You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
esta locali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais pobre ao ver partir quem tanto fez pela Acção<br />
Paroquial. O funeral foi realizado para o cemitério local on<strong>de</strong> ficou<br />
sepulta<strong>da</strong>, sendo muitos os Loriguenses que a acompanharam à sua última<br />
mora<strong>da</strong>.<br />
António Luis Amaro Tuna<br />
1918 - 2003<br />
- 37 -<br />
Nasceu em <strong>Loriga</strong>, em 23 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1918, filho <strong>de</strong> José Luis Amaro Tuna e<br />
<strong>de</strong> Emília <strong>de</strong> Brito Miguel.<br />
Era ain<strong>da</strong> muito novo quando ficou órfão <strong>de</strong> seu pai, conhecido por José<br />
Farias (Barbeiro), que faleceu vitima <strong>da</strong> epi<strong>de</strong>mia do "Tifo Exantemático"<br />
que ocorreu em <strong>Loriga</strong> no ano <strong>de</strong> 1927. Por esse facto, e <strong>da</strong><strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ter que trabalhar para o sustento <strong>da</strong> casa, empregou-se numa <strong>da</strong>s<br />
fábricas <strong>de</strong> lanifícios, on<strong>de</strong> viria a ser operário têxtil durante anos,<br />
profissão que <strong>de</strong>ixou na altura em que encerrou <strong>de</strong>finitivamente a Fábrica<br />
<strong>da</strong> "Redondinha".<br />
Nas horas livres, <strong>de</strong>dicava-se ao corte <strong>de</strong> cabelos e barba, seguindo os<br />
passos do pai, e <strong>de</strong>pois do encerramento <strong>da</strong> fábrica on<strong>de</strong> trabalhava,<br />
<strong>de</strong>dicou-se <strong>de</strong> alma e coração à sua Barbearia, na arte que ele tanto<br />
adorava e que era a sua gran<strong>de</strong> paixão.<br />
Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para aten<strong>de</strong>r, muitas<br />
<strong>da</strong>s vezes só o fazendo a altas horas <strong>da</strong> noite. Não tinha horas nem para as<br />
refeições, privando, muitas vezes, a família <strong>da</strong> sua companhia nessas<br />
horas.<br />
Na altura <strong>da</strong> "Febre do Volfrâmio" <strong>de</strong>u também uma salta<strong>da</strong> à serra, à<br />
procura <strong>de</strong>sse valioso minério, tendo sempre <strong>história</strong>s curiosas para<br />
contar.<br />
Tinha uma maneira própria <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong>senvolvendo um bom relacionamento com<br />
todos, fazendo <strong>de</strong>le um homem <strong>de</strong> bem, não se lhe conhecendo, por isso,<br />
qualquer inimigo. A sua Barbearia era como que um ponto <strong>de</strong> cavaqueira on<strong>de</strong><br />
os fregueses liam o jornal, conversavam e falavam <strong>da</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> terra,<br />
e on<strong>de</strong> o "Ti António Farias", mais popularmente assim chamado, tinha<br />
sempre <strong>história</strong>s antigas para contar <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>, e <strong>da</strong>s suas gentes.<br />
Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do<br />
cemitério e à Nossa Senhora <strong>da</strong> Guia, ou mesmo até na Igreja, on<strong>de</strong> por<br />
vezes se "refugiava" nas suas orações.<br />
Fazia longas as caminha<strong>da</strong>s pelos vários recantos <strong>da</strong> serrania, que parecia<br />
conhecer como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu a<br />
alguém para lhe escrever algumas palavras, tempos <strong>de</strong>pois, numa <strong>da</strong>s fragas<br />
junto à "Fonte dos Carreiros" feitas com aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> um pico e um pincel,<br />
on<strong>de</strong> foram aparecendo, como que misteriosamente, as legen<strong>da</strong>s "Pensai e<br />
Meditai em Deus -<strong>Loriga</strong> 1990- Nossa Senhora Livrai-nos <strong>de</strong> todo o mal",<br />
Cantava o Fado <strong>de</strong> Coimbra, do qual era um gran<strong>de</strong> entusiasta. Ao cantar, a<br />
sua voz emociona<strong>da</strong> <strong>de</strong>liciava as gentes <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>, e foram muitas as<br />
serenatas que ao longo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> fez, na companhia <strong>de</strong> outros<br />
loriguenses.<br />
Um dia foi homenageado por um grupo <strong>de</strong> loriguenses, como prova <strong>de</strong> gratidão<br />
pela maneira simples e singela como se <strong>de</strong>dicava a cantar fado <strong>de</strong> Coimbra,<br />
com os amigos, homenagem que muito o sensibilizou e <strong>da</strong> qual falava vezes