1 PRESENÇA DO NATURALISMO FRANCÊS NO ... - Unesp
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ANAIS <strong>DO</strong> X SEL – SEMINÁRIO DE ESTU<strong>DO</strong>S LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />
influenciou personalidades como Alphonse Daudet, Octave Mirbeau e Henry Becque, que fez<br />
uso de seus princípios no teatro.<br />
Na França, do mesmo modo que o naturalismo se desenvolveu, desapareceu<br />
rapidamente: Huysmans foi o primeiro a se desviar para outra tendência, antes mesmo do<br />
Manifeste des Cinq em 1887, em que cinco discípulos de Zola assinam um manifesto contra os<br />
excessos cometidos por seu mestre em La Terre.<br />
Em 1891, os intelectuais franceses já consideravam o naturalismo extinto. O autor de<br />
Les Rougon-Macquart, entretanto, sobreviveria ao movimento que ajudara a criar e a difundir,<br />
tornando-se um dos maiores escritores da literatura francesa.<br />
O naturalismo pretendia ser uma reação à escola romântica que privilegiava a<br />
imaginação em detrimento da observação, e a sensibilidade idealista em prejuízo da razão. Zola<br />
propõe que façam parte da literatura “d’abord et surtout les méthodes des sciences de la nature,<br />
ensuite les données nouvelles apportées par ces sciences” (THIEGUEM, 1957, p. 229).<br />
Recusando a ideia de escola naturalista e o título de chefe dessa escola, o escritor francês<br />
afirma tratar-se do fruto de uma evolução normal, resultado da importância incontestável que a<br />
ciência possuía no século XIX. Zola buscou aplicar na literatura os mesmos métodos científicos<br />
desenvolvidos por Lucas, Darwin e Claude Bernard, ou seja, da observação e da<br />
experimentação. A base do naturalismo literário seria, então, considerar que o mundo humano<br />
era submetido ao mesmo determinismo que o resto da natureza.<br />
viveu:<br />
Zola via o escritor como um analista do homem, comparando-o a um cientista:<br />
La science entre donc dans notre domaine, à nous, romanciers, qui sommes à cette heure des<br />
analystes de l’homme, dans son action individuelle et sociale. Nous continuons par nos observations<br />
et nos expériences, la besogne du physiologiste, qui a continué celle du physicien et du chimiste [...]<br />
En un mot, nous devons opérer sur les caractères, sur les passions, sur les faits humains et sociaux<br />
comme le chimiste ou le physicien opèrent sur les corps bruts, comme le physiologiste opère sur les<br />
corps vivants. (ZOLA, 1971, p. 16)<br />
Afrânio Coutinho justifica esse ponto de vista, como sendo fruto da época em que Zola<br />
Esse foi, pois, o zeitgeist, o espírito da época, a concepção geral da vida que a dominou e lhe deu<br />
fisionomia espiritual típica: culto da ciência e do progresso, evolucionismo, liberalismo, iluminismo,<br />
determinismo, positivismo, contra-espiritualismo, naturalismo. Esse é o complexo espiritual que<br />
caracterizou a “geração do materialismo” ( COUTINHO, 1997, p.8).<br />
Mas, segundo Thieguem (1957, p. 231), Zola cometeu um erro primordial ao crer que<br />
as conquistas da ciência deviam ser vistas como definitivas e irrefutáveis. O crítico relata a<br />
surpresa do criador de Vautrin ao saber que o conhecimento das leis de hereditariedade (base<br />
científica dos Rougon-Macquart) era incerto e precisava ser revisto. De toda forma, Zola não<br />
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