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Cinema - Fonoteca Municipal de Lisboa

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Ebony Bones<br />

Avenida para<br />

todas<br />

as liberda<strong>de</strong>s<br />

Serão mais <strong>de</strong> trinta concertos no festival Super<br />

Bock em Stock, mas escolher é essencial. Hoje e<br />

amanhã, em sete espaços da Avenida da Liberda<strong>de</strong>,<br />

em <strong>Lisboa</strong>, a nação “indie” celebra, olhos nos olhos,<br />

a música dos Beach House, Wild Beasts, Little Joy,<br />

Samuel Úria ou Ebony Bones. Vítor Belanciano<br />

O ano passado <strong>Lisboa</strong> <strong>de</strong>scobriu que<br />

tinha um novo festival <strong>de</strong> música. Super<br />

Bock em Stock <strong>de</strong> seu nome. Normalmente<br />

o sucesso <strong>de</strong> eventos do<br />

género ainda se faz à base da quantificação<br />

e não da enumeração das qualida<strong>de</strong>s.<br />

Neste caso foi diferente. Percebeu-se<br />

que existia uma linha <strong>de</strong>finida<br />

– privilegiar projectos rock e pop<br />

que fazem a actualida<strong>de</strong>, alguns <strong>de</strong>les<br />

ainda não totalmente conhecidos do<br />

gran<strong>de</strong> público, mas com atributos<br />

para o virem a ser. Lykke Li, Santogold,<br />

Walkmen ou El Perro Del Mar<br />

foram alguns dos que passaram pela<br />

primeira edição.<br />

Depois, coisa rara, é um evento<br />

que pe<strong>de</strong> aos espectadores que<br />

sejam activos, que estabeleçam<br />

escolhas, porque <strong>de</strong>correm vários<br />

concertos em simultâneo.<br />

Tal como uma cida<strong>de</strong><br />

se <strong>de</strong>scobre tendo disponibilida<strong>de</strong><br />

para a aventura,<br />

vagueando, também<br />

um festival <strong>de</strong>ve ser<br />

um convite à <strong>de</strong>scoberta<br />

e não um simples<br />

espaço <strong>de</strong> confirmação.<br />

Por último, e mais<br />

uma vez coisa rara<br />

em Portugal, é um<br />

evento com efeitos<br />

transversais. Faznos<br />

olhar para uma<br />

zona nobre da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> – a Avenida<br />

da Liberda<strong>de</strong> –<br />

com problemas <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e pouco<br />

vivida durante a noite.<br />

Durante duas noites é<br />

sentida, o público é con-<br />

vidado a participar numa dinâmica<br />

rotatória, <strong>de</strong>scobrindo-a.<br />

Na edição <strong>de</strong>ste ano não há o charmoso<br />

teatro Varieda<strong>de</strong>s, que levou o<br />

ano passado muitas pessoas a abrirem<br />

a boca <strong>de</strong> espanto pelo potencial que<br />

escon<strong>de</strong>, mas haverá as duas salas do<br />

cinema S. Jorge, o Teatro Tivoli, o clube<br />

Maxime, o LA Caffe, o restaurante<br />

do terraço do hotel Tivoli e o espaço<br />

do parque <strong>de</strong> estacionamento Marquês<br />

<strong>de</strong> Pombal.<br />

E há a música, claro. Muita música.<br />

Mais <strong>de</strong> trinta concertos durante duas<br />

noites. Alguns são nomes já conhecidos<br />

como Beach House, que apresentam<br />

o novo álbum a editar em<br />

Janeiro, os Little Joy <strong>de</strong> Fabrizio Moretti<br />

dos Strokes, ou a britânica Ebony<br />

Bones, singular mistura <strong>de</strong> tribalismo<br />

urbano garrido na senda <strong>de</strong> M.I.A. e<br />

pós-punk dançante na linha dos LCD<br />

Soundsystem, que tem sido presença<br />

regular em Portugal no último ano.<br />

De Inglaterra, algumas boas bandas.<br />

Os Wild Beasts, que acabaram <strong>de</strong> lançar<br />

o segundo álbum, os injustamente<br />

pouco conhecidos em Portugal Wave<br />

Machines, exemplo <strong>de</strong> criativa mescla<br />

<strong>de</strong> electrónicas e rock, os Piano Magic,<br />

que apresentam o novo registo “Ovations”,<br />

e os The Invisible. Estes estrearam-se<br />

este ano com um excelente<br />

álbum produzido por Herbert, lançado<br />

na editora <strong>de</strong>ste, a Acci<strong>de</strong>ntal, que<br />

também revelou Micachu and the Shapes.<br />

Praticam um rock sonhador, que<br />

tanto po<strong>de</strong> evocar TV On The Radio<br />

como os velhos A.R.Kane.<br />

Do outro lado do Atlântico, chega<br />

o canadiano Patrick Watson, com canções<br />

que são paisagens inteiras (folk,<br />

rock, jazz) <strong>de</strong>sdobrando-se à nossa<br />

frente. Também canadiano, mas a vi-<br />

ver em Berlim, o excêntrico<br />

Mocky é garantia<br />

<strong>de</strong> reinação e virtuosismo.<br />

Do Texas, virá<br />

o rock seguro dos<br />

Voxtrot, enquanto <strong>de</strong><br />

Nova Iorque os Blacklist<br />

prometem rock<br />

& roll sem mediações.<br />

Na senda do radicalismo,<br />

atenções viradas para o<br />

duo francês Kap Bambino,<br />

que vivem cada concerto como<br />

se fosse o último.<br />

Quem quiser confirmar que a música<br />

pop portuguesa passa por um<br />

bom momento não terá mãos a medir.<br />

O cada vez mais internacional Legendary<br />

Tiger Man vai suscitar muitas das<br />

atenções, mas <strong>de</strong> Mazgani a Samuel<br />

Úria, do hip-hop instrumental dos<br />

Orelha Negra ao rock <strong>de</strong> Os Golpes,<br />

do rock com fúria dos Easyway ao intimismo<br />

<strong>de</strong> Noiserv, passando pelo<br />

projecto Pássaro Cego, que reúne o<br />

pianista Manuel Paulo e a cantora<br />

cabo-verdiana Nancy Vieira, existe um<br />

mundo <strong>de</strong> coisas para <strong>de</strong>scobrir.<br />

No papel, o Super Bock em Stock é<br />

um convite à interacção em lugares<br />

públicos, partindo da música. Nos<br />

últimos anos, com a crise da indústria<br />

dos discos, os espectáculos ao vivo<br />

ganharam nova dinâmica. Há cada<br />

vez mais <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> participar nesse<br />

ritual colectivo on<strong>de</strong> se pe<strong>de</strong> que exista<br />

imaginação, nervo e emoção. Se<br />

possível, proximida<strong>de</strong>. Coisas que os<br />

gran<strong>de</strong>s festivais ao ar livre, ou os concertos<br />

<strong>de</strong> estádio, não permitem. Mas<br />

hoje e amanhã, músicos e público po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>scobrir-se, olhos nos olhos.<br />

www.superbockemstock.com<br />

Samuel Úria<br />

Ípsilon • Sexta-feira 4 Dezembro 2009 • 7

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