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A Dança dos Dragões - Tevet Home

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511<br />

dúbia. Podia ser anã, mas também era mulher, e as mulheres davam má sorte a<br />

bordo <strong>dos</strong> navios. Para cada homem que tentava esfregar-lhe a cabeça, havia<br />

três que resmungavam maldições em surdina quando ela passava.<br />

E me ver só pode ser sal na sua ferida. Cortaram a cabeça do irmão na<br />

esperança de ser a minha, mas aqui estou eu como a porcaria de uma gárgula,<br />

oferecendo consolos vazios. Se fosse ela não haveria nada que mais desejasse do<br />

que de me empurrar para o mar.<br />

Nada sentia pela menina além de pena. Não merecia mais o horror que<br />

sobre ela caiu em Volantis do que o irmão mereceu. Da última vez que a viu,<br />

logo antes de deixarem o porto para trás, os olhos dela estavam vermelhos de<br />

chorar, dois pavorosos buracos vermelhos numa cara abatida e pálida. Quando<br />

içaram a vela, trancou-se na cabine com o cão e o porco, mas à noite ouviam-na<br />

chorar. Ainda no dia anterior ouviu um <strong>dos</strong> imediatos dizer que deviam atirá-la<br />

borda fora antes que as lágrimas da menina inundassem o navio. Tyrion não tinha<br />

absoluta certeza de que o homem estivesse gracejando.<br />

Depois das preces da noite terminar e a tripulação do navio ter voltado<br />

a dispersar, alguns para os seus turnos e outros para comida, rum e redes de<br />

dormir, Moqorro permaneceu junto ao seu fogo, como fazia todas as noites. O<br />

sacerdote vermelho descansava de dia, mas mantinha uma vigília durante as<br />

horas escuras, a fim de cuidar das chamas sagradas para que o Sol regressasse à<br />

alvorada.<br />

Tyrion acocorou-se na frente dele e aqueceu as mãos contra o frio da<br />

noite. Moqorro não reparou nele durante algum tempo. Estava fitando as chamas<br />

trémulas, perdido em alguma visão. Será que ele vê dias vindouros, como<br />

afirma? Se assim fosse, esse seria um dom temível. Passado algum tempo, o<br />

sacerdote ergueu os olhos para cruzar olhares com o anão.<br />

— Hugor Hill — disse, inclinando a cabeça num aceno solene. —<br />

Veio rezar comigo?<br />

— Alguém me disse que a noite é escura e cheia de terrores. O que vê<br />

nestas chamas?<br />

— <strong>Dragões</strong> — disse Moqorro no idioma comum de Westeros. Falava a<br />

língua muito bem, quase sem sinal de sotaque. Sem dúvida que essa era uma<br />

razão por que o alto sacerdote Benerro o escolhera para levar a fé de R'hllor a<br />

Daenerys Targaryen. — <strong>Dragões</strong> antigos e jovens, verdadeiros e falsos,<br />

brilhantes e escuros. E você. Um homem pequeno com uma grande sombra,<br />

rosnando no meio de tudo.

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