1 PRESENÇA DO NATURALISMO FRANCÊS NO ... - Unesp
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ANAIS <strong>DO</strong> X SEL – SEMINÁRIO DE ESTU<strong>DO</strong>S LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />
romantismo, é o educador das almas; enquanto no narrador realista, tenta-se manter a isenção,<br />
Flaubert mesmo diz que o narrador deve ficar na narrativa como Deus fica na criação, presente<br />
nos personagens, mas fora de cena.<br />
O marido da adúltera foi publicado, originalmente, em folhetim no jornal catarinense<br />
Colombo, periódico crítico e literário, de propriedade de Manoel Lostada, João da Cruz e Virgílio<br />
Varzea. A prática era muito comum na época e numerosos romances como A Moreninha,<br />
Inocência e Memórias de um sargento de milícias foram publicados em capítulos nos jornais,<br />
antes do formato definitivo em livro.<br />
O feuilleton designava um espaço preciso no jornal, o rez-de-chaussée, rodapé,<br />
geralmente na primeira página e teria uma finalidade específica: a de ocupar “um espaço vazio<br />
destinado ao entretenimento” (MEYER, 1992, p. 96). Isso quer dizer, que ali eram publicadas<br />
piadas, receitas de cozinha, eram comentados crimes e livros recém lançados. Pouco tempo<br />
depois, surge o feuilleton dramatique e littéraire. Émile Girardin, dono do jornal La Presse,<br />
percebendo as vantagens financeiras do “continua amanhã”, associa-se a Dutacq, do Le Siècle,<br />
para publicar esse tipo de romance,<br />
adaptado às novas condições de corte, suspense, necessárias redundâncias para reativar memórias<br />
ou esclarecer quem pega o bonde andando, construção de tipos fortes e facilmente identificáveis,<br />
sentimentos em branco e preto, amor e ódio, pureza e perversão, espichamentos ou ressurreições a<br />
pedido, etc. (IDEM, p. 98)<br />
O primeiro romance do tipo foi La Vieille Fille, de Balzac, publicado em 1836. Em 1838,<br />
Le Capitaine Paul, de Alexandre Dumas, consagra o gênero e é o primeiro romance-folhetim a<br />
ser traduzido e publicado no Brasil, no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro nesse mesmo ano.<br />
O folhetim conquista numerosos leitores no país e passa a ser a “viga mestra do jornal”,<br />
sustentada por nomes como Macedo, Alencar e mais tarde, Machado de Assis.<br />
O marido da adúltera tem como protagonista a jovem Laura, que manipula quem a<br />
cerca para obter o que deseja. A moça, por meio de cartas escritas à redação do Colombo, conta<br />
que teve uma infância difícil e perdeu a virgindade ainda muito nova, após ter sido enganada por<br />
um homem mais velho. Depois de muito sofrer em um mundo cruel, encontra refúgio nos braços<br />
de Luís Marcos, um marido bom a quem Laura não soube, entretanto, respeitar e que passa a<br />
trair com um estudante rio-grandense, antigo vizinho que cuidara de seu pai como médico nos<br />
seus últimos dias.<br />
Ao descobrir o adultério da esposa, Luís Marcos suicida-se. Laura resolve suavizar a<br />
culpa que sentia, por ter transgredido as regras e não ter conseguido o perdão de seu marido,<br />
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