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Empoderamento e direitos no combate à pobreza - ActionAid Brasil

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— EMPODERAMENTO E DIREITOS NO COMBATE À POBREZA —<br />

Como um segundo passo 39 do processo de empoderamento, temos a alteração das relações<br />

de poder existentes entre as pessoas, famílias, comunidades e as organizações e movimentos da<br />

sociedade civil, os atores da esfera do Estado e do mercado, rompendo os laços de dependência<br />

e subordinação que bloqueiam o livre exercício e a expansão de suas capacidades.<br />

Nas relações estabelecidas dentro da família, na comunidade, nas organizações e movimentos<br />

da sociedade civil e nas relações estabelecidas entre as pessoas, famílias, comunidades e organizações<br />

e movimentos da sociedade civil com o Estado, a principal demanda é por maior accountability,<br />

participação e respeito aos processos, estratégias, tecido social e identidade locais. Ou seja, o<br />

aumento de poder social (relação com organizações da sociedade civil), o aumento do poder<br />

político (relação com o Estado) e o aumento do poder econômico (relação com o mercado).<br />

Para que a participação seja efetiva é necessário que os espaços de participação sejam ocupados<br />

por pessoas e/ou organizações e movimentos da sociedade civil empoderados, que além de terem<br />

voz nesses espaços possam num segundo momento ter meios para exercer a accountability societal,<br />

ou seja, que exijam transparência e participação nas tomadas de decisão, coloquem pontos na<br />

agenda, exponham corrupção e má atuação e exijam accountability horizontal. Que as organizações<br />

da sociedade civil promovam accountability vertical para com as pessoas, famílias e comunidades<br />

com que trabalham e que sejam abertos espaços <strong>à</strong> participação destas nas suas dinâmicas.<br />

É preciso que as organizações e movimentos da sociedade civil se empoderem, expandam<br />

suas capacidades coletivas, valorizem sua auto-estima coletiva, criando uma identidade forte, e se<br />

articulem entre si, trocando experiências, conhecimentos e propostas, formando redes e fortalecendo<br />

a esfera da sociedade civil, para que a lógica desta última comece a permear as lógicas das<br />

duas outras esferas, as do Estado e do mercado. Desta forma, equilibram-se os poderes entre as<br />

três esferas e transforma-se a relação entre elas, que deixa de ser uma relação de subjugação/<br />

subordinação e dominação para se tornar uma relação pautada <strong>no</strong> diálogo e na negociação – o que<br />

contribuirá para o aumento das liberdades em geral.<br />

Existem <strong>no</strong> mercado espaços socialmente construídos que se pautam pelos princípios da<br />

solidariedade e onde as relações entre agentes se pautam pelos princípios da cooperação, diminuindo<br />

as relações de dominação e sujeição típicas do mercado capitalista ao eliminar os atravessadores<br />

e propor uma relação direta entre produtores e consumidores organizados de forma solidária,<br />

possibilitando assim o pagamento de um preço justo aos produtores e diminuindo, ao mesmo<br />

tempo, o preço <strong>no</strong>s consumidores – são as experiências de eco<strong>no</strong>mia solidária. Existem, também,<br />

nichos de mercado que valorizam o produto da agricultura familiar, pagando um preço justo por<br />

ele e, o mais importante, dando oportunidade para o acesso dos agricultores familiares ao mercado.<br />

A aposta <strong>no</strong>s produtos orgânicos e na agroecologia também abre oportunidades de acesso ao<br />

mercado em condições mais favoráveis para a agricultura familiar. É preciso ocupar e ampliar<br />

esses espaços. Embora estes sejam pequenas ilhas abertas <strong>à</strong> agricultura familiar dentro da esfera<br />

do mercado, várias têm sido as iniciativas de construção de pontes entre essas experiências<br />

bem sucedidas.<br />

Estas são apenas algumas questões que consideramos capazes de contribuir para a reflexão<br />

em curso na <strong>ActionAid</strong> <strong>Brasil</strong> sobre empoderamento e <strong>combate</strong> <strong>à</strong> <strong>pobreza</strong>.<br />

39 Note-se que, apesar de falarmos em primeiro e segundo passo, consideramos empoderamento um processo contínuo e com<br />

recuos e avanços constantes, uma espiral de conquistas e aprendizado que se re<strong>no</strong>va constantemente.<br />

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