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Nº - 55 - Os Confrades da Poesia

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Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano V | Boletim Bimestral <strong>Nº</strong> <strong>55</strong> | Março / Abril 2013<br />

SUMÁRIO<br />

EDITORIAL<br />

www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com - Email: osconfrades<strong>da</strong>poesia@gmail.com<br />

«JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO»<br />

<strong>Confrades</strong>: 3,4,6,8,10,11,12 A Voz do Poeta: 2 Retalhos Poéticos: 5 Tribuna do Poeta: 7 Cantinho Poético: 9 Tempo de<br />

<strong>Poesia</strong>: 13 Trovador: 14 Poemar: 15 Online: 16 Faísca de versos: 17,18 Contos / Poemas: 19 Pódio dos Talentos: 20<br />

Eventos e Efemérides: 21 Estados de Alma: 22 Bocage: 23, 24,25,26 Reflexões: 27 Ponto Final: 28<br />

O BOLETIM Bimestral Online (PDF) "<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>" foi fun<strong>da</strong>do com a incumbência de instituir um<br />

Núcleo de Poetas, facultando aos (<strong>Confrades</strong> / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos<br />

ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono"; explanando e <strong>da</strong>ndo a conhecer esta ARTE SUBLIME, que praticamos<br />

e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraterni<strong>da</strong>de e Paz Universal. Subsistimos pelos<br />

nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a <strong>Poesia</strong> Lusófona e difundir as obras<br />

dos nossos estimados <strong>Confrades</strong> que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim.<br />

“Promovemos Paz”<br />

A Direcção<br />

Pódio dos Talentos<br />

pág. 20<br />

João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />

«Homenageamos Distrito de Beja»<br />

«Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia»<br />

DIA MUNDIAL DA POESIA<br />

21/3/13<br />

Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não , ao “Novo Acordo ortográfico”<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Boletim Mensal Online<br />

Proprie<strong>da</strong>de: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Paginação: Pinhal Dias - São Tomé<br />

A Direcção: Pinhal Dias - Presidente / Fun<strong>da</strong>dor; Conceição Tomé - Vice-Presidente / Fun<strong>da</strong>dor<br />

Re<strong>da</strong>cção: São Tomé - Pinhal Dias<br />

Colaboradores: Adelina Velho Palma | Aires Plácido | Albertino Galvão | Alfredo Louro | Ana Santos | Anna Müller | Anna Paes | António Barroso<br />

| António Silva | Arlete Pie<strong>da</strong>de | Carlos Macedo | Carmo Vasconcelos | Clarisse Sanches | Edyth Meneses | Efigênia Coutinho | Euclides Cavaco |<br />

Eugénio de Sá | Fernan<strong>da</strong> Lúcia | Fernando Reis Costa | Filipe Papança | Filomena Camacho | Glória Marreiros | Henrique Lacer<strong>da</strong> | Humberto<br />

Neto | Humberto Soares Santa | Isidoro Cavaco | João Coelho dos Santos | João Furtado | João <strong>da</strong> Palma | Joel Lira | Jorge Vicente | José Jacinto<br />

| José Ver<strong>da</strong>sca | Lauro Portugal | Lili Laranjo | Luís Filipe | Luiz Caminha | Malubarni | Maria Brás | Maria José Fraqueza | Maria Mamede<br />

| Maria Petronilho | Maria Vitória Afonso | Miraldino Carvalho | Natália Vale | Pedro Valdoy | Rosa Silva | Rosélia Martins | Silvino Potêncio |<br />

Susana Custódio | Tito Olívio | Vó Fia | Zezinha Fraqueza | … (actualizado no site)


2 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

A Joaninha<br />

Joaninha, voa,<br />

voa até Lisboa!<br />

Com asas de cor,<br />

tão giras, às pintas<br />

perfeitas com tintas<br />

de nenhum pintor,<br />

ergue-te nos ares,<br />

percorre lugares,<br />

sobrevoa quintas<br />

e rios e montes,<br />

riachos e fontes,<br />

diz do céu azul<br />

que há de norte a sul,<br />

transporta a beleza<br />

<strong>da</strong> Mãe Natureza,<br />

sem sombras de prédios,<br />

sem medos, sem tédios.<br />

Leva, quando vais,<br />

os ares dos pinhais,<br />

os cheiros campestres,<br />

os frutos silvestres.<br />

Transporta a ver<strong>da</strong>de<br />

do campo à ci<strong>da</strong>de,<br />

e leva-lhe a paz<br />

que falta lhe faz.<br />

Lauro Portugal - Lisboa<br />

Noites de Lisboa<br />

Quando a noite cai sobre a ci<strong>da</strong>de<br />

Lisboa não se que<strong>da</strong> adormeci<strong>da</strong><br />

Acende-se uma chama de sau<strong>da</strong>de<br />

Que vem <strong>da</strong>r à noite ain<strong>da</strong> mais vi<strong>da</strong>.<br />

Nos becos os velhinhos candeeiros<br />

Só se apagam na le<strong>da</strong> madruga<strong>da</strong><br />

Parecem quais eternos sinaleiros<br />

A manter Lisboa sempre acor<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Há sempre a qualquer hora nas vielas<br />

Rufias que chamam à noite sua<br />

Que são na noite escura sentinelas<br />

Ou sombras <strong>da</strong>ndo vi<strong>da</strong> à luz <strong>da</strong> Lua.<br />

A noite no tempo pula e avança<br />

Altiva com seu âmago acor<strong>da</strong>do<br />

Teimando em ficar sempre criança<br />

P'ra quem gosta de nela ouvir o fado !...<br />

Euclides Cavaco - Canadá<br />

Solidão...<br />

«A Voz do Poeta»<br />

Ó minha terra algarvia<br />

Que é <strong>da</strong> lin<strong>da</strong> plantação?<br />

Dessa flor de magia...<br />

Apenas recor<strong>da</strong>ção!<br />

Que é feito <strong>da</strong> brancura<br />

Do meu Algarve encantado?<br />

Dessa on<strong>da</strong> de ternura...<br />

Que eu via em todo o lado!<br />

Que é do manto de noivado<br />

Ó meu Algarve de sonho?<br />

Que é do teu lindo passado<br />

Do meu Algarve risonho?<br />

Alfarrobeiras, figueiras...<br />

Com seus frutos sem igual<br />

As lin<strong>da</strong>s amendoeiras<br />

Da nossa terra natal!<br />

Há arvores tradicionais<br />

Que devemos preservar<br />

Orgulho dos nossos pais<br />

Deveriam cultivar!<br />

Maria José Fraqueza - Fuzeta<br />

Todo o amor que me lavra!<br />

Na Praia temos o Facho<br />

Na Serreta há o Farol<br />

Em Angra que lindo acho<br />

O nascer do nosso sol.<br />

No horizonte distante<br />

Coroando os ilhéus<br />

Amanhece em bom semblante<br />

Dourando os belos céus.<br />

Como é bonito viver<br />

No mirante <strong>da</strong> poesia<br />

Com todo o sol <strong>da</strong> palavra.<br />

Sou feliz por perceber<br />

A paixão que doce cria<br />

Todo o amor que me lavra.<br />

Rosa Silva ("Azoriana")<br />

Aos meus Amigos:<br />

Melodia doce quero ser...<br />

Não barulho dissonante.<br />

Suave brisa que cicia...<br />

Não ven<strong>da</strong>val arrasante.<br />

Uma flor, em vossas, mãos.<br />

Doce perfume a espargir...<br />

Em vosso céu, uma estrela,<br />

luz constante a refulgir.<br />

Filomena Camacho - Londres<br />

Palavras de Bon<strong>da</strong>de<br />

Há palavras de bon<strong>da</strong>de<br />

Que até podem fazer,<br />

Mu<strong>da</strong>r a reali<strong>da</strong>de<br />

Tornando o sonho ver<strong>da</strong>de<br />

E que aju<strong>da</strong>m a viver.<br />

Porque há palavras que são<br />

O fruto do que se sente,<br />

Sendo <strong>da</strong> alma a razão<br />

Ao virem do coração<br />

São sempre parte <strong>da</strong> gente.<br />

Se acaso vemos sofrer<br />

Algum amigo ou vizinho,<br />

Sentimos bem ao dizer<br />

Algo que ajude a vencer<br />

Com palavras de carinho.<br />

Pois há palavras singelas<br />

Como água pura <strong>da</strong>s fontes,<br />

Simples mas muito belas,<br />

Que por vezes são janelas<br />

Para novos horizontes.<br />

Quando ditas com ternura<br />

Por muito humildes que sejam,<br />

Trazendo amor à mistura<br />

Dão-nos afecto e doçura,<br />

São palavras que nos beijam.<br />

A que o coração deseja<br />

Pelo valor que contem,<br />

É sempre a que mais nos beija,<br />

A doce palavra MÃE.<br />

Isidoro Cavaco - Loulé<br />

Apesar <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de pensamento e maneiras de interpretar, a essência do amor<br />

vive na alma, onde ninguém pode chegar. (Alcides Pelacani)


O Sol na minha mão<br />

Se a água é o símbolo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

É graças ao poder do Astro Rei<br />

Que a Terra aos humanos dá guari<strong>da</strong><br />

E excede muito além tudo o que sei.<br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

Será que seja o Sol fonte Divina<br />

A revelar de Deus a Majestade?<br />

Inspirando aos seres humanos a doutrina<br />

De nascer p'ra todos em igual<strong>da</strong>de.<br />

Deus à Terra o Sol <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quis <strong>da</strong>r<br />

P'ra todo o ser igual sem distinção<br />

Sem direito de alguém jamais roubar.<br />

Mas no mundo há do Sol muito ladrão.<br />

Eu quero com todos compartilhar<br />

Lustre o Sol que pousou na minha mão!<br />

Euclides Cavaco - Canadá<br />

Dizer o Amor<br />

Ao vento lancei minhas palavras<br />

Que foram dialogar com o teu silêncio<br />

Esse mesmo que em campo fértil lavras<br />

E que agora se transformaram em memórias<br />

Com o perfume inodoro do Tempo,<br />

Casa forte de nossas histórias.<br />

Nem sei o que escondi<br />

Neste meu pensar em ti!<br />

Não desistas, descobre o Céu,<br />

E, antes que seja tarde,<br />

Morde o medo, porque o frio arde.<br />

Não é ver<strong>da</strong>de que o tempo<br />

Cicatriza as mais profun<strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s<br />

De to<strong>da</strong>s as nossas vi<strong>da</strong>s?<br />

Abre as asas e deixa-te planar<br />

Em Mundo de afectos clandestinos<br />

Onde se pronuncia o verbo amar,<br />

Pois harpejam as cor<strong>da</strong>s do ser<br />

Na certeza de que força <strong>da</strong> raiz regenera<br />

To<strong>da</strong> a alma que seja sincera.<br />

Se até os sonhos estão em desordem,<br />

Quando é que saberei dizer o amor?<br />

Se o não sei hoje, amanhã será pior.<br />

João Coelho dos Santos - Lisboa<br />

Dor<br />

Passa-se um dia e outro dia<br />

À espera que passe a Dor,<br />

E a Dor não passa, e porfia,<br />

Porque atrás de um dia, outro dia<br />

Que traz Dor ain<strong>da</strong> maior;<br />

Porque embora a Dor aflita<br />

Calasse há muito seus ais,<br />

Ain<strong>da</strong>, fundo, palpita<br />

Uma outra Dor que não grita:<br />

A Dor do que não dói mais.<br />

Agostinho Moncarcho – Qtª do Conde<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr. <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 3<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

Que pena me dás, Lisboa<br />

Tristinha esta Lisboa que hoje vejo<br />

fruto de to<strong>da</strong> a crise que se arrasta<br />

e cuja sorte se tornou madrasta<br />

pintando a tons cinzentos o meu Tejo<br />

É ponto de passagem, não de estar<br />

a teia pombalina que é mais rasa<br />

onde outrora nos víamos em casa<br />

hoje erramos por ela com pesar<br />

E pelas gloriosas aveni<strong>da</strong>s<br />

em que os olhos paravam deleitados<br />

que<strong>da</strong>mo-nos agora de pasmados<br />

à vista <strong>da</strong>s pobrezas exibi<strong>da</strong>s<br />

Já nem me atrevo a subir ao Chiado<br />

por não querer mais desgostos no olhar<br />

e fico no Rossio a relembrar<br />

um tempo de Lisboa, requintado<br />

Eugénio de Sá - Sintra<br />

Para sempre!...<br />

Andei por estranhas ruas e vielas<br />

Num momento assaz desesperado.<br />

Não via sol, nem lua, nem estrelas,<br />

Como se cego fosse e malfa<strong>da</strong>do!<br />

Ia perdendo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> as coisas belas<br />

(e quase ao desamor ser condenado).<br />

Mas tu, minha luz, fizeste vê-las<br />

Como se um anjo fosses a meu lado!<br />

Então, graças a ti, eu me livrei<br />

De ser picado por uma vil serpente<br />

Disfarça<strong>da</strong>, qual fera feito gente!<br />

E o nosso amor – tu sabes e eu sei,<br />

Há-de continuar eternamente<br />

E ninguém o destrói por mais que tente!<br />

Fernando Reis Costa - Coimbra<br />

Pela Noite<br />

Entrei no teu quarto de mansinho<br />

Embrulhei-me no lençol de teu calor,<br />

Aqueci-me na fogueira desse amor<br />

Alisando a tua pele como arminho.<br />

O teu corpo tão puro como linho<br />

Enlaçava a fragrância de uma flor<br />

O luar atrevido, louco de fervor,<br />

Absorto pela noite, ficou sozinho.<br />

Desnudei-te ante a débil luz <strong>da</strong> lua,<br />

Numa sede que o desejo perpetua<br />

Em vastidão, aos olhos do prazer!...<br />

O coração vive ain<strong>da</strong> incendiado<br />

A sau<strong>da</strong>de se eterniza ao nosso lado<br />

Como sol, que jamais pode morrer!<br />

Ferdinando – Germany


4 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Heróis de Abril<br />

Deixem-me cantar Abril<br />

E evocar tal heroísmo<br />

Militar junto ao civil<br />

Que derrubou a fascismo.<br />

Prestar aos bravos meu preito<br />

Dizer-lhes: Valeu a pena<br />

<strong>Os</strong> cravos e o tema eleito<br />

Grandola Vila Morena !...<br />

Deixem-me clamar victória<br />

Às nossas Forças Arma<strong>da</strong>s<br />

Pelo seu triunfo e glória<br />

Com o povo de mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

Que a hístória jamais olvide<br />

<strong>Os</strong> militares de excelência<br />

Qu’incutiram fim à pide<br />

E à maldita prepotência...<br />

Deixem-me exaltar os bravos<br />

Do nosso Portugal novo<br />

Da Revolução dos Cravos<br />

Que trouxe justiça ao povo.<br />

Dando a Abril o sentido<br />

Com coragem e vontade<br />

De abrir com o povo unido<br />

As portas <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de !...<br />

Euclides Cavaco - Canadá<br />

Acor<strong>da</strong>, Brasil!<br />

Vamos lá, Brasil, à Praça,<br />

expor com peito e com raça<br />

nossas reivindicações!<br />

Que o brado <strong>da</strong> pátria inteira<br />

ponha um fim à roubalheira<br />

e dê um basta à ban<strong>da</strong>lheira<br />

dessa corja de ladrões!<br />

Humberto Neto - SP/BR<br />

A <strong>Poesia</strong>…<br />

No meu corpo Tatua<strong>da</strong><br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

Deixem Acontecer Meu Sonho<br />

Deixem que aconteça<br />

meu sonho amado!<br />

Aquele que em mim<br />

habita já há tantos anos.<br />

Que não soframos nós<br />

mais quaisquer <strong>da</strong>nos<br />

Por vê-lo há tantos,<br />

tantos anos, adiado.<br />

Deixem que se realize<br />

em total conforto!<br />

Que o desfrutemos em pleno,<br />

sem mais demora.<br />

Que sua realização<br />

nos bafeje hora a hora.<br />

E o vivamos encantados<br />

em nosso horto.<br />

Este meu sonho lindo,<br />

o que é, afinal?!<br />

É um segredo guar<strong>da</strong>do<br />

dentro em mim.<br />

Receio, na ver<strong>da</strong>de,<br />

ver chegar meu fim.<br />

Sem que consiga<br />

ver terminado tanto mal.<br />

Mas porque é assim<br />

este nosso mundo?!<br />

Porque razão não<br />

poderemos ser felizes?!<br />

Teremos que forçosamente<br />

ser infelizes,<br />

Afun<strong>da</strong>dos<br />

neste pélago profundo?!<br />

JGRBranquinho - Qtª <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />

Faz já um tempo que eu, no meu corpo gravei,<br />

O mais lindo poema que sobre o amor encontrei,<br />

Sem saber bem, porque uma tal coisa estava a desejar…<br />

Mas hoje, em que o tempo, as minhas poesias levou,<br />

Apenas esta, no meu corpo tatua<strong>da</strong>... me restou,<br />

E agora compreendo, porque no meu corpo, a quis gravar.<br />

Pois de tantas e tantas poesias que fui escrevendo,<br />

Algumas guardei, outras, pouco a pouco foram esquecendo,<br />

Sabendo que nenhuma delas, comigo iria levar…<br />

E que só esta poesia, que p’ra sempre junto de mim ficaria,<br />

O destino sabia, que também junto a mim ela partiria,<br />

Naquele dia, em que o meu cansado corpo, fosse a enterrar.<br />

José Carlos Primaz - Olhão <strong>da</strong> Restauração<br />

A velha escola...<br />

São sau<strong>da</strong>des que guardo no meu peito<br />

Da minha escola, onde se aprendia;<br />

O professor era símbolo de respeito<br />

E nela não reinava a rebeldia!<br />

Ardósia p’ra escrever... ia na sacola!<br />

Não havia ain<strong>da</strong> luxuosas mochilinhas<br />

E todos nós usávamos, lá na escola,<br />

Úteis cadernos de duas estreitas linhas!<br />

O “Magalhães”?... ai nem sequer pensar,<br />

A não ser o dos descobrimentos!<br />

Aprendia-se sem máquina de calcular<br />

Ou outros sofisticados instrumentos.<br />

No aprender, sentia-se o efeito<br />

Mesmo sem a actual tecnologia<br />

Que a muitos não dá grande proveito<br />

E gera mais preguiça e abulia!<br />

Fernando Reis Costa - Coimbra<br />

Teu corpo feito mar<br />

Queria apenas ser navio<br />

E naufragar no teu corpo<br />

Sou apenas este rio<br />

Que navega quase morto<br />

Maré baixa, em solidão<br />

Caminho bem devagar<br />

Passado que está o verão<br />

O inverno vai chegar<br />

Tempestade se aproxima<br />

É tarde, já é sol-posto<br />

A sombra que vem de cima<br />

Dá-me imagens do teu rosto<br />

Neste naufragar profundo<br />

Entre o verão e o Outono<br />

Navego qual vagabundo<br />

Mal acor<strong>da</strong><strong>da</strong> do sono<br />

A on<strong>da</strong> de mim se afasta<br />

Eu ganho nova maré<br />

Começar de novo basta<br />

P’ra mergulhar e ter pé<br />

Sobrevivo a tempestade<br />

Tropeço em teu navegar<br />

Vou morrendo de sau<strong>da</strong>de<br />

Do teu corpo feito mar<br />

Maria de Lurdes Brás - Alma<strong>da</strong>


Violetas<br />

Sempre que ia à rua Augusta parava,<br />

Para comprar um ramo de violetas.<br />

As mais bonitas e compostas escolhia<br />

Rapi<strong>da</strong>mente, o belo raminho adquiria<br />

Flores magníficas que minha Mãe adorava,<br />

Ao voltar para casa as violetas lhe trazia,<br />

Era um miminho que muito apreciava,<br />

O seu rosto iluminava com esta alegria.<br />

Ia colocá-las numa jarrinha alegremente.<br />

Eu ficava observando com muito carinho,<br />

Por quanto tempo é que teria esta ventura.<br />

As belas violetas esmaeceram tristemente,<br />

A minha Mãe deixou de existir, infelizmente,<br />

Não lhe poderei mais oferecer esta ternura.<br />

Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />

Indecisão<br />

Meus sentimentos indecisos<br />

Saltitam na leveza do ser<br />

Como uma ave sem asas<br />

Preso na atmosfera irreal<br />

São pingos de luz<br />

Que brincam na inocência<br />

Na fragili<strong>da</strong>de de um sentimento<br />

Por caminhos de cetim<br />

Meus pensamentos<br />

Deslizam por campos estranhos<br />

Por entre o sorriso de uma estrela<br />

Me saú<strong>da</strong> para a eterni<strong>da</strong>de<br />

Eterni<strong>da</strong>de de uma alma<br />

Por vezes perdi<strong>da</strong><br />

No cosmos cintilante<br />

No sorriso de Deus<br />

Só sei o que sou<br />

Por entre as brumas<br />

Do cosmos celestial<br />

Por caminhos do silêncio…<br />

Pedro Valdoy - Lisboa<br />

“A balança”<br />

A balança é um tesouro<br />

Dois pesos iguais sustenta<br />

Quer na prata quer no ouro<br />

É leal não fraudulenta…<br />

Ao pesar nunca há engano<br />

Seus pratos estão lado a lado<br />

Seu peso não é tirano<br />

É um peso equilibrado…<br />

An<strong>da</strong> sempre num vaivém<br />

O balançar <strong>da</strong> balança<br />

Quando ele pára, porém<br />

É que temos confiança…<br />

Maria Eugénia – A balança<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 5<br />

«Retalhos Poéticos»<br />

A Palavra...<br />

Palavra! Furacão que nos sacoleja,<br />

fogo que incendeia, rio que lava, perfume embriagador,<br />

imensidão que faz crescer, duvi<strong>da</strong>r, discernir<br />

e entender o mundo ao redor!<br />

Somos a Mora<strong>da</strong> <strong>da</strong> Palavra!<br />

Que nos leva à percepção <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de,<br />

onde vivenciamos experiências<br />

<strong>da</strong>s quais extraímos aprendizagem...<br />

É através <strong>da</strong> linguagem que o imaginário<br />

se eleva ao extremo e torna-se magia poética.<br />

O Poeta, seu veículo máximo,<br />

cria sensações, intenções,<br />

numa representação que exprime<br />

diferentes significados para ca<strong>da</strong> um de nós...<br />

A <strong>Poesia</strong>, leva a imaginação à beira do precipício<br />

de uma alucinação de regozijo, admiração e beleza...<br />

Com Palavras... aprendemos a Pensar...<br />

O que "nos possibilita criar nossa existência no Ser..."<br />

Indiferença<br />

Nídia Vargas Potsch @Mensageir@ - RJ/BR<br />

Em vão te procurei por to<strong>da</strong> a parte...<br />

Meus olhos ansiavam de te ver...<br />

Meu peito era uma rubra chama a arder:<br />

– Anseio de meu corpo em desejar-te!<br />

O que mais fiz, na vi<strong>da</strong>, foi sonhar-te...<br />

Meus braços, só os teus q´riam prender...<br />

Eras aquela que eu, mais q´ria ter:<br />

– Razão <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> em procurar-te!<br />

Achei-te enfim, porém, tarde demais...<br />

A chama desse amor não arde mais...<br />

O anseio de te ter já não existe!<br />

A quem te queiras <strong>da</strong>r, pouco me importa...<br />

– E se um dia te abrir a minha porta,<br />

É porque tenho a sina de ser triste!<br />

Aurélio Barata Vivas – Pampilhosa <strong>da</strong> Serra<br />

A Voz <strong>da</strong> Primavera<br />

Já vão partindo as noites invernosas,<br />

<strong>Os</strong> dias tristes de humores enevoados,<br />

Degelam as correntes, cau<strong>da</strong>losas,<br />

Furam a terra os brotos encubados.<br />

Regressam andorinhas migratórias,<br />

<strong>Os</strong> céus revestem mantos de esplendor,<br />

Ao Pai Celeste sobem oratórias,<br />

Das aves em seus cantos de louvor!<br />

É a nova Primavera a despontar,<br />

Que, sem palavras, vem pra nos dizer,<br />

Da natureza, o eterno renovar,<br />

Que <strong>da</strong> aparente morte há renascer!<br />

Ouça-se dela a fala <strong>da</strong> razão!<br />

- Que a morte é só… <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> uma estação!<br />

Carmo Vasconcelos - Lisboa/Portugal


6 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Primavera e Juventude<br />

Primavera e juventude<br />

são pareci<strong>da</strong>s, não iguais<br />

vai e volta a primavera<br />

a juventude nunca mais<br />

Há muita coisa na vi<strong>da</strong><br />

que a mim nunca ilude<br />

ao dizer que é igual<br />

primavera e juventude<br />

Nem tudo o que ouço acredito<br />

e ouço tantas coisas mais<br />

jventude e primavera<br />

são pareci<strong>da</strong>s, não iguais<br />

Que este poema termine<br />

já vejo alguem á espera<br />

para me ouvir dizer<br />

vai e volta a primavera<br />

Mas uma coisa é ver<strong>da</strong>de<br />

que não contesto jamais<br />

a primavera essa volta<br />

a juventude nunca mais.<br />

Chico Bento - Dällikon- zurique - Suíça<br />

Amor occisivo<br />

Amor, ódio, sentimentos arrogantes<br />

Em mim flutuantes<br />

Segredos de uma vi<strong>da</strong><br />

Para nós perdi<strong>da</strong>...<br />

Abjurar o amor<br />

É como um filme de terror.<br />

Subsistem os fantasmas<br />

E as almas pena<strong>da</strong>s.<br />

Assombrando, atormentando<br />

Na distanásia porfiando.<br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

Não posso lutar com o destino<br />

Sei que é confronto perdido.<br />

Não consigo enfrentar esse poder misterioso<br />

Contumaz e poderoso!<br />

Nem nas trevas ou no paraíso<br />

Há cura para o amor que occisa.<br />

Que porfende queimando<br />

Como ácido sulfúrico e me torna atónico!<br />

Preferia não mais acor<strong>da</strong>r<br />

Até a devastidão terminar.<br />

Prossigo to<strong>da</strong>via nesta estra<strong>da</strong><br />

De sonhos prostrados onde nunca ninguém ganha!<br />

Só me resta a memória<br />

Enleva<strong>da</strong> nas asas mágicas <strong>da</strong> recor<strong>da</strong>ção<br />

Que me restitui sem condição<br />

Aos nossos momentos de glória!<br />

Quando precisares de silêncio<br />

Para pensares em alguém<br />

Lembra-te que há alguém<br />

Que em ti pensa em silêncio!<br />

Carmindo Carvalho - Suíça<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

Adeus alegria<br />

Alegria, grande amor que embalas o pensamento<br />

Viveste comigo através de nações e continentes<br />

Trabalho <strong>da</strong> mina foste pão; o meu entretimento<br />

Foste minha poesia, matavas dor, em acidentes<br />

I<strong>da</strong>de chegou, a dor afastou minha musa poética<br />

Alegria, era o timoneiro, que encantava meu mar<br />

Punha amor e filhos em linha; escola doméstica<br />

Era amor, ar risonho que me fazia amar e cantar<br />

Hoje; noites em claro, a tristeza não deixa dormir<br />

O céu tem menos estrelas, tem menos luz o luar<br />

Tantas vezes ain<strong>da</strong> esforço de mm cândido sorrir<br />

Estendo meus braços com ímpeto, a esposa abraçar<br />

Sei que é a i<strong>da</strong>de que deixa minha alegria se esvair<br />

Alegria se esvai com a i<strong>da</strong>de; sem a poder agarrar<br />

Armando Sousa - Toronto Ontário Cana<strong>da</strong><br />

Mensageiro <strong>da</strong> Esperança<br />

Afastei-me de Jesus, por ínvios caminhos<br />

julgando-me indigna de Seu divino amor!<br />

Desprezei o santo dom <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, os carinhos<br />

de quem me ama! - Preferindo mágoa e rancor!<br />

O filho do Criador, mandou mensageiros<br />

tentou de várias formas, chamar-me á razão!<br />

Amigos, amores, rivais e companheiros:<br />

A todos repeli, por teimosa obsessão!<br />

Um a um por várias causas, foram partindo<br />

na maré <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, morte, doença, até...<br />

ou pelo meu menosprezo e desconfiança...<br />

Mas Jesus não desistiu. - E foi persistindo,<br />

para eu aprender com dor! - Renovou minha fé,<br />

enviou-me o seu Mensageiro <strong>da</strong> Esperança!<br />

Arlete Pie<strong>da</strong>de - Santarém<br />

Felici<strong>da</strong>de<br />

Ser feliz<br />

o que é?...<br />

Como se consegue?...<br />

é o abraçar a vi<strong>da</strong>…<br />

Com loucura e amor…<br />

Amor…<br />

Que constantemente…<br />

Nos bate à porta…<br />

E surge…<br />

No sorriso dos filhos…<br />

No chilrear dos passarinhos…<br />

No desabrochar de uma flor…<br />

No sorriso de uma criança…<br />

Que nos puxa pela saia…<br />

E que nos diz baixinho…<br />

Gosto de ti…<br />

Ser feliz…<br />

É saber estar…<br />

Rodearmo-nos de gente…<br />

E sabermos, sempre sorrir…<br />

Mesmo… quando apetece chorar!…<br />

Lili Laranjo - Aveiro


A Bela Inês de Castro<br />

(nos 650 anos <strong>da</strong> sua morte trágica)<br />

Mote<br />

Uma grande paixão a traz insatisfeita.<br />

Sente-se injusta e má sentindo aquele amor.<br />

Decide extermina-lo à hora em que se deita,<br />

E quando acor<strong>da</strong> vê, que é ca<strong>da</strong> vez maior.<br />

(Carlos Aguiar de Loureiro)<br />

Glosa<br />

Inês sente-se triste e vai rezar um dia<br />

A Santa Clara, e lá ninguém, de si, suspeita...<br />

Eis a causa real <strong>da</strong> sua nostalgia:<br />

“Uma grande paixão a traz insatisfeita.”<br />

Tricanas de Coimbra ao vê-la pensativa<br />

Emudecem seu canto no Choupal em flor...<br />

Inês presa a D. Pedro, e sem meio de esquiva,<br />

“Sente-se injusta e má sentindo aquele amor!”<br />

Faz orações contínuas a <strong>da</strong>ma de Constança,<br />

E traí-la não quer, pois isso não aceita.<br />

Mas por que o afecto cresce e dia a dia avança,<br />

“Decide extermina-lo à hora em que se deita.”<br />

D. Pedro, enamorado, conta-lhe o que sente...<br />

Ela já vê tragédia... um fim de luta e dor.<br />

Seus sonhos são delírios... desse amor fluente,<br />

“E quando acor<strong>da</strong> vê... que é ca<strong>da</strong> vez maior.”<br />

Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis<br />

Quando não tenhas à mão<br />

Mote<br />

Quando não tenhas à mão<br />

Outro livro mais distinto,<br />

Lê estes versos que são<br />

Filhos <strong>da</strong>s mágoas que sinto .<br />

(António Aleixo)<br />

Glosa<br />

"Quando não tenhas à mão"<br />

Um livro mais a teu jeito,<br />

Lê obras de Salomão<br />

Que era um Homem de respeito.<br />

Podes ler, a qualquer hora,<br />

"Outro livro mais distinto;"<br />

O <strong>da</strong> Bíblia: "Luz <strong>da</strong> Aurora!,<br />

O mais lido, se não minto.<br />

Lê Camões com atenção,<br />

Cruz e Sousa, António Nobre;<br />

"Lê estes versos que são"<br />

"Lembranças"duma alma pobre.<br />

São quadras de sentimento,<br />

Da vi<strong>da</strong> como a pressinto;<br />

Muito simples, sem alento,<br />

"Filhos <strong>da</strong>s mágoas que sinto."<br />

Clarisse B. Sanches – Vila de Góis<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 7<br />

Confrade desta Edição «Clarisse Barata Sanches - Góis»<br />

Uma mosca sem valor<br />

Mote<br />

Uma mosca sem valor<br />

Poisa, co’ a mesma alegria,<br />

Na careca de um Doutor<br />

Como em qualquer porcaria.<br />

(António Aleixo)<br />

Glosa<br />

“Uma mosca sem valor”<br />

Sendo, até, tão pequenina,<br />

Por ninguém sente rancor,<br />

E é uma gentil <strong>da</strong>nçarina...<br />

Viram já que, na folgança,<br />

“Poisa, co’a mesma alegria”<br />

No velhinho e na criança,<br />

Que nem gostam <strong>da</strong> folia...<br />

Beija todos com fervor,<br />

Vê-se, até, num pergaminho...<br />

“Na careca de um Doutor”<br />

E na mão de um pobrezinho.<br />

É como a sina <strong>da</strong> gente,<br />

A cair, sem teoria...<br />

Numa vi<strong>da</strong> aurifulgente,<br />

“Como em qualquer porcaria”.<br />

Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis<br />

Como a morte é um segredo<br />

Mote<br />

Como a morte é um segredo,<br />

Quem sabe lá se, por sorte,<br />

<strong>Os</strong> mortos têm mais medo<br />

Da Vi<strong>da</strong> que nós <strong>da</strong> morte.<br />

(António Aleixo)<br />

Glosa<br />

“Como a morte é um segredo,”<br />

Que nos pode perturbar;<br />

Ninguém quer que seja cedo<br />

Que ele se vá desven<strong>da</strong>r.<br />

Sendo a alma quem nos guia,<br />

“Quem sabe lá se, por sorte,”<br />

Na mente que a alma cria<br />

Há um bem que nos conforte?<br />

Lembra-nos ela um degredo,<br />

Mas diz-se, também, ain<strong>da</strong>:<br />

“<strong>Os</strong> mortos têm mais medo”<br />

Que ela não esteja fin<strong>da</strong>.<br />

Há quem diga e também creio,<br />

Que eles lá num outro norte,<br />

Têm muito mais receio<br />

“Da vi<strong>da</strong> que nós <strong>da</strong> morte.”<br />

Clarisse Barata Sanches - Vila de Góis


8 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

A Vi<strong>da</strong> é Bela<br />

Quando a vi<strong>da</strong> é tão bela<br />

É bom saber vivê-la<br />

Melhor saber mercê-la<br />

E nunca <strong>da</strong>r cabo dela<br />

Que a vi<strong>da</strong> é tão lin<strong>da</strong><br />

É sempre bem vin<strong>da</strong><br />

E a saúde com ela<br />

É binómio de satisfação<br />

Para viver com paixão<br />

É preciso certa tabela.<br />

Viver com idonei<strong>da</strong>de<br />

Com amor e carinho<br />

Nunca saindo do caminho<br />

Que segue a leal<strong>da</strong>de<br />

Viver ver<strong>da</strong>deiramente<br />

É viver honestamente<br />

Sempre com humil<strong>da</strong>de<br />

Só assim a vi<strong>da</strong> é bela<br />

Sem qualquer sequela<br />

Será a grande reali<strong>da</strong>de.<br />

Viver com consciência<br />

Com o dever cumprido<br />

Como por todos é sabido<br />

Deve haver paciência<br />

E grande integri<strong>da</strong>de<br />

Com rigor e honesti<strong>da</strong>de<br />

Com muita inteligência<br />

Mas para a vi<strong>da</strong> ser bela<br />

Tem que se fazer por ela<br />

Com valores e sapiência.<br />

Deo<strong>da</strong>to António Paias - Lagoa<br />

Tempestade e Bonança<br />

Tem a vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> ser humano<br />

Momentos de amargura e de tristeza<br />

De grande confusão e desengano<br />

De total insegurança e incerteza<br />

É como se o mar se levantasse<br />

Em on<strong>da</strong>s desmedi<strong>da</strong>s, alterosas<br />

E a nossa velha nau despe<strong>da</strong>çasse<br />

Contra as rochas negras temerosas<br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

Mas como não há mal que nunca acabe<br />

E como não perdemos a esperança<br />

A vi<strong>da</strong> dá uma volta, e que bem sabe<br />

Voltamos a encontrar a confiança<br />

Então o mar acalma e o vento cessa<br />

A velha nau desfral<strong>da</strong> as suas velas<br />

Nova vi<strong>da</strong> risonha recomeça<br />

E temos alegrias pararelas<br />

Quiseramos nós todos navegar<br />

Nessa nave bela e prazenteira<br />

Olhar o horizonte circular<br />

Perder a nossa vista nesse mar<br />

E sonhar com a paz a vi<strong>da</strong> inteira<br />

Fernando Marçal - Vi.N. de Foz Coa<br />

Assim...<br />

Assim,<br />

Sem uma flor...<br />

- Que direi dos gestos do mar<br />

Quando me viu partir?<br />

Assim,<br />

Sem o aroma <strong>da</strong> maresia,<br />

Sem o murmúrio <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s...<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

- Que direi dos abraços que me deram?<br />

Assim,<br />

Sem o amor <strong>da</strong>s andorinhas,<br />

Aquelas que poisavam no peitoril <strong>da</strong> janela<br />

E me <strong>da</strong>vam bons dias...<br />

Assim,<br />

Sem rochas escarpa<strong>da</strong>s à volta de mim...<br />

Assim...<br />

Man<strong>da</strong>-me uma semente de girassol!...<br />

Cremilde Vieira <strong>da</strong> Cruz - Lisboa<br />

Mãos<br />

Ó mãos perfeitas<br />

guia<strong>da</strong>s pelo desejo<br />

e pela dor<br />

<strong>da</strong> parti<strong>da</strong> iminente<br />

dessas mãos<br />

em brasa<br />

subitamente<br />

saiu todo o amor<br />

que te deu o rumo<br />

o pão, a casa<br />

que de ti fizeram<br />

essa asa<br />

que ficou a voar<br />

pelo sol-pôr!...<br />

Maria Mamede - Porto<br />

Amigos inseparáveis…<br />

Mães Especiais<br />

Nos longos vãos dos corredores, ou nos bancos<br />

lá <strong>da</strong> AACD, mães fatiga<strong>da</strong>s, mas serenas,<br />

ao peito arrimam, sejam claras ou morenas,<br />

míseros filhos, mutilados, tortos, mancos!<br />

Precoces rugas pela face... Alguns fios brancos<br />

entre os cabelos, não refletem mais que amenas<br />

e leves provas ante as mu<strong>da</strong>s e árduas penas<br />

de ver um filho se arrastando aos solavancos!<br />

Mas em nenhuma, cujo filho é a inglória palma,<br />

a gente nota um leve ar de oculto pranto,<br />

mesmo um gemido a perturbar-lhe a altiva calma!<br />

É que aos pequenos deficientes Deus quer tanto.<br />

que os não confia a quem não traga dentro d'alma<br />

o amor sem termo que há num mártir ou num santo!<br />

Humberto Rodrigues Neto – SP/BR<br />

Vem ao sabor do vento<br />

Ai, Amor! Vem com o Vento!<br />

Vires de longe, não te entendo!<br />

Não sei se pensas no Bento<br />

Se é esse teu pensamento<br />

Aos pouquinhos compreendo!<br />

Voa, voa, que eu espero!<br />

Esperar é um meu dom!<br />

To<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> te esperei<br />

Mas nunca te encontrei<br />

Nem tão pouco ouvi teu som!<br />

Se alguma vez te beijar<br />

Quero que seja a valer!<br />

<strong>Os</strong> meus beijos são suaves<br />

Voam mais que o vou <strong>da</strong>s aves<br />

E não fazem estremecer!<br />

Dizem que é fácil sonhar<br />

Há sonhos maravilhosos!<br />

Quer o homem ou mulher<br />

Nunca sonha quando quer<br />

Mas têm sonhos airosos!<br />

Bento Laneiro – Amadora<br />

<strong>Os</strong> livros ficaram em casa<br />

E eu; parti sozinho.<br />

Senti a falta de estar acompanhado<br />

Mas esqueci dos meus amigos!<br />

Pois! <strong>Os</strong> meus livros não podiam ser lidos<br />

E eu; não os podia ler.<br />

Estávamos longe um do outro<br />

E com sau<strong>da</strong>des de nos voltarmos a encontrar<br />

E nunca mais nos separamos.<br />

Naquele instante fiquei ali a pensar<br />

Afinal!<br />

Livros sem leitores ou leitores sem livros<br />

Não são na<strong>da</strong> um sem o outro<br />

E não se podem separar<br />

Mas unirem-se mutuamente.<br />

Assim; não haverá solidão<br />

E temos a liber<strong>da</strong>de de desafogar<br />

Com um amigo sincero e explícito.<br />

Quelhas - Suíça


Misteriosa Canção<br />

Refém é esse vento que sustem<br />

o manto amante do canto e <strong>da</strong>nça<br />

que nesse templo do esquecimento<br />

nos fez a ambos amados entes.<br />

Mas foi transposta a sombra e o monte,<br />

deixando que a tarde se desse ao alarde<br />

do Sol a pôr-se - bom nome com som<br />

que pelo tom diz que a dor aguarde...<br />

O Sol a pôr-se e veio a noite<br />

para amarmos aqui e além<br />

no entendimento desse unguento<br />

que nos trouxe o encantamento.<br />

Até chegar a madruga<strong>da</strong><br />

que é o enigma e paradigma<br />

do chão salgado p´lo nosso amor<br />

- grande segredo, assim selado.<br />

Efigênia Coutinho – Balneário Camboriú/BR<br />

A Vi<strong>da</strong> Que Quero Levar<br />

Trabalho durante o dia<br />

á noite é chapa lambi<strong>da</strong><br />

vou assim vivendo a vi<strong>da</strong><br />

com uma enorme alegria<br />

Ninguém se irá gozar<br />

<strong>da</strong>quilo que eu ganhei<br />

se com suor trabalhei<br />

com alegria vou gastar<br />

Depois quando eu morrer<br />

na<strong>da</strong> aqui irei deixar<br />

se não o posso levar<br />

quero tudo derreter<br />

Mais tarde, no campo santo<br />

a quem eu dever dinheiro<br />

pode chamar-me caloteiro<br />

que vou rir-me tanto tanto<br />

Refrão<br />

Depois de vi<strong>da</strong> penosa<br />

há muitos que ao morrer<br />

deixam dinheiro para viver<br />

á sua queri<strong>da</strong> esposa<br />

E a alegre viuvinha<br />

com o mealheiro querido<br />

arranja outro marido<br />

para gastar a massinha.<br />

Chico Bento<br />

Dällikon - Zurique - Suíça<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 9<br />

“Cantinho Poético”<br />

Paixão e Sau<strong>da</strong>de<br />

Foste amor foste loucura,<br />

Dor, tormento, f’lici<strong>da</strong>de,<br />

Foste o perto e a lonjura,<br />

Paixão, carinho, ternura,<br />

Contentamento e sau<strong>da</strong>de.<br />

E agora por culpa tua<br />

Nosso sonho terminou,<br />

Deixaste a minha alma nua<br />

Abandona<strong>da</strong> na rua,<br />

Na sau<strong>da</strong>de que ficou.<br />

Mataste este amor perfeito,<br />

E os beijos de paixão,<br />

Que num abraço estreito<br />

Faziam que no meu peito,<br />

Batesse o teu coração.<br />

Pedes para devolver<br />

Tudo quanto era teu,<br />

E dizes p’ra te esquecer,<br />

E para não te escrever,<br />

Porque o nosso amor morreu.<br />

As cartas que me escreveste,<br />

E o resto, te vou man<strong>da</strong>r;<br />

Mas os beijos que me deste,<br />

E os carinhos que fizeste,<br />

Já não mos podes tirar.<br />

Isidoro Cavaco<br />

Loulé<br />

Chove...Chuva...<br />

O tempo fechado promete chuva<br />

Trovões batem seus bumbos<br />

Coriscos coruscantes nas nuvens<br />

E a água desce parecendo grumos.<br />

Ao cair a água bendita se transforma<br />

Dependendo de onde cai<br />

Escorre molha e desenhos forma<br />

Flores gela<strong>da</strong>s frutas colori<strong>da</strong>s e...Vai.<br />

As gotas se agarram sem despencar<br />

Em galhos verdes folhas e uvas<br />

È tanta beleza que não se pode reclamar<br />

Porque molha refresca desenha ...È a chuva.<br />

No final na grande apoteose<br />

As gotas se retorcem <strong>da</strong>nçam<br />

E a terra suga to<strong>da</strong>s em osmose<br />

E um colorido arco íris fecha a festança.<br />

Maria Apareci<strong>da</strong> Felicori {Vó Fia}<br />

Nepomuceno Minas Gerais Brasil<br />

Quando a tristeza chega<br />

Quando a tristeza chega<br />

E não diz quando quer partir<br />

Porque ain<strong>da</strong> não encontrou saí<strong>da</strong>…<br />

Acomo<strong>da</strong>-se e permanece<br />

Inun<strong>da</strong> o ar que respiro<br />

E abre as feri<strong>da</strong>s…<br />

E não me deixa usar os lábios e sentir…<br />

Não quer aquecer o leito<br />

Que preza o meu corpo<br />

Nem diluir a mágoa<br />

Que deturpa a minha imagem<br />

E aumenta a minha angústia<br />

Dotando-me de momentos de cobardia…<br />

Não sei rir, nem chorar<br />

Preciso de alguém que me ensine a respirar<br />

Porque sufoco e tenho dor<br />

E necessito um sentimento com calor…<br />

Ana Alves - Melgaço<br />

Vi<br />

Vi nos teus olhos sinais de tristeza<br />

nos lábios secos a cor <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de<br />

no pálido rosto alguma incerteza<br />

e rugas minando-te a moci<strong>da</strong>de<br />

Vi no teu corpo engor<strong>da</strong>r a fraqueza<br />

nas roupas minguar a antiga vai<strong>da</strong>de<br />

nas palmas <strong>da</strong>s mãos crescer a pobreza<br />

com nacos de pão <strong>da</strong> mendici<strong>da</strong>de<br />

Vi, p’lo an<strong>da</strong>r, que te foge a i<strong>da</strong>de<br />

por ruelas sujas onde a nobreza<br />

usa o capote <strong>da</strong> imorali<strong>da</strong>de<br />

e onde se encontra, com to<strong>da</strong> a certeza<br />

a grande montra <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong>de<br />

expondo um governo que te despreza<br />

Abgalvão – Fernão Ferro


10 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Ser Poeta<br />

Ser poeta é sentir<br />

As palavras que escreveu<br />

Ser poeta é recor<strong>da</strong>r<br />

<strong>Os</strong> momentos que viveu<br />

A poesia é cultura<br />

Faz parte do talento<br />

Escrita com sentimento<br />

Senti<strong>da</strong> com alma pura<br />

Se dita com amargura<br />

Quando está a transmitir<br />

Para quem gosta de ouvir<br />

E a saiba apreciar<br />

É um meio de comunicar<br />

Ser poeta é sentir<br />

Poetas bem conhecidos<br />

Deixaram recor<strong>da</strong>ções<br />

<strong>Os</strong> Lusía<strong>da</strong>s de Camões<br />

Foi o mais distinguido<br />

Por isso não é esquecido<br />

Da época que viveu<br />

No ano que faleceu<br />

Ficou a sua herança<br />

Para todos a lembrança<br />

As palavras que escreveu<br />

Há muitos poetas que são<br />

Muito pouco conhecidos<br />

Partilham os mesmos sentidos<br />

Com a sua emoção<br />

Faz parte <strong>da</strong> vocação<br />

Muito nos faz lembrar<br />

Também faz despertar<br />

Algo que está esquecido<br />

Daquilo que foi vivido<br />

Ser poeta é recor<strong>da</strong>r<br />

O poema faz lembrar<br />

O sentimento de alguém<br />

Do mal e do bem<br />

Tudo nos faz recor<strong>da</strong>r<br />

Também nos faz meditar<br />

Algo que se viveu<br />

Até quando se perdeu<br />

O que na vi<strong>da</strong> é sagrado<br />

Para muitos um ditado<br />

<strong>Os</strong> momentos que viveu<br />

Miraldino Carvalho - Corroios<br />

Dia solarento<br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

Esperança?<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

No primeiro dia do ano<br />

Abro a janela de par em par.<br />

O nevoeiro é tanto<br />

Que começo a imaginar:<br />

O Mundo não acabou!<br />

Vamos começa-lo de novo<br />

Aproveitar o recém-nascido.<br />

Fazê-lo crescer com amor,<br />

Tudo o que esta palavra encerra<br />

Pôr ponto final na guerra.<br />

Dar-lhe sabedoria, educação<br />

Mostrar-lhe o caminho pela mão,<br />

Com força, vigor e saúde<br />

Fazer <strong>da</strong> amizade uma virtude.<br />

É de pequenino que se torce o pepino!<br />

O ano que agora nasceu<br />

Apesar do denso nevoeiro<br />

Vai ter dias de sol e céu azul,<br />

Primavera, Verão e Outono<br />

Não esquecendo os dias agrestes.<br />

Vamos aproveitar a bonança<br />

Dar as mãos e caminhar<br />

Pela estra<strong>da</strong> que nos é aberta.<br />

Avancemos com alma e confiança<br />

Fazendo deste ano um ano de esperança.<br />

Carlos Cardoso Luís – Lisboa<br />

Ilusões…<br />

Na beleza do teu olhar,<br />

sorri o meu desejo de te amar,<br />

mas não deixo de ter a tua mão brilhando,<br />

que me acaricia ao despertar,<br />

deste sonho que me envolve,<br />

nos braços de ti amante,<br />

que me deixa sobrevoar.<br />

Neste mundo universal,<br />

em que o amor se põe,<br />

pela manhã.<br />

Fernan<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de – Ven<strong>da</strong> do Pinheiro<br />

Das algas fiz meu berço…<br />

As gaivotas vêm comer à minha mão<br />

<strong>Os</strong> versos que fechei no coração<br />

São pirilampos com luz <strong>da</strong> inspiração…<br />

A minha caminha<strong>da</strong> é triste e longa<br />

O tempo partiu o sonho…<br />

Só, abraço a solidão<br />

Na alma trago um frio medonho<br />

Ilusões do reino <strong>da</strong> ausência<br />

Escondi-as no sopro duma flor…<br />

Cavalgo em nuvens desfeitas<br />

Meu sofrimento tem asas perfeitas<br />

Meus beijos são algemas…<br />

Entre as lágrimas mais ricas e gémeas<br />

Meu riso não tem luas de esperança<br />

Não me lembro do meu sol de criança…<br />

Minhas ilusões, feitas de cinzas mansas,<br />

Incendiaram as minhas esperanças…<br />

As quimeras de amor voaram<br />

Como as aves que o bosque abandonaram!!!<br />

Luís Filipe N. Fernandes - Amora<br />

Envelheço<br />

Meu Portugal<br />

Meu Portugal pequenino<br />

Mas em i<strong>da</strong>de já velho,<br />

Tens tanta fé no destino<br />

Vives sem pedir conselho!<br />

Tens filhos que muito te amam,<br />

Outros que de ti se riem<br />

São estes que reclamam,<br />

Um patriotismo que fingem!<br />

Vendem-te a troco de luxo<br />

Para seu próprio prazer,<br />

Sentido nas veias o fluxo<br />

E a ganância do poder!<br />

São tais as atroci<strong>da</strong>des<br />

Com que esses seres te devoram,<br />

Que inventam falsas "ver<strong>da</strong>des"<br />

De cadência como choram!<br />

Regina Pereira - Amora<br />

Cantam os Poetas<br />

Cantam os poetas...a ternura<br />

Cantam os poetas...a doçura<br />

Cantam os poetas...a moci<strong>da</strong>de<br />

Cantam os poetas...os amores<br />

Cantam os poetas...as crianças<br />

Cantam os poetas...as esperanças<br />

Cantam os poetas...as ilusões<br />

Cantam os poetas...os sonhos<br />

Cantam os poetas...as canções<br />

Cantam os poetas...a natureza<br />

Cantam os poetas...os animais<br />

Cantam os poetas...a beleza<br />

Cantam os poetas...as flores<br />

Cantam os poetas...as cores<br />

Cantam os poetas...a música<br />

Cantam os poetas...a amizade<br />

Cantam os poetas...a sau<strong>da</strong>de<br />

Cantam os poetas...a ordem<br />

Cantam os poetas...a paz<br />

Cantam os poetas...a mentira<br />

Cantam os poetas...a ver<strong>da</strong>de<br />

Cantam os poetas...a dor<br />

Cantam os poetas...a vi<strong>da</strong><br />

Cantam os poetas...os silêncios<br />

Cantam os poetas...as políticas<br />

Cantam os poetas...as críticas<br />

Cantam os poetas...as tristezas<br />

Cantam os poetas...as incertezas<br />

Cantam os poetas...as dificul<strong>da</strong>des<br />

Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />

Envelheço<br />

Quando perco a ilusão.<br />

O sorriso de uma criança,<br />

Não me enternece o coração,<br />

A lua não me inspira poemas,<br />

As estrelas não fazem meus olhos brilharem,<br />

Independente de minha i<strong>da</strong>de.<br />

Isabel Silva Vargas - Rio Grande do Sul /Br


«<strong>Confrades</strong>»<br />

Amar mais Este e Aquele, o Outro…<br />

Ninguém te pede contas se fizeres<br />

Várias vezes amor com homens vários,<br />

Mas amas “Este e Aquele, o Outro…”, e queres<br />

Que os vizinhos não façam comentários?<br />

Repara, queri<strong>da</strong> Flor, que até referes<br />

“Aqui… além…” Que importam os cenários?<br />

“Amar e não amar” Josés ou Mários<br />

Te põe assim no rol <strong>da</strong>s “tais” mulheres.<br />

Tiveste azar, viveste em <strong>da</strong>ta erra<strong>da</strong>.<br />

Hoje não há para moça que namora<br />

Com dois ou três qualquer impedimento.<br />

Até te digo: quanto mais “ro<strong>da</strong><strong>da</strong>”<br />

Ela estiver, tanto melhor agora,<br />

Mais facilmente arranja casamento.<br />

Lauro Portugal - Lisboa<br />

O Tempo e a I<strong>da</strong>de<br />

Conto espantado o tempo passado.<br />

No futuro que contarei?<br />

Não sei.<br />

Sei que tempo já passou;<br />

Não sei quanto passará.<br />

Se soubesse quanto de vi<strong>da</strong> terei<br />

Saberia, com ver<strong>da</strong>de,<br />

A minha i<strong>da</strong>de.<br />

Assim, não sei.<br />

Mas que importa trovador?<br />

Vive e canta, prova a dor.<br />

Sonha sonhos floridos,<br />

Sente todos os sentidos,<br />

Solta canções ao vento,<br />

Melodias às estrelas,<br />

Versos do pensamento.<br />

Trova, trova, trovador,<br />

Entoa hinos com alegria e ver<strong>da</strong>de<br />

Ao Amor, à Paz, à fraterni<strong>da</strong>de,<br />

E o Mundo será melhor.<br />

Para quê, para quê, saber a i<strong>da</strong>de?<br />

João Coelho dos Santos - Lisboa<br />

Alentejo<br />

Eu faço quadras em terra<br />

Também as faço no mar<br />

Umas são feitas a rir<br />

E outras feitas a chorar.<br />

Silvais - Évora<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 11<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />

(Desde 08 de Março de 1857)<br />

Dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />

Em oito de Março celebrado<br />

Ca<strong>da</strong> um pense o que quiser<br />

Mas merece ser comemorado.<br />

É um dia histórico de ver<strong>da</strong>de<br />

Foi um dia de greve marcado<br />

Luta <strong>da</strong> mulher pela liber<strong>da</strong>de<br />

Nas fábricas de trabalho forçado.<br />

Dia comemorado anualmente<br />

Para as conquistas recor<strong>da</strong>r<br />

Data <strong>da</strong> luta simplesmente<br />

Que elas conseguiram mu<strong>da</strong>r.<br />

Merecem de nós homenagem<br />

Esposas e mães dos nossos filhos<br />

Vamos-lhe prestar vassalagem<br />

E esquecer se houver sarilhos.<br />

Elas têm beleza na aparência<br />

Deixam os homens abasbacados<br />

São um tipo de substância<br />

Que os deixam descontrolados.<br />

A mulher domina a gente<br />

Domina o sábio e o idiota<br />

A mulher é muito inteligente<br />

A qualquer homem dá a volta.<br />

Merece muita estima e respeito<br />

É bom que assim se enten<strong>da</strong><br />

Amigo ponha a carteira a jeito<br />

Amanhã ofereça uma pren<strong>da</strong>.<br />

Deo<strong>da</strong>to António Paias - Lagoa<br />

Fénix<br />

Quem queimou e enlutou o meu jardim ?<br />

Quem exauriu os pobres jardineiros<br />

E na avidez avara dos dinheiros<br />

Ao verde <strong>da</strong> paisagem pôs um fim ?<br />

Quem é que nos engana e mente assim<br />

Prometendo-nos flores de mil canteiros :<br />

Nardos, lírios, roseiras e craveiros<br />

Mas só vai semeando erva ruim ?<br />

<strong>Os</strong> jardineiros em breve acor<strong>da</strong>rão.<br />

Da cinza e <strong>da</strong> vontade farão estrume<br />

Que renascendo em verde, será pão<br />

Pr’ alimentar a gente do costume.<br />

Outros senhores aqui semearão<br />

E o meu jardim, renascerá do lume !<br />

...deita<strong>da</strong> no Sol<br />

Humberto Soares santa – Sesimbra / Portugal<br />

...seduzi<strong>da</strong> pelo sol<br />

...deito-me com ele<br />

...espalho-o sobre mim<br />

...em gestos sorridentes<br />

...vagorosos, quentes<br />

...preenchi<strong>da</strong> dele<br />

...na pele beija<strong>da</strong><br />

...fico deita<strong>da</strong><br />

...a beber <strong>da</strong> sua luz<br />

...num jogo de luzes<br />

...que me seduz<br />

...e a alma traduz<br />

...enfeito-me de sol<br />

...apago todo o sombrio<br />

...prencho o vazio frio<br />

...aqueci<strong>da</strong>, embebi<strong>da</strong><br />

...esqueci<strong>da</strong> e seduzi<strong>da</strong><br />

...de alma adormeci<strong>da</strong><br />

...fico no calor do sol perdi<strong>da</strong><br />

(...na noite depois <strong>da</strong> lua<br />

[adormecer<br />

...com a madruga<strong>da</strong> a nascer<br />

...vem o dia o sol aquecer...)<br />

Maria José Lacer<strong>da</strong> - Lisboa<br />

As lembranças vivi<strong>da</strong>s de bons momentos inesquecíveis farão com que os nossos sentimentos sejam sempre mais<br />

sensíveis. - Autor - Alcides Pelacani


12 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Cari<strong>da</strong>de ...Aveni<strong>da</strong> <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de<br />

«<strong>Confrades</strong>»<br />

Temos às vezes vontade <strong>da</strong>s entregas<br />

Para mostrar a quem não entregamos<br />

Que entregamos a quem não se surpreende<br />

Com a nossa capaci<strong>da</strong>de de...<br />

De vez em quando,<br />

Parecermos humanos,<br />

Dando, o que não precisamos.<br />

Mas em contraponto com a previsão<br />

Estão alguns que até se esquecem <strong>da</strong> casa<br />

Onde não se deixam estar<br />

Para estarem numa sala mais selecta,<br />

Aberta para a rua todos os dias,<br />

Quando as noites se demoram a deitar,<br />

<strong>Os</strong> vizinhos <strong>da</strong>s montras<br />

Cheias por dentro <strong>da</strong>quilo<br />

Que não precisam de comprar.<br />

<strong>Os</strong> cartões fazem pausa no reflexo<br />

Que vem de dentro do luar<br />

As cabeças cobrem-se num berço<br />

Que já não conseguem procurar.<br />

Encostados nas vitrinas mais famosas<br />

Das lojas mais caras de Lisboa<br />

<strong>Os</strong> clientes que esperam na fila,<br />

Desde o dia anterior,<br />

São os únicos que não conseguem chegar primeiro,<br />

Ain<strong>da</strong> que sejam os únicos a precisar de se vestir.<br />

Comer, sem serem man<strong>da</strong>dos,<br />

Antes, de entrar, sair.<br />

Mer<strong>da</strong>, para to<strong>da</strong>s as humani<strong>da</strong>des<br />

Que ain<strong>da</strong> não descobriram o Homem.<br />

José Jacinto – Casal do Marco / Portugal<br />

A centopeia<br />

A centopeia,<br />

se olharem bem,<br />

vão ver que nem<br />

é muito feia.<br />

Dizem que tem<br />

de trinta patas<br />

a mais de cem.<br />

Se tem, não sei,<br />

nunca as contei.<br />

Segue ligeira<br />

e decidi<strong>da</strong><br />

em linha reta.<br />

Se há uma corri<strong>da</strong>,<br />

é a primeira<br />

a cortar a meta.<br />

Lauro Portugal - Lisboa<br />

As coisas falam comigo<br />

numa linguagem secreta,<br />

que é minha, de mais ninguém.<br />

Quero esquecer, não consigo.<br />

Vou guar<strong>da</strong>r na mala preta<br />

esta dor que me faz bem.<br />

Agostinho Moncarcho – Qtª do Conde<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Lusofonos.htm<br />

Gente<br />

Muita gente, que se sente,<br />

nesta multidão crescente,<br />

que nos desperta para a atenção que faz correr os nossos olhos,<br />

por entre to<strong>da</strong> aquela gente,<br />

que não pára de viajar no tempo.<br />

Gente e mais gente,<br />

corre e se sente como está despreocupa<strong>da</strong>,<br />

perante o movimento do tempo,<br />

que segue sem destino, mas sempre na frente,<br />

com as suas incertezas,<br />

talvez porque não há certeza, se é a gente,<br />

que em si se sente comporta<strong>da</strong>.<br />

Fernan<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de – Ven<strong>da</strong> do Pinheiro<br />

Registo<br />

Enfeitei com rosas multicolores<br />

A minha velha casa!<br />

Com rosas multicolores<br />

De todos os jardins desta Primavera!<br />

Pus na mesa, a toalha de linho e ren<strong>da</strong>,<br />

Que acompanha digna, to<strong>da</strong>s as nossas reuniões,<br />

e sobre ela, o serviço de jantar, que a embeleza.<br />

Nos pratos, pus o amor e a alegria,<br />

Que servi transbor<strong>da</strong>ntes aos meus convivas,<br />

que me aju<strong>da</strong>ram a colher as rosas,<br />

a pôr a toalha,<br />

e sobre ela, o serviço de jantar,<br />

onde despejo sabores e cheiros<br />

do velho clã que idolatro,<br />

de quem herdei a capaci<strong>da</strong>de de olhar as rosas,<br />

de aspirar o perfume,<br />

e do repartir por todos aqueles de que me rodeio!<br />

Sei, que as rosas que hoje vos ofereço,<br />

voltarão a florir por várias gerações<br />

com todo o seu perfume<br />

e to<strong>da</strong>s as suas cores…<br />

E outras mesas e outras toalhas, voltarão a pôr-se…<br />

Por mãos tão minhas, como se eu fosse,<br />

presença ali…<br />

Como sou hoje!...<br />

Felismina Mealha - Agualva<br />

Poetrix<br />

Chegou o Vento Norte<br />

Soprou no meu texto<br />

Divertiu-se, tudo confundiu<br />

Reescrevo o místico sentimento<br />

Susana Custódio - Sintra


Dia Da Mulher<br />

Marianita, mulher em botão<br />

(à minha netinha com 5 meses)<br />

Mariana, uma mulher<br />

Em botão<br />

È uma luz<br />

Que nos seduz<br />

E aquece o coração.<br />

Ca<strong>da</strong> dia vou asinha<br />

Para o pé <strong>da</strong> Marianita<br />

Simpática e bonita<br />

Para mim, uma avezinha.<br />

Pássaro velho, eu sou<br />

De asas quiçá quebra<strong>da</strong>s<br />

Alguém que todos amou<br />

E só levou canela<strong>da</strong>s.<br />

Me compensa seu sorriso,<br />

E seu cândido amor<br />

Isso é premonitor<br />

Dum futuro, bem preciso.<br />

Marianita és mulher<br />

Também este é o teu dia<br />

Uma mulher em botão<br />

Que nos enche de alegria<br />

E já nos segura a mão.<br />

Maria Vitória Afonso<br />

Cruz de Pau / Amora<br />

Eólicos Devaneios<br />

Vem<br />

Na epiderme líqui<strong>da</strong> do mar,<br />

Eólicos sussurros cambaleiam...<br />

Assim são as lembranças que passeiam<br />

Nos líricos anseios de um olhar.<br />

O eterno vai e vem de ca<strong>da</strong> on<strong>da</strong><br />

É como especial reminiscência<br />

Que varre o porto <strong>da</strong> inconsciência<br />

No instante em que a razão... em vão... nos<br />

son<strong>da</strong>.<br />

Amar é como içar velas ao vento...<br />

Deixá-las ao sabor dos devaneios<br />

E ter nesse mister, contentamento<br />

Porque, enquanto o pensamento voa,<br />

No barco de um anseio nevoento,<br />

A alma... em sentimentos... se abençoa<br />

Luiz Gilberto de Barros (Luiz Poeta) – SP/BR<br />

Alentejo<br />

Nasci um dia criança<br />

E já não sou muito novo<br />

Cá vou vivendo com esperança<br />

De chegar a ser idoso.<br />

Silvais - Évora<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 13<br />

«Tempo de <strong>Poesia</strong>»<br />

Forte- muito forte- esta emoção<br />

Tocando forte o meu coração<br />

Batendo por ti- meu doce Amor!<br />

Enleado em teu carinho/ver<strong>da</strong>de<br />

É maior, então, minha felici<strong>da</strong>de<br />

Não existe mais, sombra de dor.<br />

Não existe mais, sombra de dor!<br />

Tendo o teu perfume- minha Flor<br />

Vejo este mundo, já, diferente.<br />

Por ti sinto-me outro, sou melhor!<br />

Meu ego, agora, é bem maior…<br />

Refresco e fortaleço minha mente.<br />

Refresco e fortaleço minha mente<br />

A vi<strong>da</strong> encaro mais alegremente,<br />

Sou feliz por ti, mulher ama<strong>da</strong>!<br />

Vem! Fica para sempre comigo!<br />

Minha aspiração é estar contigo…<br />

Sabes bem- Oh! Musa adora<strong>da</strong>.<br />

MULHER!<br />

VEM! FICA PARA SEMPRE COMIGO!<br />

MEU ÚNICO ANSEIO É ESTAR CONTIGO.<br />

JGRBranquinho - Quinta <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />

Gregório (nome fictício)<br />

De nome... velho Gregório!<br />

I<strong>da</strong>de desconheci<strong>da</strong><br />

mora<strong>da</strong> Lisboa city<br />

sem porta nem aveni<strong>da</strong>...<br />

junto à lixeira do empório<br />

perto <strong>da</strong> esquina <strong>da</strong> morte...<br />

logo á saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

no viaduto do na<strong>da</strong><br />

feito sem sul e sem norte.<br />

Vi Gregório... outro dia...<br />

vestindo roupa sem marca<br />

aqui e ali esfarrapa<strong>da</strong><br />

pela garra <strong>da</strong> desgraça<br />

que por desgraça o mordia.<br />

Como zumbi caminhava<br />

pelo passeio sem fama<br />

lambendo gotas de chuva<br />

falando ao vento, do na<strong>da</strong>,<br />

com a gaguez <strong>da</strong> fraqueza<br />

e a lingua entaramela<strong>da</strong>.<br />

Nos pés velhas alpercatas<br />

sem ter cor nem etiqueta<br />

já desfeitas p’los maus tratos<br />

dos buracos <strong>da</strong> calça<strong>da</strong><br />

que o Edil acha perfeita.<br />

Na mão direita <strong>da</strong>nçando<br />

uma garrafa de litro<br />

cheia de sonhos vazios<br />

e vagos desideratos.<br />

Na outra mão transportava,<br />

como tesouro sem cunho,<br />

seu peculio, seu quinhão<br />

jornais velhos, papelão<br />

que lhe serviam de cama<br />

e agasalho à “farfalheira”<br />

quando o frio o açoitava...<br />

ou de amante e companheira<br />

nos delírios impotentes<br />

quando o cio o visitava.<br />

Persistente<br />

Cantei uma seara de virtudes<br />

Gritei à vi<strong>da</strong> palavras de amor,<br />

Abracei ca<strong>da</strong> peito feito em dor<br />

Corri nos rios, e saltei açudes...<br />

Cursei ante o grito <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de,<br />

Falei ao carácter <strong>da</strong> hipocrisia<br />

Dei calma à magoa<strong>da</strong> maresia<br />

Fiz de luz, a escura humani<strong>da</strong>de...<br />

De tanto que fizera na<strong>da</strong> vejo,<br />

Apenas a estátua de um desejo<br />

Que eu penteio em sonhos ledos<br />

Fui vencido, mas cantarei futuro<br />

Não ficarei na sombra de um muro<br />

Onde germinam dúvi<strong>da</strong>s e medos...<br />

Ferdinando - Germany<br />

Velho Gregório dizia<br />

ser antigo combatente<br />

muito util no passado<br />

desprezado no presente.<br />

Foi sol<strong>da</strong>do português<br />

nos tempos <strong>da</strong> ditadura<br />

por sua pátria sangrou<br />

por erros de conjuntura.<br />

Hoje curva-se à desdita<br />

e aos desmandos de um governo<br />

insensato e pequenez<br />

que, inclemente, o derrubou.<br />

Agora, Gregório, emborca<br />

sem controle, nem medi<strong>da</strong>,<br />

venenos do seu destino...<br />

poupa velas p´ró velório<br />

porque, aos poucos, o Gregório<br />

vai definhando e morrendo<br />

com as dores do País...<br />

sem poder erguer o punho<br />

porque a força lhe fugiu...<br />

sem cantar a portuguesa<br />

porque a voz já se cansou<br />

nem louvar nossa bandeira<br />

porque alguém a defraudou.<br />

Abgalvão - Fernão Ferro


14 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Valorizo a amizade<br />

<strong>Os</strong> amigos de ver<strong>da</strong>de<br />

Há poucos e são raros<br />

Temos que os semear<br />

Aprender a cultivá-los<br />

A cultura e a amizade<br />

Tem dois pontos de vista<br />

A cultura se cultiva<br />

E a amizade se conquista<br />

Já semeei amizade<br />

Em terreno bem diferente<br />

Alguma deu-me bons frutos<br />

Outra nem deu a semente<br />

Mesmo assim continuo<br />

A apostar na amizade<br />

Eu preciso, faz-me falta<br />

P’rá minha felici<strong>da</strong>de<br />

Preciso <strong>da</strong> amizade<br />

Para viver dia a dia<br />

Se não sinto amizade<br />

Minha alma está vazia<br />

Se a minha alma está vazia<br />

Não a deixo sucumbir<br />

Vou à procura de alguém<br />

Dou-lhe um bom dia a sorrir<br />

Procurei a amizade<br />

Sempre sem parar<br />

Agora que a encontrei<br />

Não a vou desperdiçar<br />

Valorizo a amizade<br />

Porque a amizade faz-me bem<br />

Quem tem amigos a seu lado<br />

Não sabe a sorte que tem<br />

Maria Alberta Domingues - Chaviães<br />

O que eu gosto... Vai rareando<br />

Agora com esta i<strong>da</strong>de<br />

Acaba por ser a ver<strong>da</strong>de<br />

Que me ateia a sau<strong>da</strong>de<br />

Quem eu fui e quem eu era<br />

Hoje parece-me quimera<br />

Mantinha a minha postura<br />

E quando chegava a altura<br />

Fazia uma bonita figura<br />

Com os anos que vou somando<br />

O que eu gosto... vai rareando<br />

Zé Albano - V.N. Cerveira<br />

«Trovador»<br />

Montes no Alentejo<br />

I<br />

<strong>Os</strong> montes do Alentejo<br />

São aqueles que aqui estão<br />

Não são aqueles que eu vejo<br />

Para turismo e mansão<br />

II<br />

Terra <strong>da</strong> minha paixão<br />

Eu de ti já estou descrente<br />

Tuas terras não dão pão<br />

Nem farinha sem semente<br />

III<br />

Qualquer monte tinha gente<br />

E qualquer casa criava<br />

Gente pobre mas decente<br />

Que até mendigos aju<strong>da</strong>va<br />

IV<br />

A minha mãe acareava<br />

As galinhas que eu comia<br />

E até o galo cantava<br />

Quando a gente ain<strong>da</strong> dormia<br />

V<br />

São montes com fantasia<br />

<strong>Os</strong> montes de quem não sente<br />

O que é a tua agonia<br />

Alentejo estás doente<br />

Poeta Silvais - Évora<br />

Viela Sombria<br />

Numa sombria viela<br />

Onde a luz duma lanterna<br />

Saia pela janela<br />

Duma modesta taberna.<br />

Num bairro de pouca gente<br />

Com flores junto <strong>da</strong>s portas,<br />

Onde a vi<strong>da</strong> era dif'rente<br />

Á noite a horas mortas.<br />

Numa amizade fraterna<br />

Volta o fadista de novo,<br />

À viela e à taberna<br />

Cantar as mágoas do povo.<br />

A viela se enaltece<br />

Numa voz que se desgarra<br />

E o fado ali acontece<br />

Ao timbrar duma guitarra.<br />

Nesse ambiente castiço<br />

Entre cigarros e vinho,<br />

Come-se pão com chouriço<br />

E caldo verde quentinho.<br />

Sempre que o fado acontece<br />

Fica a viela acor<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

Só descansa e adormece<br />

Quando já é madruga<strong>da</strong>.<br />

Isidoro Cavaco - Loulé<br />

O amigo que eu invento<br />

O amigo que eu invento,<br />

Tão sublime e tão perfeito,<br />

Não se importa se me ausento,<br />

Mora dentro do meu peito.<br />

Luiz Poeta - SP/BR<br />

Voz do Povo<br />

Eu vou-te cantar um fado;<br />

Vou falara <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>:<br />

Parti num barco parado<br />

Que encalhou logo à parti<strong>da</strong>.<br />

Fiz a viagem sentado,<br />

Mas num banco de jardim.<br />

Fiquei também encalhado;<br />

Sem zarpar cheguei ao fim.<br />

Pelo meio houve aventura;<br />

Houve sonhos cor-de-rosa,<br />

Acabaram em amargura<br />

Da viagem desditosa.<br />

Ando a viajar, sem norte,<br />

No meio <strong>da</strong> tempestade,<br />

Num trajecto de má sorte<br />

Que não me deixa sau<strong>da</strong>de.<br />

Vou, então, num fado novo<br />

Cantar minha desventura.<br />

E, assim, os ditos do povo<br />

Têm força de esritura…<br />

João Ferreira - Qtª do Conde<br />

Quadras Soltas<br />

Matreira<br />

Tão bonita e atrevi<strong>da</strong><br />

Rainha do Universo<br />

Numa rima enterneci<strong>da</strong><br />

Enganas-me até num verso.<br />

Vi<strong>da</strong><br />

Noite escura, vi<strong>da</strong> fria<br />

Onde a amizade é pouca<br />

Sem amor e alegria<br />

Morre de ódio gente louca<br />

Amor sem “limites” de i<strong>da</strong>de<br />

O amor de minha mãe<br />

E o de quem me acarinha<br />

É o melhor que a vi<strong>da</strong> tem<br />

Seja criança ou velhinha.<br />

Silvais - Évora


Alentejo<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 15<br />

«Poemar»<br />

A vi<strong>da</strong> dorme na sarjeta, contemplando a solidão!...<br />

A solidão no seu silêncio gritante,<br />

num desabafo urbano…<br />

A ci<strong>da</strong>de grita!...<br />

À força <strong>da</strong> raiva e <strong>da</strong> vontade<br />

procuro respostas em forma de palavras,<br />

tal é o compromisso com o alfabeto…<br />

E elas surgem,<br />

hesitantes com o peso <strong>da</strong> culpa…<br />

Quero esquecer a ci<strong>da</strong>de!...<br />

Quero o Alentejo casto, tranquilo e sonhador,<br />

ébrio de sol…<br />

A maciez pincela<strong>da</strong> de crepúsculo…<br />

O azul é maior e a noite dissipa-se,<br />

o verde é mais verde…<br />

As cores acor<strong>da</strong>m<br />

tal xaile de retalhos com as cores do arco-íris<br />

toando um cântico de sol…<br />

Preciso dessa luz que rasga e dilacera a solidão…<br />

O meu ninho de sonhos<br />

repousa nos braços de uma azinheira…<br />

E se eu fosse ver, comigo, o sol nascer,<br />

espreguiçando o rutilante imaginado…<br />

<strong>Os</strong> planos brilhantes sucedem-se<br />

entre espigas de silêncio, cruzando o espaço…<br />

E sinto que se prolongam<br />

as palavras de ternura <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong><br />

na harmonia do bulício <strong>da</strong> folhagem ao ritmo do vento…<br />

Sussurra o orvalho<br />

tal prelúdio de um beijo…<br />

E no irrequieto acor<strong>da</strong>r do ribeiro<br />

miro o meu rosto que <strong>da</strong>nça,<br />

reflectido na água…<br />

Quero desenhar em meus olhos<br />

a azáfama sonolenta do orvalho de aurora<br />

na heróica planície<br />

onde toco as nuvens e sinto a paz<br />

que me transporta de mansinho<br />

em pétalas soltas de poesia…<br />

E vou além do infinito…<br />

Infinitamente sedutora<br />

e com lânguidos e alvos risos murmurantes<br />

com beijos húmidos de espuma<br />

retiro a poesia de um bolso<br />

e imortalizo um império de sonhos…<br />

Descasco as palavras e saboreio-as…<br />

seu sabor<br />

é o timbre de canoras carícias…<br />

E prendo o olhar no horizonte<br />

que emana do céu azul celeste!<br />

Mas regresso ao vento que, ao soprar, me murmura destroços…<br />

À ci<strong>da</strong>de que grita!<br />

Porque a maré,<br />

acaba sempre por voltar…<br />

Edite Gil - Lisboa<br />

Vila Nova de Mil Fontes - Alentejo<br />

A minha bandeira<br />

Oh! Minha pátria ama<strong>da</strong>, quem diria<br />

Que foram os teus filhos os primeiros<br />

A esquecer os heróis aventureiros<br />

Que desbravaram mares, com valentia.<br />

Quem man<strong>da</strong> em meu país, por ironia,<br />

São apenas os donos dos dinheiros<br />

Que vivem dos subornos a terceiros,<br />

E tentam chamar de democracia.<br />

E a formosa bandeira portuguesa<br />

Mostra ain<strong>da</strong>, nas quinas, a nobreza<br />

E, nos castelos, último reduto.<br />

É negro este presente, sem moral,<br />

Acor<strong>da</strong> pois, querido Portugal,<br />

Que esta lin<strong>da</strong> bandeira está de luto.<br />

António Barroso (Tiago) - Parede – Portugal<br />

Perfume <strong>da</strong> Amizade<br />

Nestes meus versos queria<br />

A amizade perfumar<br />

E em jeito de poesia<br />

Aos amigos dedicar.<br />

Belo e nobre sentimento<br />

P'los seres humanos vivido<br />

É <strong>da</strong> alma o alimento<br />

P'ra <strong>da</strong>r à vi<strong>da</strong> sentido.<br />

As palavras de amizade<br />

P'los amigos proferi<strong>da</strong>s<br />

São véus de felici<strong>da</strong>de<br />

Que iluminam nossas vi<strong>da</strong>s.<br />

Quantas vezes terapia<br />

Que enternece o coração<br />

E em centelhas de alquimia<br />

Ameniza a solidão.<br />

A amizade é qual riqueza<br />

De grande preciosi<strong>da</strong>de<br />

É maior que a natureza<br />

Não tem tempo nem i<strong>da</strong>de.<br />

Uma amizade sincera<br />

Não se compra nem se vende<br />

É união que se gera<br />

E uns aos outros nos prende.<br />

Amigos são a família<br />

Que nós seleccionamos<br />

E estão sempre em vigília<br />

Quando deles precisamos.<br />

Que esta força a que me prendo<br />

Com tanta afectivi<strong>da</strong>de<br />

Continue sempre mantendo<br />

O PERFUME DA AMIZADE !...<br />

Euclides Cavaco – Canadá<br />

(Poema dedicado a todos os<br />

meus amigos pelo mundo dispersos)


16 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Distrito de Beja<br />

A primitiva praça desta ci<strong>da</strong>de<br />

No terreiro de Santa Maria<br />

Estava situa<strong>da</strong>; até que um dia<br />

El Rei D.Afonso terceiro outorgou<br />

Foral, lhe <strong>da</strong>ndo a originali<strong>da</strong>de<br />

Dos Paços do Concelho instituiu<br />

E a primeira feira lá ficou...<br />

Mais tarde, o Rei D.Manuel vendo<br />

A exigui<strong>da</strong>de do espaço, e comércio<br />

Em crescimento, com todo o distrito<br />

A afluir, o mandou ir alargando<br />

Ficou conhecido como Praça Nova<br />

Onde se faziam grandes festas tradicionais<br />

Representações e outras coisas mais<br />

Na memória histórica foram permanecendo<br />

Também Pax Júlia Teatro que foi fun<strong>da</strong>do<br />

Em 1928 e nele pisaram o palco figuras<br />

Que merecem ser simbolicamente resgata<strong>da</strong>s<br />

Nesses espectáculos devi<strong>da</strong>mente assinala<strong>da</strong>s<br />

Fazendo parte <strong>da</strong> Cultura do nosso País<br />

Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />

«Online»<br />

Distrito de Beja<br />

Beja é uma ci<strong>da</strong>de portuguesa, capital do Distrito de Beja, na região Baixo Alentejo, e pertencente à<br />

NUTS III Baixo Alentejo, sedia a Diocese de Beja, com 25.024 habitantes na sua área urbana.<br />

É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 147,14 km² de área e 35 730 habitantes<br />

(2011), subdividido em 18 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Cuba e Vidigueira,<br />

a leste por Serpa, a sul por Mértola e Castro Verde e a oeste por Aljustrel e Ferreira do Alentejo.<br />

Crê-se que a ci<strong>da</strong>de foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, cerca de 400 a.C., pelos Celtas ou mais provavelmente pelos<br />

Cónios, que a terão denominado Conistorgis, e que os Cartagineses lá se estabeleceram durante algum<br />

tempo. <strong>Os</strong> Alanos, Suevos e os Visigodos dominaram esta ci<strong>da</strong>de depois <strong>da</strong> que<strong>da</strong> do Império Romano, tornando-a<br />

sede de bispado. No século V, depois de um breve período no qual haverá sido a sede <strong>da</strong> Tribo dos Alanos, os<br />

Suevos apoderaram-se <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sucedendo-lhes os Visigodos. Nesta altura passa a ci<strong>da</strong>de a denominar-se Paca.<br />

Do século VIII ao ano de 1162, esteve sobre a posse dos Árabes. No referido ano os cristãos reconquistaram definitivamente<br />

a ci<strong>da</strong>de.<br />

Recebeu o foral em 1524 e foi eleva<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de em 1517. Aqui nasceu Al-Mutamid, o célebre rei-poeta que dedicou<br />

muitas <strong>da</strong>s suas obras ao amor a donzelas e também a mancebos. Muitos outros poetas nasceram em Beja entre os<br />

quais soror Mariana do Alcoforado e Mário Beirão.<br />

Fonte de Pesquisa - Wikipédia<br />

Vales de verdes pinos tão sozinhos<br />

" Vales de verdes pinos tão sozinhos,<br />

Alumiados <strong>da</strong> graça do Senhor;<br />

E, em arroubos ao Céu, - jardins em flor<br />

De enlaça<strong>da</strong>s roseiras sem espinhos...<br />

Ermi<strong>da</strong>s onde ajoelham pobrezinhos,<br />

Sorrindo, como Cristo, à própria dor;<br />

Planícies de enigmático torpor<br />

Onde se escutam vagos murmurinhos...<br />

Por ti, meu pensamento é mais profundo<br />

E o meu canto mais alto se alevanta,<br />

Ó Lusitânia, coração do Mundo!<br />

O mar ergue o teu nome em seus delírios!<br />

E, em tardes de milagre, - ó mais que santa,<br />

Sobre o teu corpo o céu desfolha lírios! "<br />

Mário Beirão<br />

Beja<br />

Ci<strong>da</strong>de antiga e moderna<br />

Prende o olhar de quem passa<br />

Na sua incomparável graça.<br />

Do alto do seu castelo<br />

Observando as campinas<br />

Onde as papoilas florescem<br />

Como formosas meninas.<br />

Beja, terra de gente valorosa<br />

Retrato do Portugal profundo,<br />

Seus monumentos atestam a glória<br />

Dos inúmeros séculos de história<br />

E povos de outros lugares do mundo.<br />

No Museu regional com o nome de rainha,<br />

To<strong>da</strong> em prata, brilha uma real escrivaninha.<br />

E a len<strong>da</strong> do touro que foi envenenado,<br />

Para matar a serpente assassina,<br />

Que ali trazia o povo aterrorizado.<br />

Al-Mutamid rei-poeta, ali nasceu<br />

E a poesia an<strong>da</strong>luza engrandeceu.<br />

Joia rara <strong>da</strong> literatura alentejana,<br />

São as cartas de amor de sóror Mariana.<br />

São Tomé - Amora


Estranha Democracia<br />

QUE ESTRANHA DEMOCRACIA!<br />

SÓ E “ZÉ” PAGA A FACTURA?...<br />

EMBRULADA NOITE E DIA<br />

NUM PAPEL DE DITADURA!...<br />

Liber<strong>da</strong>de de expressão<br />

E um futuro mais risonho,<br />

Foi decerto um grande sonho<br />

Que tive por condição…<br />

Abracei essa paixão<br />

Com uma grande alegria<br />

E a partir de um certo dia,<br />

Perdi to<strong>da</strong> a confiança<br />

Esvaiu-se tanta pujança<br />

QUE ESTRANHA DEMOCRACIA!<br />

Coitado do “Zé-povinho”<br />

É sempre chamado a contas<br />

Por essas cabeças tontas<br />

Num país em desalinho<br />

É sempre no mau caminho<br />

Que o Governo procura<br />

Cobrar a crise e a rotura<br />

Aos mais fracos, mas que lata!<br />

Onde há tanto democrata,<br />

SÓ O “ZÉ” PAGA A FACTURA?...<br />

Já não acredito em na<strong>da</strong><br />

Destes nossos Governantes<br />

Que se armam de importantes<br />

Numa farsa arquitecta<strong>da</strong><br />

Tanta promessa falha<strong>da</strong><br />

Que caiu na apatia<br />

Espectáculo de fantasia<br />

Como bailado dum Vira…<br />

Na descrença e na mentira<br />

EMBRULADA NOITE E DIA<br />

O estado <strong>da</strong> Nação<br />

Que já nem sequer é Estado<br />

Completamente acabado<br />

E sem orientação<br />

Já perdeu to<strong>da</strong> a razão<br />

De existir e não tem cura<br />

Não acha e nem procura<br />

Encontrar melhor sentido<br />

Porque está mesmo metido<br />

NUM PAPEL DE DITADURA!...<br />

João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />

Alentejo<br />

Qualquer dia de repente<br />

A mãe natureza acaba<br />

Com o esperto e o demente<br />

E todos morrem sem na<strong>da</strong><br />

Silvais - Évora<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 17<br />

«Faísca de Versos»<br />

Ah, Portugal!...<br />

Vivemos uma crise angustiante<br />

Que às novas gerações já causa dor!<br />

E tudo por políticos sem pudor,<br />

Que Portugal arruinaram num instante!...<br />

Há aqueles que dum modo exuberante<br />

Se tornaram muito ricos, sem labor,<br />

Enquanto o triste e enganado eleitor<br />

Está na miséria com dor dilacerante!<br />

Ah, pobre Portugal, onde chegaste!<br />

Impostos, desemprego, cortes nas pensões…<br />

Onde está o Abril com que sonhaste? …<br />

Governado assim, por intrujões…<br />

Se já eras pequenino, mais ficaste,<br />

Ao seres comido por estes tubarões!<br />

Fernando Reis Costa<br />

Volta! General Ramalho Eanes.<br />

Greves, manifestações para quê?<br />

Fome, miséria, Portugal embarcou<br />

Num Desgoverno…é o que se vê<br />

P’la democracia que resvalou<br />

O povo com dívi<strong>da</strong>s a crescer<br />

Portugal foi país de navegantes<br />

E hoje… Deitaram tudo a perder!<br />

Volta! General Ramalho Eanes<br />

Horrível política de padrastos<br />

Com os dinheiros públicos mal gastos,<br />

Compram carros de luxo, pró moderno<br />

Pela isca do vaivém dos engodos<br />

E sem um pé no travão, ficam todos<br />

Magoados por este desgoverno<br />

Pinhal Dias<br />

As Bestas<br />

Nos imemoriais tempos de antanho<br />

Surge, vindo do mar, o ser horrendo,<br />

Que a carne dos humanos vai comendo<br />

(Nunca se viu horror de tal tamanho!)<br />

Saciado, voltou, adormecendo<br />

Num sono sossegado, mas estranho,<br />

Pois no meios de fezes, baba, ranho,<br />

Suas horríveis crias vão crescendo.<br />

Mas a evolução tem coisas destas,<br />

Graças à fé de humanos complacentes<br />

Ganharam forma humana, as feias bestas<br />

E entre nós agora estão presentes,<br />

Alimentam-se bem, vivem de festas,<br />

Uns são ministros, outros presidentes!<br />

Carlos Fragata<br />

O Poder Sonos Nós<br />

(Quadras soltas espontâneas)<br />

Um trono p'ra tantos reis<br />

Vivendo à custa do povo,<br />

Decerto concor<strong>da</strong>reis<br />

Que não é na<strong>da</strong> de novo!<br />

Sabendo que todos querem<br />

Comer o que o povo tem,<br />

As palavras que proferem<br />

Já não convencem ninguém.<br />

Quem quer an<strong>da</strong>r iludido<br />

Sem saber por onde an<strong>da</strong>,<br />

Grita vivas ao partido<br />

E nem sabe quem lá man<strong>da</strong>.<br />

Não vê que o país já arde,<br />

Quem não quer ver e consente,<br />

Mas quando vir, será tarde,<br />

Verá as cinzas, sòmente...<br />

Grandes nações desabaram,<br />

Grandes potências definham,<br />

Porque os povos não ousaram<br />

Usar o Poder que tinham!<br />

Carlos Fragata<br />

Acor<strong>da</strong> Povo Português!<br />

Acor<strong>da</strong>, povo bonzinho!<br />

Não sejas tão cordeirinho<br />

Nem ao sacrifício te <strong>da</strong>res.<br />

Não te deixes ludibriar<br />

Pela retórica de embalar<br />

De políticos impostores,<br />

Que não produzem riqueza,<br />

Da moral não conhecem valores<br />

E na opulência querem na<strong>da</strong>r.<br />

Acor<strong>da</strong>, povo português!<br />

Lembra o passado de glória,<br />

Dos feitos que então fizeste,<br />

De tudo que conquistaste<br />

E ao mundo inteiro legaste.<br />

Faz que a pátria volte a ser<br />

Terra de homens a valer:<br />

Sem essa elite de escória,<br />

Herança de triste memória.<br />

São Tomé


18 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Hoje apetece-me rir<br />

Rir respeitosamente…<br />

Do nosso Primeiro-ministro.<br />

Rir, <strong>da</strong> sua intervenção, <strong>da</strong> sua postura…<br />

Das suas falsas promessas…<br />

Que se não me engano,<br />

Têm dois quilómetros de altura...<br />

E outro tanto de largura.<br />

Tudo o que dizia, o que prometeu,<br />

De tudo se esqueceu…<br />

Francamente!<br />

É preciso ter lata!<br />

E o nosso Presidente<br />

Assiste “incrédulo”<br />

E nem ata nem desata…<br />

Continua a “malapata”<br />

Aumenta o IMI<br />

Descem os ordenados<br />

Enfim: qualquer dia estamos depenados…<br />

Desgraçados!<br />

E estes senhores deputados e afins<br />

Em doze anos reformados.<br />

E o povoléu aceita o castigo<br />

Numa ro<strong>da</strong>-viva<br />

Ca<strong>da</strong> qual a olhar para o seu umbigo…<br />

E sabem, o que escrevi,<br />

Serve para este, para o outro e<br />

[para aquele que há-de vir,<br />

Porque em politica ganha<br />

Quem melhor sabe mentir.<br />

Aires Plácido<br />

Basta! Basta! Basta!<br />

<strong>Os</strong> portugueses não são um povo rasca!<br />

Rasca, é a camba<strong>da</strong> dos vis do governo<br />

que só nos enrascam… Gritemo-los basta!<br />

Atiremo-los para as brasas do inferno!<br />

Que presidente temos nós que na<strong>da</strong> diz,<br />

que não vê a multidão que está na rua,<br />

a cantar a “morena “, que não está feliz,<br />

será qu’ele an<strong>da</strong> com a cabeça na lua?<br />

Temos a pátria de rastos, pois, então!<br />

É obra dos que nos querem roubar o pão!<br />

Portugal, está doente . Já não disfarça!<br />

É preciso gritar mais alto, usar a razão,<br />

que o povo ordena no bater do coração<br />

dizendo a eles todos: Basta! Basta! Basta!<br />

Joellira<br />

«Faísca de Versos»<br />

Onde está a crise ?...<br />

Dizem que existe crise<br />

Só se for mesmo p’ra alguns<br />

Por muito que eu analise<br />

Sinais não vejo nenhuns.<br />

Vejo preços a subir<br />

Da gasolina às raja<strong>da</strong>s<br />

Não vejo diminuir<br />

O tráfego nas estra<strong>da</strong>s.<br />

Vejo cheios restaurantes<br />

Futebol sempre lotado<br />

Tal e qual como era <strong>da</strong>ntes<br />

Não vejo na<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>do.<br />

Vejo gente bem traja<strong>da</strong><br />

Esgota<strong>da</strong>s as plateias<br />

Muitas “bombas” na estra<strong>da</strong><br />

E as praias sempre cheias.<br />

Com esta situação<br />

Eu fico assaz baralhado<br />

Tirando por conclusão<br />

Que algo me passa ao lado.<br />

Já conclui um estudo<br />

E por muito que precise<br />

Quando ollho p’ra isto tudo<br />

Não vejo onde está a crise.<br />

Klyde Wood<br />

Uma réstia de mágoas.<br />

Essa boca falou<br />

e incomodou…<br />

Mas um poema<br />

incomo<strong>da</strong><br />

muito mais!<br />

Ouvem-se promessas<br />

infun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

angustia<strong>da</strong>s<br />

às moci<strong>da</strong>des.<br />

An<strong>da</strong> a monte<br />

quem roubou<br />

por um tacho<br />

que resvalou.<br />

Foi banhar<br />

noutras águas<br />

sem cui<strong>da</strong>r<br />

d’outras mágoas<br />

Uma ave<br />

que acenou<br />

e ninguém<br />

acreditou<br />

…uma réstia de mágoas<br />

Pinhal Dias<br />

Há razões para cantar Abril<br />

Negras são as nuvens do desemprego<br />

eclipsando a lua e o sol do futuro...<br />

só alguém por ser lerdo surdo e cego<br />

não verá a tragédia que eu auguro<br />

Há homens e mulheres an<strong>da</strong>ndo à sorte<br />

à volta de uma luz que se apagou...<br />

jovens cuja esp’rança é o passaporte<br />

p’ra fora do País que os renegou<br />

Há seniores com os bolsos violados<br />

pelas leis de um governo que não presta<br />

crianças com os sonhos degolados<br />

p’la fome que se mostra feia e lesta<br />

Há casais p’la vergonha derrubados<br />

sem trabalho ou recurso essencial<br />

engrossando os já tão superlotados<br />

organismos de apoio social<br />

Há pétalas de flores pelo chão<br />

pisa<strong>da</strong>s pela sola dos tacões<br />

de botas que as esmagam sem razão<br />

calça<strong>da</strong>s por uns quantos figurões<br />

Há ratos altos cargos ocupando<br />

e engor<strong>da</strong>ndo, astutos, seus rabinhos...<br />

que a Deus Pai já se pergunta ...até<br />

quando<br />

teremos de aturar estes bichinhos<br />

Há lobos, há hienas, há chacais<br />

abutres disfarçados de gestores<br />

caçando neste chão onde há sinais<br />

a lembrar, do passado, os ditadores<br />

Há razões que a razão não desconhece<br />

para o povo se unir e protestar<br />

e expulsar do poleiro quem parece<br />

não querer, por casmurriçe, se emen<strong>da</strong>r<br />

Mas no campo, na aldeia, na ci<strong>da</strong>de<br />

já há cravos em botão querendo abrir<br />

e há vozes em gargantas sem i<strong>da</strong>de<br />

a cantar um “Abril” que há-de florir<br />

Vamos pois entoar numa só voz<br />

a canção que o País outrora ouviu<br />

e expulsar duma vez o biltre algoz<br />

* pela porta que Abril um dia abriu.<br />

* citando Ary dos Santos<br />

Abgalvão (in pedras de fisga)<br />

"Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói." (Stanislaw Ponte Preta)


AMOR – Lar Vicentino de Paulo<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 19<br />

«Contos / Poemas»<br />

Hoje o meu ser foi invadido pela paz irradia<strong>da</strong>, por pessoas especiais, seres sobreviventes dos efeitos do tempo. A<br />

ca<strong>da</strong> olhar uma forma de expressar, uma lembrança a relatar, neste espaço divino, o abrigado de pessoas que de<br />

certa forma foram esquecidos pela socie<strong>da</strong>de.<br />

Quero parabenizar o senhor Vilson Manedio de Bastos, que idealizou e concretizou um sonho, o qual beneficiou e<br />

beneficiará inúmeras pessoas. Na posição de ci<strong>da</strong>dão uruanense, digo que ricamente o senhor Vilson trouxe átona<br />

um exemplo de ser que se preocupa com o outro. Pelos momentos que vivi no lar, digo obrigado a todos que concretizaram<br />

este lugar.<br />

No lar encontramos diversas históricas, nos emocionamos com pessoas que carregam no rosto e no corpo físico as<br />

marcas do tempo, as mesmas relatam sobre o passado, a juventude que se foi deixando muitas sau<strong>da</strong>des.<br />

Em lágrimas a descrição <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em família, lembrança do passado presente que fala mais alto dentro de si.<br />

Tudo passou, mudou, e naquele lar, o lugar onde muitos se refugiam para sobreviver em meio a complexi<strong>da</strong>de do<br />

mundo contemporâneo. Ali a esperança de dias melhores, a família se foi, todos se foram, só restou a sau<strong>da</strong>des, a<br />

vontade de voltar no tempo; recuperando a saúde, a juventude e tudo que existia naqueles tempos dourados.<br />

Fico encantado com as atitudes de seres iluminados como o senhor Vilson que bravamente se tornou concomitantemente<br />

um difusor <strong>da</strong> paz, <strong>da</strong> esperança de dias melhores, para pessoas que muitas <strong>da</strong>s vezes não acreditam mais<br />

na vi<strong>da</strong>.<br />

Estou atônico diante de tantas histórias que me faz chorar, mas que também me faz sorrir. Encontrei tanta paz neste<br />

lugar, a minha vi<strong>da</strong> ganhou um novo sentido; agora compreendo que tudo passa e que amanhã aquele bendito<br />

espaço pode ser o meu lar.<br />

Nos vários leitos, o meu corpo pode vir repousar, escolhendo um para descansar. Quanta paz, amor, carinho receberei<br />

<strong>da</strong>queles benfeitores que transformam aquele espaço em um grande lar.<br />

Em poucas palavras compartilho com o mundo a paz, e a visão ampla de mundo que ricamente conquistei em um<br />

dia de visita no lar onde o amor se faz presente. Deixemos a correria do dia a dia, a busca incessante por dinheiro e<br />

vejamos o mundo rico que existe a nossa volta. A paz mora ao nosso lado...<br />

Dhiogo José Caetano Professor, escritor e jornalista<br />

Comen<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Academia de Letras de Goiás. Senador <strong>da</strong> FEBACLA Federação Brasileira dos Acadêmicos <strong>da</strong>s Ciências,<br />

Letras e Artes<br />

Membro <strong>da</strong>s Academias: ALB (Brasil/Suíça), ACLAC (RJ), ACLA (MG), CACL (ES), ARTPOP(RJ) e <strong>Os</strong><strong>Confrades</strong><strong>da</strong><strong>Poesia</strong><br />

(Portugal)<br />

dhiogocaetano@hotmail.com<br />

Páscoa! Menos Chocolate, Mais Reflexão<br />

Basta sair à rua, ler, jornal, ou receber encartes de estabelecimentos comerciais para ver o forte tom<br />

apelativo ao consumo.Muito pouca mensagem de fundo espiritual, religioso, aludindo ao momento a ser<br />

comemorado.<br />

Claro que chocolate é bom. Motivo de perdição para alguns que se revelam dependentes.Tal qual no Natal,<br />

há a obrigatorie<strong>da</strong>de de presentear, ser feliz, comemorar.Mas não pode, ou não deve ser só isto.<br />

Há muito que digo que é possível ser feliz sem presentes (não que não seja bom) que há vi<strong>da</strong> fora <strong>da</strong><br />

festivi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> algazarra, dos acessórios supérfluos. Basta buscar em nosso interior e identificar tudo que realmente<br />

é importante para nós.<br />

Não é possível ignorar que quando há crianças na família e eles ain<strong>da</strong> acreditam em muitas coisas mágicas,<br />

como Papai Noel, Coelhinho <strong>da</strong> Páscoa, não dá para deixá-los sem o presente que lhes abrirá um lindo sorriso no<br />

rosto e fará brilhar seus olhos.<br />

A fantasia na i<strong>da</strong>de certa é saudável e lhes <strong>da</strong>rá muitas lembranças maravilhosas, que passarão aos outros quando<br />

estiverem crescidos e nós, possivelmente, estaremos vivos somente em suas lembranças e seus corações. Talvez<br />

estejamos assegurando nosso quinhão de imortali<strong>da</strong>de, afinal somos humanos.Que saibamos lembrar do significado<br />

<strong>da</strong> Páscoa, que tenhamos uma vi<strong>da</strong> renova<strong>da</strong> de bons propósitos, boas intenções, boas ações. Se não tivemos os<br />

quarenta dias de preparação, se não expurgamos nossos erros, não refletimos (é para isto que serve a quaresma,<br />

preparação e reflexão) que o façamos agora.<br />

Sempre é tempo de pedir perdão e de perdoar, de revolver a terra, tirar o pasto que atrapalha o broto e<br />

regar a semente de um novo amanhã, que desejamos todos seja menos violento, sem falsas promessas e falsos<br />

moralismos, mas abun<strong>da</strong>nte de amor, de paz, de oportuni<strong>da</strong>des, de ética, de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de de trabalho que seja<br />

ver<strong>da</strong>deiramente em prol de quem necessita e não para alimentar vai<strong>da</strong>des escondi<strong>da</strong>s e outras nem tão<br />

escondi<strong>da</strong>s.<br />

Que tenhamos todos o compromisso de manter fideli<strong>da</strong>de à palavra empenha<strong>da</strong>, de melhorar a nós<br />

mesmos, de educar nossas crianças, de promover o bem em nossa família, nas instituições que freqüentamos na<br />

comuni<strong>da</strong>de que vivemos.<br />

O amanhã é nossa responsabili<strong>da</strong>de.<br />

Que os ensinamentos DELE, estejam sempre vivos no coração de todos.<br />

Isabel C S Vargas - RS/BR


20 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

«PÓDIO DE TALENTOS»<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/Biografia/JoaoDaPalma.htm<br />

João <strong>da</strong> Palma Fernandes, nasceu a 11 de Fevereiro de 1940, no pequeno Monte de Tacões, Freguesia de S. João<br />

dos Caldeireiros, Concelho de Mértola, começando a trabalhar no campo, mas não se conformando foi para Marçano<br />

em Santa Clara de Louredo (Boavista, Beja).<br />

Aos 16 anos ingressou na Hotelaria em Beja, vindo nos anos 60 para o Algarve, Praia <strong>da</strong> Rocha nos departamentos<br />

<strong>da</strong> Restauração onde passou pelos dois melhores Hotéis dessa altura, Sol e Mar em Albufeira e Penina Golfe Hotel<br />

como Chefe de Mesa.<br />

Casado com Maria Judite Fernandes, de quem tem uma filha, vivendo definitivamente para elas as duas.<br />

Nos anos 80, por causa dos Jogos Florais em que participava na brincadeira, foi premiado nalguns, <strong>da</strong>í nunca mais<br />

se desligou <strong>da</strong> poesia que estava no seu sangue a hibernar…<br />

Não tem publicações em livro, por lhe ser dispendioso e não gostar de pedinchar…<br />

Mas tem um certo apego aos amigos desta área, onde está nalgumas colectâneas, Antologias e livros de amigos <strong>da</strong><br />

<strong>Poesia</strong> etc.<br />

E como não pode deixar de ser, é um grande amigo do “Mensageiro <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>” em Amora, onde colabora dentro<br />

<strong>da</strong> sua humil<strong>da</strong>de poética. Também é Colaborador Permanente de “<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong>” - Amora / Portugal<br />

“A VENDER PLASMA”<br />

Mote:<br />

O Sócrates na OCTAPHARMA<br />

Deixou o país de tanga…<br />

Qual será então a arma,<br />

Que o Passos terá na manga?<br />

Glosas:<br />

O Sócrates na OCTAPHARMA<br />

A vender-nos o Plasma…<br />

Na Suíça não desarma<br />

No negócio se entusiasma!<br />

P’ra Paris levou milhões<br />

Deixou o país de tanga…<br />

Tinha na mira patrões<br />

Que o vão livrar <strong>da</strong> canga!<br />

Ca<strong>da</strong> qual tem o seu Karma…<br />

Neste, está bem-sucedido<br />

Qual será então a arma,<br />

Do próximo que vai corrido!<br />

E metidos neste facho…<br />

Bem disfarçados na ganga…<br />

Adivinha-se já um tacho…<br />

Que o Passos terá na manga!<br />

DESABAFOS VERÍDICOS DE 2012.<br />

(Sextilhas Semanais de João <strong>da</strong> Palma)<br />

1ª Sextilha<br />

Entrado em dois mil e doze<br />

Sr. Ministro não goze<br />

Com o que nos tem cortado!<br />

... Vai aumentar-nos o IVA<br />

Deixando o povo à deriva,<br />

Como um barco naufragado!<br />

2ª Sextilha<br />

Catroga na E.D.P.<br />

Mais um tacho, já se vê…<br />

Mais uma passa<strong>da</strong> em vão!<br />

Passos seguidos de Passos…<br />

Nesta couta<strong>da</strong> em pe<strong>da</strong>ços…<br />

P’los vilões desta nação!<br />

Poemas de João <strong>da</strong> Palma Fernandes<br />

“SONO PROFUNDO”<br />

Mote:<br />

Ficou no sono profundo…<br />

Morreu; já não há conforto…<br />

Não há na<strong>da</strong> neste mundo,<br />

Que faça erguer um morto!<br />

Glosas:<br />

Não sabe na<strong>da</strong>r e com mágoa…<br />

Como prego que vai ao fundo,<br />

Não mais volta à tona de água<br />

Ficou no sono profundo…<br />

Morre-se de to<strong>da</strong> a maneira<br />

Começando pelo aborto…<br />

A sério ou na brincadeira,<br />

Morreu; já não há conforto…<br />

No momento <strong>da</strong> despedi<strong>da</strong>,<br />

Fica p’rali moribundo…<br />

Que o faça voltar à vi<strong>da</strong>,<br />

Não há na<strong>da</strong> neste mundo<br />

E todo o ser que morreu,<br />

Não mais volta a outro porto…<br />

Na<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> apareceu,<br />

Que faça erguer um morto!<br />

3ª Sextilha<br />

A Manuela abriu a boca…<br />

Nessa cabecita louca<br />

Da hemodiálise falou!<br />

Pagar depois dos setenta…<br />

Disse aquela ferrugenta…<br />

E o povo não gostou!<br />

4ª Sextilha<br />

<strong>Os</strong> negócios do Estado<br />

Está visto e provado,<br />

Estão ali de pedra e cal…<br />

Não existe transparência<br />

Conforme a conveniência<br />

Tacha-se, outro animal…<br />

“DIA DA MULHER 2013”<br />

Hoje no dia <strong>da</strong> mulher,<br />

Continuamente a chover,<br />

É molhado em Portimão!<br />

Ao almoço, fui secá-lo…<br />

Com a esposa partilhá-lo<br />

Num arroz de lingueirão!<br />

Vejo que no Toin Zé…<br />

Uma amiga ali ao pé,<br />

Ana Maria Prudêncio!<br />

Também se deliciava<br />

Com duas amigas estava<br />

No seu cantinho silêncio!<br />

Debaixo desta humi<strong>da</strong>de…<br />

Pode chover à vontade<br />

Que a água, como a mulher<br />

São ricas fontes de vi<strong>da</strong>!<br />

Sem elas, logo à parti<strong>da</strong><br />

Não podíamos viver!<br />

Junto a água a este SER.<br />

Assim como o sol nascer,<br />

Amor, carinho e alegria!<br />

Valores essenciais<br />

Para nós os racionais,<br />

Festejarmos este dia!<br />

5ª Sextilha<br />

O Banco de Portugal<br />

Está <strong>da</strong> crise, irreal<br />

Paga subsídios de férias<br />

Vê-se que fora do Banco<br />

O povo fica em branco…<br />

Sempre atulhado em misérias!<br />

6ª Sextilha<br />

Ao Rangel com os papões…<br />

Saiu-lhe o Euro milhões!<br />

Com uma bruta reforma<br />

São só vinte e sete mil,<br />

O espelho após Abril<br />

E isto; não entra na norma!


<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 21<br />

«Eventos e Efemérides»<br />

10/3/2013<br />

HOMENAGEM a ANA CRISTINA VIDEIRA: a nossa mentora do Grupo AS CORES e JOTAS<br />

O Mundo é feito de diversos tipos de mulheres:<br />

Mulheres glamourosas... Mulheres maravilhosas...<br />

Mulheres que nos fazem rir... Mulheres batalhadoras… Mulheres talentosas, etc. O Mundo também é feito de outro<br />

tipo de mulheres: Mulheres não conheci<strong>da</strong>s ou famosas… Mulheres que deixam para trás muitas coisas <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>,<br />

para <strong>da</strong>r atenção aos outros… Mulheres que se dedicam de coração aos outros… Mulheres muito bonitas por dentro…<br />

Mulheres que lutam todos os dias por um mundo melhor… Mulheres que escrevem o que a gente canta...<br />

e a ANA CRISTINA VIDEIRA é uma dessas mulheres… E ain<strong>da</strong> UMA MULHER MARAVILHOSA e ESPECIAL!<br />

Aqui fica a carta de agradecimento<br />

<strong>da</strong> nossa homenagea<strong>da</strong>:<br />

"""Foi um dia fantástico.<br />

Adorei… e de longe imaginava que me poderia ser feita uma HOMENAGEM!<br />

Senti o calor humano muito presente, a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, a atenção, a amizade, a persistência em fazer bem e melhor,<br />

a prestação de um “bom serviço”, os sorrisos presentes… as dedicatórias escritas e nas actuações, senti tudo muito<br />

presente! O empenho, a quali<strong>da</strong>de, os pormenores e ain<strong>da</strong> os segredos partilhados nesta organização Surpresa!!<br />

Para mim foi um dia SUPER Especial<br />

e não poderei fazer qualquer comparação com dias especiais <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>,<br />

porque este sentimento é único.<br />

No que concerne à envolvência <strong>da</strong> festa, senti que, para além de to<strong>da</strong>s os adultos, entre eles os amigos,<br />

alguns conhecidos e a família, também as crianças e os jovens envolvidos, estiveram em sintonia nesta organização.<br />

Conseguiram atingir os seus objectivos (os que tinha traçado na sua mente,<br />

para a grandiosa festa de homenagem)!<br />

Acabaram por me surpreender, pela contagiante envolvência!<br />

É com imensa alegria que venho por este meio expressar o meu sincero agradecimento<br />

pelo reconhecimento e todo o apoio que têm <strong>da</strong>do ao meu trabalho em prol<br />

destas crianças e jovens envolvidos nos meus projectos.<br />

OBRIGADA www.ccram.pt<br />

por me acolher e apostar no meu trabalho!! OBRIGADA DE CORAÇÃO e AGRADEÇO o facto de terem estado presentes<br />

neste dia tão especial: Sr Torres, Filomena e Doroteia!<br />

Acima de tudo acreditam em mim! OBRIGADA!<br />

OBRIGADA PELA VOSSA EXISTÊNCIA NAS PÁGINAS DA MINHA VIDA!<br />

Ana Cristina Videira """


22 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

A Beleza do Luar<br />

A Beleza do Luar<br />

Está num olhar apaixonado<br />

Num coração sonhador<br />

Num simples beijo roubado<br />

Trocado com timidez e Amor.<br />

A Beleza do Luar<br />

Provoca emoções adormeci<strong>da</strong>s<br />

Faz a respiração sufocar<br />

Com recor<strong>da</strong>ções esqueci<strong>da</strong>s<br />

Que o tempo teima apagar.<br />

A Beleza do Luar<br />

Acalma um coração magoado<br />

Liberta lágrimas sufoca<strong>da</strong>s<br />

Num rosto triste e apaixonado<br />

Cheio de mágoas passa<strong>da</strong>s.<br />

A Beleza do Luar<br />

É como um espelho <strong>da</strong> alma<br />

Ilumina as tristezas e alegrias <strong>da</strong> paixão<br />

Num desafio permanente que acalma<br />

A ver<strong>da</strong>de e mentira existente num coração.<br />

Ana Santos - Vilar de Andorinho<br />

Minha alma chora<br />

Porque chora assim a minha alma…<br />

Chora de pena por todos nós,<br />

Que somos um povo apático e ordeiro,<br />

E se deixa conduzir como cordeiro,<br />

Aos verdes prados enganosos,<br />

Semeados de políticos falaciosos.<br />

Povo, devias lutar mais por teus ideais,<br />

Não te sentires acorrentado por demais<br />

Às promessas políticas, que foram vãs.<br />

Povo que sempre foste solidário<br />

E repartes com desvalidos o teu parco salário.<br />

Sai já desse marasmo!…Acor<strong>da</strong> nobre povo!<br />

Usa a tua força contra as arbitrarie<strong>da</strong>des<br />

Daqueles que se sentam na cadeira do poder<br />

E só o seu bem-estar pretendem defender.<br />

São Tomé – Amora<br />

Passarinhando...<br />

Brisa do alvorecer<br />

Lá fora chuva fina<br />

Do meu leito ouço o teu canto<br />

Um passarinho no coqueiro<br />

Passarinhando...<br />

Por instantes viajo com o teu canto<br />

Cante passarinho<br />

Cante para o meu sono embalar<br />

Cante ao amanhecer para me despertar<br />

Cante para me encantar...<br />

Um passarinho no teu ninho<br />

Passarinhando...<br />

Momento santo<br />

Doce encanto!<br />

Laís Evelyne – MG/BR<br />

«Estados de Alma»<br />

Amor é sexo<br />

Oh, detentor de excelsos dons poéticos<br />

Que alguma vez já teve estas nação!<br />

Hoje existe Prozac p’rà depressão,<br />

E temos para a febre antipiréticos;<br />

Para feri<strong>da</strong>s há os anti-sépticos,<br />

Do corpo falo, não do coração;<br />

Não há, sem sentimento, inspiração,<br />

Nem, sem inspiração, versos patéticos.<br />

Se vivesses, Camões, nos nossos dias,<br />

Em muito boa gente encontrarias<br />

Definição do amor: coisa sem nexo.<br />

Como os tempos mu<strong>da</strong>ram e os valores!<br />

Para quem desatina e tem calores<br />

O diagnóstico é: falta de sexo!<br />

Lauro Portugal - Lisboa<br />

Teus Cabelos<br />

Guardo um dos teus cabelos<br />

Dentro de um envelope<br />

Que enrolo nos meus dedos<br />

Se o amor vem a galope.<br />

É pura se<strong>da</strong> brilhante<br />

Que me dá tanto prazer.<br />

Pro meu coração errante<br />

Um exercício a fazer.<br />

Brilhante como teus olhos<br />

Como vindos dos sertão.<br />

Desprendem luz aos molhos<br />

Pra verem minha solidão.<br />

Que vejo como estrelas<br />

Pra me guiarem na vi<strong>da</strong>.<br />

Teus cabelos são as trelas<br />

Que me prendem antes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>.<br />

Jorge Vicente – Suíça<br />

O sorriso que preciso!<br />

Sentado,<br />

Sozinho, comigo,<br />

Num banco espero,<br />

Calado!<br />

Sou o melhor amigo<br />

Que tenho! Penso<br />

E venero<br />

O meu já longo fado,<br />

Deveras intenso!<br />

Assim, fiscalizo<br />

Todo o meu universo!<br />

Sorrio, então, ao sorriso,<br />

Que, em mim, preciso,<br />

Para ser no ser progresso.<br />

Luís Lameiras<br />

S.Mamede Ribatua<br />

Navegando...<br />

"Não há pior vilão que o vilão consciente." (Miguel de Cervantes)<br />

Flor de porcelana<br />

A ti...<br />

Flor de porcelana...<br />

Que no meu jardim...<br />

Floria...<br />

E me deixava feliz...<br />

E que recordo...<br />

Com muita sau<strong>da</strong>de...<br />

E deixo...<br />

Nestas linhas...<br />

Uma singela homenagem...<br />

À flor...<br />

Mais lin<strong>da</strong>...<br />

Que Angola tem...<br />

E que o mundo já viu...<br />

Lili Laranjo – Aveiro<br />

Mergulha em mim<br />

Faz de mim o teu mar<br />

No amar<br />

Faz neste ser...<br />

Nascer<br />

On<strong>da</strong>s e marés<br />

Sem areias aos pés...<br />

Faz de mim barco...<br />

Para navegar<br />

To<strong>da</strong>s as on<strong>da</strong>s do teu mar<br />

Num doce cavalgar<br />

An<strong>da</strong>...afoita-te<br />

Por mim dentro<br />

Num total navegar<br />

Até teu corpo acabar<br />

No cais do meu aportar<br />

An<strong>da</strong>...faz de mim destino...<br />

Sem nexo, sem tino<br />

De um incerto navegar<br />

No todo do meu mar<br />

Faz-te barco aprumado,<br />

De mastro bem levantado...<br />

Navega-me por todo o lado<br />

Neste mar do teu amar...<br />

Cais seguro para aportar<br />

An<strong>da</strong> em mim navegar<br />

Faz-te barco deste mar<br />

Maria José Lacer<strong>da</strong> - Lisboa<br />

O Louco<br />

Para um ver<strong>da</strong>deiro louco,<br />

pequena loucura é pouco,<br />

mas se é de origem divina,<br />

inun<strong>da</strong> e ilumina.<br />

Filipe Papança - Lisboa


Flores do meu jardim<br />

Quem se eterniza não precisa explicar<br />

a sua ausência, pois quando menos se espera,<br />

o seu retorno é instantâneo... é só lembrar -<br />

olhando as flores - o que é a primavera.<br />

Quando um sorriso atravessa a luz do olhar,<br />

e pousa, límpido, na mais pura lembrança,<br />

o que se ri parece até que vai chorar,<br />

na mais sublime emoção que a vista alcança.<br />

Lembrar alguém como eu te lembro, é ser feliz<br />

porque os amigos são cores primaveris<br />

que sempre enfeitam, com leveza, o meu jardim<br />

e quando alguém que eu admiro me visita,<br />

sempre me traz uma sau<strong>da</strong>de tão bonita<br />

como essa flor do teu amor que brota em mim.<br />

Luiz Gilberto de Barros – SP/BR<br />

Mulher Lutadora<br />

O 8 de Março é o dia Internacional <strong>da</strong> Mulher<br />

Simboliza o dia que deixou de ser uma qualquer<br />

E conquistou direitos de igual<strong>da</strong>de na socie<strong>da</strong>de<br />

Enfrentou desafios e derrubou preconceitos<br />

Num Mundo cruel, machista cheio de defeitos<br />

Onde a Mulher não tinha direito à sua digni<strong>da</strong>de.<br />

Mulheres vítimas de maus-tratos e violência<br />

Deixaram a culpa tomar conta <strong>da</strong> sua consciência<br />

E muitos anos sofreram sozinhas e silenciosamente<br />

A denúncia é o primeiro passo a ultrapassar<br />

Numa socie<strong>da</strong>de que aos poucos está a inovar<br />

Numa mu<strong>da</strong>nça eficaz, orienta<strong>da</strong> e permanente.<br />

As Mulheres que lutaram pelos seus valores e ideais<br />

Transformaram as suas vi<strong>da</strong>s em causas reais<br />

Numa luta justa, desgastante, mas vencedora<br />

A Lei colocou a Mulher numa posição protegi<strong>da</strong><br />

Mas o medo de agir fez muitas vi<strong>da</strong>s venci<strong>da</strong>s<br />

Numa procura constante de Mulher Lutadora.<br />

Sou <strong>da</strong>qui e <strong>da</strong>li<br />

Ana Santos- Vilar de Andorinho<br />

Sou <strong>da</strong>qui, deste país à beira-mar plantado,<br />

Mas pertenço a qualquer outro lugar<br />

A qualquer outro lugar do mundo,<br />

Por onde o meu pensamento vagueie:<br />

Onde possa sentir a liber<strong>da</strong>de do vento<br />

E <strong>da</strong>s aves que alto voam…<br />

Onde o sol se levante, sobre os campos verdejantes,<br />

Onde o mar se una ao céu, em ca<strong>da</strong> rubro entardecer,<br />

E a lua afoguea<strong>da</strong> espreite por detrás <strong>da</strong> serra,<br />

Onde rios fluam como veias, irrigando o ventre <strong>da</strong> terra.<br />

Onde possa ver flamingos rosados e abutres esfomeados,<br />

E, onde o lamento do mar, não revele os seus segredos.<br />

Só não pertenço ao coração de nenhuma ci<strong>da</strong>de,<br />

Ergui<strong>da</strong> sobre gaiolas de betão, lágrimas, suor e sangue…<br />

Onde o pássaro-humano perdeu a rota e a sua liber<strong>da</strong>de!<br />

São Tomé - Amora<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 23<br />

«Bocage - O Nosso Patrono»<br />

Passarinho poeta<br />

O Ledo passarinho que esvoaça<br />

Junto à minha janela pla manhã<br />

Parece querer dizer-me em seu afã<br />

Que é diferente aos demais <strong>da</strong> sua raça<br />

Quem sabe se é alguém que eu conheci<br />

E que voltou à vi<strong>da</strong> convertido<br />

Alguém que admiro e me é querido<br />

Talvez algum poeta dos que eu li…<br />

E que no coração in<strong>da</strong> transporte<br />

Todo o lirismo que o faz gorgear<br />

Servindo-se do sol como suporte<br />

Parece que um poema quer trautear<br />

Saltitando no seu minúsculo porte<br />

Em busca de sustento a debicar<br />

Eugénio de Sá - Sintra<br />

O Mar não canta<br />

Invejo seu vaivem em liber<strong>da</strong>de!...<br />

Quem olha o mar vê força, vê vigor,<br />

Pensa que, vá o mar p'ra onde for,<br />

Na<strong>da</strong> o impede, move-se à vontade!<br />

Não sabe que o mar sofre a sua dor,<br />

Que o mar também padece de sau<strong>da</strong>de<br />

E muito poucos sabem a ver<strong>da</strong>de:<br />

O rugido do mar... é mal de amor!<br />

Quando se deita lenta, docemente,<br />

Na areia <strong>da</strong> praia que o ignora,<br />

Finge ao perceber, mas sofre e sente.<br />

Quem olhar para o mar, já sabe agora<br />

Que, embora tão forte, tão potente,<br />

Aparenta cantar, mas ele chora!...<br />

Carlos Fragata - Sesimbra<br />

Como uma ilha fatal<br />

fêmea e firme<br />

vagarosamente caminhas<br />

com esse teu modo<br />

de ofereceres um copo de água<br />

àqueles a quem despertas sede<br />

Escorre-te pelos ombros<br />

to<strong>da</strong> a música do amanhecer<br />

sobe-te pelas pernas<br />

o silencioso sorriso <strong>da</strong> terra<br />

para as ancas convergem<br />

princípios e serpentes de fogo<br />

Liquefazem-se as esplana<strong>da</strong>s e as ruas<br />

e todos os gatos se transformam<br />

em peixes que seguem<br />

o sedutor ondular<br />

<strong>da</strong>s translúci<strong>da</strong>s e longas barbatanas<br />

que te nascem do movimento<br />

Soares Teixeira – Lisboa


24 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

A Moderni<strong>da</strong>de!<br />

Menino! O que olhas distante?<br />

O horizonte verdinho?<br />

Talvez o sol atrás dos montes,<br />

a esconder-se de mansinho?<br />

E essa tua carinha,<br />

sujinha de terra e poeira...<br />

Mostrando as tuas sardinhas,<br />

pela face rosa<strong>da</strong> e cheia!<br />

Brilha um azul em teus olhos,<br />

mostrando sonhos distantes...<br />

Parece que tu queres partir<br />

com as aves que voam errantes.<br />

Não sabes, menino, o que perdes<br />

na vi<strong>da</strong> que passa num instante...<br />

A ca<strong>da</strong> manhã que emerge,<br />

deixando tua infância no d'antes?<br />

Chorarás depois!<br />

Quando veres termina<strong>da</strong>...<br />

O recanto onde morava,<br />

a poeira <strong>da</strong> velha estra<strong>da</strong>!<br />

O sítio simples e singelo,<br />

o cheiro de relva e boia<strong>da</strong>...<br />

O canto pelas manhãs,<br />

trazidos com a passara<strong>da</strong>!<br />

Chorarás com certeza!<br />

Tal qual o riacho, eternamente...<br />

Aquele que tu pescavas,<br />

cheio de vi<strong>da</strong> e contente!<br />

Por quereres uma moto?<br />

A ci<strong>da</strong>de simplesmente?<br />

E viveres na moderni<strong>da</strong>de,<br />

que aos poucos engole a gente...<br />

Esqueces do velho alazão,<br />

onde galopavas livremente?<br />

Do cheiro fresco do pão,<br />

saído do forno quente...<br />

Ah! Menino, se pudesse<br />

prendê-lo eternamente...<br />

Dentro de mim eu faria,<br />

o deixava para todo o sempre!<br />

Tu partes amanhã...<br />

Como a chuva num repente!<br />

Deixas teu cheiro e a sau<strong>da</strong>de,<br />

de quando me foste presente...<br />

José Geraldo Martinez – SP/BR<br />

«Bocage - O Nosso Patrono»<br />

Poema de amor e dor<br />

Por ti, Maria <strong>da</strong>s Dores,<br />

Dor de amor, – ando a sofrer...<br />

Pois se anseio os teus amores,<br />

Meu destino é padecer!<br />

Vivo amargurado e triste,<br />

Nos limites de além-dor:<br />

Porque só à dor resiste,<br />

Quem por ti sofrer de amor!<br />

Ando só, na noite escura,<br />

Sofro <strong>da</strong>nos, sofro mágoas...<br />

Choro rios de amargura,<br />

Afogo-me em suas águas!<br />

Na<strong>da</strong> me traz alegria,<br />

Me dá prazer, ou me afoite...<br />

Nasce o Sol em ca<strong>da</strong> dia,<br />

Para mim é sempre noite!<br />

Dia a dia esta desdita,<br />

Causa dor… – inquietação!<br />

O meu corpo debilita;<br />

Estala-me o coração!<br />

Arde em chamas a minha alma,<br />

Numa constante agonia...<br />

A minha dor só acalma,<br />

Quando te vejo, Maria!<br />

Anseio ter-te ao meu lado<br />

Com desvelo e com carinho...<br />

A tratar-me com cui<strong>da</strong>do<br />

Entre os meus lençóis de linho!<br />

Traz-me o teu remédio santo,<br />

No calor dum beijo teu:<br />

Quero ver no teu encanto,<br />

Um pe<strong>da</strong>cinho do Céu!<br />

Que desta dor tu me cures...<br />

Ponhas fim neste tormento...<br />

– Depressa, – não te descures, –<br />

É urgente o tratamento!<br />

Não venhas com panos quentes,<br />

E outras mezinhas caseiras...<br />

Dá-me os teus beijos ardentes,<br />

– Livra-te de mais canseiras!<br />

Quero um abraço apertado…<br />

Quero beijos, – mil e dois... –<br />

Que doente mal curado,<br />

Pode recair depois!<br />

Se o meu mal não tiver cura,<br />

Nem com beijos nem abraços...<br />

Que Deus me dê por ventura,<br />

Poder morrer em teus braços!<br />

Aurélio Barata Vivas<br />

(Pampilhosa <strong>da</strong> Serra)<br />

Adolescente<br />

Na heróica planície aquele grito<br />

Com o qual mitigava a rebeldia<br />

Criava asas, seu coração hirto<br />

Para se rebelar de noite e dia<br />

Amor proibido ela esmaecia<br />

Qual envelhecido ramo de mirto<br />

O velho sonho virou fantasia<br />

Perdera-se, tal desusado rito<br />

Nascido entre a vila e o montado<br />

Logo de início fora recalcado<br />

Aquele amor degenerou paixão<br />

Proibido estar tão apaixonado<br />

Cobarde o seu amor foi exumado<br />

Ficou só a frieza <strong>da</strong> razão.<br />

Maria Vitória Afonso – Cruz de Pau<br />

Sintra Encanta<strong>da</strong><br />

Sintra,<br />

De Saloia apeli<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

Vila Velha tão conheci<strong>da</strong><br />

Mulher, Rainha e ama<strong>da</strong><br />

Fi<strong>da</strong>lga, nobre, bem queri<strong>da</strong>;<br />

Sintra,<br />

Palaciana e mourisca<br />

Guar<strong>da</strong>ndo len<strong>da</strong>s e enredos<br />

Tesouro de graça e mística<br />

Por esconder tantos segredos;<br />

Sintra,<br />

De natureza abun<strong>da</strong>nte<br />

Deslumbrando mil olhares<br />

Desde a Serra verdejante<br />

Até aos mais belos mares;<br />

Sintra,<br />

Sabe ser dos namorados<br />

Que nas fontes juram amores<br />

Deixando também apaixonados<br />

Tantos Poetas e Pintores;<br />

Sintra,<br />

Calça<strong>da</strong>s gastas trilhamos<br />

P`los seus becos e escadinhas<br />

E nos musgos murmuramos<br />

Quando não espreitam vizinhas;<br />

Sintra,<br />

Vou descobrindo no seu povo<br />

Traços de força e humil<strong>da</strong>de<br />

Que imploram num sorriso novo<br />

Um mundo de Paz e ver<strong>da</strong>de;<br />

Sintra,<br />

Sempre fresca e natural<br />

Misto de eterna emoção<br />

Património Mundial<br />

Que trago em meu coração, minha musa<br />

de eleição.<br />

Luís <strong>da</strong> Mota Filipe – Montelavar / Sintra


<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 25<br />

«Bocage - O Nosso Patrono»<br />

UMA DAS MAIORES HISTÓRIAS DE AMOR DE TODOS OS TEMPOS<br />

A 7 de Janeiro de 13<strong>55</strong>, Inês de Castro, o grande amor do Príncipe Pedro de Portugal, é assassina<strong>da</strong> em Coimbra por<br />

três nobres portugueses com a concordância do rei Afonso IV. Depois de subir ao trono, Dom Pedro declarou ter<br />

casado secretamente com Inês e ordenou a construção de dois magníficos túmulos no Mosteiro de Alcobaça, para<br />

um dos quais foram trasla<strong>da</strong>dos com honras reais os restos mortais de Inês. O outro túmulo era destinado a Dom<br />

Pedro e aí jazem os dois amantes lado a lado para a eterni<strong>da</strong>de.<br />

Esta história de amor tem sido o tema de obras literárias como "A Castro", do escritor português António Ferreira,<br />

"La Reine Morte" do escritor francês Henri Millon de Montherlant, "Inez de Castro" de Victor Hugo, ou ain<strong>da</strong> "Reinar<br />

depois de morta", de Luis Vélez de Guevara; também de obras cinematográficas. Em 1996, o escocês James MacMillan,<br />

um dos maiores compositores britânicos <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong>de, escolheu-a para tema <strong>da</strong> sua primeira grande ópera.<br />

Mais recentemente, em 2005, o escritor francês Gilbert Sinoué inspirou-se igualmente nesta eterna história de amor<br />

para escrever o livro "La Reine crucifiée".<br />

Dulce Rodrigues - Lisboa<br />

Hora Mágica no Grande Canal<br />

(Veneza)<br />

O Grande Canal<br />

Ao entardecer.<br />

Uma gaivota pousa<strong>da</strong><br />

Num qualquer cais.<br />

Uma flor caí<strong>da</strong><br />

sem querer na Àgua,<br />

Jade e salga<strong>da</strong>.<br />

O doce fechar <strong>da</strong> melancolia <strong>da</strong> tarde.<br />

A lua, debruça<strong>da</strong> à noite<br />

Que se instala,<br />

Brilhante e disfarça<strong>da</strong>.<br />

A cortina <strong>da</strong> fresca<br />

Aragem do mar.<br />

O olhar doce, verde,<br />

A profun<strong>da</strong> vontade de...<br />

...permanecer.<br />

Paulo Taful – Montelevar / Sintra<br />

Amo-te, Mulher!<br />

Ventos e Brisas<br />

Foi um lamento do vento que passou<br />

O que se ouviu gemer pla ramaria<br />

Contando de um amor que então morria<br />

Chorando nessa dor quem mais amou<br />

Que sempre o vento leva e traz consigo<br />

<strong>Os</strong> sentimentos <strong>da</strong> gente que o escuta<br />

Sejam os brados de um povo que luta<br />

Sejam ternas palavras de um amigo<br />

E quando a tempestade nos assola<br />

E o turbilhão d’Eolo é pavoroso<br />

Mais ao abrigo a gente se consola<br />

Mas se o dia é de paz e o tempo airoso<br />

C’o a fresca brisa até um amor rola<br />

Que o coração está morno e generoso!<br />

Eugénio de Sá – Sintra<br />

Amo-te, meu amor!<br />

Hoje, sinto rasgar-se fácil o meu riso<br />

<strong>da</strong>ntes recusado a qualquer ouvido.<br />

E, ao aconchego <strong>da</strong> tua presença,<br />

me enlevo no carinho e no beijo,<br />

outrora desenhados apenas no desejo.<br />

Estremeço no prazer de te olhar de perto,<br />

agora mulher minha, na distância ultrapassa<strong>da</strong>.<br />

Meus braços continuamente me fogem<br />

na ânsia de te envolver,<br />

meus lábios, insuficientes para de tanto falar-te,<br />

avi<strong>da</strong>mente te beijam, a traduzirem as palavras inertes.<br />

Minhas palmas se amaciam<br />

no contínuo acariciar a maciez <strong>da</strong> tua pele.<br />

Ao teu lado, o meu peito se dilata, pleno de calor,<br />

e no caminhar junto, acerto o passo<br />

até então desacertado.<br />

Na confidência e cumplici<strong>da</strong>de mútuas,<br />

descobri dentro de mim, a irman<strong>da</strong>de desconheci<strong>da</strong>.<br />

E quando, sentados à beira-mar, olhando o horizonte,<br />

tua cabeça no meu peito,<br />

cabelo esvoaçando nos meus lábios,<br />

só consigo sussurrar-te num abraço:<br />

Amo-te, mulher!<br />

Henrique Lacer<strong>da</strong> Ramalho - Lisboa<br />

Cavalo Alado<br />

Nas asas de um cavalo alado<br />

Voei,<br />

Sonhei,<br />

Ao teu lado me encontrei,<br />

Num abraço apertado.<br />

Naquele céu ornado,<br />

Por um Sol ofuscante,<br />

O meu cavalo alado<br />

Ficou hilariante,<br />

Por meu amor ter achado…<br />

Numa nuvem,<br />

Mesmo ao lado…<br />

E se ali te encontrei,<br />

Ali revivi,<br />

<strong>Os</strong> momentos lindos,<br />

De quando<br />

Me apaixonei.<br />

Natália Vale - Porto<br />

Alma Lusa<br />

Ó meu país sem igual<br />

Pátria lusa, lusitana...<br />

Numa luta soberana,<br />

Ergueste teu pedestal.<br />

<strong>Os</strong> teus nobres marinheiros<br />

Sempre foram os primeiros<br />

Numa rota desmedi<strong>da</strong><br />

Escrita a letras de ouro,<br />

Meu Portugal, meu tesouro<br />

Portugal Pátria queri<strong>da</strong>.<br />

Desbravando novos mares<br />

Guerreiros desta nação<br />

Tuas massas populares<br />

Em marés de dor e pão...<br />

Enfrentando o mar salgado<br />

Carpiram também seu fado<br />

Deram de beber à dor...<br />

Com arrojo, com destreza<br />

Longe do lar, seu amor..<br />

Tem na alma a grandeza<br />

Sau<strong>da</strong>de, é palavra bela<br />

Dita<strong>da</strong> do coração<br />

Marinheiro é sentinela<br />

Da mais nobre geração<br />

Ao sabor <strong>da</strong> maresia,<br />

Na rota de ca<strong>da</strong> dia...<br />

A ca<strong>da</strong> on<strong>da</strong> venci<strong>da</strong><br />

Contemplando o mar distante<br />

Tal como a on<strong>da</strong> gigante...<br />

Num mundo que lhe dá vi<strong>da</strong><br />

Na sau<strong>da</strong>de do seu lar<br />

Numa luta mais renhi<strong>da</strong><br />

Não se cansou de lutar<br />

Pondo em risco a própria vi<strong>da</strong><br />

Perante o desconhecido<br />

Marinheiro destemido<br />

Na odisseia – a proeza…<br />

O mar é luta constante<br />

Com alma de navegante,<br />

Esta alma portuguesa.<br />

Maria José Fraqueza<br />

"Preocupe-se mais com a sua CONSCIÊNCIA do que com a sua Reputação, porque a CONSCIÊNCIA é o<br />

que você é, e a reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema<br />

deles". - Confúcio ....


26 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Hino à Terra<br />

Ain<strong>da</strong> um dia vamos voltar para o Alentejo…<br />

Meu Amor!<br />

O infindável espaço <strong>da</strong> planície…espera-nos!<br />

Vamos voltar a semear as searas.<br />

Criar os rebanhos.<br />

Olhar o horizonte sem muros<br />

E plantar muitas árvores…<br />

Que na Primavera… abrirão em flor…<br />

Queres ir meu amor?<br />

Vamos voltar a amanhar as quintas<br />

Plantar roseiras de armar<br />

Fazer jardins junto às noras<br />

Sentir o cheiro <strong>da</strong> terra molha<strong>da</strong><br />

Aspirar o cheiro <strong>da</strong>s laranjeiras flori<strong>da</strong>s…<br />

Esquecer as horas!..<br />

Queres ir meu amor?<br />

Vamo-nos sentar nos tanques, olhar a água,<br />

Observar as aves, escutar as fontes.<br />

Vamos, ver o sol nascer, qual bola vermelha<br />

A elevar-se.<br />

Vamos assistir aos ocasos do Rei<br />

Pintando o poente, sempre diferente<br />

Em telas tão lin<strong>da</strong>s<br />

Que mais belas não sei.<br />

Queres ir meu amor?<br />

Vamos esperar a noite, que vem devagar<br />

Cansa<strong>da</strong> do dia, de tanto esperar…<br />

Noites de luar, peja<strong>da</strong>s de estrelas<br />

Brilhantes, doura<strong>da</strong>s…noites de encantar!<br />

Vamo-nos calar…<br />

Que os grilos e as cigarras<br />

Já se ouvem cantar<br />

E durante a noite não se vão calar.<br />

Vem meu amor, vamo-nos amar!<br />

Sem que ninguém veja…<br />

As searas crescem, na terra vicejam<br />

E o tempo a passar<br />

Faz com que amadureçam,<br />

E os grãos dourados<br />

São de novo a semente para continuar…<br />

Vem… meu amor, a terra é um hino,<br />

Que quero cantar!..<br />

Felismina Costa - Agualva<br />

«Bocage - O Nosso Patrono»<br />

Uma rosa de Maio<br />

Em Maio nasceu uma rosa<br />

De vi<strong>da</strong>, teve o seu tempo<br />

Se desfolhando, a formosa<br />

Rápido como o pensamento<br />

Era lin<strong>da</strong> a minha rosinha<br />

No canteiro de quatro flores<br />

To<strong>da</strong>s elas meus amores<br />

São a minha ternurinha<br />

Delas, lindos botões abriram<br />

Todos cabem no meu coração<br />

Mas aquela rosa formosa<br />

Não me esqueço dela, não<br />

Foi enfeitar uma estrelinha<br />

Muito longe, no firmamento<br />

Quando uma estrela cadente<br />

O céu risca depressinha<br />

Penso, será a minha rosinha<br />

Que vem nela, num momento?<br />

Fernan<strong>da</strong> Lúcia - Verdizela<br />

Poeta dos meus sonhos, J.S.<br />

Sabes poeta<br />

O meu anseio<br />

É ter-te, em noites de luar<br />

E sentir a tua essência.<br />

Pensas que sabes o que eu sinto?<br />

A minha boca nunca te dirá<br />

Só os meus olhos…que vivem longe<br />

E an<strong>da</strong>m cegos.<br />

Deixa-me beijar a tua alma<br />

Nem que seja só um bocadinho…<br />

Antes que o vento se altere<br />

E destile…<br />

Gosto tanto <strong>da</strong>s tuas palavras, suaves<br />

Aquelas que me falam e amolecem…<br />

Sabes poeta<br />

Aquelas que se entranham na carne<br />

E arrepiam a pele!<br />

Ai! Que vontade, eu tenho<br />

De escrever versos em flor<br />

E florir a tua alma.<br />

Mas pensas que me podes levar<br />

Ao céu, sem que as estrelas chorem?<br />

Quando me falas… assim…<br />

Esqueço qualquer pesar<br />

E o coração sorri-me.<br />

<strong>Os</strong> meus sonhos traçam gestos<br />

Para alcançar e envolver a tua alma<br />

Trazem-te voando em suspiros<br />

Sem medos, até mim...<br />

Telma Estêvão - Silves<br />

"A felici<strong>da</strong>de de nossa vi<strong>da</strong> depende <strong>da</strong> sereni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nossa consciência." (Olivia Goldsmith)


O Vento Que Uiva...<br />

O vento que uiva também ergue a pipa<br />

e vai plantar longíssimo a semente.<br />

Também destelha a casa, arranca a ripa<br />

e arrasa o que semeou bem de repente.<br />

A mão que mata cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> tulipa.<br />

Dá seu carinho e o tapa mais veemente.<br />

Dá verba e furta descara<strong>da</strong>mente.<br />

Nutre, alimenta e, após, exige a tripa.<br />

A boca que te exalta e endeusa agora<br />

te cobre de labéu já não demora<br />

e o bem se torna em mal e o mal em bem.<br />

E sendo a natureza tão bifronte,<br />

por que, amor, não houveras tu também<br />

de o céu mostrar e destruir a ponte?<br />

Laerte António (LA) - SP/Br<br />

Meu Cântico de Amor<br />

Fosse eu um rouxinol te cantaria,<br />

embeveci<strong>da</strong>, em meus trinados belos,<br />

a mais alegre e excelsa melodia<br />

que houvera, a festejar os nossos elos.<br />

Porém, me falta a voz, p'la idolatria<br />

à resposta encontra<strong>da</strong> aos meus apelos,<br />

que mágica ou divina se diria,<br />

p'los dons que nem ousava concebê-los.<br />

E é tanta a festa a estrelejar no peito<br />

que abafa qualquer hino de emoção,<br />

sufocados a voz e o coração.<br />

E o meu canto de amor assim calado,<br />

explode no teu corpo ao ser beijado<br />

p'las notas que componho em nosso leito!<br />

Mãe Natureza<br />

Carmo Vasconcelos - Lisboa/Portugal<br />

Ó estirpes que se extinguem <strong>da</strong> beleza<br />

Que a mãe Natureza ao homem deu!<br />

Vemos hoje que a própria Natureza<br />

Está quase destruí<strong>da</strong> e se perdeu!<br />

E o homem, ambicioso e com frieza,<br />

Quer mais e muito mais em ca<strong>da</strong> dia:<br />

Destrói ca<strong>da</strong> vez mais esta beleza<br />

Buscando tostões na tecnologia!<br />

Lembremos a paisagem, outrora lin<strong>da</strong>;<br />

Hoje terra de cinzas, tão queima<strong>da</strong>!<br />

No ar... o oxigénio quase fin<strong>da</strong>…<br />

E se a destruição continuar ain<strong>da</strong><br />

No ritmo que leva, acelera<strong>da</strong>…<br />

Do homem-suici<strong>da</strong>... resta na<strong>da</strong>!<br />

Fernando Reis Costa - Coimbra<br />

<strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março / Abril 2013 | 27<br />

«Reflexões»<br />

Há coisas que eu não sei.<br />

Mote<br />

Há coisas que eu não sei,<br />

Mas eu procuro saber<br />

São Divinas, são de lei<br />

Assim me faço entender<br />

Glosa<br />

Há coisas que eu não sei<br />

Ignorando tal saber<br />

Abro o livro que estudei<br />

É Sagrado podem crer<br />

Na questão de profecias,<br />

Mas eu procuro saber<br />

Boa Nova, com Messias<br />

No Sermão vou aprender<br />

Essas lições que admirei<br />

De Fé, Justiça e Amor<br />

São Divinas, são de lei<br />

Palavras do Salvador<br />

Sem cair na tentação<br />

Filosofar, sem saber?!<br />

São Cantares de Salomão<br />

Assim me faço entender<br />

Pinhal Dias (Lahnip)<br />

Amora / Portugal<br />

A Casa<br />

Desmoronou-se, em dor, aquela casa<br />

que parecia ser antiga e forte.<br />

Agora, ali, prostra<strong>da</strong> à sua sorte<br />

agoniza no gelo onde se abrasa...<br />

Quem passa não se importa que ela jaza<br />

por terra, espezinha<strong>da</strong> pela morte.<br />

Ninguém recor<strong>da</strong> a linha do seu porte,<br />

deixá-la, assim, tomba<strong>da</strong> em campa rasa.<br />

Dos alicerces gritam vozes de alma,<br />

em febril tempestade que se acalma,<br />

querem saber do corpo que era seu.<br />

Agora está no chão, eu sempre soube<br />

que era frágil, ergui<strong>da</strong> só de adobe,<br />

a casa... sombra e cinza que sou eu.<br />

Glória Marreiros - Portimão<br />

Gostava...<br />

Gostava de poder ser<br />

O que fui e já não sou,<br />

Gostava de poder ir<br />

Onde fui e já não vou;<br />

Gostava de conhecer<br />

A quem vi e não conheço,<br />

Gostava de entardecer<br />

A noite em que adormeço;<br />

Gostava de enraizar<br />

A árvore que eu sequei,<br />

Gostava de clamar<br />

Ás alturas que baixei;<br />

Gostava de poder ler<br />

As letras que ignorei,<br />

Gostava de esfumaçar<br />

Momentos que já deixei;<br />

Gostava de improvisar<br />

Melodias de encantar,<br />

Gostava de as ouvir<br />

E depois poder sonhar;<br />

Gostava de apagar<br />

A nódoa <strong>da</strong> escuridão,<br />

Gostava de descansar<br />

No poder do teu perdão;<br />

Gosto de gostar de ti<br />

Do gosto que não gostei,<br />

E voltar a encontrar<br />

<strong>Os</strong> momentos que deixei;<br />

Gostava poder sentir<br />

Sentimentos não sentidos,<br />

Gostava poder amar<br />

Amores não correspondidos;<br />

Gostava enfim, se gostava,<br />

Das coisas que não vivi<br />

Gostava, ó se gostava,<br />

Viver o que me esqueci!...<br />

António Rocha<br />

(S.Mamede Ribatua)<br />

Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Mat. 7:12


28 | <strong>Os</strong> <strong>Confrades</strong> <strong>da</strong> <strong>Poesia</strong> | Boletim Nr <strong>55</strong> | Março/Abril 2013<br />

Livros doados pelos <strong>Confrades</strong><br />

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO<br />

E PUBLICIDADE<br />

Rua Aristides <strong>da</strong> Costa N.º 15<br />

2840-098 Aldeia de Paio Pires<br />

Telf. 210 991 683 - Tlm. 967 634 007<br />

Email: comerciodoseixal@gmail.com<br />

http://semanariocomercio.blogspot.com<br />

As fotos deste Boletim<br />

são dos autores e<br />

outras <strong>da</strong> Internet<br />

«A Direcção agradece a todos os que contribuíram<br />

para a feitura deste Boletim».<br />

«Ponto Final»<br />

Lauro Portugal - com oferta do livro “Joaninha, voa, voa até Lisboa!” - 13/1/13<br />

Clarisse Barata Sanches - com oferta do livro “Motes de Aleixo e Glosas de Clarisse” - 21/1/13<br />

Fernan<strong>da</strong> Lúcia - com doação de 5 livros:<br />

História do Bilhete-Postal; A ci<strong>da</strong>de e o rio; Serras de Portugal; Tesouros <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> Natureza; O Melhor<br />

de Portugal. - 28/2/13<br />

O Nosso Bem-Haja!<br />

A Direcção<br />

http://www.osconfrades<strong>da</strong>poesia.com/normas.htm<br />

Próximo dia 22 de Março às 20,00h<br />

Entrevista com o poeta Eugénio de Sá<br />

Para ouvir clicar num dos seguintes links<br />

http://www.amalia.fm/radio-online/<br />

http://www.tvtuga.com/radio-amalia/<br />

Amigos que nos apoiam<br />

V Antologia em formato de papel…<br />

As inscrições terminam a 15/4/2013<br />

www.fadotv.com<br />

Voltamos a 15/05/13

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