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14 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Valorizo a amizade<br />
<strong>Os</strong> amigos de ver<strong>da</strong>de<br />
Há poucos e são raros<br />
Temos que os semear<br />
Aprender a cultivá-los<br />
A cultura e a amizade<br />
Tem dois pontos de vista<br />
A cultura se cultiva<br />
E a amizade se conquista<br />
Já semeei amizade<br />
Em terreno bem diferente<br />
Alguma deu-me bons frutos<br />
Outra nem deu a semente<br />
Mesmo assim continuo<br />
A apostar na amizade<br />
Eu preciso, faz-me falta<br />
P’rá minha felici<strong>da</strong>de<br />
Preciso <strong>da</strong> amizade<br />
Para viver dia a dia<br />
Se não sinto amizade<br />
Minha alma está vazia<br />
Se a minha alma está vazia<br />
Não a deixo sucumbir<br />
Vou à procura de alguém<br />
Dou-lhe um bom dia a sorrir<br />
Procurei a amizade<br />
Sempre sem parar<br />
Agora que a encontrei<br />
Não a vou desperdiçar<br />
Valorizo a amizade<br />
Porque a amizade faz-me bem<br />
Quem tem amigos a seu lado<br />
Não sabe a sorte que tem<br />
Maria Alberta Domingues - Chaviães<br />
O que eu gosto... Vai rareando<br />
Agora com esta i<strong>da</strong>de<br />
Acaba por ser a ver<strong>da</strong>de<br />
Que me ateia a sau<strong>da</strong>de<br />
Quem eu fui e quem eu era<br />
Hoje parece-me quimera<br />
Mantinha a minha postura<br />
E quando chegava a altura<br />
Fazia uma bonita figura<br />
Com os anos que vou somando<br />
O que eu gosto... vai rareando<br />
Zé Albano - V.N. Cerveira<br />
«Trovador»<br />
Montes no Alentejo<br />
I<br />
<strong>Os</strong> montes do Alentejo<br />
São aqueles que aqui estão<br />
Não são aqueles que eu vejo<br />
Para turismo e mansão<br />
II<br />
Terra <strong>da</strong> minha paixão<br />
Eu de ti já estou descrente<br />
Tuas terras não dão pão<br />
Nem farinha sem semente<br />
III<br />
Qualquer monte tinha gente<br />
E qualquer casa criava<br />
Gente pobre mas decente<br />
Que até mendigos aju<strong>da</strong>va<br />
IV<br />
A minha mãe acareava<br />
As galinhas que eu comia<br />
E até o galo cantava<br />
Quando a gente ain<strong>da</strong> dormia<br />
V<br />
São montes com fantasia<br />
<strong>Os</strong> montes de quem não sente<br />
O que é a tua agonia<br />
Alentejo estás doente<br />
Poeta Silvais - Évora<br />
Viela Sombria<br />
Numa sombria viela<br />
Onde a luz duma lanterna<br />
Saia pela janela<br />
Duma modesta taberna.<br />
Num bairro de pouca gente<br />
Com flores junto <strong>da</strong>s portas,<br />
Onde a vi<strong>da</strong> era dif'rente<br />
Á noite a horas mortas.<br />
Numa amizade fraterna<br />
Volta o fadista de novo,<br />
À viela e à taberna<br />
Cantar as mágoas do povo.<br />
A viela se enaltece<br />
Numa voz que se desgarra<br />
E o fado ali acontece<br />
Ao timbrar duma guitarra.<br />
Nesse ambiente castiço<br />
Entre cigarros e vinho,<br />
Come-se pão com chouriço<br />
E caldo verde quentinho.<br />
Sempre que o fado acontece<br />
Fica a viela acor<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
Só descansa e adormece<br />
Quando já é madruga<strong>da</strong>.<br />
Isidoro Cavaco - Loulé<br />
O amigo que eu invento<br />
O amigo que eu invento,<br />
Tão sublime e tão perfeito,<br />
Não se importa se me ausento,<br />
Mora dentro do meu peito.<br />
Luiz Poeta - SP/BR<br />
Voz do Povo<br />
Eu vou-te cantar um fado;<br />
Vou falara <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>:<br />
Parti num barco parado<br />
Que encalhou logo à parti<strong>da</strong>.<br />
Fiz a viagem sentado,<br />
Mas num banco de jardim.<br />
Fiquei também encalhado;<br />
Sem zarpar cheguei ao fim.<br />
Pelo meio houve aventura;<br />
Houve sonhos cor-de-rosa,<br />
Acabaram em amargura<br />
Da viagem desditosa.<br />
Ando a viajar, sem norte,<br />
No meio <strong>da</strong> tempestade,<br />
Num trajecto de má sorte<br />
Que não me deixa sau<strong>da</strong>de.<br />
Vou, então, num fado novo<br />
Cantar minha desventura.<br />
E, assim, os ditos do povo<br />
Têm força de esritura…<br />
João Ferreira - Qtª do Conde<br />
Quadras Soltas<br />
Matreira<br />
Tão bonita e atrevi<strong>da</strong><br />
Rainha do Universo<br />
Numa rima enterneci<strong>da</strong><br />
Enganas-me até num verso.<br />
Vi<strong>da</strong><br />
Noite escura, vi<strong>da</strong> fria<br />
Onde a amizade é pouca<br />
Sem amor e alegria<br />
Morre de ódio gente louca<br />
Amor sem “limites” de i<strong>da</strong>de<br />
O amor de minha mãe<br />
E o de quem me acarinha<br />
É o melhor que a vi<strong>da</strong> tem<br />
Seja criança ou velhinha.<br />
Silvais - Évora