bella * água- ' .| A não ser esse grupo gesticulante e apaixonad-*,!a rua do Ouvidor era a mesma. Os namoros se faziam e as moças iam e vinham. Se uma bala zunia no alto céo azul, luminoso, as moças davam gritinhos de gata, cor- • riam para dentro das lojas, esperavam um pouco e logo voltavam sorridentes, o sangue a subir ás faces pouco e pouco, depois da palidez do medo. Quaresma jantou num •restaurant e dirigiu-se ao quartel, que funecionava provisoriamente. num velho cortiço condemnado pela hygieine, lá pelos lados da cidade Nova. Tinha o tal cortiço andar térreo e sobrado, ambos divididos em cubículos do tamanho de camarotes de navio. No so-^ brado, havia uma varanda de grade de páu e uma escada de; madeira levava até j*á, escada* tosca e oscillante, que gemia á menor passada. A casa da ordem funecionava no primeiro quartinho do sobrado e c pateo, já sem as cordas de seccàr ao sol a roupa, mas com ap pedras manchadas daj barrélas e fda água de sabão, servia para a instruceSo dos recrutas O instructoçr era um sargento reformado, um tan-
— 177 — to coxo, e admittido no batalhão com o posto de alferes, que gritava com uma demora m.-igi-stosa: liom -— brô... armas 1 O Major ealri-^ini a sua quota-ao Coronel c. este esteve a mostrar-lhe o modelo do fardamento. Era muito singular essa fantasia de serigueiro: o dolman era verde-garrafa e tinha uns vivos azul ferrete, ai imares dourados c quatro estrellns prateadas, em cruz, na gola. Uma gritaria feios Vir a-/* á varjanda. F.ntre soldados entrava um homem!, a se lebater, a chorar e a implorar, ao mi-smii tempo, levando de quando em quando uma reflada. — E' o Ricardo! exclamou Quaresma. O Sr. não o coihece, Coronel ? continuou elle com interesse c piedade. Bustamante estava impassível na varanda e só res pondeu depois de algum tempo: — Conheço... E" um voluntário recalcitrante, um pai triota rebelde. Os soldados subiram com o voluntário e Ricardo logo , que deu com o Major, supplicou-lhe.: — Salve-me Major! Quaresma chamou de parte o Coronel rogou-lhe o supplicou-lhe, mas foi inútil... Ha necessidade de gente..*". Emfim, fazia-o cabo. Ricardo, de longe, seguia a conversa dos dous; .ulvir nhou a recusa e exclamou: — Eu sirvo sim, sim, mas dêm-me o meu violão. Bustamante perfilou-se e gritou aos soldados: — Restituam o violão ao cabo Ricardo! Foi. 12
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