16.04.2013 Views

A Dança dos Dragões - Tevet Home

A Dança dos Dragões - Tevet Home

A Dança dos Dragões - Tevet Home

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

206<br />

Acima deles, silhuetas em chamas estavam dançando na neve.<br />

As criaturas, compreendeu Bran. Alguém incendiou as criaturas. Verão<br />

rosnava e atirava dentadas enquanto dançava em volta da mais próxima das<br />

criaturas, uma grande ruína de um homem envolta em chamas rodopiantes. Ele<br />

não devia se aproximar tanto, que está fazendo? Depois viu-se a si próprio,<br />

estatelado na neve de cara para baixo. Verão estava tentando afastar a coisa de si.<br />

O que acontecerá se a coisa me matar? perguntou o rapaz a si próprio. Serei<br />

Hodor para sempre? Voltarei para a pele de Verão? Ou ficarei simplesmente<br />

morto?<br />

O mundo moveu-se rapidamente à sua volta. Árvores brancas, céu negro,<br />

chamas vermelhas, estava tudo rodopiando, alterando, girando. Sentiu-se<br />

tropeçar. Conseguia ouvir Hodor gritando: "Hodor hodor hodor hodor. Hodor<br />

hodor hodor hodor. Hodor hodor hodor hodor hodor." Uma nuvem de corvos<br />

estava jorrando da gruta, e viu uma menininha com um archote na mão correndo<br />

de um lado para o outro. Por um momento, Bran pensou que fosse a irmã, Arya...<br />

loucamente, pois sabia que a irmã estava a mil léguas de distância, ou morta. E,<br />

no entanto, ali estava ela, rodopiando, uma coisinha magricela, esfarrapada,<br />

selvagem, com o cabelo todo emaranhado. Lágrimas encheram os olhos de<br />

Hodor e congelaram lá.<br />

Tudo se virou ao contrário e de pernas para o ar, e Bran deu por si de<br />

volta à própria pele, meio enterrado na neve. A criatura incendiada erguia-se<br />

acima dele, delineado, alto, contra as árvores e os sudários neva<strong>dos</strong> que as<br />

tapavam. Bran viu que era uma das criaturas nuas um instante antes de a árvore<br />

mais próxima largar a neve que a cobria e deixá-la cair, toda, em cima da sua<br />

cabeça.<br />

Quando voltou a si, estava deitado numa cama de agulhas de pinheiro<br />

sob um escuro teto de pedra. A gruta. Estou na gruta. A boca ainda sangrava<br />

onde mordeu a língua, mas uma fogueira estava ardendo à sua direita, com o<br />

calor cobrindo a sua cara, e nunca sentiu nada tão bom. Verão estava lá,<br />

farejando à sua volta, e Hodor também, completamente ensopado. Meera<br />

embalava a cabeça de Jojen no colo. E a coisa Arya estava em pé por cima deles,<br />

agarrada ao archote.<br />

— A neve — disse Bran. — Caiu em cima de mim. Me enterrou.<br />

— Te escondeu. Eu te puxei para fora. — Meera indicou a menina com<br />

um aceno. — Mas foi ela que nos salvou. O archote... o fogo mata-os.<br />

— O fogo queima-os. O fogo está sempre com fome.<br />

Aquela não era a voz de Arya, nem de nenhuma criança. Era uma voz de<br />

mulher, aguda e doce, dotada de uma estranha música que não se assemelhava a<br />

nenhuma que Bran tivesse ouvido, e uma tristeza que achou que talvez lhe<br />

quebrasse o coração. Bran semicerrou os olhos para vê-la melhor. Era uma<br />

menina, mas menor do que Arya, com a pele sarapintada como a de uma corça<br />

sob um manto de folhas. Os seus olhos eram estranhos; grandes e líqui<strong>dos</strong>,<br />

doura<strong>dos</strong> e verdes, fendi<strong>dos</strong> como os olhos de um gato. Ninguém tem olhos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!