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Empoderamento e direitos no combate à pobreza - ActionAid Brasil

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— O CAMINHO DO EMPODERAMENTO: ARTICULANDO AS NOÇÕES DE DESENVOLVIMENTO, POBREZA E EMPODERAMENTO —<br />

Surge então a questão: O que fazer? Que origina várias outras questões.<br />

• É o fim da eco<strong>no</strong>mia do desenvolvimento, que se fragmentou, caminhou para a interdisciplinaridade?<br />

• Há que negar a possibilidade de domesticar o processo de desenvolvimento imanente, ou<br />

seja, negar a prática de desenvolvimento intencional, quer pelo Estado, quer pela sociedade<br />

civil – defesa da era pós-desenvolvimento 8 e do desenvolvimento livre de tutela? 9<br />

• Deve-se insistir <strong>no</strong> crescimento econômico acompanhado das políticas compensatórias “das<br />

evidentes mazelas sociais e ambientais geradas pelos padrões de crescimento que vigoram<br />

até aos dias atuais”? (Maluf, 2000: 55) 10 Deixar ao Estado a mera função de regular o<br />

mercado e compensar os excluídos?<br />

• Optar por políticas de desenvolvimento alternativo? 11<br />

É, então, neste contexto de incerteza quanto ao futuro da eco<strong>no</strong>mia do desenvolvimento<br />

que surge a abordagem de desenvolvimento alternativo, da qual o empoderamento é um<br />

conceito-chave. Este modelo tem como reivindicações políticas-chave a integração política (democracia<br />

participativa), a integração econômica (crescimento econômico adequado), a integração<br />

social (igualdade de gênero) e a integração futura (sustentabilidade).<br />

Os autores do desenvolvimento alternativo defendem os <strong>direitos</strong> huma<strong>no</strong>s universais e os<br />

<strong>direitos</strong> particulares dos cidadãos em determinadas comunidades políticas, especialmente os <strong>direitos</strong><br />

das pessoas até então sem voz, os pobres sem poder, que constituem a maioria. O modelo<br />

de desenvolvimento alternativo envolve um processo de empoderamento cujo objetivo a longo<br />

prazo é reequilibrar a estrutura de poder na sociedade, tornando a ação do Estado mais sujeita <strong>à</strong><br />

prestação de contas, aumentando os poderes da sociedade civil na gestão de seus próprios assuntos<br />

e tornando o mercado mais responsável. 12 Um desenvolvimento alternativo consiste na primazia<br />

da política para proteger os interesses do povo, especialmente dos setores desempoderados,<br />

das mulheres e das gerações futuras assentes <strong>no</strong> espaço de vida da localidade, região e nação<br />

(Friedmann, 1996, 33).<br />

Embora um desenvolvimento alternativo seja inicialmente baseado em localidades particulares,<br />

seu objetivo a longo prazo é transformar a totalidade da sociedade através da ação política aos<br />

níveis nacional e internacional. Sem este salto qualitativo do local para o global, “o desenvolvimento<br />

alternativo continuará encapsulado dentro de um sistema de poder altamente restritivo,<br />

incapaz de progredir em direção ao genuí<strong>no</strong> desenvolvimento que procura” (Friedmann, 1996, 33).<br />

O desenvolvimento alternativo tem como objetivo procurar uma mudança nas estratégias<br />

nacionais existentes através de uma política de democracia participativa, de crescimento econômico<br />

apropriado, de igualdade de gêneros e de sustentabilidade ou eqüidade entre gerações.<br />

8 Sobre o enfoque pós-moder<strong>no</strong> ver Maluf (2000: 65/6).<br />

9 Cowen e Shenton (1996), citados por Maluf (2000: 68/70).<br />

10 Para crítica <strong>à</strong> combinação crescimento econômico com políticas sociais compensatórias ver Maluf (2000: 60/1).<br />

11 Pieterse (1998), citado por Maluf (2000: 68/9), critica o desenvolvimento alternativo por considerá-lo um campo fragmentado<br />

em termos teóricos e pela perda de seu sentido alternativo na medida em que a corrente tradicional incorporou muitos de seus<br />

lemas – embora na verdade o que fez foi cooptar seus conceitos e <strong>no</strong>ções para simplesmente os agregar a suas estratégias<br />

centradas <strong>no</strong> crescimento, caso do Banco Mundial.<br />

12 O que se pode considerar como uma forma de equilibrar os desequilíbrios dos níveis de poder entre as três esferas: Estado,<br />

mercado e sociedade civil.<br />

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