Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
24 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
A Moderni<strong>da</strong>de!<br />
Menino! O que olhas distante?<br />
O horizonte verdinho?<br />
Talvez o sol atrás dos montes,<br />
a esconder-se de mansinho?<br />
E essa tua carinha,<br />
sujinha de terra e poeira...<br />
Mostrando as tuas sardinhas,<br />
pela face rosa<strong>da</strong> e cheia!<br />
Brilha um azul em teus olhos,<br />
mostrando sonhos distantes...<br />
Parece que tu queres partir<br />
com as aves que voam errantes.<br />
Não sabes, menino, o que perdes<br />
na vi<strong>da</strong> que passa num instante...<br />
A ca<strong>da</strong> manhã que emerge,<br />
deixando tua infância no d'antes?<br />
Chorarás depois!<br />
Quando veres termina<strong>da</strong>...<br />
O recanto onde morava,<br />
a poeira <strong>da</strong> velha estra<strong>da</strong>!<br />
O sítio simples e singelo,<br />
o cheiro de relva e boia<strong>da</strong>...<br />
O canto pelas manhãs,<br />
trazidos com a passara<strong>da</strong>!<br />
Chorarás com certeza!<br />
Tal qual o riacho, eternamente...<br />
Aquele que tu pescavas,<br />
cheio de vi<strong>da</strong> e contente!<br />
Por quereres uma moto?<br />
A ci<strong>da</strong>de simplesmente?<br />
E viveres na moderni<strong>da</strong>de,<br />
que aos poucos engole a gente...<br />
Esqueces do velho alazão,<br />
onde galopavas livremente?<br />
Do cheiro fresco do pão,<br />
saído do forno quente...<br />
Ah! Menino, se pudesse<br />
prendê-lo eternamente...<br />
Dentro de mim eu faria,<br />
o deixava para todo o sempre!<br />
Tu partes amanhã...<br />
Como a chuva num repente!<br />
Deixas teu cheiro e a sau<strong>da</strong>de,<br />
de quando me foste presente...<br />
José Geraldo Martinez – SP/BR<br />
«Bocage - O Nosso Patrono»<br />
Poema de amor e dor<br />
Por ti, Maria <strong>da</strong>s Dores,<br />
Dor de amor, – ando a sofrer...<br />
Pois se anseio os teus amores,<br />
Meu destino é padecer!<br />
Vivo amargurado e triste,<br />
Nos limites de além-dor:<br />
Porque só à dor resiste,<br />
Quem por ti sofrer de amor!<br />
Ando só, na noite escura,<br />
Sofro <strong>da</strong>nos, sofro mágoas...<br />
Choro rios de amargura,<br />
Afogo-me em suas águas!<br />
Na<strong>da</strong> me traz alegria,<br />
Me dá prazer, ou me afoite...<br />
Nasce o Sol em ca<strong>da</strong> dia,<br />
Para mim é sempre noite!<br />
Dia a dia esta desdita,<br />
Causa dor… – inquietação!<br />
O meu corpo debilita;<br />
Estala-me o coração!<br />
Arde em chamas a minha alma,<br />
Numa constante agonia...<br />
A minha dor só acalma,<br />
Quando te vejo, Maria!<br />
Anseio ter-te ao meu lado<br />
Com desvelo e com carinho...<br />
A tratar-me com cui<strong>da</strong>do<br />
Entre os meus lençóis de linho!<br />
Traz-me o teu remédio santo,<br />
No calor dum beijo teu:<br />
Quero ver no teu encanto,<br />
Um pe<strong>da</strong>cinho do Céu!<br />
Que desta dor tu me cures...<br />
Ponhas fim neste tormento...<br />
– Depressa, – não te descures, –<br />
É urgente o tratamento!<br />
Não venhas com panos quentes,<br />
E outras mezinhas caseiras...<br />
Dá-me os teus beijos ardentes,<br />
– Livra-te de mais canseiras!<br />
Quero um abraço apertado…<br />
Quero beijos, – mil e dois... –<br />
Que doente mal curado,<br />
Pode recair depois!<br />
Se o meu mal não tiver cura,<br />
Nem com beijos nem abraços...<br />
Que Deus me dê por ventura,<br />
Poder morrer em teus braços!<br />
Aurélio Barata Vivas<br />
(Pampilhosa <strong>da</strong> Serra)<br />
Adolescente<br />
Na heróica planície aquele grito<br />
Com o qual mitigava a rebeldia<br />
Criava asas, seu coração hirto<br />
Para se rebelar de noite e dia<br />
Amor proibido ela esmaecia<br />
Qual envelhecido ramo de mirto<br />
O velho sonho virou fantasia<br />
Perdera-se, tal desusado rito<br />
Nascido entre a vila e o montado<br />
Logo de início fora recalcado<br />
Aquele amor degenerou paixão<br />
Proibido estar tão apaixonado<br />
Cobarde o seu amor foi exumado<br />
Ficou só a frieza <strong>da</strong> razão.<br />
Maria Vitória Afonso – Cruz de Pau<br />
Sintra Encanta<strong>da</strong><br />
Sintra,<br />
De Saloia apeli<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
Vila Velha tão conheci<strong>da</strong><br />
Mulher, Rainha e ama<strong>da</strong><br />
Fi<strong>da</strong>lga, nobre, bem queri<strong>da</strong>;<br />
Sintra,<br />
Palaciana e mourisca<br />
Guar<strong>da</strong>ndo len<strong>da</strong>s e enredos<br />
Tesouro de graça e mística<br />
Por esconder tantos segredos;<br />
Sintra,<br />
De natureza abun<strong>da</strong>nte<br />
Deslumbrando mil olhares<br />
Desde a Serra verdejante<br />
Até aos mais belos mares;<br />
Sintra,<br />
Sabe ser dos namorados<br />
Que nas fontes juram amores<br />
Deixando também apaixonados<br />
Tantos Poetas e Pintores;<br />
Sintra,<br />
Calça<strong>da</strong>s gastas trilhamos<br />
P`los seus becos e escadinhas<br />
E nos musgos murmuramos<br />
Quando não espreitam vizinhas;<br />
Sintra,<br />
Vou descobrindo no seu povo<br />
Traços de força e humil<strong>da</strong>de<br />
Que imploram num sorriso novo<br />
Um mundo de Paz e ver<strong>da</strong>de;<br />
Sintra,<br />
Sempre fresca e natural<br />
Misto de eterna emoção<br />
Património Mundial<br />
Que trago em meu coração, minha musa<br />
de eleição.<br />
Luís <strong>da</strong> Mota Filipe – Montelavar / Sintra