Empoderamento e direitos no combate à pobreza - ActionAid Brasil
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Introdução ao debate<br />
sobre empoderamento<br />
e <strong>direitos</strong> <strong>no</strong> <strong>combate</strong><br />
<strong>à</strong> <strong>pobreza</strong><br />
5<br />
Jorge O. Roma<strong>no</strong> 1<br />
e Marta Antunes 2<br />
As abordagens de empoderamento e de <strong>direitos</strong> estão presentes nas estratégias<br />
e práticas de campo das ONGs que promovem um desenvolvimento alternativo, visando <strong>à</strong><br />
superação da <strong>pobreza</strong>.<br />
A <strong>no</strong>ção de empoderamento começa a ser utilizada na década dos 70, com os movimentos sociais<br />
e, posteriormente, passa a permear as práticas das ONGs. Nos últimos a<strong>no</strong>s, o conceito e a<br />
abordagem foram gradualmente apropriados pelas agências de cooperação e organizações financeiras<br />
multilaterais (como o Banco Mundial). Nesta apropriação o conceito e a abordagem sofreram<br />
um processo de despolitização – ou pasteurização – ao ser enfatizada sua dimensão instrumental<br />
e metodológica. Assim, junto com conceitos como capital social e capacidades, o empoderamento<br />
passa a ser um termo em disputa <strong>no</strong> campo ideológico de desenvolvimento.<br />
Por sua vez, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, percebe-se que um número crescente de instituições da Sociedade<br />
Civil introduz em sua estratégia a abordagem baseada em <strong>direitos</strong>, a qual tem sua origem na<br />
luta pelo reconhecimento e promoção do conjunto de <strong>direitos</strong> huma<strong>no</strong>s (civis, políticos, econômicos,<br />
culturais, etc.). As próprias agências de cooperação e organizações financeiras multilaterais<br />
vêm progressivamente adotando esta <strong>no</strong>va conceitualização na formulação de suas<br />
políticas e estratégias. Dessa forma a <strong>no</strong>ção de <strong>direitos</strong> e a abordagem baseada em <strong>direitos</strong><br />
passam também a ser motivo de debate e disputa <strong>no</strong> campo de desenvolvimento, tal como ocorre<br />
<strong>no</strong> caso de empoderamento.<br />
No <strong>Brasil</strong> os fundamentos da abordagem baseada em <strong>direitos</strong> estão muito mais presentes <strong>no</strong>s<br />
debates sobre desenvolvimento e <strong>combate</strong> <strong>à</strong> <strong>pobreza</strong>, tanto <strong>no</strong> espaço governamental de políticas<br />
públicas, como entre os movimentos sociais, ONGs e o mundo acadêmico, devido <strong>à</strong> importância<br />
que têm assumido as análises de luta pela cidadania e de construção de <strong>direitos</strong> sociais.<br />
Por sua vez, as discussões que têm como enfoque o empoderamento são incipientes, estando<br />
associadas, principalmente, <strong>à</strong>s propostas de agências de cooperação. Entre os movimentos sociais,<br />
ONGs e a academia especializada nestes temas, além de desconhecimento existe, em geral, uma<br />
ampla margem de desconfiança, por conta do uso instrumental da abordagem feito por entidades<br />
como o Banco Mundial.<br />
1 Antopólogo, <strong>ActionAid</strong>/CPDA-UFRRJ, <strong>Brasil</strong>.<br />
2 Eco<strong>no</strong>mista, CPDA-UFRRJ, <strong>Brasil</strong>.