Empoderamento e direitos no combate à pobreza - ActionAid Brasil
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— EMPODERAMENTO E DIREITOS NO COMBATE À POBREZA —<br />
Não obstante, um enfoque excessivamente centrado na questão do poder, que não leve em<br />
conta os <strong>direitos</strong> inerentes a todas as pessoas humanas, pode conduzir, como já sucedeu ao<br />
longo da história, a caminhos autoritários que não resolvem o problema das desigualdades e do<br />
desenvolvimento huma<strong>no</strong>.<br />
Daí que o enfoque de <strong>direitos</strong> pode ser visto como complementar ao enfoque de empoderamento.<br />
Isto começou a se evidenciar com o recente surgimento de interpretações que sustentam<br />
a presença e importância do empoderamento dentro dos <strong>direitos</strong> huma<strong>no</strong>s. Tais interpretações<br />
vêm ganhando força e buscam articular, e não dissociar, os <strong>direitos</strong> civis e políticos (direito a ter<br />
voz e direito a ser escutado) com os <strong>direitos</strong> econômicos, sociais, culturais e ambientais.<br />
Em suma, não há dúvida de que desencadear processos de desenvolvimento sustentável que<br />
incluam o <strong>combate</strong> <strong>à</strong> <strong>pobreza</strong> e <strong>à</strong> exclusão requer atores que tenham a capacidade e o poder<br />
suficiente para produzir mudanças profundas na correlação de forças tanto <strong>no</strong>s níveis locais e<br />
microrregionais, como <strong>no</strong>s nacionais e mundiais.<br />
Por isso, o empoderamento daquelas pessoas, grupos e setores que vivem na <strong>pobreza</strong> ou<br />
são excluídos e marginalizados é fundamental e se caracteriza por ser um processo essencialmente<br />
político. Porém, isto não significa que não existam outros enfoques que o possam<br />
enriquecer e complementar, ainda que jamais devam substitui-lo. Um desses é, sem dúvida, o<br />
enfoque baseado em <strong>direitos</strong>.<br />
2. Estratégias, metodologias e ferramentas<br />
utilizadas para o desencadeamento de<br />
processos de empoderamento<br />
O conceito de estratégia faz alusão aos caminhos que se devem transitar para que, partindo de<br />
uma situação determinada, se consiga alcançar um ou vários objetivos também pré-determinados,<br />
da maneira mais eficaz e eficiente possível. Toda estratégia, portanto, inclui um ponto de partida,<br />
um ponto de chegada e o caminho que une a ambos.<br />
O ponto de partida geral de uma estratégia de empoderamento é a existência de pessoas,<br />
grupos ou setores sociais que vivem em condições de <strong>pobreza</strong> ou sofrem de exclusão e carecem<br />
de poder suficiente para conseguir uma situação melhor em seu contexto social. O ponto de<br />
chegada é uma situação em que esses grupos ou setores saíram da <strong>pobreza</strong> e da exclusão e se<br />
integraram na sociedade como agentes de desenvolvimento.<br />
O desafio que deve enfrentar a estratégia de empoderamento é o que fazer para conseguir<br />
esta mudança, quais são os passos para gerar esse poder em termos de criação das capacidades<br />
das pessoas, grupos ou setores pobres e excluídos e de produzir as transformações necessárias <strong>no</strong><br />
meio <strong>à</strong> sua volta, de modo que sua <strong>no</strong>va condição seja sustentável <strong>no</strong> tempo.<br />
2.1. Sujeito e agentes do empoderamento<br />
O primeiro ponto que deve definir uma estratégia é quem ou quais devem levá-la adiante.<br />
Neste sentido, diversas experiências e aportes sobre o empoderamento <strong>no</strong>s ensinam que este não<br />
pode ser desenvolvido em <strong>no</strong>me daqueles que devem ser empoderados, que os processos de<br />
empoderamento devem centrar-se necessariamente nas pessoas e grupos desempoderados, em<br />
suas visões, interesses e prioridades. Isto significa que nenhum grupo pode ser empoderado de<br />
maneira sustentável desde fora, dado que as mudanças na consciência e na autopercepção, assim<br />
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