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Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano V | Boletim Bimestral <strong>Nº</strong> <strong>55</strong> | Março / Abril 2013<br />
SUMÁRIO<br />
EDITORIAL<br />
www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com - Email: osconfrades<strong>da</strong>poesia@gmail.com<br />
«JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO»<br />
<strong>Confrades</strong>: 3,4,6,8,10,11,12 A Voz do Poeta: 2 Retalhos Poéticos: 5 Tribuna do Poeta: 7 Cantinho Poético: 9 Tempo de<br />
<strong>Poesia</strong>: 13 Trovador: 14 Poemar: 15 Online: 16 Faísca de versos: 17,18 Contos / Poemas: 19 Pódio dos Talentos: 20<br />
Eventos e Efemérides: 21 Estados de Alma: 22 Bocage: 23, 24,25,26 Reflexões: 27 Ponto Final: 28<br />
O BOLETIM Bimestral Online (PDF) "<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>" foi fun<strong>da</strong>do com a incumbência de instituir um<br />
Núcleo de Poetas, facultando aos (<strong>Confrades</strong> / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos<br />
ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono"; explanando e <strong>da</strong>ndo a conhecer esta ARTE SUBLIME, que praticamos<br />
e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraterni<strong>da</strong>de e Paz Universal. Subsistimos pelos<br />
nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a <strong>Poesia</strong> Lusófona e difundir as obras<br />
dos nossos estimados <strong>Confrades</strong> que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim.<br />
“Promovemos Paz”<br />
A Direcção<br />
Pódio dos Talentos<br />
pág. 20<br />
João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />
«Homenageamos Distrito de Beja»<br />
«Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia»<br />
DIA MUNDIAL DA POESIA<br />
21/3/13<br />
Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não , ao “Novo Acordo ortográfico”<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Boletim Mensal Online<br />
Proprie<strong>da</strong>de: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Paginação: Pinhal Dias - São Tomé<br />
A Direcção: Pinhal Dias - Presidente / Fun<strong>da</strong>dor; Conceição Tomé - Vice-Presidente / Fun<strong>da</strong>dor<br />
Re<strong>da</strong>cção: São Tomé - Pinhal Dias<br />
Colaboradores: Adelina Velho Palma | Aires Plácido | Albertino Galvão | Alfredo Louro | Ana Santos | Anna Müller | Anna Paes | António Barroso<br />
| António Silva | Arlete Pie<strong>da</strong>de | Carlos Macedo | Carmo Vasconcelos | Clarisse Sanches | Edyth Meneses | Efigênia Coutinho | Euclides Cavaco |<br />
Eugénio de Sá | Fernan<strong>da</strong> Lúcia | Fernando Reis Costa | Filipe Papança | Filomena Camacho | Glória Marreiros | Henrique Lacer<strong>da</strong> | Humberto<br />
Neto | Humberto Soares Santa | Isidoro Cavaco | João Coelho dos Santos | João Furtado | João <strong>da</strong> Palma | Joel Lira | Jorge Vicente | José Jacinto<br />
| José Ver<strong>da</strong>sca | Lauro Portugal | Lili Laranjo | Luís Filipe | Luiz Caminha | Malubarni | Maria Brás | Maria José Fraqueza | Maria Mamede<br />
| Maria Petronilho | Maria Vitória Afonso | Miraldino Carvalho | Natália Vale | Pedro Valdoy | Rosa Silva | Rosélia Martins | Silvino Potêncio |<br />
Susana Custódio | Tito Olívio | Vó Fia | Zezinha Fraqueza | … (actualizado no site)
2 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
A Joaninha<br />
Joaninha, voa,<br />
voa até Lisboa!<br />
Com asas de cor,<br />
tão giras, às pintas<br />
perfeitas com tintas<br />
de nenhum pintor,<br />
ergue-te nos ares,<br />
percorre lugares,<br />
sobrevoa quintas<br />
e rios e montes,<br />
riachos e fontes,<br />
diz do céu azul<br />
que há de norte a sul,<br />
transporta a beleza<br />
<strong>da</strong> Mãe Natureza,<br />
sem sombras de prédios,<br />
sem medos, sem tédios.<br />
Leva, quando vais,<br />
os ares dos pinhais,<br />
os cheiros campestres,<br />
os frutos silvestres.<br />
Transporta a ver<strong>da</strong>de<br />
do campo à ci<strong>da</strong>de,<br />
e leva-lhe a paz<br />
que falta lhe faz.<br />
Lauro Portugal - Lisboa<br />
Noites de Lisboa<br />
Quando a noite cai sobre a ci<strong>da</strong>de<br />
Lisboa não se que<strong>da</strong> adormeci<strong>da</strong><br />
Acende-se uma chama de sau<strong>da</strong>de<br />
Que vem <strong>da</strong>r à noite ain<strong>da</strong> mais vi<strong>da</strong>.<br />
Nos becos os velhinhos candeeiros<br />
Só se apagam na le<strong>da</strong> madruga<strong>da</strong><br />
Parecem quais eternos sinaleiros<br />
A manter Lisboa sempre acor<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />
Há sempre a qualquer hora nas vielas<br />
Rufias que chamam à noite sua<br />
Que são na noite escura sentinelas<br />
Ou sombras <strong>da</strong>ndo vi<strong>da</strong> à luz <strong>da</strong> Lua.<br />
A noite no tempo pula e avança<br />
Altiva com seu âmago acor<strong>da</strong>do<br />
Teimando em ficar sempre criança<br />
P'ra quem gosta de nela ouvir o fado !...<br />
Euclides Cavaco - Canadá<br />
Solidão...<br />
«A Voz do Poeta»<br />
Ó minha terra algarvia<br />
Que é <strong>da</strong> lin<strong>da</strong> plantação?<br />
Dessa flor de magia...<br />
Apenas recor<strong>da</strong>ção!<br />
Que é feito <strong>da</strong> brancura<br />
Do meu Algarve encantado?<br />
Dessa on<strong>da</strong> de ternura...<br />
Que eu via em todo o lado!<br />
Que é do manto de noivado<br />
Ó meu Algarve de sonho?<br />
Que é do teu lindo passado<br />
Do meu Algarve risonho?<br />
Alfarrobeiras, figueiras...<br />
Com seus frutos sem igual<br />
As lin<strong>da</strong>s amendoeiras<br />
Da nossa terra natal!<br />
Há arvores tradicionais<br />
Que devemos preservar<br />
Orgulho dos nossos pais<br />
Deveriam cultivar!<br />
Maria José Fraqueza - Fuzeta<br />
Todo o amor que me lavra!<br />
Na Praia temos o Facho<br />
Na Serreta há o Farol<br />
Em Angra que lindo acho<br />
O nascer do nosso sol.<br />
No horizonte distante<br />
Coroando os ilhéus<br />
Amanhece em bom semblante<br />
Dourando os belos céus.<br />
Como é bonito viver<br />
No mirante <strong>da</strong> poesia<br />
Com todo o sol <strong>da</strong> palavra.<br />
Sou feliz por perceber<br />
A paixão que doce cria<br />
Todo o amor que me lavra.<br />
Rosa Silva ("Azoriana")<br />
Aos meus Amigos:<br />
Melodia doce quero ser...<br />
Não barulho dissonante.<br />
Suave brisa que cicia...<br />
Não ven<strong>da</strong>val arrasante.<br />
Uma flor, em vossas, mãos.<br />
Doce perfume a espargir...<br />
Em vosso céu, uma estrela,<br />
luz constante a refulgir.<br />
Filomena Camacho - Londres<br />
Palavras de Bon<strong>da</strong>de<br />
Há palavras de bon<strong>da</strong>de<br />
Que até podem fazer,<br />
Mu<strong>da</strong>r a reali<strong>da</strong>de<br />
Tornando o sonho ver<strong>da</strong>de<br />
E que aju<strong>da</strong>m a viver.<br />
Porque há palavras que são<br />
O fruto do que se sente,<br />
Sendo <strong>da</strong> alma a razão<br />
Ao virem do coração<br />
São sempre parte <strong>da</strong> gente.<br />
Se acaso vemos sofrer<br />
Algum amigo ou vizinho,<br />
Sentimos bem ao dizer<br />
Algo que ajude a vencer<br />
Com palavras de carinho.<br />
Pois há palavras singelas<br />
Como água pura <strong>da</strong>s fontes,<br />
Simples mas muito belas,<br />
Que por vezes são janelas<br />
Para novos horizontes.<br />
Quando ditas com ternura<br />
Por muito humildes que sejam,<br />
Trazendo amor à mistura<br />
Dão-nos afecto e doçura,<br />
São palavras que nos beijam.<br />
A que o coração deseja<br />
Pelo valor que contem,<br />
É sempre a que mais nos beija,<br />
A doce palavra MÃE.<br />
Isidoro Cavaco - Loulé<br />
Apesar <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de pensamento e maneiras de interpretar, a essência do amor<br />
vive na alma, onde ninguém pode chegar. (Alcides Pelacani)
O Sol na minha mão<br />
Se a água é o símbolo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
É graças ao poder do Astro Rei<br />
Que a Terra aos humanos dá guari<strong>da</strong><br />
E excede muito além tudo o que sei.<br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Será que seja o Sol fonte Divina<br />
A revelar de Deus a Majestade?<br />
Inspirando aos seres humanos a doutrina<br />
De nascer p'ra todos em igual<strong>da</strong>de.<br />
Deus à Terra o Sol <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quis <strong>da</strong>r<br />
P'ra todo o ser igual sem distinção<br />
Sem direito de alguém jamais roubar.<br />
Mas no mundo há do Sol muito ladrão.<br />
Eu quero com todos compartilhar<br />
Lustre o Sol que pousou na minha mão!<br />
Euclides Cavaco - Canadá<br />
Dizer o Amor<br />
Ao vento lancei minhas palavras<br />
Que foram dialogar com o teu silêncio<br />
Esse mesmo que em campo fértil lavras<br />
E que agora se transformaram em memórias<br />
Com o perfume inodoro do Tempo,<br />
Casa forte de nossas histórias.<br />
Nem sei o que escondi<br />
Neste meu pensar em ti!<br />
Não desistas, descobre o Céu,<br />
E, antes que seja tarde,<br />
Morde o medo, porque o frio arde.<br />
Não é ver<strong>da</strong>de que o tempo<br />
Cicatriza as mais profun<strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s<br />
De to<strong>da</strong>s as nossas vi<strong>da</strong>s?<br />
Abre as asas e deixa-te planar<br />
Em Mundo de afectos clandestinos<br />
Onde se pronuncia o verbo amar,<br />
Pois harpejam as cor<strong>da</strong>s do ser<br />
Na certeza de que força <strong>da</strong> raiz regenera<br />
To<strong>da</strong> a alma que seja sincera.<br />
Se até os sonhos estão em desordem,<br />
Quando é que saberei dizer o amor?<br />
Se o não sei hoje, amanhã será pior.<br />
João Coelho dos Santos - Lisboa<br />
Dor<br />
Passa-se um dia e outro dia<br />
À espera que passe a Dor,<br />
E a Dor não passa, e porfia,<br />
Porque atrás de um dia, outro dia<br />
Que traz Dor ain<strong>da</strong> maior;<br />
Porque embora a Dor aflita<br />
Calasse há muito seus ais,<br />
Ain<strong>da</strong>, fundo, palpita<br />
Uma outra Dor que não grita:<br />
A Dor do que não dói mais.<br />
Agostinho Moncarcho – Qtª do Conde<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr. <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 3<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
Que pena me dás, Lisboa<br />
Tristinha esta Lisboa que hoje vejo<br />
fruto de to<strong>da</strong> a crise que se arrasta<br />
e cuja sorte se tornou madrasta<br />
pintando a tons cinzentos o meu Tejo<br />
É ponto de passagem, não de estar<br />
a teia pombalina que é mais rasa<br />
onde outrora nos víamos em casa<br />
hoje erramos por ela com pesar<br />
E pelas gloriosas aveni<strong>da</strong>s<br />
em que os olhos paravam deleitados<br />
que<strong>da</strong>mo-nos agora de pasmados<br />
à vista <strong>da</strong>s pobrezas exibi<strong>da</strong>s<br />
Já nem me atrevo a subir ao Chiado<br />
por não querer mais desgostos no olhar<br />
e fico no Rossio a relembrar<br />
um tempo de Lisboa, requintado<br />
Eugénio de Sá - Sintra<br />
Para sempre!...<br />
Andei por estranhas ruas e vielas<br />
Num momento assaz desesperado.<br />
Não via sol, nem lua, nem estrelas,<br />
Como se cego fosse e malfa<strong>da</strong>do!<br />
Ia perdendo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> as coisas belas<br />
(e quase ao desamor ser condenado).<br />
Mas tu, minha luz, fizeste vê-las<br />
Como se um anjo fosses a meu lado!<br />
Então, graças a ti, eu me livrei<br />
De ser picado por uma vil serpente<br />
Disfarça<strong>da</strong>, qual fera feito gente!<br />
E o nosso amor – tu sabes e eu sei,<br />
Há-de continuar eternamente<br />
E ninguém o destrói por mais que tente!<br />
Fernando Reis Costa - Coimbra<br />
Pela Noite<br />
Entrei no teu quarto de mansinho<br />
Embrulhei-me no lençol de teu calor,<br />
Aqueci-me na fogueira desse amor<br />
Alisando a tua pele como arminho.<br />
O teu corpo tão puro como linho<br />
Enlaçava a fragrância de uma flor<br />
O luar atrevido, louco de fervor,<br />
Absorto pela noite, ficou sozinho.<br />
Desnudei-te ante a débil luz <strong>da</strong> lua,<br />
Numa sede que o desejo perpetua<br />
Em vastidão, aos olhos do prazer!...<br />
O coração vive ain<strong>da</strong> incendiado<br />
A sau<strong>da</strong>de se eterniza ao nosso lado<br />
Como sol, que jamais pode morrer!<br />
Ferdinando – Germany
4 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Heróis de Abril<br />
Deixem-me cantar Abril<br />
E evocar tal heroísmo<br />
Militar junto ao civil<br />
Que derrubou a fascismo.<br />
Prestar aos bravos meu preito<br />
Dizer-lhes: Valeu a pena<br />
<strong>Os</strong> cravos e o tema eleito<br />
Grandola Vila Morena !...<br />
Deixem-me clamar victória<br />
Às nossas Forças Arma<strong>da</strong>s<br />
Pelo seu triunfo e glória<br />
Com o povo de mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Que a hístória jamais olvide<br />
<strong>Os</strong> militares de excelência<br />
Qu’incutiram fim à pide<br />
E à maldita prepotência...<br />
Deixem-me exaltar os bravos<br />
Do nosso Portugal novo<br />
Da Revolução dos Cravos<br />
Que trouxe justiça ao povo.<br />
Dando a Abril o sentido<br />
Com coragem e vontade<br />
De abrir com o povo unido<br />
As portas <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de !...<br />
Euclides Cavaco - Canadá<br />
Acor<strong>da</strong>, Brasil!<br />
Vamos lá, Brasil, à Praça,<br />
expor com peito e com raça<br />
nossas reivindicações!<br />
Que o brado <strong>da</strong> pátria inteira<br />
ponha um fim à roubalheira<br />
e dê um basta à ban<strong>da</strong>lheira<br />
dessa corja de ladrões!<br />
Humberto Neto - SP/BR<br />
A <strong>Poesia</strong>…<br />
No meu corpo Tatua<strong>da</strong><br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
Deixem Acontecer Meu Sonho<br />
Deixem que aconteça<br />
meu sonho amado!<br />
Aquele que em mim<br />
habita já há tantos anos.<br />
Que não soframos nós<br />
mais quaisquer <strong>da</strong>nos<br />
Por vê-lo há tantos,<br />
tantos anos, adiado.<br />
Deixem que se realize<br />
em total conforto!<br />
Que o desfrutemos em pleno,<br />
sem mais demora.<br />
Que sua realização<br />
nos bafeje hora a hora.<br />
E o vivamos encantados<br />
em nosso horto.<br />
Este meu sonho lindo,<br />
o que é, afinal?!<br />
É um segredo guar<strong>da</strong>do<br />
dentro em mim.<br />
Receio, na ver<strong>da</strong>de,<br />
ver chegar meu fim.<br />
Sem que consiga<br />
ver terminado tanto mal.<br />
Mas porque é assim<br />
este nosso mundo?!<br />
Porque razão não<br />
poderemos ser felizes?!<br />
Teremos que forçosamente<br />
ser infelizes,<br />
Afun<strong>da</strong>dos<br />
neste pélago profundo?!<br />
JGRBranquinho - Qtª <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />
Faz já um tempo que eu, no meu corpo gravei,<br />
O mais lindo poema que sobre o amor encontrei,<br />
Sem saber bem, porque uma tal coisa estava a desejar…<br />
Mas hoje, em que o tempo, as minhas poesias levou,<br />
Apenas esta, no meu corpo tatua<strong>da</strong>... me restou,<br />
E agora compreendo, porque no meu corpo, a quis gravar.<br />
Pois de tantas e tantas poesias que fui escrevendo,<br />
Algumas guardei, outras, pouco a pouco foram esquecendo,<br />
Sabendo que nenhuma delas, comigo iria levar…<br />
E que só esta poesia, que p’ra sempre junto de mim ficaria,<br />
O destino sabia, que também junto a mim ela partiria,<br />
Naquele dia, em que o meu cansado corpo, fosse a enterrar.<br />
José Carlos Primaz - Olhão <strong>da</strong> Restauração<br />
A velha escola...<br />
São sau<strong>da</strong>des que guardo no meu peito<br />
Da minha escola, onde se aprendia;<br />
O professor era símbolo de respeito<br />
E nela não reinava a rebeldia!<br />
Ardósia p’ra escrever... ia na sacola!<br />
Não havia ain<strong>da</strong> luxuosas mochilinhas<br />
E todos nós usávamos, lá na escola,<br />
Úteis cadernos de duas estreitas linhas!<br />
O “Magalhães”?... ai nem sequer pensar,<br />
A não ser o dos descobrimentos!<br />
Aprendia-se sem máquina de calcular<br />
Ou outros sofisticados instrumentos.<br />
No aprender, sentia-se o efeito<br />
Mesmo sem a actual tecnologia<br />
Que a muitos não dá grande proveito<br />
E gera mais preguiça e abulia!<br />
Fernando Reis Costa - Coimbra<br />
Teu corpo feito mar<br />
Queria apenas ser navio<br />
E naufragar no teu corpo<br />
Sou apenas este rio<br />
Que navega quase morto<br />
Maré baixa, em solidão<br />
Caminho bem devagar<br />
Passado que está o verão<br />
O inverno vai chegar<br />
Tempestade se aproxima<br />
É tarde, já é sol-posto<br />
A sombra que vem de cima<br />
Dá-me imagens do teu rosto<br />
Neste naufragar profundo<br />
Entre o verão e o Outono<br />
Navego qual vagabundo<br />
Mal acor<strong>da</strong><strong>da</strong> do sono<br />
A on<strong>da</strong> de mim se afasta<br />
Eu ganho nova maré<br />
Começar de novo basta<br />
P’ra mergulhar e ter pé<br />
Sobrevivo a tempestade<br />
Tropeço em teu navegar<br />
Vou morrendo de sau<strong>da</strong>de<br />
Do teu corpo feito mar<br />
Maria de Lurdes Brás - Alma<strong>da</strong>
Violetas<br />
Sempre que ia à rua Augusta parava,<br />
Para comprar um ramo de violetas.<br />
As mais bonitas e compostas escolhia<br />
Rapi<strong>da</strong>mente, o belo raminho adquiria<br />
Flores magníficas que minha Mãe adorava,<br />
Ao voltar para casa as violetas lhe trazia,<br />
Era um miminho que muito apreciava,<br />
O seu rosto iluminava com esta alegria.<br />
Ia colocá-las numa jarrinha alegremente.<br />
Eu ficava observando com muito carinho,<br />
Por quanto tempo é que teria esta ventura.<br />
As belas violetas esmaeceram tristemente,<br />
A minha Mãe deixou de existir, infelizmente,<br />
Não lhe poderei mais oferecer esta ternura.<br />
Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />
Indecisão<br />
Meus sentimentos indecisos<br />
Saltitam na leveza do ser<br />
Como uma ave sem asas<br />
Preso na atmosfera irreal<br />
São pingos de luz<br />
Que brincam na inocência<br />
Na fragili<strong>da</strong>de de um sentimento<br />
Por caminhos de cetim<br />
Meus pensamentos<br />
Deslizam por campos estranhos<br />
Por entre o sorriso de uma estrela<br />
Me saú<strong>da</strong> para a eterni<strong>da</strong>de<br />
Eterni<strong>da</strong>de de uma alma<br />
Por vezes perdi<strong>da</strong><br />
No cosmos cintilante<br />
No sorriso de Deus<br />
Só sei o que sou<br />
Por entre as brumas<br />
Do cosmos celestial<br />
Por caminhos do silêncio…<br />
Pedro Valdoy - Lisboa<br />
“A balança”<br />
A balança é um tesouro<br />
Dois pesos iguais sustenta<br />
Quer na prata quer no ouro<br />
É leal não fraudulenta…<br />
Ao pesar nunca há engano<br />
Seus pratos estão lado a lado<br />
Seu peso não é tirano<br />
É um peso equilibrado…<br />
An<strong>da</strong> sempre num vaivém<br />
O balançar <strong>da</strong> balança<br />
Quando ele pára, porém<br />
É que temos confiança…<br />
Maria Eugénia – A balança<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 5<br />
«Retalhos Poéticos»<br />
A Palavra...<br />
Palavra! Furacão que nos sacoleja,<br />
fogo que incendeia, rio que lava, perfume embriagador,<br />
imensidão que faz crescer, duvi<strong>da</strong>r, discernir<br />
e entender o mundo ao redor!<br />
Somos a Mora<strong>da</strong> <strong>da</strong> Palavra!<br />
Que nos leva à percepção <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de,<br />
onde vivenciamos experiências<br />
<strong>da</strong>s quais extraímos aprendizagem...<br />
É através <strong>da</strong> linguagem que o imaginário<br />
se eleva ao extremo e torna-se magia poética.<br />
O Poeta, seu veículo máximo,<br />
cria sensações, intenções,<br />
numa representação que exprime<br />
diferentes significados para ca<strong>da</strong> um de nós...<br />
A <strong>Poesia</strong>, leva a imaginação à beira do precipício<br />
de uma alucinação de regozijo, admiração e beleza...<br />
Com Palavras... aprendemos a Pensar...<br />
O que "nos possibilita criar nossa existência no Ser..."<br />
Indiferença<br />
Nídia Vargas Potsch @Mensageir@ - RJ/BR<br />
Em vão te procurei por to<strong>da</strong> a parte...<br />
Meus olhos ansiavam de te ver...<br />
Meu peito era uma rubra chama a arder:<br />
– Anseio de meu corpo em desejar-te!<br />
O que mais fiz, na vi<strong>da</strong>, foi sonhar-te...<br />
Meus braços, só os teus q´riam prender...<br />
Eras aquela que eu, mais q´ria ter:<br />
– Razão <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> em procurar-te!<br />
Achei-te enfim, porém, tarde demais...<br />
A chama desse amor não arde mais...<br />
O anseio de te ter já não existe!<br />
A quem te queiras <strong>da</strong>r, pouco me importa...<br />
– E se um dia te abrir a minha porta,<br />
É porque tenho a sina de ser triste!<br />
Aurélio Barata Vivas – Pampilhosa <strong>da</strong> Serra<br />
A Voz <strong>da</strong> Primavera<br />
Já vão partindo as noites invernosas,<br />
<strong>Os</strong> dias tristes de humores enevoados,<br />
Degelam as correntes, cau<strong>da</strong>losas,<br />
Furam a terra os brotos encubados.<br />
Regressam andorinhas migratórias,<br />
<strong>Os</strong> céus revestem mantos de esplendor,<br />
Ao Pai Celeste sobem oratórias,<br />
Das aves em seus cantos de louvor!<br />
É a nova Primavera a despontar,<br />
Que, sem palavras, vem pra nos dizer,<br />
Da natureza, o eterno renovar,<br />
Que <strong>da</strong> aparente morte há renascer!<br />
Ouça-se dela a fala <strong>da</strong> razão!<br />
- Que a morte é só… <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> uma estação!<br />
Carmo Vasconcelos - Lisboa/Portugal
6 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Primavera e Juventude<br />
Primavera e juventude<br />
são pareci<strong>da</strong>s, não iguais<br />
vai e volta a primavera<br />
a juventude nunca mais<br />
Há muita coisa na vi<strong>da</strong><br />
que a mim nunca ilude<br />
ao dizer que é igual<br />
primavera e juventude<br />
Nem tudo o que ouço acredito<br />
e ouço tantas coisas mais<br />
jventude e primavera<br />
são pareci<strong>da</strong>s, não iguais<br />
Que este poema termine<br />
já vejo alguem á espera<br />
para me ouvir dizer<br />
vai e volta a primavera<br />
Mas uma coisa é ver<strong>da</strong>de<br />
que não contesto jamais<br />
a primavera essa volta<br />
a juventude nunca mais.<br />
Chico Bento - Dällikon- zurique - Suíça<br />
Amor occisivo<br />
Amor, ódio, sentimentos arrogantes<br />
Em mim flutuantes<br />
Segredos de uma vi<strong>da</strong><br />
Para nós perdi<strong>da</strong>...<br />
Abjurar o amor<br />
É como um filme de terror.<br />
Subsistem os fantasmas<br />
E as almas pena<strong>da</strong>s.<br />
Assombrando, atormentando<br />
Na distanásia porfiando.<br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Não posso lutar com o destino<br />
Sei que é confronto perdido.<br />
Não consigo enfrentar esse poder misterioso<br />
Contumaz e poderoso!<br />
Nem nas trevas ou no paraíso<br />
Há cura para o amor que occisa.<br />
Que porfende queimando<br />
Como ácido sulfúrico e me torna atónico!<br />
Preferia não mais acor<strong>da</strong>r<br />
Até a devastidão terminar.<br />
Prossigo to<strong>da</strong>via nesta estra<strong>da</strong><br />
De sonhos prostrados onde nunca ninguém ganha!<br />
Só me resta a memória<br />
Enleva<strong>da</strong> nas asas mágicas <strong>da</strong> recor<strong>da</strong>ção<br />
Que me restitui sem condição<br />
Aos nossos momentos de glória!<br />
Quando precisares de silêncio<br />
Para pensares em alguém<br />
Lembra-te que há alguém<br />
Que em ti pensa em silêncio!<br />
Carmindo Carvalho - Suíça<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
Adeus alegria<br />
Alegria, grande amor que embalas o pensamento<br />
Viveste comigo através de nações e continentes<br />
Trabalho <strong>da</strong> mina foste pão; o meu entretimento<br />
Foste minha poesia, matavas dor, em acidentes<br />
I<strong>da</strong>de chegou, a dor afastou minha musa poética<br />
Alegria, era o timoneiro, que encantava meu mar<br />
Punha amor e filhos em linha; escola doméstica<br />
Era amor, ar risonho que me fazia amar e cantar<br />
Hoje; noites em claro, a tristeza não deixa dormir<br />
O céu tem menos estrelas, tem menos luz o luar<br />
Tantas vezes ain<strong>da</strong> esforço de mm cândido sorrir<br />
Estendo meus braços com ímpeto, a esposa abraçar<br />
Sei que é a i<strong>da</strong>de que deixa minha alegria se esvair<br />
Alegria se esvai com a i<strong>da</strong>de; sem a poder agarrar<br />
Armando Sousa - Toronto Ontário Cana<strong>da</strong><br />
Mensageiro <strong>da</strong> Esperança<br />
Afastei-me de Jesus, por ínvios caminhos<br />
julgando-me indigna de Seu divino amor!<br />
Desprezei o santo dom <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, os carinhos<br />
de quem me ama! - Preferindo mágoa e rancor!<br />
O filho do Criador, mandou mensageiros<br />
tentou de várias formas, chamar-me á razão!<br />
Amigos, amores, rivais e companheiros:<br />
A todos repeli, por teimosa obsessão!<br />
Um a um por várias causas, foram partindo<br />
na maré <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, morte, doença, até...<br />
ou pelo meu menosprezo e desconfiança...<br />
Mas Jesus não desistiu. - E foi persistindo,<br />
para eu aprender com dor! - Renovou minha fé,<br />
enviou-me o seu Mensageiro <strong>da</strong> Esperança!<br />
Arlete Pie<strong>da</strong>de - Santarém<br />
Felici<strong>da</strong>de<br />
Ser feliz<br />
o que é?...<br />
Como se consegue?...<br />
é o abraçar a vi<strong>da</strong>…<br />
Com loucura e amor…<br />
Amor…<br />
Que constantemente…<br />
Nos bate à porta…<br />
E surge…<br />
No sorriso dos filhos…<br />
No chilrear dos passarinhos…<br />
No desabrochar de uma flor…<br />
No sorriso de uma criança…<br />
Que nos puxa pela saia…<br />
E que nos diz baixinho…<br />
Gosto de ti…<br />
Ser feliz…<br />
É saber estar…<br />
Rodearmo-nos de gente…<br />
E sabermos, sempre sorrir…<br />
Mesmo… quando apetece chorar!…<br />
Lili Laranjo - Aveiro
A Bela Inês de Castro<br />
(nos 650 anos <strong>da</strong> sua morte trágica)<br />
Mote<br />
Uma grande paixão a traz insatisfeita.<br />
Sente-se injusta e má sentindo aquele amor.<br />
Decide extermina-lo à hora em que se deita,<br />
E quando acor<strong>da</strong> vê, que é ca<strong>da</strong> vez maior.<br />
(Carlos Aguiar de Loureiro)<br />
Glosa<br />
Inês sente-se triste e vai rezar um dia<br />
A Santa Clara, e lá ninguém, de si, suspeita...<br />
Eis a causa real <strong>da</strong> sua nostalgia:<br />
“Uma grande paixão a traz insatisfeita.”<br />
Tricanas de Coimbra ao vê-la pensativa<br />
Emudecem seu canto no Choupal em flor...<br />
Inês presa a D. Pedro, e sem meio de esquiva,<br />
“Sente-se injusta e má sentindo aquele amor!”<br />
Faz orações contínuas a <strong>da</strong>ma de Constança,<br />
E traí-la não quer, pois isso não aceita.<br />
Mas por que o afecto cresce e dia a dia avança,<br />
“Decide extermina-lo à hora em que se deita.”<br />
D. Pedro, enamorado, conta-lhe o que sente...<br />
Ela já vê tragédia... um fim de luta e dor.<br />
Seus sonhos são delírios... desse amor fluente,<br />
“E quando acor<strong>da</strong> vê... que é ca<strong>da</strong> vez maior.”<br />
Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis<br />
Quando não tenhas à mão<br />
Mote<br />
Quando não tenhas à mão<br />
Outro livro mais distinto,<br />
Lê estes versos que são<br />
Filhos <strong>da</strong>s mágoas que sinto .<br />
(António Aleixo)<br />
Glosa<br />
"Quando não tenhas à mão"<br />
Um livro mais a teu jeito,<br />
Lê obras de Salomão<br />
Que era um Homem de respeito.<br />
Podes ler, a qualquer hora,<br />
"Outro livro mais distinto;"<br />
O <strong>da</strong> Bíblia: "Luz <strong>da</strong> Aurora!,<br />
O mais lido, se não minto.<br />
Lê Camões com atenção,<br />
Cruz e Sousa, António Nobre;<br />
"Lê estes versos que são"<br />
"Lembranças"duma alma pobre.<br />
São quadras de sentimento,<br />
Da vi<strong>da</strong> como a pressinto;<br />
Muito simples, sem alento,<br />
"Filhos <strong>da</strong>s mágoas que sinto."<br />
Clarisse B. Sanches – Vila de Góis<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 7<br />
Confrade desta Edição «Clarisse Barata Sanches - Góis»<br />
Uma mosca sem valor<br />
Mote<br />
Uma mosca sem valor<br />
Poisa, co’ a mesma alegria,<br />
Na careca de um Doutor<br />
Como em qualquer porcaria.<br />
(António Aleixo)<br />
Glosa<br />
“Uma mosca sem valor”<br />
Sendo, até, tão pequenina,<br />
Por ninguém sente rancor,<br />
E é uma gentil <strong>da</strong>nçarina...<br />
Viram já que, na folgança,<br />
“Poisa, co’a mesma alegria”<br />
No velhinho e na criança,<br />
Que nem gostam <strong>da</strong> folia...<br />
Beija todos com fervor,<br />
Vê-se, até, num pergaminho...<br />
“Na careca de um Doutor”<br />
E na mão de um pobrezinho.<br />
É como a sina <strong>da</strong> gente,<br />
A cair, sem teoria...<br />
Numa vi<strong>da</strong> aurifulgente,<br />
“Como em qualquer porcaria”.<br />
Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis<br />
Como a morte é um segredo<br />
Mote<br />
Como a morte é um segredo,<br />
Quem sabe lá se, por sorte,<br />
<strong>Os</strong> mortos têm mais medo<br />
Da Vi<strong>da</strong> que nós <strong>da</strong> morte.<br />
(António Aleixo)<br />
Glosa<br />
“Como a morte é um segredo,”<br />
Que nos pode perturbar;<br />
Ninguém quer que seja cedo<br />
Que ele se vá desven<strong>da</strong>r.<br />
Sendo a alma quem nos guia,<br />
“Quem sabe lá se, por sorte,”<br />
Na mente que a alma cria<br />
Há um bem que nos conforte?<br />
Lembra-nos ela um degredo,<br />
Mas diz-se, também, ain<strong>da</strong>:<br />
“<strong>Os</strong> mortos têm mais medo”<br />
Que ela não esteja fin<strong>da</strong>.<br />
Há quem diga e também creio,<br />
Que eles lá num outro norte,<br />
Têm muito mais receio<br />
“Da vi<strong>da</strong> que nós <strong>da</strong> morte.”<br />
Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis
8 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
A Vi<strong>da</strong> é Bela<br />
Quando a vi<strong>da</strong> é tão bela<br />
É bom saber vivê-la<br />
Melhor saber mercê-la<br />
E nunca <strong>da</strong>r cabo dela<br />
Que a vi<strong>da</strong> é tão lin<strong>da</strong><br />
É sempre bem vin<strong>da</strong><br />
E a saúde com ela<br />
É binómio de satisfação<br />
Para viver com paixão<br />
É preciso certa tabela.<br />
Viver com idonei<strong>da</strong>de<br />
Com amor e carinho<br />
Nunca saindo do caminho<br />
Que segue a leal<strong>da</strong>de<br />
Viver ver<strong>da</strong>deiramente<br />
É viver honestamente<br />
Sempre com humil<strong>da</strong>de<br />
Só assim a vi<strong>da</strong> é bela<br />
Sem qualquer sequela<br />
Será a grande reali<strong>da</strong>de.<br />
Viver com consciência<br />
Com o dever cumprido<br />
Como por todos é sabido<br />
Deve haver paciência<br />
E grande integri<strong>da</strong>de<br />
Com rigor e honesti<strong>da</strong>de<br />
Com muita inteligência<br />
Mas para a vi<strong>da</strong> ser bela<br />
Tem que se fazer por ela<br />
Com valores e sapiência.<br />
Deo<strong>da</strong>to António Paias - Lagoa<br />
Tempestade e Bonança<br />
Tem a vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> ser humano<br />
Momentos de amargura e de tristeza<br />
De grande confusão e desengano<br />
De total insegurança e incerteza<br />
É como se o mar se levantasse<br />
Em on<strong>da</strong>s desmedi<strong>da</strong>s, alterosas<br />
E a nossa velha nau despe<strong>da</strong>çasse<br />
Contra as rochas negras temerosas<br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Mas como não há mal que nunca acabe<br />
E como não perdemos a esperança<br />
A vi<strong>da</strong> dá uma volta, e que bem sabe<br />
Voltamos a encontrar a confiança<br />
Então o mar acalma e o vento cessa<br />
A velha nau desfral<strong>da</strong> as suas velas<br />
Nova vi<strong>da</strong> risonha recomeça<br />
E temos alegrias pararelas<br />
Quiseramos nós todos navegar<br />
Nessa nave bela e prazenteira<br />
Olhar o horizonte circular<br />
Perder a nossa vista nesse mar<br />
E sonhar com a paz a vi<strong>da</strong> inteira<br />
Fernando Marçal - Vi.N. de Foz Coa<br />
Assim...<br />
Assim,<br />
Sem uma flor...<br />
- Que direi dos gestos do mar<br />
Quando me viu partir?<br />
Assim,<br />
Sem o aroma <strong>da</strong> maresia,<br />
Sem o murmúrio <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s...<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
- Que direi dos abraços que me deram?<br />
Assim,<br />
Sem o amor <strong>da</strong>s andorinhas,<br />
Aquelas que poisavam no peitoril <strong>da</strong> janela<br />
E me <strong>da</strong>vam bons dias...<br />
Assim,<br />
Sem rochas escarpa<strong>da</strong>s à volta de mim...<br />
Assim...<br />
Man<strong>da</strong>-me uma semente de girassol!...<br />
Cremilde Vieira <strong>da</strong> Cruz - Lisboa<br />
Mãos<br />
Ó mãos perfeitas<br />
guia<strong>da</strong>s pelo desejo<br />
e pela dor<br />
<strong>da</strong> parti<strong>da</strong> iminente<br />
dessas mãos<br />
em brasa<br />
subitamente<br />
saiu todo o amor<br />
que te deu o rumo<br />
o pão, a casa<br />
que de ti fizeram<br />
essa asa<br />
que ficou a voar<br />
pelo sol-pôr!...<br />
Maria Mamede - Porto<br />
Amigos inseparáveis…<br />
Mães Especiais<br />
Nos longos vãos dos corredores, ou nos bancos<br />
lá <strong>da</strong> AACD, mães fatiga<strong>da</strong>s, mas serenas,<br />
ao peito arrimam, sejam claras ou morenas,<br />
míseros filhos, mutilados, tortos, mancos!<br />
Precoces rugas pela face... Alguns fios brancos<br />
entre os cabelos, não refletem mais que amenas<br />
e leves provas ante as mu<strong>da</strong>s e árduas penas<br />
de ver um filho se arrastando aos solavancos!<br />
Mas em nenhuma, cujo filho é a inglória palma,<br />
a gente nota um leve ar de oculto pranto,<br />
mesmo um gemido a perturbar-lhe a altiva calma!<br />
É que aos pequenos deficientes Deus quer tanto.<br />
que os não confia a quem não traga dentro d'alma<br />
o amor sem termo que há num mártir ou num santo!<br />
Humberto Rodrigues Neto – SP/BR<br />
Vem ao sabor do vento<br />
Ai, Amor! Vem com o Vento!<br />
Vires de longe, não te entendo!<br />
Não sei se pensas no Bento<br />
Se é esse teu pensamento<br />
Aos pouquinhos compreendo!<br />
Voa, voa, que eu espero!<br />
Esperar é um meu dom!<br />
To<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> te esperei<br />
Mas nunca te encontrei<br />
Nem tão pouco ouvi teu som!<br />
Se alguma vez te beijar<br />
Quero que seja a valer!<br />
<strong>Os</strong> meus beijos são suaves<br />
Voam mais que o vou <strong>da</strong>s aves<br />
E não fazem estremecer!<br />
Dizem que é fácil sonhar<br />
Há sonhos maravilhosos!<br />
Quer o homem ou mulher<br />
Nunca sonha quando quer<br />
Mas têm sonhos airosos!<br />
Bento Laneiro – Amadora<br />
<strong>Os</strong> livros ficaram em casa<br />
E eu; parti sozinho.<br />
Senti a falta de estar acompanhado<br />
Mas esqueci dos meus amigos!<br />
Pois! <strong>Os</strong> meus livros não podiam ser lidos<br />
E eu; não os podia ler.<br />
Estávamos longe um do outro<br />
E com sau<strong>da</strong>des de nos voltarmos a encontrar<br />
E nunca mais nos separamos.<br />
Naquele instante fiquei ali a pensar<br />
Afinal!<br />
Livros sem leitores ou leitores sem livros<br />
Não são na<strong>da</strong> um sem o outro<br />
E não se podem separar<br />
Mas unirem-se mutuamente.<br />
Assim; não haverá solidão<br />
E temos a liber<strong>da</strong>de de desafogar<br />
Com um amigo sincero e explícito.<br />
Quelhas - Suíça
Misteriosa Canção<br />
Refém é esse vento que sustem<br />
o manto amante do canto e <strong>da</strong>nça<br />
que nesse templo do esquecimento<br />
nos fez a ambos amados entes.<br />
Mas foi transposta a sombra e o monte,<br />
deixando que a tarde se desse ao alarde<br />
do Sol a pôr-se - bom nome com som<br />
que pelo tom diz que a dor aguarde...<br />
O Sol a pôr-se e veio a noite<br />
para amarmos aqui e além<br />
no entendimento desse unguento<br />
que nos trouxe o encantamento.<br />
Até chegar a madruga<strong>da</strong><br />
que é o enigma e paradigma<br />
do chão salgado p´lo nosso amor<br />
- grande segredo, assim selado.<br />
Efigênia Coutinho – Balneário Camboriú/BR<br />
A Vi<strong>da</strong> Que Quero Levar<br />
Trabalho durante o dia<br />
á noite é chapa lambi<strong>da</strong><br />
vou assim vivendo a vi<strong>da</strong><br />
com uma enorme alegria<br />
Ninguém se irá gozar<br />
<strong>da</strong>quilo que eu ganhei<br />
se com suor trabalhei<br />
com alegria vou gastar<br />
Depois quando eu morrer<br />
na<strong>da</strong> aqui irei deixar<br />
se não o posso levar<br />
quero tudo derreter<br />
Mais tarde, no campo santo<br />
a quem eu dever dinheiro<br />
pode chamar-me caloteiro<br />
que vou rir-me tanto tanto<br />
Refrão<br />
Depois de vi<strong>da</strong> penosa<br />
há muitos que ao morrer<br />
deixam dinheiro para viver<br />
á sua queri<strong>da</strong> esposa<br />
E a alegre viuvinha<br />
com o mealheiro querido<br />
arranja outro marido<br />
para gastar a massinha.<br />
Chico Bento<br />
Dällikon - Zurique - Suíça<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 9<br />
“Cantinho Poético”<br />
Paixão e Sau<strong>da</strong>de<br />
Foste amor foste loucura,<br />
Dor, tormento, f’lici<strong>da</strong>de,<br />
Foste o perto e a lonjura,<br />
Paixão, carinho, ternura,<br />
Contentamento e sau<strong>da</strong>de.<br />
E agora por culpa tua<br />
Nosso sonho terminou,<br />
Deixaste a minha alma nua<br />
Abandona<strong>da</strong> na rua,<br />
Na sau<strong>da</strong>de que ficou.<br />
Mataste este amor perfeito,<br />
E os beijos de paixão,<br />
Que num abraço estreito<br />
Faziam que no meu peito,<br />
Batesse o teu coração.<br />
Pedes para devolver<br />
Tudo quanto era teu,<br />
E dizes p’ra te esquecer,<br />
E para não te escrever,<br />
Porque o nosso amor morreu.<br />
As cartas que me escreveste,<br />
E o resto, te vou man<strong>da</strong>r;<br />
Mas os beijos que me deste,<br />
E os carinhos que fizeste,<br />
Já não mos podes tirar.<br />
Isidoro Cavaco<br />
Loulé<br />
Chove...Chuva...<br />
O tempo fechado promete chuva<br />
Trovões batem seus bumbos<br />
Coriscos coruscantes nas nuvens<br />
E a água desce parecendo grumos.<br />
Ao cair a água bendita se transforma<br />
Dependendo de onde cai<br />
Escorre molha e desenhos forma<br />
Flores gela<strong>da</strong>s frutas colori<strong>da</strong>s e...Vai.<br />
As gotas se agarram sem despencar<br />
Em galhos verdes folhas e uvas<br />
È tanta beleza que não se pode reclamar<br />
Porque molha refresca desenha ...È a chuva.<br />
No final na grande apoteose<br />
As gotas se retorcem <strong>da</strong>nçam<br />
E a terra suga to<strong>da</strong>s em osmose<br />
E um colorido arco íris fecha a festança.<br />
Maria Apareci<strong>da</strong> Felicori {Vó Fia}<br />
Nepomuceno Minas Gerais Brasil<br />
Quando a tristeza chega<br />
Quando a tristeza chega<br />
E não diz quando quer partir<br />
Porque ain<strong>da</strong> não encontrou saí<strong>da</strong>…<br />
Acomo<strong>da</strong>-se e permanece<br />
Inun<strong>da</strong> o ar que respiro<br />
E abre as feri<strong>da</strong>s…<br />
E não me deixa usar os lábios e sentir…<br />
Não quer aquecer o leito<br />
Que preza o meu corpo<br />
Nem diluir a mágoa<br />
Que deturpa a minha imagem<br />
E aumenta a minha angústia<br />
Dotando-me de momentos de cobardia…<br />
Não sei rir, nem chorar<br />
Preciso de alguém que me ensine a respirar<br />
Porque sufoco e tenho dor<br />
E necessito um sentimento com calor…<br />
Ana Alves - Melgaço<br />
Vi<br />
Vi nos teus olhos sinais de tristeza<br />
nos lábios secos a cor <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de<br />
no pálido rosto alguma incerteza<br />
e rugas minando-te a moci<strong>da</strong>de<br />
Vi no teu corpo engor<strong>da</strong>r a fraqueza<br />
nas roupas minguar a antiga vai<strong>da</strong>de<br />
nas palmas <strong>da</strong>s mãos crescer a pobreza<br />
com nacos de pão <strong>da</strong> mendici<strong>da</strong>de<br />
Vi, p’lo an<strong>da</strong>r, que te foge a i<strong>da</strong>de<br />
por ruelas sujas onde a nobreza<br />
usa o capote <strong>da</strong> imorali<strong>da</strong>de<br />
e onde se encontra, com to<strong>da</strong> a certeza<br />
a grande montra <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong>de<br />
expondo um governo que te despreza<br />
Abgalvão – Fernão Ferro
10 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Ser Poeta<br />
Ser poeta é sentir<br />
As palavras que escreveu<br />
Ser poeta é recor<strong>da</strong>r<br />
<strong>Os</strong> momentos que viveu<br />
A poesia é cultura<br />
Faz parte do talento<br />
Escrita com sentimento<br />
Senti<strong>da</strong> com alma pura<br />
Se dita com amargura<br />
Quando está a transmitir<br />
Para quem gosta de ouvir<br />
E a saiba apreciar<br />
É um meio de comunicar<br />
Ser poeta é sentir<br />
Poetas bem conhecidos<br />
Deixaram recor<strong>da</strong>ções<br />
<strong>Os</strong> Lusía<strong>da</strong>s de Camões<br />
Foi o mais distinguido<br />
Por isso não é esquecido<br />
Da época que viveu<br />
No ano que faleceu<br />
Ficou a sua herança<br />
Para todos a lembrança<br />
As palavras que escreveu<br />
Há muitos poetas que são<br />
Muito pouco conhecidos<br />
Partilham os mesmos sentidos<br />
Com a sua emoção<br />
Faz parte <strong>da</strong> vocação<br />
Muito nos faz lembrar<br />
Também faz despertar<br />
Algo que está esquecido<br />
Daquilo que foi vivido<br />
Ser poeta é recor<strong>da</strong>r<br />
O poema faz lembrar<br />
O sentimento de alguém<br />
Do mal e do bem<br />
Tudo nos faz recor<strong>da</strong>r<br />
Também nos faz meditar<br />
Algo que se viveu<br />
Até quando se perdeu<br />
O que na vi<strong>da</strong> é sagrado<br />
Para muitos um ditado<br />
<strong>Os</strong> momentos que viveu<br />
Miraldino Carvalho - Corroios<br />
Dia solarento<br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Esperança?<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
No primeiro dia do ano<br />
Abro a janela de par em par.<br />
O nevoeiro é tanto<br />
Que começo a imaginar:<br />
O Mundo não acabou!<br />
Vamos começa-lo de novo<br />
Aproveitar o recém-nascido.<br />
Fazê-lo crescer com amor,<br />
Tudo o que esta palavra encerra<br />
Pôr ponto final na guerra.<br />
Dar-lhe sabedoria, educação<br />
Mostrar-lhe o caminho pela mão,<br />
Com força, vigor e saúde<br />
Fazer <strong>da</strong> amizade uma virtude.<br />
É de pequenino que se torce o pepino!<br />
O ano que agora nasceu<br />
Apesar do denso nevoeiro<br />
Vai ter dias de sol e céu azul,<br />
Primavera, Verão e Outono<br />
Não esquecendo os dias agrestes.<br />
Vamos aproveitar a bonança<br />
Dar as mãos e caminhar<br />
Pela estra<strong>da</strong> que nos é aberta.<br />
Avancemos com alma e confiança<br />
Fazendo deste ano um ano de esperança.<br />
Carlos Cardoso Luís – Lisboa<br />
Ilusões…<br />
Na beleza do teu olhar,<br />
sorri o meu desejo de te amar,<br />
mas não deixo de ter a tua mão brilhando,<br />
que me acaricia ao despertar,<br />
deste sonho que me envolve,<br />
nos braços de ti amante,<br />
que me deixa sobrevoar.<br />
Neste mundo universal,<br />
em que o amor se põe,<br />
pela manhã.<br />
Fernan<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de – Ven<strong>da</strong> do Pinheiro<br />
Das algas fiz meu berço…<br />
As gaivotas vêm comer à minha mão<br />
<strong>Os</strong> versos que fechei no coração<br />
São pirilampos com luz <strong>da</strong> inspiração…<br />
A minha caminha<strong>da</strong> é triste e longa<br />
O tempo partiu o sonho…<br />
Só, abraço a solidão<br />
Na alma trago um frio medonho<br />
Ilusões do reino <strong>da</strong> ausência<br />
Escondi-as no sopro duma flor…<br />
Cavalgo em nuvens desfeitas<br />
Meu sofrimento tem asas perfeitas<br />
Meus beijos são algemas…<br />
Entre as lágrimas mais ricas e gémeas<br />
Meu riso não tem luas de esperança<br />
Não me lembro do meu sol de criança…<br />
Minhas ilusões, feitas de cinzas mansas,<br />
Incendiaram as minhas esperanças…<br />
As quimeras de amor voaram<br />
Como as aves que o bosque abandonaram!!!<br />
Luís Filipe N. Fernandes - Amora<br />
Envelheço<br />
Meu Portugal<br />
Meu Portugal pequenino<br />
Mas em i<strong>da</strong>de já velho,<br />
Tens tanta fé no destino<br />
Vives sem pedir conselho!<br />
Tens filhos que muito te amam,<br />
Outros que de ti se riem<br />
São estes que reclamam,<br />
Um patriotismo que fingem!<br />
Vendem-te a troco de luxo<br />
Para seu próprio prazer,<br />
Sentido nas veias o fluxo<br />
E a ganância do poder!<br />
São tais as atroci<strong>da</strong>des<br />
Com que esses seres te devoram,<br />
Que inventam falsas "ver<strong>da</strong>des"<br />
De cadência como choram!<br />
Regina Pereira - Amora<br />
Cantam os Poetas<br />
Cantam os poetas...a ternura<br />
Cantam os poetas...a doçura<br />
Cantam os poetas...a moci<strong>da</strong>de<br />
Cantam os poetas...os amores<br />
Cantam os poetas...as crianças<br />
Cantam os poetas...as esperanças<br />
Cantam os poetas...as ilusões<br />
Cantam os poetas...os sonhos<br />
Cantam os poetas...as canções<br />
Cantam os poetas...a natureza<br />
Cantam os poetas...os animais<br />
Cantam os poetas...a beleza<br />
Cantam os poetas...as flores<br />
Cantam os poetas...as cores<br />
Cantam os poetas...a música<br />
Cantam os poetas...a amizade<br />
Cantam os poetas...a sau<strong>da</strong>de<br />
Cantam os poetas...a ordem<br />
Cantam os poetas...a paz<br />
Cantam os poetas...a mentira<br />
Cantam os poetas...a ver<strong>da</strong>de<br />
Cantam os poetas...a dor<br />
Cantam os poetas...a vi<strong>da</strong><br />
Cantam os poetas...os silêncios<br />
Cantam os poetas...as políticas<br />
Cantam os poetas...as críticas<br />
Cantam os poetas...as tristezas<br />
Cantam os poetas...as incertezas<br />
Cantam os poetas...as dificul<strong>da</strong>des<br />
Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />
Envelheço<br />
Quando perco a ilusão.<br />
O sorriso de uma criança,<br />
Não me enternece o coração,<br />
A lua não me inspira poemas,<br />
As estrelas não fazem meus olhos brilharem,<br />
Independente de minha i<strong>da</strong>de.<br />
Isabel Silva Vargas - Rio Grande do Sul /Br
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Amar mais Este e Aquele, o Outro…<br />
Ninguém te pede contas se fizeres<br />
Várias vezes amor com homens vários,<br />
Mas amas “Este e Aquele, o Outro…”, e queres<br />
Que os vizinhos não façam comentários?<br />
Repara, queri<strong>da</strong> Flor, que até referes<br />
“Aqui… além…” Que importam os cenários?<br />
“Amar e não amar” Josés ou Mários<br />
Te põe assim no rol <strong>da</strong>s “tais” mulheres.<br />
Tiveste azar, viveste em <strong>da</strong>ta erra<strong>da</strong>.<br />
Hoje não há para moça que namora<br />
Com dois ou três qualquer impedimento.<br />
Até te digo: quanto mais “ro<strong>da</strong><strong>da</strong>”<br />
Ela estiver, tanto melhor agora,<br />
Mais facilmente arranja casamento.<br />
Lauro Portugal - Lisboa<br />
O Tempo e a I<strong>da</strong>de<br />
Conto espantado o tempo passado.<br />
No futuro que contarei?<br />
Não sei.<br />
Sei que tempo já passou;<br />
Não sei quanto passará.<br />
Se soubesse quanto de vi<strong>da</strong> terei<br />
Saberia, com ver<strong>da</strong>de,<br />
A minha i<strong>da</strong>de.<br />
Assim, não sei.<br />
Mas que importa trovador?<br />
Vive e canta, prova a dor.<br />
Sonha sonhos floridos,<br />
Sente todos os sentidos,<br />
Solta canções ao vento,<br />
Melodias às estrelas,<br />
Versos do pensamento.<br />
Trova, trova, trovador,<br />
Entoa hinos com alegria e ver<strong>da</strong>de<br />
Ao Amor, à Paz, à fraterni<strong>da</strong>de,<br />
E o Mundo será melhor.<br />
Para quê, para quê, saber a i<strong>da</strong>de?<br />
João Coelho dos Santos - Lisboa<br />
Alentejo<br />
Eu faço quadras em terra<br />
Também as faço no mar<br />
Umas são feitas a rir<br />
E outras feitas a chorar.<br />
Silvais - Évora<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 11<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />
(Desde 08 de Março de 1857)<br />
Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />
Em oito de Março celebrado<br />
Ca<strong>da</strong> um pense o que quiser<br />
Mas merece ser comemorado.<br />
É um dia histórico de ver<strong>da</strong>de<br />
Foi um dia de greve marcado<br />
Luta <strong>da</strong> mulher pela liber<strong>da</strong>de<br />
Nas fábricas de trabalho forçado.<br />
Dia comemorado anualmente<br />
Para as conquistas recor<strong>da</strong>r<br />
Data <strong>da</strong> luta simplesmente<br />
Que elas conseguiram mu<strong>da</strong>r.<br />
Merecem de nós homenagem<br />
Esposas e mães dos nossos filhos<br />
Vamos-lhe prestar vassalagem<br />
E esquecer se houver sarilhos.<br />
Elas têm beleza na aparência<br />
Deixam os homens abasbacados<br />
São um tipo de substância<br />
Que os deixam descontrolados.<br />
A mulher domina a gente<br />
Domina o sábio e o idiota<br />
A mulher é muito inteligente<br />
A qualquer homem dá a volta.<br />
Merece muita estima e respeito<br />
É bom que assim se enten<strong>da</strong><br />
Amigo ponha a carteira a jeito<br />
Amanhã ofereça uma pren<strong>da</strong>.<br />
Deo<strong>da</strong>to António Paias - Lagoa<br />
Fénix<br />
Quem queimou e enlutou o meu jardim ?<br />
Quem exauriu os pobres jardineiros<br />
E na avidez avara dos dinheiros<br />
Ao verde <strong>da</strong> paisagem pôs um fim ?<br />
Quem é que nos engana e mente assim<br />
Prometendo-nos flores de mil canteiros :<br />
Nardos, lírios, roseiras e craveiros<br />
Mas só vai semeando erva ruim ?<br />
<strong>Os</strong> jardineiros em breve acor<strong>da</strong>rão.<br />
Da cinza e <strong>da</strong> vontade farão estrume<br />
Que renascendo em verde, será pão<br />
Pr’ alimentar a gente do costume.<br />
Outros senhores aqui semearão<br />
E o meu jardim, renascerá do lume !<br />
...deita<strong>da</strong> no Sol<br />
Humberto Soares santa – Sesimbra / Portugal<br />
...seduzi<strong>da</strong> pelo sol<br />
...deito-me com ele<br />
...espalho-o sobre mim<br />
...em gestos sorridentes<br />
...vagorosos, quentes<br />
...preenchi<strong>da</strong> dele<br />
...na pele beija<strong>da</strong><br />
...fico deita<strong>da</strong><br />
...a beber <strong>da</strong> sua luz<br />
...num jogo de luzes<br />
...que me seduz<br />
...e a alma traduz<br />
...enfeito-me de sol<br />
...apago todo o sombrio<br />
...prencho o vazio frio<br />
...aqueci<strong>da</strong>, embebi<strong>da</strong><br />
...esqueci<strong>da</strong> e seduzi<strong>da</strong><br />
...de alma adormeci<strong>da</strong><br />
...fico no calor do sol perdi<strong>da</strong><br />
(...na noite depois <strong>da</strong> lua<br />
[adormecer<br />
...com a madruga<strong>da</strong> a nascer<br />
...vem o dia o sol aquecer...)<br />
Maria José Lacer<strong>da</strong> - Lisboa<br />
As lembranças vivi<strong>da</strong>s de bons momentos inesquecíveis farão com que os nossos sentimentos sejam sempre mais<br />
sensíveis. - Autor - Alcides Pelacani
12 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Cari<strong>da</strong>de ...Aveni<strong>da</strong> <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de<br />
«<strong>Confrades</strong>»<br />
Temos às vezes vontade <strong>da</strong>s entregas<br />
Para mostrar a quem não entregamos<br />
Que entregamos a quem não se surpreende<br />
Com a nossa capaci<strong>da</strong>de de...<br />
De vez em quando,<br />
Parecermos humanos,<br />
Dando, o que não precisamos.<br />
Mas em contraponto com a previsão<br />
Estão alguns que até se esquecem <strong>da</strong> casa<br />
Onde não se deixam estar<br />
Para estarem numa sala mais selecta,<br />
Aberta para a rua todos os dias,<br />
Quando as noites se demoram a deitar,<br />
<strong>Os</strong> vizinhos <strong>da</strong>s montras<br />
Cheias por dentro <strong>da</strong>quilo<br />
Que não precisam de comprar.<br />
<strong>Os</strong> cartões fazem pausa no reflexo<br />
Que vem de dentro do luar<br />
As cabeças cobrem-se num berço<br />
Que já não conseguem procurar.<br />
Encostados nas vitrinas mais famosas<br />
Das lojas mais caras de Lisboa<br />
<strong>Os</strong> clientes que esperam na fila,<br />
Desde o dia anterior,<br />
São os únicos que não conseguem chegar primeiro,<br />
Ain<strong>da</strong> que sejam os únicos a precisar de se vestir.<br />
Comer, sem serem man<strong>da</strong>dos,<br />
Antes, de entrar, sair.<br />
Mer<strong>da</strong>, para to<strong>da</strong>s as humani<strong>da</strong>des<br />
Que ain<strong>da</strong> não descobriram o Homem.<br />
José Jacinto – Casal do Marco / Portugal<br />
A centopeia<br />
A centopeia,<br />
se olharem bem,<br />
vão ver que nem<br />
é muito feia.<br />
Dizem que tem<br />
de trinta patas<br />
a mais de cem.<br />
Se tem, não sei,<br />
nunca as contei.<br />
Segue ligeira<br />
e decidi<strong>da</strong><br />
em linha reta.<br />
Se há uma corri<strong>da</strong>,<br />
é a primeira<br />
a cortar a meta.<br />
Lauro Portugal - Lisboa<br />
As coisas falam comigo<br />
numa linguagem secreta,<br />
que é minha, de mais ninguém.<br />
Quero esquecer, não consigo.<br />
Vou guar<strong>da</strong>r na mala preta<br />
esta dor que me faz bem.<br />
Agostinho Moncarcho – Qtª do Conde<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />
Gente<br />
Muita gente, que se sente,<br />
nesta multidão crescente,<br />
que nos desperta para a atenção que faz correr os nossos olhos,<br />
por entre to<strong>da</strong> aquela gente,<br />
que não pára de viajar no tempo.<br />
Gente e mais gente,<br />
corre e se sente como está despreocupa<strong>da</strong>,<br />
perante o movimento do tempo,<br />
que segue sem destino, mas sempre na frente,<br />
com as suas incertezas,<br />
talvez porque não há certeza, se é a gente,<br />
que em si se sente comporta<strong>da</strong>.<br />
Fernan<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de – Ven<strong>da</strong> do Pinheiro<br />
Registo<br />
Enfeitei com rosas multicolores<br />
A minha velha casa!<br />
Com rosas multicolores<br />
De todos os jardins desta Primavera!<br />
Pus na mesa, a toalha de linho e ren<strong>da</strong>,<br />
Que acompanha digna, to<strong>da</strong>s as nossas reuniões,<br />
e sobre ela, o serviço de jantar, que a embeleza.<br />
Nos pratos, pus o amor e a alegria,<br />
Que servi transbor<strong>da</strong>ntes aos meus convivas,<br />
que me aju<strong>da</strong>ram a colher as rosas,<br />
a pôr a toalha,<br />
e sobre ela, o serviço de jantar,<br />
onde despejo sabores e cheiros<br />
do velho clã que idolatro,<br />
de quem herdei a capaci<strong>da</strong>de de olhar as rosas,<br />
de aspirar o perfume,<br />
e do repartir por todos aqueles de que me rodeio!<br />
Sei, que as rosas que hoje vos ofereço,<br />
voltarão a florir por várias gerações<br />
com todo o seu perfume<br />
e to<strong>da</strong>s as suas cores…<br />
E outras mesas e outras toalhas, voltarão a pôr-se…<br />
Por mãos tão minhas, como se eu fosse,<br />
presença ali…<br />
Como sou hoje!...<br />
Felismina Mealha - Agualva<br />
Poetrix<br />
Chegou o Vento Norte<br />
Soprou no meu texto<br />
Divertiu-se, tudo confundiu<br />
Reescrevo o místico sentimento<br />
Susana Custódio - Sintra
Dia Da Mulher<br />
Marianita, mulher em botão<br />
(à minha netinha com 5 meses)<br />
Mariana, uma mulher<br />
Em botão<br />
È uma luz<br />
Que nos seduz<br />
E aquece o coração.<br />
Ca<strong>da</strong> dia vou asinha<br />
Para o pé <strong>da</strong> Marianita<br />
Simpática e bonita<br />
Para mim, uma avezinha.<br />
Pássaro velho, eu sou<br />
De asas quiçá quebra<strong>da</strong>s<br />
Alguém que todos amou<br />
E só levou canela<strong>da</strong>s.<br />
Me compensa seu sorriso,<br />
E seu cândido amor<br />
Isso é premonitor<br />
Dum futuro, bem preciso.<br />
Marianita és mulher<br />
Também este é o teu dia<br />
Uma mulher em botão<br />
Que nos enche de alegria<br />
E já nos segura a mão.<br />
Maria Vitória Afonso<br />
Cruz de Pau / Amora<br />
Eólicos Devaneios<br />
Vem<br />
Na epiderme líqui<strong>da</strong> do mar,<br />
Eólicos sussurros cambaleiam...<br />
Assim são as lembranças que passeiam<br />
Nos líricos anseios de um olhar.<br />
O eterno vai e vem de ca<strong>da</strong> on<strong>da</strong><br />
É como especial reminiscência<br />
Que varre o porto <strong>da</strong> inconsciência<br />
No instante em que a razão... em vão... nos<br />
son<strong>da</strong>.<br />
Amar é como içar velas ao vento...<br />
Deixá-las ao sabor dos devaneios<br />
E ter nesse mister, contentamento<br />
Porque, enquanto o pensamento voa,<br />
No barco de um anseio nevoento,<br />
A alma... em sentimentos... se abençoa<br />
Luiz Gilberto de Barros (Luiz Poeta) – SP/BR<br />
Alentejo<br />
Nasci um dia criança<br />
E já não sou muito novo<br />
Cá vou vivendo com esperança<br />
De chegar a ser idoso.<br />
Silvais - Évora<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 13<br />
«Tempo de <strong>Poesia</strong>»<br />
Forte- muito forte- esta emoção<br />
Tocando forte o meu coração<br />
Batendo por ti- meu doce Amor!<br />
Enleado em teu carinho/ver<strong>da</strong>de<br />
É maior, então, minha felici<strong>da</strong>de<br />
Não existe mais, sombra de dor.<br />
Não existe mais, sombra de dor!<br />
Tendo o teu perfume- minha Flor<br />
Vejo este mundo, já, diferente.<br />
Por ti sinto-me outro, sou melhor!<br />
Meu ego, agora, é bem maior…<br />
Refresco e fortaleço minha mente.<br />
Refresco e fortaleço minha mente<br />
A vi<strong>da</strong> encaro mais alegremente,<br />
Sou feliz por ti, mulher ama<strong>da</strong>!<br />
Vem! Fica para sempre comigo!<br />
Minha aspiração é estar contigo…<br />
Sabes bem- Oh! Musa adora<strong>da</strong>.<br />
MULHER!<br />
VEM! FICA PARA SEMPRE COMIGO!<br />
MEU ÚNICO ANSEIO É ESTAR CONTIGO.<br />
JGRBranquinho - Quinta <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />
Gregório (nome fictício)<br />
De nome... velho Gregório!<br />
I<strong>da</strong>de desconheci<strong>da</strong><br />
mora<strong>da</strong> Lisboa city<br />
sem porta nem aveni<strong>da</strong>...<br />
junto à lixeira do empório<br />
perto <strong>da</strong> esquina <strong>da</strong> morte...<br />
logo á saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
no viaduto do na<strong>da</strong><br />
feito sem sul e sem norte.<br />
Vi Gregório... outro dia...<br />
vestindo roupa sem marca<br />
aqui e ali esfarrapa<strong>da</strong><br />
pela garra <strong>da</strong> desgraça<br />
que por desgraça o mordia.<br />
Como zumbi caminhava<br />
pelo passeio sem fama<br />
lambendo gotas de chuva<br />
falando ao vento, do na<strong>da</strong>,<br />
com a gaguez <strong>da</strong> fraqueza<br />
e a lingua entaramela<strong>da</strong>.<br />
Nos pés velhas alpercatas<br />
sem ter cor nem etiqueta<br />
já desfeitas p’los maus tratos<br />
dos buracos <strong>da</strong> calça<strong>da</strong><br />
que o Edil acha perfeita.<br />
Na mão direita <strong>da</strong>nçando<br />
uma garrafa de litro<br />
cheia de sonhos vazios<br />
e vagos desideratos.<br />
Na outra mão transportava,<br />
como tesouro sem cunho,<br />
seu peculio, seu quinhão<br />
jornais velhos, papelão<br />
que lhe serviam de cama<br />
e agasalho à “farfalheira”<br />
quando o frio o açoitava...<br />
ou de amante e companheira<br />
nos delírios impotentes<br />
quando o cio o visitava.<br />
Persistente<br />
Cantei uma seara de virtudes<br />
Gritei à vi<strong>da</strong> palavras de amor,<br />
Abracei ca<strong>da</strong> peito feito em dor<br />
Corri nos rios, e saltei açudes...<br />
Cursei ante o grito <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de,<br />
Falei ao carácter <strong>da</strong> hipocrisia<br />
Dei calma à magoa<strong>da</strong> maresia<br />
Fiz de luz, a escura humani<strong>da</strong>de...<br />
De tanto que fizera na<strong>da</strong> vejo,<br />
Apenas a estátua de um desejo<br />
Que eu penteio em sonhos ledos<br />
Fui vencido, mas cantarei futuro<br />
Não ficarei na sombra de um muro<br />
Onde germinam dúvi<strong>da</strong>s e medos...<br />
Ferdinando - Germany<br />
Velho Gregório dizia<br />
ser antigo combatente<br />
muito util no passado<br />
desprezado no presente.<br />
Foi sol<strong>da</strong>do português<br />
nos tempos <strong>da</strong> ditadura<br />
por sua pátria sangrou<br />
por erros de conjuntura.<br />
Hoje curva-se à desdita<br />
e aos desmandos de um governo<br />
insensato e pequenez<br />
que, inclemente, o derrubou.<br />
Agora, Gregório, emborca<br />
sem controle, nem medi<strong>da</strong>,<br />
venenos do seu destino...<br />
poupa velas p´ró velório<br />
porque, aos poucos, o Gregório<br />
vai definhando e morrendo<br />
com as dores do País...<br />
sem poder erguer o punho<br />
porque a força lhe fugiu...<br />
sem cantar a portuguesa<br />
porque a voz já se cansou<br />
nem louvar nossa bandeira<br />
porque alguém a defraudou.<br />
Abgalvão - Fernão Ferro
14 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Valorizo a amizade<br />
<strong>Os</strong> amigos de ver<strong>da</strong>de<br />
Há poucos e são raros<br />
Temos que os semear<br />
Aprender a cultivá-los<br />
A cultura e a amizade<br />
Tem dois pontos de vista<br />
A cultura se cultiva<br />
E a amizade se conquista<br />
Já semeei amizade<br />
Em terreno bem diferente<br />
Alguma deu-me bons frutos<br />
Outra nem deu a semente<br />
Mesmo assim continuo<br />
A apostar na amizade<br />
Eu preciso, faz-me falta<br />
P’rá minha felici<strong>da</strong>de<br />
Preciso <strong>da</strong> amizade<br />
Para viver dia a dia<br />
Se não sinto amizade<br />
Minha alma está vazia<br />
Se a minha alma está vazia<br />
Não a deixo sucumbir<br />
Vou à procura de alguém<br />
Dou-lhe um bom dia a sorrir<br />
Procurei a amizade<br />
Sempre sem parar<br />
Agora que a encontrei<br />
Não a vou desperdiçar<br />
Valorizo a amizade<br />
Porque a amizade faz-me bem<br />
Quem tem amigos a seu lado<br />
Não sabe a sorte que tem<br />
Maria Alberta Domingues - Chaviães<br />
O que eu gosto... Vai rareando<br />
Agora com esta i<strong>da</strong>de<br />
Acaba por ser a ver<strong>da</strong>de<br />
Que me ateia a sau<strong>da</strong>de<br />
Quem eu fui e quem eu era<br />
Hoje parece-me quimera<br />
Mantinha a minha postura<br />
E quando chegava a altura<br />
Fazia uma bonita figura<br />
Com os anos que vou somando<br />
O que eu gosto... vai rareando<br />
Zé Albano - V.N. Cerveira<br />
«Trovador»<br />
Montes no Alentejo<br />
I<br />
<strong>Os</strong> montes do Alentejo<br />
São aqueles que aqui estão<br />
Não são aqueles que eu vejo<br />
Para turismo e mansão<br />
II<br />
Terra <strong>da</strong> minha paixão<br />
Eu de ti já estou descrente<br />
Tuas terras não dão pão<br />
Nem farinha sem semente<br />
III<br />
Qualquer monte tinha gente<br />
E qualquer casa criava<br />
Gente pobre mas decente<br />
Que até mendigos aju<strong>da</strong>va<br />
IV<br />
A minha mãe acareava<br />
As galinhas que eu comia<br />
E até o galo cantava<br />
Quando a gente ain<strong>da</strong> dormia<br />
V<br />
São montes com fantasia<br />
<strong>Os</strong> montes de quem não sente<br />
O que é a tua agonia<br />
Alentejo estás doente<br />
Poeta Silvais - Évora<br />
Viela Sombria<br />
Numa sombria viela<br />
Onde a luz duma lanterna<br />
Saia pela janela<br />
Duma modesta taberna.<br />
Num bairro de pouca gente<br />
Com flores junto <strong>da</strong>s portas,<br />
Onde a vi<strong>da</strong> era dif'rente<br />
Á noite a horas mortas.<br />
Numa amizade fraterna<br />
Volta o fadista de novo,<br />
À viela e à taberna<br />
Cantar as mágoas do povo.<br />
A viela se enaltece<br />
Numa voz que se desgarra<br />
E o fado ali acontece<br />
Ao timbrar duma guitarra.<br />
Nesse ambiente castiço<br />
Entre cigarros e vinho,<br />
Come-se pão com chouriço<br />
E caldo verde quentinho.<br />
Sempre que o fado acontece<br />
Fica a viela acor<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
Só descansa e adormece<br />
Quando já é madruga<strong>da</strong>.<br />
Isidoro Cavaco - Loulé<br />
O amigo que eu invento<br />
O amigo que eu invento,<br />
Tão sublime e tão perfeito,<br />
Não se importa se me ausento,<br />
Mora dentro do meu peito.<br />
Luiz Poeta - SP/BR<br />
Voz do Povo<br />
Eu vou-te cantar um fado;<br />
Vou falara <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>:<br />
Parti num barco parado<br />
Que encalhou logo à parti<strong>da</strong>.<br />
Fiz a viagem sentado,<br />
Mas num banco de jardim.<br />
Fiquei também encalhado;<br />
Sem zarpar cheguei ao fim.<br />
Pelo meio houve aventura;<br />
Houve sonhos cor-de-rosa,<br />
Acabaram em amargura<br />
Da viagem desditosa.<br />
Ando a viajar, sem norte,<br />
No meio <strong>da</strong> tempestade,<br />
Num trajecto de má sorte<br />
Que não me deixa sau<strong>da</strong>de.<br />
Vou, então, num fado novo<br />
Cantar minha desventura.<br />
E, assim, os ditos do povo<br />
Têm força de esritura…<br />
João Ferreira - Qtª do Conde<br />
Quadras Soltas<br />
Matreira<br />
Tão bonita e atrevi<strong>da</strong><br />
Rainha do Universo<br />
Numa rima enterneci<strong>da</strong><br />
Enganas-me até num verso.<br />
Vi<strong>da</strong><br />
Noite escura, vi<strong>da</strong> fria<br />
Onde a amizade é pouca<br />
Sem amor e alegria<br />
Morre de ódio gente louca<br />
Amor sem “limites” de i<strong>da</strong>de<br />
O amor de minha mãe<br />
E o de quem me acarinha<br />
É o melhor que a vi<strong>da</strong> tem<br />
Seja criança ou velhinha.<br />
Silvais - Évora
Alentejo<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 15<br />
«Poemar»<br />
A vi<strong>da</strong> dorme na sarjeta, contemplando a solidão!...<br />
A solidão no seu silêncio gritante,<br />
num desabafo urbano…<br />
A ci<strong>da</strong>de grita!...<br />
À força <strong>da</strong> raiva e <strong>da</strong> vontade<br />
procuro respostas em forma de palavras,<br />
tal é o compromisso com o alfabeto…<br />
E elas surgem,<br />
hesitantes com o peso <strong>da</strong> culpa…<br />
Quero esquecer a ci<strong>da</strong>de!...<br />
Quero o Alentejo casto, tranquilo e sonhador,<br />
ébrio de sol…<br />
A maciez pincela<strong>da</strong> de crepúsculo…<br />
O azul é maior e a noite dissipa-se,<br />
o verde é mais verde…<br />
As cores acor<strong>da</strong>m<br />
tal xaile de retalhos com as cores do arco-íris<br />
toando um cântico de sol…<br />
Preciso dessa luz que rasga e dilacera a solidão…<br />
O meu ninho de sonhos<br />
repousa nos braços de uma azinheira…<br />
E se eu fosse ver, comigo, o sol nascer,<br />
espreguiçando o rutilante imaginado…<br />
<strong>Os</strong> planos brilhantes sucedem-se<br />
entre espigas de silêncio, cruzando o espaço…<br />
E sinto que se prolongam<br />
as palavras de ternura <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong><br />
na harmonia do bulício <strong>da</strong> folhagem ao ritmo do vento…<br />
Sussurra o orvalho<br />
tal prelúdio de um beijo…<br />
E no irrequieto acor<strong>da</strong>r do ribeiro<br />
miro o meu rosto que <strong>da</strong>nça,<br />
reflectido na água…<br />
Quero desenhar em meus olhos<br />
a azáfama sonolenta do orvalho de aurora<br />
na heróica planície<br />
onde toco as nuvens e sinto a paz<br />
que me transporta de mansinho<br />
em pétalas soltas de poesia…<br />
E vou além do infinito…<br />
Infinitamente sedutora<br />
e com lânguidos e alvos risos murmurantes<br />
com beijos húmidos de espuma<br />
retiro a poesia de um bolso<br />
e imortalizo um império de sonhos…<br />
Descasco as palavras e saboreio-as…<br />
seu sabor<br />
é o timbre de canoras carícias…<br />
E prendo o olhar no horizonte<br />
que emana do céu azul celeste!<br />
Mas regresso ao vento que, ao soprar, me murmura destroços…<br />
À ci<strong>da</strong>de que grita!<br />
Porque a maré,<br />
acaba sempre por voltar…<br />
Edite Gil - Lisboa<br />
Vila Nova de Mil Fontes - Alentejo<br />
A minha bandeira<br />
Oh! Minha pátria ama<strong>da</strong>, quem diria<br />
Que foram os teus filhos os primeiros<br />
A esquecer os heróis aventureiros<br />
Que desbravaram mares, com valentia.<br />
Quem man<strong>da</strong> em meu país, por ironia,<br />
São apenas os donos dos dinheiros<br />
Que vivem dos subornos a terceiros,<br />
E tentam chamar de democracia.<br />
E a formosa bandeira portuguesa<br />
Mostra ain<strong>da</strong>, nas quinas, a nobreza<br />
E, nos castelos, último reduto.<br />
É negro este presente, sem moral,<br />
Acor<strong>da</strong> pois, querido Portugal,<br />
Que esta lin<strong>da</strong> bandeira está de luto.<br />
António Barroso (Tiago) - Parede – Portugal<br />
Perfume <strong>da</strong> Amizade<br />
Nestes meus versos queria<br />
A amizade perfumar<br />
E em jeito de poesia<br />
Aos amigos dedicar.<br />
Belo e nobre sentimento<br />
P'los seres humanos vivido<br />
É <strong>da</strong> alma o alimento<br />
P'ra <strong>da</strong>r à vi<strong>da</strong> sentido.<br />
As palavras de amizade<br />
P'los amigos proferi<strong>da</strong>s<br />
São véus de felici<strong>da</strong>de<br />
Que iluminam nossas vi<strong>da</strong>s.<br />
Quantas vezes terapia<br />
Que enternece o coração<br />
E em centelhas de alquimia<br />
Ameniza a solidão.<br />
A amizade é qual riqueza<br />
De grande preciosi<strong>da</strong>de<br />
É maior que a natureza<br />
Não tem tempo nem i<strong>da</strong>de.<br />
Uma amizade sincera<br />
Não se compra nem se vende<br />
É união que se gera<br />
E uns aos outros nos prende.<br />
Amigos são a família<br />
Que nós seleccionamos<br />
E estão sempre em vigília<br />
Quando deles precisamos.<br />
Que esta força a que me prendo<br />
Com tanta afectivi<strong>da</strong>de<br />
Continue sempre mantendo<br />
O PERFUME DA AMIZADE !...<br />
Euclides Cavaco – Canadá<br />
(Poema dedicado a todos os<br />
meus amigos pelo mundo dispersos)
16 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Distrito de Beja<br />
A primitiva praça desta ci<strong>da</strong>de<br />
No terreiro de Santa Maria<br />
Estava situa<strong>da</strong>; até que um dia<br />
El Rei D.Afonso terceiro outorgou<br />
Foral, lhe <strong>da</strong>ndo a originali<strong>da</strong>de<br />
Dos Paços do Concelho instituiu<br />
E a primeira feira lá ficou...<br />
Mais tarde, o Rei D.Manuel vendo<br />
A exigui<strong>da</strong>de do espaço, e comércio<br />
Em crescimento, com todo o distrito<br />
A afluir, o mandou ir alargando<br />
Ficou conhecido como Praça Nova<br />
Onde se faziam grandes festas tradicionais<br />
Representações e outras coisas mais<br />
Na memória histórica foram permanecendo<br />
Também Pax Júlia Teatro que foi fun<strong>da</strong>do<br />
Em 1928 e nele pisaram o palco figuras<br />
Que merecem ser simbolicamente resgata<strong>da</strong>s<br />
Nesses espectáculos devi<strong>da</strong>mente assinala<strong>da</strong>s<br />
Fazendo parte <strong>da</strong> Cultura do nosso País<br />
Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />
«Online»<br />
Distrito de Beja<br />
Beja é uma ci<strong>da</strong>de portuguesa, capital do Distrito de Beja, na região Baixo Alentejo, e pertencente à<br />
NUTS III Baixo Alentejo, sedia a Diocese de Beja, com 25.024 habitantes na sua área urbana.<br />
É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 147,14 km² de área e 35 730 habitantes<br />
(2011), subdividido em 18 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Cuba e Vidigueira,<br />
a leste por Serpa, a sul por Mértola e Castro Verde e a oeste por Aljustrel e Ferreira do Alentejo.<br />
Crê-se que a ci<strong>da</strong>de foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, cerca de 400 a.C., pelos Celtas ou mais provavelmente pelos<br />
Cónios, que a terão denominado Conistorgis, e que os Cartagineses lá se estabeleceram durante algum<br />
tempo. <strong>Os</strong> Alanos, Suevos e os Visigodos dominaram esta ci<strong>da</strong>de depois <strong>da</strong> que<strong>da</strong> do Império Romano, tornando-a<br />
sede de bispado. No século V, depois de um breve período no qual haverá sido a sede <strong>da</strong> Tribo dos Alanos, os<br />
Suevos apoderaram-se <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sucedendo-lhes os Visigodos. Nesta altura passa a ci<strong>da</strong>de a denominar-se Paca.<br />
Do século VIII ao ano de 1162, esteve sobre a posse dos Árabes. No referido ano os cristãos reconquistaram definitivamente<br />
a ci<strong>da</strong>de.<br />
Recebeu o foral em 1524 e foi eleva<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de em 1517. Aqui nasceu Al-Mutamid, o célebre rei-poeta que dedicou<br />
muitas <strong>da</strong>s suas obras ao amor a donzelas e também a mancebos. Muitos outros poetas nasceram em Beja entre os<br />
quais soror Mariana do Alcoforado e Mário Beirão.<br />
Fonte de Pesquisa - Wikipédia<br />
Vales de verdes pinos tão sozinhos<br />
" Vales de verdes pinos tão sozinhos,<br />
Alumiados <strong>da</strong> graça do Senhor;<br />
E, em arroubos ao Céu, - jardins em flor<br />
De enlaça<strong>da</strong>s roseiras sem espinhos...<br />
Ermi<strong>da</strong>s onde ajoelham pobrezinhos,<br />
Sorrindo, como Cristo, à própria dor;<br />
Planícies de enigmático torpor<br />
Onde se escutam vagos murmurinhos...<br />
Por ti, meu pensamento é mais profundo<br />
E o meu canto mais alto se alevanta,<br />
Ó Lusitânia, coração do Mundo!<br />
O mar ergue o teu nome em seus delírios!<br />
E, em tardes de milagre, - ó mais que santa,<br />
Sobre o teu corpo o céu desfolha lírios! "<br />
Mário Beirão<br />
Beja<br />
Ci<strong>da</strong>de antiga e moderna<br />
Prende o olhar de quem passa<br />
Na sua incomparável graça.<br />
Do alto do seu castelo<br />
Observando as campinas<br />
Onde as papoilas florescem<br />
Como formosas meninas.<br />
Beja, terra de gente valorosa<br />
Retrato do Portugal profundo,<br />
Seus monumentos atestam a glória<br />
Dos inúmeros séculos de história<br />
E povos de outros lugares do mundo.<br />
No Museu regional com o nome de rainha,<br />
To<strong>da</strong> em prata, brilha uma real escrivaninha.<br />
E a len<strong>da</strong> do touro que foi envenenado,<br />
Para matar a serpente assassina,<br />
Que ali trazia o povo aterrorizado.<br />
Al-Mutamid rei-poeta, ali nasceu<br />
E a poesia an<strong>da</strong>luza engrandeceu.<br />
Joia rara <strong>da</strong> literatura alentejana,<br />
São as cartas de amor de sóror Mariana.<br />
São Tomé - Amora
Estranha Democracia<br />
QUE ESTRANHA DEMOCRACIA!<br />
SÓ E “ZÉ” PAGA A FACTURA?...<br />
EMBRULADA NOITE E DIA<br />
NUM PAPEL DE DITADURA!...<br />
Liber<strong>da</strong>de de expressão<br />
E um futuro mais risonho,<br />
Foi decerto um grande sonho<br />
Que tive por condição…<br />
Abracei essa paixão<br />
Com uma grande alegria<br />
E a partir de um certo dia,<br />
Perdi to<strong>da</strong> a confiança<br />
Esvaiu-se tanta pujança<br />
QUE ESTRANHA DEMOCRACIA!<br />
Coitado do “Zé-povinho”<br />
É sempre chamado a contas<br />
Por essas cabeças tontas<br />
Num país em desalinho<br />
É sempre no mau caminho<br />
Que o Governo procura<br />
Cobrar a crise e a rotura<br />
Aos mais fracos, mas que lata!<br />
Onde há tanto democrata,<br />
SÓ O “ZÉ” PAGA A FACTURA?...<br />
Já não acredito em na<strong>da</strong><br />
Destes nossos Governantes<br />
Que se armam de importantes<br />
Numa farsa arquitecta<strong>da</strong><br />
Tanta promessa falha<strong>da</strong><br />
Que caiu na apatia<br />
Espectáculo de fantasia<br />
Como bailado dum Vira…<br />
Na descrença e na mentira<br />
EMBRULADA NOITE E DIA<br />
O estado <strong>da</strong> Nação<br />
Que já nem sequer é Estado<br />
Completamente acabado<br />
E sem orientação<br />
Já perdeu to<strong>da</strong> a razão<br />
De existir e não tem cura<br />
Não acha e nem procura<br />
Encontrar melhor sentido<br />
Porque está mesmo metido<br />
NUM PAPEL DE DITADURA!...<br />
João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />
Alentejo<br />
Qualquer dia de repente<br />
A mãe natureza acaba<br />
Com o esperto e o demente<br />
E todos morrem sem na<strong>da</strong><br />
Silvais - Évora<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 17<br />
«Faísca de Versos»<br />
Ah, Portugal!...<br />
Vivemos uma crise angustiante<br />
Que às novas gerações já causa dor!<br />
E tudo por políticos sem pudor,<br />
Que Portugal arruinaram num instante!...<br />
Há aqueles que dum modo exuberante<br />
Se tornaram muito ricos, sem labor,<br />
Enquanto o triste e enganado eleitor<br />
Está na miséria com dor dilacerante!<br />
Ah, pobre Portugal, onde chegaste!<br />
Impostos, desemprego, cortes nas pensões…<br />
Onde está o Abril com que sonhaste? …<br />
Governado assim, por intrujões…<br />
Se já eras pequenino, mais ficaste,<br />
Ao seres comido por estes tubarões!<br />
Fernando Reis Costa<br />
Volta! General Ramalho Eanes.<br />
Greves, manifestações para quê?<br />
Fome, miséria, Portugal embarcou<br />
Num Desgoverno…é o que se vê<br />
P’la democracia que resvalou<br />
O povo com dívi<strong>da</strong>s a crescer<br />
Portugal foi país de navegantes<br />
E hoje… Deitaram tudo a perder!<br />
Volta! General Ramalho Eanes<br />
Horrível política de padrastos<br />
Com os dinheiros públicos mal gastos,<br />
Compram carros de luxo, pró moderno<br />
Pela isca do vaivém dos engodos<br />
E sem um pé no travão, ficam todos<br />
Magoados por este desgoverno<br />
Pinhal Dias<br />
As Bestas<br />
Nos imemoriais tempos de antanho<br />
Surge, vindo do mar, o ser horrendo,<br />
Que a carne dos humanos vai comendo<br />
(Nunca se viu horror de tal tamanho!)<br />
Saciado, voltou, adormecendo<br />
Num sono sossegado, mas estranho,<br />
Pois no meios de fezes, baba, ranho,<br />
Suas horríveis crias vão crescendo.<br />
Mas a evolução tem coisas destas,<br />
Graças à fé de humanos complacentes<br />
Ganharam forma humana, as feias bestas<br />
E entre nós agora estão presentes,<br />
Alimentam-se bem, vivem de festas,<br />
Uns são ministros, outros presidentes!<br />
Carlos Fragata<br />
O Poder Sonos Nós<br />
(Quadras soltas espontâneas)<br />
Um trono p'ra tantos reis<br />
Vivendo à custa do povo,<br />
Decerto concor<strong>da</strong>reis<br />
Que não é na<strong>da</strong> de novo!<br />
Sabendo que todos querem<br />
Comer o que o povo tem,<br />
As palavras que proferem<br />
Já não convencem ninguém.<br />
Quem quer an<strong>da</strong>r iludido<br />
Sem saber por onde an<strong>da</strong>,<br />
Grita vivas ao partido<br />
E nem sabe quem lá man<strong>da</strong>.<br />
Não vê que o país já arde,<br />
Quem não quer ver e consente,<br />
Mas quando vir, será tarde,<br />
Verá as cinzas, sòmente...<br />
Grandes nações desabaram,<br />
Grandes potências definham,<br />
Porque os povos não ousaram<br />
Usar o Poder que tinham!<br />
Carlos Fragata<br />
Acor<strong>da</strong> Povo Português!<br />
Acor<strong>da</strong>, povo bonzinho!<br />
Não sejas tão cordeirinho<br />
Nem ao sacrifício te <strong>da</strong>res.<br />
Não te deixes ludibriar<br />
Pela retórica de embalar<br />
De políticos impostores,<br />
Que não produzem riqueza,<br />
Da moral não conhecem valores<br />
E na opulência querem na<strong>da</strong>r.<br />
Acor<strong>da</strong>, povo português!<br />
Lembra o passado de glória,<br />
Dos feitos que então fizeste,<br />
De tudo que conquistaste<br />
E ao mundo inteiro legaste.<br />
Faz que a pátria volte a ser<br />
Terra de homens a valer:<br />
Sem essa elite de escória,<br />
Herança de triste memória.<br />
São Tomé
18 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Hoje apetece-me rir<br />
Rir respeitosamente…<br />
Do nosso Primeiro-ministro.<br />
Rir, <strong>da</strong> sua intervenção, <strong>da</strong> sua postura…<br />
Das suas falsas promessas…<br />
Que se não me engano,<br />
Têm dois quilómetros de altura...<br />
E outro tanto de largura.<br />
Tudo o que dizia, o que prometeu,<br />
De tudo se esqueceu…<br />
Francamente!<br />
É preciso ter lata!<br />
E o nosso Presidente<br />
Assiste “incrédulo”<br />
E nem ata nem desata…<br />
Continua a “malapata”<br />
Aumenta o IMI<br />
Descem os ordenados<br />
Enfim: qualquer dia estamos depenados…<br />
Desgraçados!<br />
E estes senhores deputados e afins<br />
Em doze anos reformados.<br />
E o povoléu aceita o castigo<br />
Numa ro<strong>da</strong>-viva<br />
Ca<strong>da</strong> qual a olhar para o seu umbigo…<br />
E sabem, o que escrevi,<br />
Serve para este, para o outro e<br />
[para aquele que há-de vir,<br />
Porque em politica ganha<br />
Quem melhor sabe mentir.<br />
Aires Plácido<br />
Basta! Basta! Basta!<br />
<strong>Os</strong> portugueses não são um povo rasca!<br />
Rasca, é a camba<strong>da</strong> dos vis do governo<br />
que só nos enrascam… Gritemo-los basta!<br />
Atiremo-los para as brasas do inferno!<br />
Que presidente temos nós que na<strong>da</strong> diz,<br />
que não vê a multidão que está na rua,<br />
a cantar a “morena “, que não está feliz,<br />
será qu’ele an<strong>da</strong> com a cabeça na lua?<br />
Temos a pátria de rastos, pois, então!<br />
É obra dos que nos querem roubar o pão!<br />
Portugal, está doente . Já não disfarça!<br />
É preciso gritar mais alto, usar a razão,<br />
que o povo ordena no bater do coração<br />
dizendo a eles todos: Basta! Basta! Basta!<br />
Joellira<br />
«Faísca de Versos»<br />
Onde está a crise ?...<br />
Dizem que existe crise<br />
Só se for mesmo p’ra alguns<br />
Por muito que eu analise<br />
Sinais não vejo nenhuns.<br />
Vejo preços a subir<br />
Da gasolina às raja<strong>da</strong>s<br />
Não vejo diminuir<br />
O tráfego nas estra<strong>da</strong>s.<br />
Vejo cheios restaurantes<br />
Futebol sempre lotado<br />
Tal e qual como era <strong>da</strong>ntes<br />
Não vejo na<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>do.<br />
Vejo gente bem traja<strong>da</strong><br />
Esgota<strong>da</strong>s as plateias<br />
Muitas “bombas” na estra<strong>da</strong><br />
E as praias sempre cheias.<br />
Com esta situação<br />
Eu fico assaz baralhado<br />
Tirando por conclusão<br />
Que algo me passa ao lado.<br />
Já conclui um estudo<br />
E por muito que precise<br />
Quando ollho p’ra isto tudo<br />
Não vejo onde está a crise.<br />
Klyde Wood<br />
Uma réstia de mágoas.<br />
Essa boca falou<br />
e incomodou…<br />
Mas um poema<br />
incomo<strong>da</strong><br />
muito mais!<br />
Ouvem-se promessas<br />
infun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
angustia<strong>da</strong>s<br />
às moci<strong>da</strong>des.<br />
An<strong>da</strong> a monte<br />
quem roubou<br />
por um tacho<br />
que resvalou.<br />
Foi banhar<br />
noutras águas<br />
sem cui<strong>da</strong>r<br />
d’outras mágoas<br />
Uma ave<br />
que acenou<br />
e ninguém<br />
acreditou<br />
…uma réstia de mágoas<br />
Pinhal Dias<br />
Há razões para cantar Abril<br />
Negras são as nuvens do desemprego<br />
eclipsando a lua e o sol do futuro...<br />
só alguém por ser lerdo surdo e cego<br />
não verá a tragédia que eu auguro<br />
Há homens e mulheres an<strong>da</strong>ndo à sorte<br />
à volta de uma luz que se apagou...<br />
jovens cuja esp’rança é o passaporte<br />
p’ra fora do País que os renegou<br />
Há seniores com os bolsos violados<br />
pelas leis de um governo que não presta<br />
crianças com os sonhos degolados<br />
p’la fome que se mostra feia e lesta<br />
Há casais p’la vergonha derrubados<br />
sem trabalho ou recurso essencial<br />
engrossando os já tão superlotados<br />
organismos de apoio social<br />
Há pétalas de flores pelo chão<br />
pisa<strong>da</strong>s pela sola dos tacões<br />
de botas que as esmagam sem razão<br />
calça<strong>da</strong>s por uns quantos figurões<br />
Há ratos altos cargos ocupando<br />
e engor<strong>da</strong>ndo, astutos, seus rabinhos...<br />
que a Deus Pai já se pergunta ...até<br />
quando<br />
teremos de aturar estes bichinhos<br />
Há lobos, há hienas, há chacais<br />
abutres disfarçados de gestores<br />
caçando neste chão onde há sinais<br />
a lembrar, do passado, os ditadores<br />
Há razões que a razão não desconhece<br />
para o povo se unir e protestar<br />
e expulsar do poleiro quem parece<br />
não querer, por casmurriçe, se emen<strong>da</strong>r<br />
Mas no campo, na aldeia, na ci<strong>da</strong>de<br />
já há cravos em botão querendo abrir<br />
e há vozes em gargantas sem i<strong>da</strong>de<br />
a cantar um “Abril” que há-de florir<br />
Vamos pois entoar numa só voz<br />
a canção que o País outrora ouviu<br />
e expulsar duma vez o biltre algoz<br />
* pela porta que Abril um dia abriu.<br />
* citando Ary dos Santos<br />
Abgalvão (in pedras de fisga)<br />
"Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói." (Stanislaw Ponte Preta)
AMOR – Lar Vicentino de Paulo<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 19<br />
«Contos / Poemas»<br />
Hoje o meu ser foi invadido pela paz irradia<strong>da</strong>, por pessoas especiais, seres sobreviventes dos efeitos do tempo. A<br />
ca<strong>da</strong> olhar uma forma de expressar, uma lembrança a relatar, neste espaço divino, o abrigado de pessoas que de<br />
certa forma foram esquecidos pela socie<strong>da</strong>de.<br />
Quero parabenizar o senhor Vilson Manedio de Bastos, que idealizou e concretizou um sonho, o qual beneficiou e<br />
beneficiará inúmeras pessoas. Na posição de ci<strong>da</strong>dão uruanense, digo que ricamente o senhor Vilson trouxe átona<br />
um exemplo de ser que se preocupa com o outro. Pelos momentos que vivi no lar, digo obrigado a todos que concretizaram<br />
este lugar.<br />
No lar encontramos diversas históricas, nos emocionamos com pessoas que carregam no rosto e no corpo físico as<br />
marcas do tempo, as mesmas relatam sobre o passado, a juventude que se foi deixando muitas sau<strong>da</strong>des.<br />
Em lágrimas a descrição <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em família, lembrança do passado presente que fala mais alto dentro de si.<br />
Tudo passou, mudou, e naquele lar, o lugar onde muitos se refugiam para sobreviver em meio a complexi<strong>da</strong>de do<br />
mundo contemporâneo. Ali a esperança de dias melhores, a família se foi, todos se foram, só restou a sau<strong>da</strong>des, a<br />
vontade de voltar no tempo; recuperando a saúde, a juventude e tudo que existia naqueles tempos dourados.<br />
Fico encantado com as atitudes de seres iluminados como o senhor Vilson que bravamente se tornou concomitantemente<br />
um difusor <strong>da</strong> paz, <strong>da</strong> esperança de dias melhores, para pessoas que muitas <strong>da</strong>s vezes não acreditam mais<br />
na vi<strong>da</strong>.<br />
Estou atônico diante de tantas histórias que me faz chorar, mas que também me faz sorrir. Encontrei tanta paz neste<br />
lugar, a minha vi<strong>da</strong> ganhou um novo sentido; agora compreendo que tudo passa e que amanhã aquele bendito<br />
espaço pode ser o meu lar.<br />
Nos vários leitos, o meu corpo pode vir repousar, escolhendo um para descansar. Quanta paz, amor, carinho receberei<br />
<strong>da</strong>queles benfeitores que transformam aquele espaço em um grande lar.<br />
Em poucas palavras compartilho com o mundo a paz, e a visão ampla de mundo que ricamente conquistei em um<br />
dia de visita no lar onde o amor se faz presente. Deixemos a correria do dia a dia, a busca incessante por dinheiro e<br />
vejamos o mundo rico que existe a nossa volta. A paz mora ao nosso lado...<br />
Dhiogo José Caetano Professor, escritor e jornalista<br />
Comen<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Academia de Letras de Goiás. Senador <strong>da</strong> FEBACLA Federação Brasileira dos Acadêmicos <strong>da</strong>s Ciências,<br />
Letras e Artes<br />
Membro <strong>da</strong>s Academias: ALB (Brasil/Suíça), ACLAC (RJ), ACLA (MG), CACL (ES), ARTPOP(RJ) e <strong>Os</strong><strong>Confrades</strong><strong>da</strong><strong>Poesia</strong><br />
(Portugal)<br />
dhiogocaetano@hotmail.com<br />
Páscoa! Menos Chocolate, Mais Reflexão<br />
Basta sair à rua, ler, jornal, ou receber encartes de estabelecimentos comerciais para ver o forte tom<br />
apelativo ao consumo.Muito pouca mensagem de fundo espiritual, religioso, aludindo ao momento a ser<br />
comemorado.<br />
Claro que chocolate é bom. Motivo de perdição para alguns que se revelam dependentes.Tal qual no Natal,<br />
há a obrigatorie<strong>da</strong>de de presentear, ser feliz, comemorar.Mas não pode, ou não deve ser só isto.<br />
Há muito que digo que é possível ser feliz sem presentes (não que não seja bom) que há vi<strong>da</strong> fora <strong>da</strong><br />
festivi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> algazarra, dos acessórios supérfluos. Basta buscar em nosso interior e identificar tudo que realmente<br />
é importante para nós.<br />
Não é possível ignorar que quando há crianças na família e eles ain<strong>da</strong> acreditam em muitas coisas mágicas,<br />
como Papai Noel, Coelhinho <strong>da</strong> Páscoa, não dá para deixá-los sem o presente que lhes abrirá um lindo sorriso no<br />
rosto e fará brilhar seus olhos.<br />
A fantasia na i<strong>da</strong>de certa é saudável e lhes <strong>da</strong>rá muitas lembranças maravilhosas, que passarão aos outros quando<br />
estiverem crescidos e nós, possivelmente, estaremos vivos somente em suas lembranças e seus corações. Talvez<br />
estejamos assegurando nosso quinhão de imortali<strong>da</strong>de, afinal somos humanos.Que saibamos lembrar do significado<br />
<strong>da</strong> Páscoa, que tenhamos uma vi<strong>da</strong> renova<strong>da</strong> de bons propósitos, boas intenções, boas ações. Se não tivemos os<br />
quarenta dias de preparação, se não expurgamos nossos erros, não refletimos (é para isto que serve a quaresma,<br />
preparação e reflexão) que o façamos agora.<br />
Sempre é tempo de pedir perdão e de perdoar, de revolver a terra, tirar o pasto que atrapalha o broto e<br />
regar a semente de um novo amanhã, que desejamos todos seja menos violento, sem falsas promessas e falsos<br />
moralismos, mas abun<strong>da</strong>nte de amor, de paz, de oportuni<strong>da</strong>des, de ética, de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de de trabalho que seja<br />
ver<strong>da</strong>deiramente em prol de quem necessita e não para alimentar vai<strong>da</strong>des escondi<strong>da</strong>s e outras nem tão<br />
escondi<strong>da</strong>s.<br />
Que tenhamos todos o compromisso de manter fideli<strong>da</strong>de à palavra empenha<strong>da</strong>, de melhorar a nós<br />
mesmos, de educar nossas crianças, de promover o bem em nossa família, nas instituições que freqüentamos na<br />
comuni<strong>da</strong>de que vivemos.<br />
O amanhã é nossa responsabili<strong>da</strong>de.<br />
Que os ensinamentos DELE, estejam sempre vivos no coração de todos.<br />
Isabel C S Vargas - RS/BR
20 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
«PÓDIO DE TALENTOS»<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Biografia/JoaoDaPalma.htm<br />
João <strong>da</strong> Palma Fernandes, nasceu a 11 de Fevereiro de 1940, no pequeno Monte de Tacões, Freguesia de S. João<br />
dos Caldeireiros, Concelho de Mértola, começando a trabalhar no campo, mas não se conformando foi para Marçano<br />
em Santa Clara de Louredo (Boavista, Beja).<br />
Aos 16 anos ingressou na Hotelaria em Beja, vindo nos anos 60 para o Algarve, Praia <strong>da</strong> Rocha nos departamentos<br />
<strong>da</strong> Restauração onde passou pelos dois melhores Hotéis dessa altura, Sol e Mar em Albufeira e Penina Golfe Hotel<br />
como Chefe de Mesa.<br />
Casado com Maria Judite Fernandes, de quem tem uma filha, vivendo definitivamente para elas as duas.<br />
Nos anos 80, por causa dos Jogos Florais em que participava na brincadeira, foi premiado nalguns, <strong>da</strong>í nunca mais<br />
se desligou <strong>da</strong> poesia que estava no seu sangue a hibernar…<br />
Não tem publicações em livro, por lhe ser dispendioso e não gostar de pedinchar…<br />
Mas tem um certo apego aos amigos desta área, onde está nalgumas colectâneas, Antologias e livros de amigos <strong>da</strong><br />
<strong>Poesia</strong> etc.<br />
E como não pode deixar de ser, é um grande amigo do “Mensageiro <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>” em Amora, onde colabora dentro<br />
<strong>da</strong> sua humil<strong>da</strong>de poética. Também é Colaborador Permanente de “<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>” - Amora / Portugal<br />
“A VENDER PLASMA”<br />
Mote:<br />
O Sócrates na OCTAPHARMA<br />
Deixou o país de tanga…<br />
Qual será então a arma,<br />
Que o Passos terá na manga?<br />
Glosas:<br />
O Sócrates na OCTAPHARMA<br />
A vender-nos o Plasma…<br />
Na Suíça não desarma<br />
No negócio se entusiasma!<br />
P’ra Paris levou milhões<br />
Deixou o país de tanga…<br />
Tinha na mira patrões<br />
Que o vão livrar <strong>da</strong> canga!<br />
Ca<strong>da</strong> qual tem o seu Karma…<br />
Neste, está bem-sucedido<br />
Qual será então a arma,<br />
Do próximo que vai corrido!<br />
E metidos neste facho…<br />
Bem disfarçados na ganga…<br />
Adivinha-se já um tacho…<br />
Que o Passos terá na manga!<br />
DESABAFOS VERÍDICOS DE 2012.<br />
(Sextilhas Semanais de João <strong>da</strong> Palma)<br />
1ª Sextilha<br />
Entrado em dois mil e doze<br />
Sr. Ministro não goze<br />
Com o que nos tem cortado!<br />
... Vai aumentar-nos o IVA<br />
Deixando o povo à deriva,<br />
Como um barco naufragado!<br />
2ª Sextilha<br />
Catroga na E.D.P.<br />
Mais um tacho, já se vê…<br />
Mais uma passa<strong>da</strong> em vão!<br />
Passos seguidos de Passos…<br />
Nesta couta<strong>da</strong> em pe<strong>da</strong>ços…<br />
P’los vilões desta nação!<br />
Poemas de João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />
“SONO PROFUNDO”<br />
Mote:<br />
Ficou no sono profundo…<br />
Morreu; já não há conforto…<br />
Não há na<strong>da</strong> neste mundo,<br />
Que faça erguer um morto!<br />
Glosas:<br />
Não sabe na<strong>da</strong>r e com mágoa…<br />
Como prego que vai ao fundo,<br />
Não mais volta à tona de água<br />
Ficou no sono profundo…<br />
Morre-se de to<strong>da</strong> a maneira<br />
Começando pelo aborto…<br />
A sério ou na brincadeira,<br />
Morreu; já não há conforto…<br />
No momento <strong>da</strong> despedi<strong>da</strong>,<br />
Fica p’rali moribundo…<br />
Que o faça voltar à vi<strong>da</strong>,<br />
Não há na<strong>da</strong> neste mundo<br />
E todo o ser que morreu,<br />
Não mais volta a outro porto…<br />
Na<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> apareceu,<br />
Que faça erguer um morto!<br />
3ª Sextilha<br />
A Manuela abriu a boca…<br />
Nessa cabecita louca<br />
Da hemodiálise falou!<br />
Pagar depois dos setenta…<br />
Disse aquela ferrugenta…<br />
E o povo não gostou!<br />
4ª Sextilha<br />
<strong>Os</strong> negócios do Estado<br />
Está visto e provado,<br />
Estão ali de pedra e cal…<br />
Não existe transparência<br />
Conforme a conveniência<br />
Tacha-se, outro animal…<br />
“DIA DA MULHER 2013”<br />
Hoje no dia <strong>da</strong> mulher,<br />
Continuamente a chover,<br />
É molhado em Portimão!<br />
Ao almoço, fui secá-lo…<br />
Com a esposa partilhá-lo<br />
Num arroz de lingueirão!<br />
Vejo que no Toin Zé…<br />
Uma amiga ali ao pé,<br />
Ana Maria Prudêncio!<br />
Também se deliciava<br />
Com duas amigas estava<br />
No seu cantinho silêncio!<br />
Debaixo desta humi<strong>da</strong>de…<br />
Pode chover à vontade<br />
Que a água, como a mulher<br />
São ricas fontes de vi<strong>da</strong>!<br />
Sem elas, logo à parti<strong>da</strong><br />
Não podíamos viver!<br />
Junto a água a este SER.<br />
Assim como o sol nascer,<br />
Amor, carinho e alegria!<br />
Valores essenciais<br />
Para nós os racionais,<br />
Festejarmos este dia!<br />
5ª Sextilha<br />
O Banco de Portugal<br />
Está <strong>da</strong> crise, irreal<br />
Paga subsídios de férias<br />
Vê-se que fora do Banco<br />
O povo fica em branco…<br />
Sempre atulhado em misérias!<br />
6ª Sextilha<br />
Ao Rangel com os papões…<br />
Saiu-lhe o Euro milhões!<br />
Com uma bruta reforma<br />
São só vinte e sete mil,<br />
O espelho após Abril<br />
E isto; não entra na norma!
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 21<br />
«Eventos e Efemérides»<br />
10/3/2013<br />
HOMENAGEM a ANA CRISTINA VIDEIRA: a nossa mentora do Grupo AS CORES e JOTAS<br />
O Mundo é feito de diversos tipos de mulheres:<br />
Mulheres glamourosas... Mulheres maravilhosas...<br />
Mulheres que nos fazem rir... Mulheres batalhadoras… Mulheres talentosas, etc. O Mundo também é feito de outro<br />
tipo de mulheres: Mulheres não conheci<strong>da</strong>s ou famosas… Mulheres que deixam para trás muitas coisas <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>,<br />
para <strong>da</strong>r atenção aos outros… Mulheres que se dedicam de coração aos outros… Mulheres muito bonitas por dentro…<br />
Mulheres que lutam todos os dias por um mundo melhor… Mulheres que escrevem o que a gente canta...<br />
e a ANA CRISTINA VIDEIRA é uma dessas mulheres… E ain<strong>da</strong> UMA MULHER MARAVILHOSA e ESPECIAL!<br />
Aqui fica a carta de agradecimento<br />
<strong>da</strong> nossa homenagea<strong>da</strong>:<br />
"""Foi um dia fantástico.<br />
Adorei… e de longe imaginava que me poderia ser feita uma HOMENAGEM!<br />
Senti o calor humano muito presente, a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, a atenção, a amizade, a persistência em fazer bem e melhor,<br />
a prestação de um “bom serviço”, os sorrisos presentes… as dedicatórias escritas e nas actuações, senti tudo muito<br />
presente! O empenho, a quali<strong>da</strong>de, os pormenores e ain<strong>da</strong> os segredos partilhados nesta organização Surpresa!!<br />
Para mim foi um dia SUPER Especial<br />
e não poderei fazer qualquer comparação com dias especiais <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>,<br />
porque este sentimento é único.<br />
No que concerne à envolvência <strong>da</strong> festa, senti que, para além de to<strong>da</strong>s os adultos, entre eles os amigos,<br />
alguns conhecidos e a família, também as crianças e os jovens envolvidos, estiveram em sintonia nesta organização.<br />
Conseguiram atingir os seus objectivos (os que tinha traçado na sua mente,<br />
para a grandiosa festa de homenagem)!<br />
Acabaram por me surpreender, pela contagiante envolvência!<br />
É com imensa alegria que venho por este meio expressar o meu sincero agradecimento<br />
pelo reconhecimento e todo o apoio que têm <strong>da</strong>do ao meu trabalho em prol<br />
destas crianças e jovens envolvidos nos meus projectos.<br />
OBRIGADA www.ccram.pt<br />
por me acolher e apostar no meu trabalho!! OBRIGADA DE CORAÇÃO e AGRADEÇO o facto de terem estado presentes<br />
neste dia tão especial: Sr Torres, Filomena e Doroteia!<br />
Acima de tudo acreditam em mim! OBRIGADA!<br />
OBRIGADA PELA VOSSA EXISTÊNCIA NAS PÁGINAS DA MINHA VIDA!<br />
Ana Cristina Videira """
22 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
A Beleza do Luar<br />
A Beleza do Luar<br />
Está num olhar apaixonado<br />
Num coração sonhador<br />
Num simples beijo roubado<br />
Trocado com timidez e Amor.<br />
A Beleza do Luar<br />
Provoca emoções adormeci<strong>da</strong>s<br />
Faz a respiração sufocar<br />
Com recor<strong>da</strong>ções esqueci<strong>da</strong>s<br />
Que o tempo teima apagar.<br />
A Beleza do Luar<br />
Acalma um coração magoado<br />
Liberta lágrimas sufoca<strong>da</strong>s<br />
Num rosto triste e apaixonado<br />
Cheio de mágoas passa<strong>da</strong>s.<br />
A Beleza do Luar<br />
É como um espelho <strong>da</strong> alma<br />
Ilumina as tristezas e alegrias <strong>da</strong> paixão<br />
Num desafio permanente que acalma<br />
A ver<strong>da</strong>de e mentira existente num coração.<br />
Ana Santos - Vilar de Andorinho<br />
Minha alma chora<br />
Porque chora assim a minha alma…<br />
Chora de pena por todos nós,<br />
Que somos um povo apático e ordeiro,<br />
E se deixa conduzir como cordeiro,<br />
Aos verdes prados enganosos,<br />
Semeados de políticos falaciosos.<br />
Povo, devias lutar mais por teus ideais,<br />
Não te sentires acorrentado por demais<br />
Às promessas políticas, que foram vãs.<br />
Povo que sempre foste solidário<br />
E repartes com desvalidos o teu parco salário.<br />
Sai já desse marasmo!…Acor<strong>da</strong> nobre povo!<br />
Usa a tua força contra as arbitrarie<strong>da</strong>des<br />
Daqueles que se sentam na cadeira do poder<br />
E só o seu bem-estar pretendem defender.<br />
São Tomé – Amora<br />
Passarinhando...<br />
Brisa do alvorecer<br />
Lá fora chuva fina<br />
Do meu leito ouço o teu canto<br />
Um passarinho no coqueiro<br />
Passarinhando...<br />
Por instantes viajo com o teu canto<br />
Cante passarinho<br />
Cante para o meu sono embalar<br />
Cante ao amanhecer para me despertar<br />
Cante para me encantar...<br />
Um passarinho no teu ninho<br />
Passarinhando...<br />
Momento santo<br />
Doce encanto!<br />
Laís Evelyne – MG/BR<br />
«Estados de Alma»<br />
Amor é sexo<br />
Oh, detentor de excelsos dons poéticos<br />
Que alguma vez já teve estas nação!<br />
Hoje existe Prozac p’rà depressão,<br />
E temos para a febre antipiréticos;<br />
Para feri<strong>da</strong>s há os anti-sépticos,<br />
Do corpo falo, não do coração;<br />
Não há, sem sentimento, inspiração,<br />
Nem, sem inspiração, versos patéticos.<br />
Se vivesses, Camões, nos nossos dias,<br />
Em muito boa gente encontrarias<br />
Definição do amor: coisa sem nexo.<br />
Como os tempos mu<strong>da</strong>ram e os valores!<br />
Para quem desatina e tem calores<br />
O diagnóstico é: falta de sexo!<br />
Lauro Portugal - Lisboa<br />
Teus Cabelos<br />
Guardo um dos teus cabelos<br />
Dentro de um envelope<br />
Que enrolo nos meus dedos<br />
Se o amor vem a galope.<br />
É pura se<strong>da</strong> brilhante<br />
Que me dá tanto prazer.<br />
Pro meu coração errante<br />
Um exercício a fazer.<br />
Brilhante como teus olhos<br />
Como vindos dos sertão.<br />
Desprendem luz aos molhos<br />
Pra verem minha solidão.<br />
Que vejo como estrelas<br />
Pra me guiarem na vi<strong>da</strong>.<br />
Teus cabelos são as trelas<br />
Que me prendem antes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>.<br />
Jorge Vicente – Suíça<br />
O sorriso que preciso!<br />
Sentado,<br />
Sozinho, comigo,<br />
Num banco espero,<br />
Calado!<br />
Sou o melhor amigo<br />
Que tenho! Penso<br />
E venero<br />
O meu já longo fado,<br />
Deveras intenso!<br />
Assim, fiscalizo<br />
Todo o meu universo!<br />
Sorrio, então, ao sorriso,<br />
Que, em mim, preciso,<br />
Para ser no ser progresso.<br />
Luís Lameiras<br />
S.Mamede Ribatua<br />
Navegando...<br />
"Não há pior vilão que o vilão consciente." (Miguel de Cervantes)<br />
Flor de porcelana<br />
A ti...<br />
Flor de porcelana...<br />
Que no meu jardim...<br />
Floria...<br />
E me deixava feliz...<br />
E que recordo...<br />
Com muita sau<strong>da</strong>de...<br />
E deixo...<br />
Nestas linhas...<br />
Uma singela homenagem...<br />
À flor...<br />
Mais lin<strong>da</strong>...<br />
Que Angola tem...<br />
E que o mundo já viu...<br />
Lili Laranjo – Aveiro<br />
Mergulha em mim<br />
Faz de mim o teu mar<br />
No amar<br />
Faz neste ser...<br />
Nascer<br />
On<strong>da</strong>s e marés<br />
Sem areias aos pés...<br />
Faz de mim barco...<br />
Para navegar<br />
To<strong>da</strong>s as on<strong>da</strong>s do teu mar<br />
Num doce cavalgar<br />
An<strong>da</strong>...afoita-te<br />
Por mim dentro<br />
Num total navegar<br />
Até teu corpo acabar<br />
No cais do meu aportar<br />
An<strong>da</strong>...faz de mim destino...<br />
Sem nexo, sem tino<br />
De um incerto navegar<br />
No todo do meu mar<br />
Faz-te barco aprumado,<br />
De mastro bem levantado...<br />
Navega-me por todo o lado<br />
Neste mar do teu amar...<br />
Cais seguro para aportar<br />
An<strong>da</strong> em mim navegar<br />
Faz-te barco deste mar<br />
Maria José Lacer<strong>da</strong> - Lisboa<br />
O Louco<br />
Para um ver<strong>da</strong>deiro louco,<br />
pequena loucura é pouco,<br />
mas se é de origem divina,<br />
inun<strong>da</strong> e ilumina.<br />
Filipe Papança - Lisboa
Flores do meu jardim<br />
Quem se eterniza não precisa explicar<br />
a sua ausência, pois quando menos se espera,<br />
o seu retorno é instantâneo... é só lembrar -<br />
olhando as flores - o que é a primavera.<br />
Quando um sorriso atravessa a luz do olhar,<br />
e pousa, límpido, na mais pura lembrança,<br />
o que se ri parece até que vai chorar,<br />
na mais sublime emoção que a vista alcança.<br />
Lembrar alguém como eu te lembro, é ser feliz<br />
porque os amigos são cores primaveris<br />
que sempre enfeitam, com leveza, o meu jardim<br />
e quando alguém que eu admiro me visita,<br />
sempre me traz uma sau<strong>da</strong>de tão bonita<br />
como essa flor do teu amor que brota em mim.<br />
Luiz Gilberto de Barros – SP/BR<br />
Mulher Lutadora<br />
O 8 de Março é o dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />
Simboliza o dia que deixou de ser uma qualquer<br />
E conquistou direitos de igual<strong>da</strong>de na socie<strong>da</strong>de<br />
Enfrentou desafios e derrubou preconceitos<br />
Num Mundo cruel, machista cheio de defeitos<br />
Onde a Mulher não tinha direito à sua digni<strong>da</strong>de.<br />
Mulheres vítimas de maus-tratos e violência<br />
Deixaram a culpa tomar conta <strong>da</strong> sua consciência<br />
E muitos anos sofreram sozinhas e silenciosamente<br />
A denúncia é o primeiro passo a ultrapassar<br />
Numa socie<strong>da</strong>de que aos poucos está a inovar<br />
Numa mu<strong>da</strong>nça eficaz, orienta<strong>da</strong> e permanente.<br />
As Mulheres que lutaram pelos seus valores e ideais<br />
Transformaram as suas vi<strong>da</strong>s em causas reais<br />
Numa luta justa, desgastante, mas vencedora<br />
A Lei colocou a Mulher numa posição protegi<strong>da</strong><br />
Mas o medo de agir fez muitas vi<strong>da</strong>s venci<strong>da</strong>s<br />
Numa procura constante de Mulher Lutadora.<br />
Sou <strong>da</strong>qui e <strong>da</strong>li<br />
Ana Santos- Vilar de Andorinho<br />
Sou <strong>da</strong>qui, deste país à beira-mar plantado,<br />
Mas pertenço a qualquer outro lugar<br />
A qualquer outro lugar do mundo,<br />
Por onde o meu pensamento vagueie:<br />
Onde possa sentir a liber<strong>da</strong>de do vento<br />
E <strong>da</strong>s aves que alto voam…<br />
Onde o sol se levante, sobre os campos verdejantes,<br />
Onde o mar se una ao céu, em ca<strong>da</strong> rubro entardecer,<br />
E a lua afoguea<strong>da</strong> espreite por detrás <strong>da</strong> serra,<br />
Onde rios fluam como veias, irrigando o ventre <strong>da</strong> terra.<br />
Onde possa ver flamingos rosados e abutres esfomeados,<br />
E, onde o lamento do mar, não revele os seus segredos.<br />
Só não pertenço ao coração de nenhuma ci<strong>da</strong>de,<br />
Ergui<strong>da</strong> sobre gaiolas de betão, lágrimas, suor e sangue…<br />
Onde o pássaro-humano perdeu a rota e a sua liber<strong>da</strong>de!<br />
São Tomé - Amora<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 23<br />
«Bocage - O Nosso Patrono»<br />
Passarinho poeta<br />
O Ledo passarinho que esvoaça<br />
Junto à minha janela pla manhã<br />
Parece querer dizer-me em seu afã<br />
Que é diferente aos demais <strong>da</strong> sua raça<br />
Quem sabe se é alguém que eu conheci<br />
E que voltou à vi<strong>da</strong> convertido<br />
Alguém que admiro e me é querido<br />
Talvez algum poeta dos que eu li…<br />
E que no coração in<strong>da</strong> transporte<br />
Todo o lirismo que o faz gorgear<br />
Servindo-se do sol como suporte<br />
Parece que um poema quer trautear<br />
Saltitando no seu minúsculo porte<br />
Em busca de sustento a debicar<br />
Eugénio de Sá - Sintra<br />
O Mar não canta<br />
Invejo seu vaivem em liber<strong>da</strong>de!...<br />
Quem olha o mar vê força, vê vigor,<br />
Pensa que, vá o mar p'ra onde for,<br />
Na<strong>da</strong> o impede, move-se à vontade!<br />
Não sabe que o mar sofre a sua dor,<br />
Que o mar também padece de sau<strong>da</strong>de<br />
E muito poucos sabem a ver<strong>da</strong>de:<br />
O rugido do mar... é mal de amor!<br />
Quando se deita lenta, docemente,<br />
Na areia <strong>da</strong> praia que o ignora,<br />
Finge ao perceber, mas sofre e sente.<br />
Quem olhar para o mar, já sabe agora<br />
Que, embora tão forte, tão potente,<br />
Aparenta cantar, mas ele chora!...<br />
Carlos Fragata - Sesimbra<br />
Como uma ilha fatal<br />
fêmea e firme<br />
vagarosamente caminhas<br />
com esse teu modo<br />
de ofereceres um copo de água<br />
àqueles a quem despertas sede<br />
Escorre-te pelos ombros<br />
to<strong>da</strong> a música do amanhecer<br />
sobe-te pelas pernas<br />
o silencioso sorriso <strong>da</strong> terra<br />
para as ancas convergem<br />
princípios e serpentes de fogo<br />
Liquefazem-se as esplana<strong>da</strong>s e as ruas<br />
e todos os gatos se transformam<br />
em peixes que seguem<br />
o sedutor ondular<br />
<strong>da</strong>s translúci<strong>da</strong>s e longas barbatanas<br />
que te nascem do movimento<br />
Soares Teixeira – Lisboa
24 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
A Moderni<strong>da</strong>de!<br />
Menino! O que olhas distante?<br />
O horizonte verdinho?<br />
Talvez o sol atrás dos montes,<br />
a esconder-se de mansinho?<br />
E essa tua carinha,<br />
sujinha de terra e poeira...<br />
Mostrando as tuas sardinhas,<br />
pela face rosa<strong>da</strong> e cheia!<br />
Brilha um azul em teus olhos,<br />
mostrando sonhos distantes...<br />
Parece que tu queres partir<br />
com as aves que voam errantes.<br />
Não sabes, menino, o que perdes<br />
na vi<strong>da</strong> que passa num instante...<br />
A ca<strong>da</strong> manhã que emerge,<br />
deixando tua infância no d'antes?<br />
Chorarás depois!<br />
Quando veres termina<strong>da</strong>...<br />
O recanto onde morava,<br />
a poeira <strong>da</strong> velha estra<strong>da</strong>!<br />
O sítio simples e singelo,<br />
o cheiro de relva e boia<strong>da</strong>...<br />
O canto pelas manhãs,<br />
trazidos com a passara<strong>da</strong>!<br />
Chorarás com certeza!<br />
Tal qual o riacho, eternamente...<br />
Aquele que tu pescavas,<br />
cheio de vi<strong>da</strong> e contente!<br />
Por quereres uma moto?<br />
A ci<strong>da</strong>de simplesmente?<br />
E viveres na moderni<strong>da</strong>de,<br />
que aos poucos engole a gente...<br />
Esqueces do velho alazão,<br />
onde galopavas livremente?<br />
Do cheiro fresco do pão,<br />
saído do forno quente...<br />
Ah! Menino, se pudesse<br />
prendê-lo eternamente...<br />
Dentro de mim eu faria,<br />
o deixava para todo o sempre!<br />
Tu partes amanhã...<br />
Como a chuva num repente!<br />
Deixas teu cheiro e a sau<strong>da</strong>de,<br />
de quando me foste presente...<br />
José Geraldo Martinez – SP/BR<br />
«Bocage - O Nosso Patrono»<br />
Poema de amor e dor<br />
Por ti, Maria <strong>da</strong>s Dores,<br />
Dor de amor, – ando a sofrer...<br />
Pois se anseio os teus amores,<br />
Meu destino é padecer!<br />
Vivo amargurado e triste,<br />
Nos limites de além-dor:<br />
Porque só à dor resiste,<br />
Quem por ti sofrer de amor!<br />
Ando só, na noite escura,<br />
Sofro <strong>da</strong>nos, sofro mágoas...<br />
Choro rios de amargura,<br />
Afogo-me em suas águas!<br />
Na<strong>da</strong> me traz alegria,<br />
Me dá prazer, ou me afoite...<br />
Nasce o Sol em ca<strong>da</strong> dia,<br />
Para mim é sempre noite!<br />
Dia a dia esta desdita,<br />
Causa dor… – inquietação!<br />
O meu corpo debilita;<br />
Estala-me o coração!<br />
Arde em chamas a minha alma,<br />
Numa constante agonia...<br />
A minha dor só acalma,<br />
Quando te vejo, Maria!<br />
Anseio ter-te ao meu lado<br />
Com desvelo e com carinho...<br />
A tratar-me com cui<strong>da</strong>do<br />
Entre os meus lençóis de linho!<br />
Traz-me o teu remédio santo,<br />
No calor dum beijo teu:<br />
Quero ver no teu encanto,<br />
Um pe<strong>da</strong>cinho do Céu!<br />
Que desta dor tu me cures...<br />
Ponhas fim neste tormento...<br />
– Depressa, – não te descures, –<br />
É urgente o tratamento!<br />
Não venhas com panos quentes,<br />
E outras mezinhas caseiras...<br />
Dá-me os teus beijos ardentes,<br />
– Livra-te de mais canseiras!<br />
Quero um abraço apertado…<br />
Quero beijos, – mil e dois... –<br />
Que doente mal curado,<br />
Pode recair depois!<br />
Se o meu mal não tiver cura,<br />
Nem com beijos nem abraços...<br />
Que Deus me dê por ventura,<br />
Poder morrer em teus braços!<br />
Aurélio Barata Vivas<br />
(Pampilhosa <strong>da</strong> Serra)<br />
Adolescente<br />
Na heróica planície aquele grito<br />
Com o qual mitigava a rebeldia<br />
Criava asas, seu coração hirto<br />
Para se rebelar de noite e dia<br />
Amor proibido ela esmaecia<br />
Qual envelhecido ramo de mirto<br />
O velho sonho virou fantasia<br />
Perdera-se, tal desusado rito<br />
Nascido entre a vila e o montado<br />
Logo de início fora recalcado<br />
Aquele amor degenerou paixão<br />
Proibido estar tão apaixonado<br />
Cobarde o seu amor foi exumado<br />
Ficou só a frieza <strong>da</strong> razão.<br />
Maria Vitória Afonso – Cruz de Pau<br />
Sintra Encanta<strong>da</strong><br />
Sintra,<br />
De Saloia apeli<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
Vila Velha tão conheci<strong>da</strong><br />
Mulher, Rainha e ama<strong>da</strong><br />
Fi<strong>da</strong>lga, nobre, bem queri<strong>da</strong>;<br />
Sintra,<br />
Palaciana e mourisca<br />
Guar<strong>da</strong>ndo len<strong>da</strong>s e enredos<br />
Tesouro de graça e mística<br />
Por esconder tantos segredos;<br />
Sintra,<br />
De natureza abun<strong>da</strong>nte<br />
Deslumbrando mil olhares<br />
Desde a Serra verdejante<br />
Até aos mais belos mares;<br />
Sintra,<br />
Sabe ser dos namorados<br />
Que nas fontes juram amores<br />
Deixando também apaixonados<br />
Tantos Poetas e Pintores;<br />
Sintra,<br />
Calça<strong>da</strong>s gastas trilhamos<br />
P`los seus becos e escadinhas<br />
E nos musgos murmuramos<br />
Quando não espreitam vizinhas;<br />
Sintra,<br />
Vou descobrindo no seu povo<br />
Traços de força e humil<strong>da</strong>de<br />
Que imploram num sorriso novo<br />
Um mundo de Paz e ver<strong>da</strong>de;<br />
Sintra,<br />
Sempre fresca e natural<br />
Misto de eterna emoção<br />
Património Mundial<br />
Que trago em meu coração, minha musa<br />
de eleição.<br />
Luís <strong>da</strong> Mota Filipe – Montelavar / Sintra
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 25<br />
«Bocage - O Nosso Patrono»<br />
UMA DAS MAIORES HISTÓRIAS DE AMOR DE TODOS OS TEMPOS<br />
A 7 de Janeiro de 13<strong>55</strong>, Inês de Castro, o grande amor do Príncipe Pedro de Portugal, é assassina<strong>da</strong> em Coimbra por<br />
três nobres portugueses com a concordância do rei Afonso IV. Depois de subir ao trono, Dom Pedro declarou ter<br />
casado secretamente com Inês e ordenou a construção de dois magníficos túmulos no Mosteiro de Alcobaça, para<br />
um dos quais foram trasla<strong>da</strong>dos com honras reais os restos mortais de Inês. O outro túmulo era destinado a Dom<br />
Pedro e aí jazem os dois amantes lado a lado para a eterni<strong>da</strong>de.<br />
Esta história de amor tem sido o tema de obras literárias como "A Castro", do escritor português António Ferreira,<br />
"La Reine Morte" do escritor francês Henri Millon de Montherlant, "Inez de Castro" de Victor Hugo, ou ain<strong>da</strong> "Reinar<br />
depois de morta", de Luis Vélez de Guevara; também de obras cinematográficas. Em 1996, o escocês James MacMillan,<br />
um dos maiores compositores britânicos <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong>de, escolheu-a para tema <strong>da</strong> sua primeira grande ópera.<br />
Mais recentemente, em 2005, o escritor francês Gilbert Sinoué inspirou-se igualmente nesta eterna história de amor<br />
para escrever o livro "La Reine crucifiée".<br />
Dulce Rodrigues - Lisboa<br />
Hora Mágica no Grande Canal<br />
(Veneza)<br />
O Grande Canal<br />
Ao entardecer.<br />
Uma gaivota pousa<strong>da</strong><br />
Num qualquer cais.<br />
Uma flor caí<strong>da</strong><br />
sem querer na Àgua,<br />
Jade e salga<strong>da</strong>.<br />
O doce fechar <strong>da</strong> melancolia <strong>da</strong> tarde.<br />
A lua, debruça<strong>da</strong> à noite<br />
Que se instala,<br />
Brilhante e disfarça<strong>da</strong>.<br />
A cortina <strong>da</strong> fresca<br />
Aragem do mar.<br />
O olhar doce, verde,<br />
A profun<strong>da</strong> vontade de...<br />
...permanecer.<br />
Paulo Taful – Montelevar / Sintra<br />
Amo-te, Mulher!<br />
Ventos e Brisas<br />
Foi um lamento do vento que passou<br />
O que se ouviu gemer pla ramaria<br />
Contando de um amor que então morria<br />
Chorando nessa dor quem mais amou<br />
Que sempre o vento leva e traz consigo<br />
<strong>Os</strong> sentimentos <strong>da</strong> gente que o escuta<br />
Sejam os brados de um povo que luta<br />
Sejam ternas palavras de um amigo<br />
E quando a tempestade nos assola<br />
E o turbilhão d’Eolo é pavoroso<br />
Mais ao abrigo a gente se consola<br />
Mas se o dia é de paz e o tempo airoso<br />
C’o a fresca brisa até um amor rola<br />
Que o coração está morno e generoso!<br />
Eugénio de Sá – Sintra<br />
Amo-te, meu amor!<br />
Hoje, sinto rasgar-se fácil o meu riso<br />
<strong>da</strong>ntes recusado a qualquer ouvido.<br />
E, ao aconchego <strong>da</strong> tua presença,<br />
me enlevo no carinho e no beijo,<br />
outrora desenhados apenas no desejo.<br />
Estremeço no prazer de te olhar de perto,<br />
agora mulher minha, na distância ultrapassa<strong>da</strong>.<br />
Meus braços continuamente me fogem<br />
na ânsia de te envolver,<br />
meus lábios, insuficientes para de tanto falar-te,<br />
avi<strong>da</strong>mente te beijam, a traduzirem as palavras inertes.<br />
Minhas palmas se amaciam<br />
no contínuo acariciar a maciez <strong>da</strong> tua pele.<br />
Ao teu lado, o meu peito se dilata, pleno de calor,<br />
e no caminhar junto, acerto o passo<br />
até então desacertado.<br />
Na confidência e cumplici<strong>da</strong>de mútuas,<br />
descobri dentro de mim, a irman<strong>da</strong>de desconheci<strong>da</strong>.<br />
E quando, sentados à beira-mar, olhando o horizonte,<br />
tua cabeça no meu peito,<br />
cabelo esvoaçando nos meus lábios,<br />
só consigo sussurrar-te num abraço:<br />
Amo-te, mulher!<br />
Henrique Lacer<strong>da</strong> Ramalho - Lisboa<br />
Cavalo Alado<br />
Nas asas de um cavalo alado<br />
Voei,<br />
Sonhei,<br />
Ao teu lado me encontrei,<br />
Num abraço apertado.<br />
Naquele céu ornado,<br />
Por um Sol ofuscante,<br />
O meu cavalo alado<br />
Ficou hilariante,<br />
Por meu amor ter achado…<br />
Numa nuvem,<br />
Mesmo ao lado…<br />
E se ali te encontrei,<br />
Ali revivi,<br />
<strong>Os</strong> momentos lindos,<br />
De quando<br />
Me apaixonei.<br />
Natália Vale - Porto<br />
Alma Lusa<br />
Ó meu país sem igual<br />
Pátria lusa, lusitana...<br />
Numa luta soberana,<br />
Ergueste teu pedestal.<br />
<strong>Os</strong> teus nobres marinheiros<br />
Sempre foram os primeiros<br />
Numa rota desmedi<strong>da</strong><br />
Escrita a letras de ouro,<br />
Meu Portugal, meu tesouro<br />
Portugal Pátria queri<strong>da</strong>.<br />
Desbravando novos mares<br />
Guerreiros desta nação<br />
Tuas massas populares<br />
Em marés de dor e pão...<br />
Enfrentando o mar salgado<br />
Carpiram também seu fado<br />
Deram de beber à dor...<br />
Com arrojo, com destreza<br />
Longe do lar, seu amor..<br />
Tem na alma a grandeza<br />
Sau<strong>da</strong>de, é palavra bela<br />
Dita<strong>da</strong> do coração<br />
Marinheiro é sentinela<br />
Da mais nobre geração<br />
Ao sabor <strong>da</strong> maresia,<br />
Na rota de ca<strong>da</strong> dia...<br />
A ca<strong>da</strong> on<strong>da</strong> venci<strong>da</strong><br />
Contemplando o mar distante<br />
Tal como a on<strong>da</strong> gigante...<br />
Num mundo que lhe dá vi<strong>da</strong><br />
Na sau<strong>da</strong>de do seu lar<br />
Numa luta mais renhi<strong>da</strong><br />
Não se cansou de lutar<br />
Pondo em risco a própria vi<strong>da</strong><br />
Perante o desconhecido<br />
Marinheiro destemido<br />
Na odisseia – a proeza…<br />
O mar é luta constante<br />
Com alma de navegante,<br />
Esta alma portuguesa.<br />
Maria José Fraqueza<br />
"Preocupe-se mais com a sua CONSCIÊNCIA do que com a sua Reputação, porque a CONSCIÊNCIA é o<br />
que você é, e a reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema<br />
deles". - Confúcio ....
26 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Hino à Terra<br />
Ain<strong>da</strong> um dia vamos voltar para o Alentejo…<br />
Meu Amor!<br />
O infindável espaço <strong>da</strong> planície…espera-nos!<br />
Vamos voltar a semear as searas.<br />
Criar os rebanhos.<br />
Olhar o horizonte sem muros<br />
E plantar muitas árvores…<br />
Que na Primavera… abrirão em flor…<br />
Queres ir meu amor?<br />
Vamos voltar a amanhar as quintas<br />
Plantar roseiras de armar<br />
Fazer jardins junto às noras<br />
Sentir o cheiro <strong>da</strong> terra molha<strong>da</strong><br />
Aspirar o cheiro <strong>da</strong>s laranjeiras flori<strong>da</strong>s…<br />
Esquecer as horas!..<br />
Queres ir meu amor?<br />
Vamo-nos sentar nos tanques, olhar a água,<br />
Observar as aves, escutar as fontes.<br />
Vamos, ver o sol nascer, qual bola vermelha<br />
A elevar-se.<br />
Vamos assistir aos ocasos do Rei<br />
Pintando o poente, sempre diferente<br />
Em telas tão lin<strong>da</strong>s<br />
Que mais belas não sei.<br />
Queres ir meu amor?<br />
Vamos esperar a noite, que vem devagar<br />
Cansa<strong>da</strong> do dia, de tanto esperar…<br />
Noites de luar, peja<strong>da</strong>s de estrelas<br />
Brilhantes, doura<strong>da</strong>s…noites de encantar!<br />
Vamo-nos calar…<br />
Que os grilos e as cigarras<br />
Já se ouvem cantar<br />
E durante a noite não se vão calar.<br />
Vem meu amor, vamo-nos amar!<br />
Sem que ninguém veja…<br />
As searas crescem, na terra vicejam<br />
E o tempo a passar<br />
Faz com que amadureçam,<br />
E os grãos dourados<br />
São de novo a semente para continuar…<br />
Vem… meu amor, a terra é um hino,<br />
Que quero cantar!..<br />
Felismina Costa - Agualva<br />
«Bocage - O Nosso Patrono»<br />
Uma rosa de Maio<br />
Em Maio nasceu uma rosa<br />
De vi<strong>da</strong>, teve o seu tempo<br />
Se desfolhando, a formosa<br />
Rápido como o pensamento<br />
Era lin<strong>da</strong> a minha rosinha<br />
No canteiro de quatro flores<br />
To<strong>da</strong>s elas meus amores<br />
São a minha ternurinha<br />
Delas, lindos botões abriram<br />
Todos cabem no meu coração<br />
Mas aquela rosa formosa<br />
Não me esqueço dela, não<br />
Foi enfeitar uma estrelinha<br />
Muito longe, no firmamento<br />
Quando uma estrela cadente<br />
O céu risca depressinha<br />
Penso, será a minha rosinha<br />
Que vem nela, num momento?<br />
Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />
Poeta dos meus sonhos, J.S.<br />
Sabes poeta<br />
O meu anseio<br />
É ter-te, em noites de luar<br />
E sentir a tua essência.<br />
Pensas que sabes o que eu sinto?<br />
A minha boca nunca te dirá<br />
Só os meus olhos…que vivem longe<br />
E an<strong>da</strong>m cegos.<br />
Deixa-me beijar a tua alma<br />
Nem que seja só um bocadinho…<br />
Antes que o vento se altere<br />
E destile…<br />
Gosto tanto <strong>da</strong>s tuas palavras, suaves<br />
Aquelas que me falam e amolecem…<br />
Sabes poeta<br />
Aquelas que se entranham na carne<br />
E arrepiam a pele!<br />
Ai! Que vontade, eu tenho<br />
De escrever versos em flor<br />
E florir a tua alma.<br />
Mas pensas que me podes levar<br />
Ao céu, sem que as estrelas chorem?<br />
Quando me falas… assim…<br />
Esqueço qualquer pesar<br />
E o coração sorri-me.<br />
<strong>Os</strong> meus sonhos traçam gestos<br />
Para alcançar e envolver a tua alma<br />
Trazem-te voando em suspiros<br />
Sem medos, até mim...<br />
Telma Estêvão - Silves<br />
"A felici<strong>da</strong>de de nossa vi<strong>da</strong> depende <strong>da</strong> sereni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nossa consciência." (Olivia Goldsmith)
O Vento Que Uiva...<br />
O vento que uiva também ergue a pipa<br />
e vai plantar longíssimo a semente.<br />
Também destelha a casa, arranca a ripa<br />
e arrasa o que semeou bem de repente.<br />
A mão que mata cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> tulipa.<br />
Dá seu carinho e o tapa mais veemente.<br />
Dá verba e furta descara<strong>da</strong>mente.<br />
Nutre, alimenta e, após, exige a tripa.<br />
A boca que te exalta e endeusa agora<br />
te cobre de labéu já não demora<br />
e o bem se torna em mal e o mal em bem.<br />
E sendo a natureza tão bifronte,<br />
por que, amor, não houveras tu também<br />
de o céu mostrar e destruir a ponte?<br />
Laerte António (LA) - SP/Br<br />
Meu Cântico de Amor<br />
Fosse eu um rouxinol te cantaria,<br />
embeveci<strong>da</strong>, em meus trinados belos,<br />
a mais alegre e excelsa melodia<br />
que houvera, a festejar os nossos elos.<br />
Porém, me falta a voz, p'la idolatria<br />
à resposta encontra<strong>da</strong> aos meus apelos,<br />
que mágica ou divina se diria,<br />
p'los dons que nem ousava concebê-los.<br />
E é tanta a festa a estrelejar no peito<br />
que abafa qualquer hino de emoção,<br />
sufocados a voz e o coração.<br />
E o meu canto de amor assim calado,<br />
explode no teu corpo ao ser beijado<br />
p'las notas que componho em nosso leito!<br />
Mãe Natureza<br />
Carmo Vasconcelos - Lisboa/Portugal<br />
Ó estirpes que se extinguem <strong>da</strong> beleza<br />
Que a mãe Natureza ao homem deu!<br />
Vemos hoje que a própria Natureza<br />
Está quase destruí<strong>da</strong> e se perdeu!<br />
E o homem, ambicioso e com frieza,<br />
Quer mais e muito mais em ca<strong>da</strong> dia:<br />
Destrói ca<strong>da</strong> vez mais esta beleza<br />
Buscando tostões na tecnologia!<br />
Lembremos a paisagem, outrora lin<strong>da</strong>;<br />
Hoje terra de cinzas, tão queima<strong>da</strong>!<br />
No ar... o oxigénio quase fin<strong>da</strong>…<br />
E se a destruição continuar ain<strong>da</strong><br />
No ritmo que leva, acelera<strong>da</strong>…<br />
Do homem-suici<strong>da</strong>... resta na<strong>da</strong>!<br />
Fernando Reis Costa - Coimbra<br />
<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 27<br />
«Reflexões»<br />
Há coisas que eu não sei.<br />
Mote<br />
Há coisas que eu não sei,<br />
Mas eu procuro saber<br />
São Divinas, são de lei<br />
Assim me faço entender<br />
Glosa<br />
Há coisas que eu não sei<br />
Ignorando tal saber<br />
Abro o livro que estudei<br />
É Sagrado podem crer<br />
Na questão de profecias,<br />
Mas eu procuro saber<br />
Boa Nova, com Messias<br />
No Sermão vou aprender<br />
Essas lições que admirei<br />
De Fé, Justiça e Amor<br />
São Divinas, são de lei<br />
Palavras do Salvador<br />
Sem cair na tentação<br />
Filosofar, sem saber?!<br />
São Cantares de Salomão<br />
Assim me faço entender<br />
Pinhal Dias (Lahnip)<br />
Amora / Portugal<br />
A Casa<br />
Desmoronou-se, em dor, aquela casa<br />
que parecia ser antiga e forte.<br />
Agora, ali, prostra<strong>da</strong> à sua sorte<br />
agoniza no gelo onde se abrasa...<br />
Quem passa não se importa que ela jaza<br />
por terra, espezinha<strong>da</strong> pela morte.<br />
Ninguém recor<strong>da</strong> a linha do seu porte,<br />
deixá-la, assim, tomba<strong>da</strong> em campa rasa.<br />
Dos alicerces gritam vozes de alma,<br />
em febril tempestade que se acalma,<br />
querem saber do corpo que era seu.<br />
Agora está no chão, eu sempre soube<br />
que era frágil, ergui<strong>da</strong> só de adobe,<br />
a casa... sombra e cinza que sou eu.<br />
Glória Marreiros - Portimão<br />
Gostava...<br />
Gostava de poder ser<br />
O que fui e já não sou,<br />
Gostava de poder ir<br />
Onde fui e já não vou;<br />
Gostava de conhecer<br />
A quem vi e não conheço,<br />
Gostava de entardecer<br />
A noite em que adormeço;<br />
Gostava de enraizar<br />
A árvore que eu sequei,<br />
Gostava de clamar<br />
Ás alturas que baixei;<br />
Gostava de poder ler<br />
As letras que ignorei,<br />
Gostava de esfumaçar<br />
Momentos que já deixei;<br />
Gostava de improvisar<br />
Melodias de encantar,<br />
Gostava de as ouvir<br />
E depois poder sonhar;<br />
Gostava de apagar<br />
A nódoa <strong>da</strong> escuridão,<br />
Gostava de descansar<br />
No poder do teu perdão;<br />
Gosto de gostar de ti<br />
Do gosto que não gostei,<br />
E voltar a encontrar<br />
<strong>Os</strong> momentos que deixei;<br />
Gostava poder sentir<br />
Sentimentos não sentidos,<br />
Gostava poder amar<br />
Amores não correspondidos;<br />
Gostava enfim, se gostava,<br />
Das coisas que não vivi<br />
Gostava, ó se gostava,<br />
Viver o que me esqueci!...<br />
António Rocha<br />
(S.Mamede Ribatua)<br />
Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Mat. 7:12
28 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />
Livros doados pelos <strong>Confrades</strong><br />
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«A Direcção agradece a todos os que contribuíram<br />
para a feitura deste Boletim».<br />
«Ponto Final»<br />
Lauro Portugal - com oferta do livro “Joaninha, voa, voa até Lisboa!” - 13/1/13<br />
Clarisse Barata Sanches - com oferta do livro “Motes de Aleixo e Glosas de Clarisse” - 21/1/13<br />
Fernan<strong>da</strong> Lúcia - com doação de 5 livros:<br />
História do Bilhete-Postal; A ci<strong>da</strong>de e o rio; Serras de Portugal; Tesouros <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> Natureza; O Melhor<br />
de Portugal. - 28/2/13<br />
O Nosso Bem-Haja!<br />
A Direcção<br />
http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/normas.htm<br />
Próximo dia 22 de Março às 20,00h<br />
Entrevista com o poeta Eugénio de Sá<br />
Para ouvir clicar num dos seguintes links<br />
http://www.amalia.fm/radio-online/<br />
http://www.tvtuga.com/radio-amalia/<br />
Amigos que nos apoiam<br />
V Antologia em formato de papel…<br />
As inscrições terminam a 15/4/2013<br />
www.fadotv.com<br />
Voltamos a 15/05/13