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René Dotti - Instituto Ciência e Fé

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<strong>René</strong> <strong>Dotti</strong><br />

Ao lado da SPT tinham vida própria e inserção profunda<br />

na sociedade curitibana outros grupos teatrais<br />

que, ditos amadores, cumpriam um eficiente trabalho<br />

de garantir diversão e propagar novos horizontes culturais.<br />

Lala Schneider, por exemplo, funcionária do SESI,<br />

firmava-se no Teatro do SESI como aquela que seria a<br />

atriz paranaense de perfil insuperável. Alguém que não<br />

quis mudar-se de sua província para os muitos palcos<br />

nacionais e televisão que lhe foram abertos.<br />

Armando Maranhão, com o Teatro do Estudante do<br />

Paraná, e Telmo Faria, estavam no rol dos incentivadores<br />

e batalhadores das artes cênicas que então desconheciam<br />

as facilidades e patrocínios hoje concedidos às<br />

atividades culturais. Com Maranhão fazia-se, isto sim, a<br />

grande ponte com o embaixador Paschoal Carlos Magno<br />

e sua irmã Orlanda, patronos do Teatro do Estudante<br />

do Brasil, e das caravanas que viajariam Brasil afora em<br />

catequese cultural...<br />

Na Sociedade Paranaense de Teatro <strong>René</strong> foi quase<br />

tudo: de secretário-geral a diretor teatral, figurinista,<br />

ator, cenógrafo. Apaixonou-se pelo palco, ganhou prêmios,<br />

como quando fez o Archibaldo, em “A Importância<br />

de se chamar Ernesto”, de Oscar Wilde, encenada<br />

pelo grupo de Maranhão, e na qual <strong>Dotti</strong> figurou como<br />

ator cedido pela SPT.<br />

Componentes da<br />

peça “Nada”. Em pé,<br />

da esquerda para a<br />

direita: Adir, Luiz<br />

Silvestre, Mario<br />

Guimarães, Calvo,<br />

Carlos Afonso,<br />

Célio, <strong>René</strong> <strong>Dotti</strong>,<br />

Ciro Gonçalves,<br />

Halina Dyminska,<br />

Fany Fontoura,<br />

Walter Cardoso, Ary<br />

Fontoura, Lelita<br />

Martinez, Jupira<br />

Costa, Henriette<br />

Dyminska, Odelair<br />

Rodrigues e Divo<br />

Dacol.<br />

Esses capítulos do teatro, que hoje preenchem de gratas<br />

lembranças a memória de <strong>Dotti</strong>, se passaram nos<br />

50s, começando em 1952, no Colégio Estadual do Paraná.<br />

Terminam em 1958, mas são para o jurista parte da<br />

“glória que fica”. As lições do diretor Norberto Teixeira<br />

e de Ary Fontoura seriam, costuma dizer <strong>Dotti</strong>, sapientes<br />

companheiras colocadas depois também em prática<br />

em outras frentes profissionais. Pois o trabalho em teatro<br />

– costuma dizer – ensina disciplina de vida, fortalece<br />

o hábito da leitura, a expressão verbal, a avaliação de<br />

tipos psicológicos, desenvolve o sentido da pesquisa em<br />

torno de fatos e pessoas, organiza o espírito para viver<br />

em grupo e aceitar as diversidades espirituais e psicológicas<br />

dos outros, assegura <strong>Dotti</strong>.<br />

Há momentos na vida de <strong>René</strong> que o fazem inseparável<br />

– definitivamente – da história do teatro paranaense,<br />

como quando dirigiu, em 1955, no pequeno auditório<br />

do Guaíra, a comédia “O Homem que tinha Tudo”, de<br />

Eddy Franciosi (elenco: Ary Fontoura, Leatriz Lopes,<br />

Sinval Martins, Celita Alvarenga, Marlene Mazza, Leny<br />

Helena, Odelair Rodrigues, Mário Guimarães, Halina<br />

Dyminska, Luiz Silvestre e Wilson Cavazzani).<br />

E, não fosse um certo “estalo”, em 1958, ele nem concluiria<br />

o Curso de Direito na UFPR, tal seu envolvimento<br />

com o palco e o magnetismo que sobre ele exerciam<br />

o palco e a plateia. Um magnetismo que a memória<br />

guarda, e as fotografias expõem como momentos imorredouros.<br />

Um destes, quando dança com Suzy Florenzano<br />

(depois médica, já falecida, irmã de Emílio Zola<br />

Florenzano e Rogério) na revista musical “Interessa?”,<br />

de Ary Fontoura.<br />

Fez-se advogado, grau conferido pelo diretor da faculdade,<br />

Ernani Guarita Cartaxo, em 1958: perdeu a<br />

Sociedade de Teatro, ganhou a sociedade abrangente.<br />

Ganharam, de forma muito especial, os que, no período<br />

ditatorial inaugurado em 1964, só queriam o direito<br />

do livre pensar, e dos quais <strong>Dotti</strong> se tornou constante<br />

e bem sucedido defensor. De graça. Vitória do Direito<br />

sobre o palco e a plateia.<br />

Seguro obrigatório,<br />

início da vida de jurista<br />

Como as demais dependências do Escritório Professor<br />

<strong>René</strong> <strong>Dotti</strong>, o auditório é um espaço clássico, confortável,<br />

com design britânico. Nas paredes, fotos históricas<br />

da vida do jurista, com personalidades locais e nacionais<br />

VOZES DO PARANÁ 2<br />

do Direito, do teatro, da literatura, do empresariado, da<br />

política...<br />

No hall, um busto do pai, Gabriel <strong>Dotti</strong>, assinado pelo<br />

escultor Nelson Matulevicius, num nicho de destaque.<br />

O pai dá o nome ao espaço, homenagem àquele que,<br />

com a mãe, dona Adelina, foi dono de fértil labor, gerador<br />

desse cientista do Direito, intelectual singular,<br />

“um libertário incorrigível”, opina o jornalista e constituinte<br />

de 1988 Airton Cordeiro, que foi aluno de <strong>Dotti</strong><br />

na UFPR. Opinião partilhada por outro jornalista,<br />

Celso Ferreira do Nascimento, da Gazeta do Povo, que<br />

acrescenta: “Nada que seja clamor por justiça é alheio<br />

a <strong>Dotti</strong>, em quem, no fundo, ainda vivem muito fortemente<br />

ideais do outrora jornalista. Ele encarna um bom<br />

resumo do Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revolução<br />

Francesa”. E para o deputado federal Gustavo<br />

Fruet, doutor em Direito, também um cativado ex-aluno<br />

do mestre, “o professor <strong>René</strong> <strong>Dotti</strong> foi um construtor de<br />

conhecimentos, um provocador permanente para que<br />

descobríssemos o Direito em suas grandes linhas, as filosóficas,<br />

sobremaneira”. Para Gustavo, nas aulas, <strong>René</strong><br />

“Nada”, com Camilo<br />

(Ary Fontoura),<br />

Alfredinho (<strong>René</strong>)<br />

e Rogério (Divo).<br />

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