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é o caso da mais expressiva colunista diária do Paraná,<br />
jornalista Ruth Bolognese) ou muitos outros domínios,<br />
excetos os ramos do Trabalho e Tributário.<br />
A advogada e mestra em Processo Civil pela Universidade<br />
Federal do Paraná (UFPR), Rogéria <strong>Dotti</strong>, filha de<br />
<strong>René</strong>, é a segunda pessoa na hierarquia da banca. Cláudia<br />
Penovich vem em seguida. Os advogados que estão<br />
na linha de ponta da banca, ao lado do mestre e da filha,<br />
são Julio Brotto e Beno Brandão.<br />
Um dos pareceres mais significativos de <strong>Dotti</strong> ficou<br />
O bebê do Ahú<br />
na cuidadosa<br />
foto de estúdio.<br />
pronto no final de 2008. Revela, em seu raciocínio e<br />
nas conexões que faz, a largueza de visão própria de um<br />
cientista do Direito.<br />
O consulente foi uma das duas personalidades mais<br />
conhecidas e acatadas do catolicismo de hoje no Brasil<br />
(o outro é o padre Marcelo Rossi), monsenhor Jônas<br />
Abib, fundador da “Canção Nova”, movimento popular,<br />
conservador e ao mesmo tempo renovador do catolicismo<br />
brasileiro, com acústica internacional (tem reconhecimento<br />
pontifício do Vaticano e áreas missionárias<br />
em 30 países). Comanda cadeia de rádio espalhada pelo<br />
país, editora, emissora de televisão com cobertura nacional<br />
e milhões de seguidores. Seus meios de comunicação<br />
não têm anúncios comerciais, são mantidos pela<br />
fé dos amigos da Canção Nova.<br />
De convicções próximas do espiritismo, formadas na<br />
infância por influência da mãe – que foi sua verdadeira<br />
mater et magistra –, <strong>Dotti</strong> produziu, no entanto, uma<br />
peça antológica no parecer em que defende o sacerdote<br />
católico da acusação (e denúncia do MP da Bahia,<br />
acatada por um juiz de Direito de Salvador, em abril de<br />
2008), de ter cometido crime de preconceito religioso<br />
contra o kardecismo e manifestações espirituais afrobrasileiras.<br />
O ponto de partida das acusações foi o livro “Sim sim,<br />
não não”, com 400 mil exemplares já vendidos, no qual<br />
padre Jonas condena os cultos afro-brasileiros e pede<br />
que católicos se livrem de objetos do culto dos orixás.<br />
No parecer, <strong>René</strong> vai às raízes, recorre ao pai do espiri-<br />
VOZES DO PARANÁ 2<br />
tismo, Alan Kardec, recolhendo suas palavras e escritos,<br />
em muitos dos quais ele mesmo defende o direito de<br />
seus opositores contestarem publicamente a doutrina<br />
que codificara.<br />
<strong>Dotti</strong> se documenta com fotos colhidas no túmulo de<br />
Kardec, no Père Lachaise, o cemitério das celebridades,<br />
em Paris. Lá, a lápide do túmulo de Kardec o identifica<br />
como fundador da “filosofia” do espiritismo. Filosofia,<br />
doutrina, não religião, diz o parecer.<br />
A liberdade de púlpito<br />
<strong>Dotti</strong> desclassificou a incriminação do padre por motivo<br />
religioso. No fundo, expôs uma linha de clara defesa<br />
do que se poderia chamar de “liberdade de púlpito”. Um<br />
direito de pregação religiosa que, no entanto, jamais<br />
acatará a promoção de lutas religiosas ou de “guerras<br />
santas”. Trata-se, disse, de direito de expressão e manifestação<br />
do pensamento, garantido pela Constituição e,<br />
também, pela Declaração Universal dos Direitos Huma-<br />
Com os pais e a irmã,<br />
início da década<br />
de 1940.<br />
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