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vê-los, descalços e de sapatos na mão, acompanhando o passo com a toada de<br />

“crim, crim”.<br />

O Domingos ensinou quissalongo ao meu filho, o que me deu grandes irritações.<br />

Sentada à mesa a família, o meu filho de quatro anos tinha sempre de me meter uma<br />

piada, o que eu só percebia porque ele apontava para mim. Depois, era longa conversa<br />

em quissalongo entre ele e o Domingos, com grandes gargalhadas pelo meio.<br />

Nunca percebi nada e, para dentro, ficava furioso.<br />

Era um espertalhaço, o Domingos. Não sei bem porquê, talvez da cachaça, faltava<br />

com frequência. Depois de muita repreensão, um dia achou que me devia uma<br />

desculpa e deixou-me um bilhete: “Nosso médico, peço muita desculpa de chegar<br />

sempre tarde, mas é por causa do atraso do relógio que não tenho”. Magnífico, lá teve<br />

o seu desejado relógio.<br />

Outra ainda. O meu colega delegado de saúde disse-me que o Domingos ia com<br />

frequência à consulta mas, que estranhamente, quando o chamavam, desistia. Fiquei<br />

intrigado e acabei por desfazer a sua reserva, motivada por grande vergonha para um<br />

africano. O Domingos estava impotente e já não correspondia às suas três mulheres,<br />

só uma legítima. Depois de muita conversa, lá acabou por me dizer que já não conseguia<br />

diariamente ir à quinta vez. Que impotência! Umas vitaminas e a imposição<br />

imperativa de abstinência sexual durante um mês curaram-no. Foi um dos meus êxitos<br />

médicos.<br />

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