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o lugar social imposto à mulher no romance clara dos anjos

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além de to<strong>dos</strong> os gravames quanto <strong>à</strong> liberdade, opções, decisões serem restringidas ou<br />

anuladas, o matrimonio é mostrado como o primeiro, talvez, o único objetivo das<br />

<strong>mulher</strong>es, e é o que se esperam os homens e as <strong>mulher</strong>es da sociedade fluminense de<br />

1922. O casamento era uma forma de obséquio que o homem prestava <strong>à</strong> <strong>mulher</strong>. Para<br />

garantir que sua filha continuasse donzela, não caísse <strong>no</strong> falatório popular, Engrácia,<br />

mãe de Clara e o carteiro Joaquim, o pai, não permitiam que a moça saísse de casa.<br />

Embora a literatura não tenha obrigação de narrar os fatos oficialmente, tal qual a<br />

história, ela pode tranquilamente representa-la. “A história não é me<strong>no</strong>s uma forma de<br />

ficção do que o <strong>romance</strong> é uma forma de representação histórica” (WHITE, 1994, p.<br />

138).<br />

Apresentação do escritor Lima Barreto<br />

Afonso Henriques Lima Barreto, filho do funcionário público João Henrique e<br />

da professora do primário Amália Augusta, nasceu em uma sexta-feira, dia 13 de maio<br />

de 1881. Lima Barreto teve oportunidade de receber uma boa instrução escolar, mesmo<br />

sendo um mulato, em um Brasil recém abolido oficialmente. Iniciou sua colaboração<br />

para a imprensa em 1902, ainda estudante.<br />

Lima utiliza-se de fortes traços autobiográficos em suas obras, e não é diferente<br />

em Clara <strong>dos</strong> Anjos, onde mostra entre outros traços, a contundente crítica <strong>à</strong> sociedade<br />

brasileira. Apesar de já ter publicado com êxito, e grande aceitação do público, as obras<br />

Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) e Triste Fim de Policarpo Quaresma<br />

(1915), Lima Barreto sofreu severas críticas por fugir do padrão empolado regente <strong>no</strong><br />

período, utilizando-se de uma linguagem coloquial, o que faz com que as tentativas de<br />

Lima Barreto em ingressar a Academia Brasileira de Letras não tivessem êxito.<br />

A temática <strong>social</strong> presente nas obras barretianas privilegia os pobres, os boêmios<br />

e os arruina<strong>dos</strong>, tendo como personagens principais em suas obras, negros/negras,<br />

pobres, pessoas simples, boemias e sem estudo. O escritor transformou pessoas simples<br />

em personagens centrais de seus <strong>romance</strong>s, tal como ocorre em Clara <strong>dos</strong> Anjos e, desta<br />

forma, torna seus <strong>romance</strong>s marca<strong>dos</strong> por um viés crítico e até áspero, pelos relatos<br />

transcritos de forma ácida em suas obras.<br />

Análise da perspectiva <strong>social</strong> e da linguagem utilizada por Lima Barreto<br />

A personagem Clara, ao contrário do significado de seu <strong>no</strong>me, é mulata, pobre,<br />

sem instrução, voltada aos trabalhos domésticos, <strong>à</strong> cópia de modinhas tocadas na época,<br />

aos borda<strong>dos</strong> que aprendera com Dona Margarida e aos sonhos. Uma vez que não<br />

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