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<strong>René</strong> <strong>Dotti</strong><br />
Batista, “grande talento e notável humanista”.<br />
Incisivo, não titubeia em nominar Tereza Wambier,<br />
professora da USP – e residindo em Curitiba – como o<br />
nome que mais produz com qualidade em processo civil;<br />
assim como cita Ivens Gandra Martins, por sua contribuição<br />
como tributarista e em Direito Público.<br />
Direito alternativo e súmula vinculante<br />
Com os gaúchos surgiram no Brasil as doutrinas do<br />
chamado Direito Alternativo, nos 60/70s. Pretendiam<br />
liberar os juízes das formas barrocas de administrar o<br />
Direito, nascendo também em oposição às muitas liturgias<br />
da justiça.<br />
“Era uma alternativa que magistrados, apoiados por<br />
professores e advogados, haviam encontrado para fazer<br />
barreira a estruturas opressoras”, explica um desembargador<br />
aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande<br />
do Sul.<br />
<strong>René</strong> <strong>Dotti</strong> não foge à discussão, opina: “Por outro<br />
lado, não se pode chegar à ditadura da cabeça do juiz, a<br />
pretexto de lutar contra a ditadura da lei.”<br />
Sem meias palavras, define a perigosa possibilidade a<br />
que pode levar o Direito Alternativo: “A pior ditadura é a<br />
dos juízes, como já a condenava Cesare Beccaria. Ela se<br />
esconde em decisões empoladas, para despistar falta de<br />
conhecimento”. <strong>Dotti</strong> é também contrário à orientação<br />
de que “é preciso consultar o espírito da lei”. Pois, diz, a<br />
lei tem de ser clara, acima de tudo. Lei que não é clara,<br />
então, seria lei injusta.<br />
Acha positivo o estabelecimento da súmula vinculante<br />
A mulher, Rosarita,<br />
coloca em <strong>René</strong><br />
o pelerine:<br />
entrada na Academia<br />
Paranaense<br />
de Letras.<br />
pelo Supremo, pois reduz a carga dos processos a serem<br />
apreciados pela justiça. “Oitenta por cento das ações<br />
são geradas pelo poder público, pelo calote oficial. O Estado<br />
é que congestiona as pautas dos tribunais”, analisa<br />
<strong>Dotti</strong>, cuja posição a súmula conflita com a de outros<br />
ases do Direito e organismos da classe advocatícia.<br />
Corporativismo, tudo indica, não conta na ótica de<br />
<strong>René</strong> <strong>Dotti</strong> que, como outros cientistas do Direito, sabe<br />
que justiça tardia vira injustiça.<br />
Não lhe peçam que ofenda a consciência<br />
<strong>Dotti</strong> não se altera, o tom de voz apenas se amplia<br />
suavemente, com empolgações de orador que não deixa<br />
escapar oportunidades, que pesa o impacto e o valor<br />
semântico de cada palavra, quando faz a defesa oral de<br />
suas teses. Ou quando, por exemplo, no dia 29 de março,<br />
todos os anos, participa de um jantar muito significativo<br />
VOZES DO PARANÁ 2<br />
Com o amigo Belmiro<br />
Valverde Jobim<br />
Castor, parceria<br />
literária e social em<br />
benefício do Centro<br />
de Educação João<br />
Paulo II.<br />
para si e dezenas de amigos – a festa do “Aniversário do<br />
Diário do Paraná”. É a reunião dos antigos companheiros<br />
do DP, num dos restaurantes de Santa Felicidade, e<br />
ele, o orador obrigatório, quase oficial.<br />
Seu discurso, nessas ocasiões, é inventário afetivo<br />
de uma época em que a mídia escrita realmente tinha<br />
importância na sociedade brasileira. A fala é imersão<br />
nos anos passados/recentes, até fazendo paralelo com<br />
a realidade de hoje. Abordar os “atrasos” tecnológicos<br />
daqueles dias do DP – como as máquinas linotipos e<br />
suas usinas de chumbo –, soa como espécie de troféu.<br />
Privilégio de poucos, compartilhado com gente especial,<br />
como aqueles ouvintes do jantar, atentos, donos de<br />
entusiasmados aplausos. É a reunião de muitas velhas<br />
águias da imprensa curitibana. É quase uma espécie de<br />
“ordem dos jornalistas veteranos”, para não dizer “velhos”,<br />
este um adjetivo que encontra resistência no gru-<br />
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