Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
visível, frequentemente, saía do seu Solar <strong>da</strong> Redondinha, a fim <strong>de</strong> visitar<br />
as casas dos mais carenciados, on<strong>de</strong> para além <strong>de</strong> esmola, levava carinho.<br />
A virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> querer fazer o bem, alia<strong>da</strong> a outras quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, fizeram com<br />
que fosse adora<strong>da</strong> pelos pobres <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>. Para além <strong>da</strong>s cestas com comi<strong>da</strong><br />
que man<strong>da</strong>va entregar em casa dos pobres, pelas suas cria<strong>da</strong>s, interce<strong>de</strong>u<br />
junto <strong>de</strong> seu pai para que fosse distribuí<strong>da</strong> semanalmente uma esmola pelos<br />
mais carenciados, um gesto que se manteve durante muito tempo.<br />
Era uma excelente pianista, <strong>da</strong>ndo uma certa alegria àquele solar, quando o<br />
som <strong>da</strong>s teclas do seu piano se faziam ouvir. Casou com o Sr. Fernan<strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />
Cunha, vindo a ser mãe <strong>de</strong> quatro filhos.<br />
Faleceu no ano seguinte à morte <strong>de</strong> seu pai, com apenas 45 anos, <strong>de</strong>ixando<br />
os filhos ain<strong>da</strong> muito novos. A sua morte causou gran<strong>de</strong> consternação, e o<br />
povo chorou a sua per<strong>da</strong>. As cerimónias fúnebres foram realiza<strong>da</strong>s na capela<br />
<strong>da</strong> Nossa Senhora Auxiliadora, na Redondinha, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua família,<br />
sendo o seu corpo <strong>de</strong>positado no jazigo <strong>da</strong> família no cemitério local.<br />
José Gomes Luís Lages<br />
1881 - 1950<br />
- 9 -<br />
Nasceu em <strong>Loriga</strong> no lugar do Cabrum em 1 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1881, filho <strong>de</strong> José<br />
Gomes Luís Lages e <strong>de</strong> Ana Jorge.<br />
Era o mais velho <strong>de</strong> três irmãos, que com o falecimento precoce do seu pai<br />
(com 24 anos) com apenas 8 anos e, após a abolição <strong>da</strong> escravatura no<br />
Brasil, viaja com o padrasto e o irmão António para este país, mais<br />
precisamente para o Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Residiu no vale do Rio Paraíba e <strong>de</strong>pois foi viver para Belém do Pará e<br />
também para Manaus, on<strong>de</strong> já existia uma vasta comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> loriguense, que<br />
trabalhava no Café, na cana-<strong>de</strong>-açúcar e na borracha e on<strong>de</strong> consegue<br />
sobreviver à febre amarela, na altura muito comum naquela região. Teve a<br />
sorte <strong>de</strong> regressar a Portugal em 1900, enquanto o irmão partiria para<br />
Argentina que à semelhança <strong>de</strong> tanta gente <strong>de</strong> <strong>Loriga</strong>, nunca mais voltou à<br />
sua terra.<br />
Em Portugal, começa por viver em <strong>Loriga</strong> com a irmã Teresa e com a avó<br />
paterna Emma. Depois trabalha com um primo em Mangual<strong>de</strong> até regressar a<br />
<strong>Loriga</strong> em 1902, para o casamento <strong>da</strong> irmã com José Gomes Luiz <strong>de</strong> Pina.<br />
Nesse mesmo dia, começa um namoro com a irmã do cunhado, com quem acaba<br />
por casar passado meio ano.<br />
Por via <strong>da</strong> mulher, Maria Emília <strong>de</strong> Luís Duarte Pina entra na Fábrica do<br />
Regato <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sai após a morte do cunhado José, por tifo, e em<br />
divergência com a sogra e os restantes cunhados.<br />
Em 1929, trabalhou para Carlos Nunes Cabral e travou conhecimento e<br />
amiza<strong>de</strong> com o Con<strong>de</strong> <strong>da</strong> Covilhã. Em 1930, após hipoteca <strong>da</strong>s terras que<br />
herdou <strong>da</strong> avó no lugar do Cabrum, no "Portugal" e no Teixeiro, perante o<br />
Con<strong>de</strong> <strong>da</strong> Covilhã contrai um empréstimo <strong>de</strong> 500 contos que serviria para<br />
construir a Fábrica <strong>da</strong>s Lamas, aproveitando a leva<strong>da</strong> <strong>de</strong> água que<br />
alimentava também a Fábrica <strong>da</strong> Redondinha.<br />
Fun<strong>da</strong> a Fábrica <strong>da</strong>s Lamas e inicia a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lanifícios Lages que<br />
posteriormente adopta as <strong>de</strong>signações <strong>de</strong> Lages, Santos & Companhia, L<strong>da</strong> e