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QUEREM MATAR JIMMY CARTER!,

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OVELHAt<br />

^^^^ PROIBIDO<br />

^MGAZINE<br />

K /A/^^A^IK<br />

DE<br />

"^NE<br />

HUMOR<br />

\K ÁS^íD PARA MENORES DE<br />

Cr$ 10,00<br />

<strong>QUEREM</strong><br />

<strong>MATAR</strong><br />

<strong>JIMMY</strong> <strong>CARTER</strong>!,<br />

PAG. 8


CARTÃO DE PONTO<br />

VERTENTE EDITORA LTDA.<br />

Rua Monte Alegre 1434<br />

Fone: 623699 CEP: 05014<br />

São Paulo — SP<br />

Diretor Responsável:<br />

Júlio César Cardoso de Barros<br />

Editor:<br />

Geandré<br />

Conselho Editorial:<br />

Laerte<br />

Jullo Cezar<br />

Representante:<br />

Lula Plmentel-<br />

Rua Hermenegildo de<br />

Barros 77/303-RJ<br />

Arte:<br />

Marina Pontual<br />

Paulo<br />

Composição, Fotolito<br />

e Impressão:<br />

Editora Jornalística AFA<br />

Indústria Cultural S.A.<br />

Distribuição da Abril Industrial<br />

e Cultural S/A.<br />

O BANDO DESTE NÚMERO<br />

JAAB<br />

SUDAIA<br />

LAERTE<br />

RACY<br />

GEANDRÈ<br />

FERNANDO<br />

LUSCAR<br />

ELIHU<br />

LUÍS PIMENTEL<br />

SYLVIO ABREU<br />

J. CÉSAR<br />

ORLANDO MIRANDA<br />

LOURENÇO D1AFÉRIA<br />

CIRO PELLICANO<br />

ARNALDO<br />

CRIST<br />

CHUMY CHUMMEZ<br />

ADAIL<br />

WALDO GUIMARÃES<br />

IGE<br />

ZARTEU<br />

BETO MARINGONI<br />

MARCON<br />

MICHELE<br />

SIZENANDO<br />

AGOSTINHO GIZÉ<br />

ABREU MORATO<br />

VENEZA


ovaHAt<br />

N- 6/Agosto77<br />

i<br />

InT ir iff'<br />

^A^^^A<br />

r^V;^<br />

M I v,<br />

A WDA É COMO<br />

UMA ESCADA<br />

DE GALINHEIRO.<br />

CURTA, PORÉM<br />

CHEIA DE MERDA.<br />

(Santiago Rusinõl)<br />

«<br />

PALAVRA DE OVELHA"<br />

Até o momento em que<br />

fechávamos esta edição,<br />

não nos chegou nenhum<br />

cumprimento pelo nosso<br />

primeiro aniversário, por<br />

parte da SIP (Sociedade<br />

Interamericana de , La<br />

Prensa). New York Times,<br />

La Vanguardia, Le Mon-<br />

de, discretamente, nos<br />

deram uma linha apenas:<br />

«Parabéns a vocês.»<br />

Na verdade nenhum<br />

destes jornais estrangei-<br />

ros reconhecem nossa lu-<br />

ta para chegar aonde che-<br />

gamos: Rua Monte Ale-<br />

gre, 1434 - fone 62-3699 -<br />

CEP 05014 São Paulo —<br />

SP.<br />

Mas aqui fica o agrade-<br />

cimento ao apoio dado<br />

pela imprensa alternativa:<br />

VERSUS, MOVIMENTO,<br />

NÕS MULHERES, O BI-<br />

CHO, DE FATO, FRADIM,<br />

ESCRITA, PARALELO, A<br />

n)<br />

l<br />

%<br />

2.<br />

LU<br />

_J<br />

LU<br />

ROLETA, A MOSCA, SíM-<br />

BOLO.<br />

Cabe aqui agradecer<br />

ainda as publicações da<br />

grande imprensa: FOLHA<br />

DE S.PAÜU), FOLHE-<br />

TIM, ÚLTIMA HORA<br />

(Rio), VEJA, VISÃO e<br />

JORNAL DA TARDE, CO-<br />

LUNA JORNAL DOS JOR-<br />

NAIS (FSP), JORNAL DA<br />

SEMANA.<br />

E para terminar, natu-<br />

ralmente àqueles que<br />

mais estiveram com a<br />

gente: os assinantes, lei-<br />

tores e anunciantes.<br />

Por favor, agora, po-<br />

dem nos trazer lenços.<br />

Snif, snif...<br />

O


A Fonte Credenciada<br />

Informou que...<br />

VOLTAR VIVO<br />

VOLTA.<br />

MAS O UEIT6<br />

KM>A.Mê/<br />

&-!<br />

caiu mni»„ 0lm " ceclçacl


LOURENÇO DIAFERIA<br />

A grande, incrível.cavilosa<br />

aventura de<br />

J^lepois que o King<br />

Kong jâ tinha dado tudo<br />

em Nova York, os ameri-<br />

canos chegaram e disse-<br />

ram manda esse gorila là<br />

pro Brasil como parte do<br />

nosso acordo cultural.<br />

Ai um cara respondeu<br />

pô, mas eles estão pedin-<br />

do o Frank Sinatra faz<br />

mais de vinte anos, acho<br />

que a prioridade cabe ao<br />

Frank.<br />

No que outro cara cor-<br />

tou em cima, pediu um<br />

chiclete urgente, acres-<br />

centando rewrite these<br />

sentences using the cor-<br />

rect verbs and joining<br />

words,- espera ai, rapaz,<br />

está dando interferência<br />

no gravador, manda essa<br />

turma falar em brasileiro,<br />

tâ, e enquanto engolia a<br />

goma de mascar o outro<br />

cara lembrou que o Sina-<br />

tra jâ era, ia ter uma difi-<br />

culdade de encher o<br />

King Kong Aqui,ó!<br />

Anhembi ou o Maracanã-<br />

zinho, as últimas remes-<br />

sas de artista tinham si-<br />

do uma porrada no saco,<br />

se ê que se pode dizer<br />

assim, os brasileiros es-<br />

tão ficando sabidos, já<br />

não entram mais naquela<br />

de Raquel Welch, qual-<br />

quer um vê que aquilo é<br />

que nem frango à caipira,<br />

to'do recheado de farofa, e<br />

eles estão por aqui de<br />

farofadas, estão lembra-<br />

dos como se entortou<br />

aquele tonto que entorta-<br />

va garfos, it isn't?<br />

Vai por mim, turma,<br />

disse o cara do chiclete, o<br />

King Kong sozinho enche<br />

as medidas. A onda agora<br />

é macaco e gorila. E eles<br />

ainda ficaram discutindo<br />

ai mais umas duas horas,<br />

porque com eles o negó-<br />

cio - todos os negócios é<br />

planejado, não tem essa<br />

de inventar ferrovia do<br />

aço e depois deixar pra là,<br />

as únicas coisas mal pla-<br />

nejadas foram a excursão<br />

ao Vietnã e a visita de cor-<br />

tesia àquele prédio de<br />

Watergate, mas ninguém<br />

ê perfeito e isso acontece<br />

até na União Soviética,<br />

pra não dizer até na Chi-<br />

na, so on, tl^e thieves' car<br />

was badly damaged and<br />

easy to recognize, ô cara,<br />

estou te mandando dar<br />

um jeito nesta droga de<br />

gravador, quê que hà, jà<br />

não bastam os erros do<br />

paste-up ainda mais esta,<br />

troca a fita, caramba, está<br />

certo que fita virgem não<br />

está fácil, nada está fácil<br />

quanto mais fita, mas va-<br />

mos deixar de ser pão-du-<br />

ro, isto pega mal hem tur-<br />

ma, e os americanos saí-<br />

ram do elevador todos de<br />

foguinho, mas alegres,<br />

5


pois tinham chegado a<br />

um acordo: o pessoal que<br />

tinha a maioria das ações<br />

do macaco ganhou a pa-<br />

rada.<br />

E assim King Kong de-<br />

sembarcou no aeroporto<br />

de Congonhas, que nesse<br />

dia deu teto mas quase<br />

não dá chão, pois o gorila<br />

jà começou dando baixa-<br />

ria na hora de pegar um<br />

taxi, o que ele fez com<br />

uma mão só, mandando o<br />

motorista praquele lugar.<br />

Jàera noitinha. Á dita ho-<br />

ra do rush. De sorte que o<br />

macaco pegou a reta pro<br />

centro da cidade pela ave-<br />

nida Vinte e Três de Maio<br />

e mal chegou no Anhan-<br />

gabaú da Facilidade já foi<br />

contratado para aparecer<br />

na televisão e inaugurar o<br />

novo quadro Quem Sabe<br />

Mais, a Mulher ou o Ma-<br />

caco?<br />

Quer dizer, o bicho<br />

estava entrando de pé di-<br />

reito. Acontece que vir a<br />

pé do aeroporto até o<br />

Centro, ainda mais pas-<br />

sando por cima dos auto-<br />

móveis, abre o apetite de<br />

qualquer um. E macaco<br />

também come. De modo<br />

que King Kong parou nu-<br />

ma quitanda e pediu uma<br />

caixa de banana, mas o<br />

japonês cismou que o<br />

macaco não tinha dinhei-<br />

ro para pagar a fruta fina,<br />

banana hoje ê ouro, mes-<br />

mo a nanica; e de fato o<br />

macaco tinha apenas uma<br />

nota de cem dólares, a<br />

caixa de banana custava<br />

muito mais que isso, o<br />

japonês sugeriu com jei-<br />

tinho que o macaco<br />

esquecesse a. banana e<br />

fosse jantar no Edifício<br />

Itália, pois ali ele podia<br />

exibir uns números de<br />

equilibrismo e descolava<br />

uma comida de graça.<br />

E dito e feito.<br />

Só que quando King<br />

Kong pintou no Salão<br />

Verde reservado prós exe-<br />

cutivos criou um tremen-<br />

do mal-estar, apesar de<br />

estar de pelo escuro, pois<br />

a gravata - reparando me-<br />

lhor, o cinto - do bicho<br />

estava calda e quase<br />

arrastava no chão, o ma-<br />

caco não sabia mesmo se<br />

vestir, o maitre pediu que<br />

se retirasse pelo elevador<br />

antes que fosse obrigado<br />

a chamar o cozinheiro, o<br />

qual nessa noite estava<br />

tentando inventar um pra-<br />

to novo com sabor tropi-<br />

cal, e macaco era uma<br />

sopa.<br />

King Kong saiu pela ja-<br />

nela mesmo e desceu por<br />

fora sem utilizar a escada<br />

de incêndio. Desviou do<br />

Hilton e pegou ali a Rego<br />

Freitas, tendo sua aten-<br />

ção desviada para a sede<br />

do Sindicato dos Jorna-<br />

listas onde, como aconte-<br />

ce todos os dias, havia<br />

escritor lançando livro.<br />

Era uma boa, porque<br />

sempre tem salgadinhos<br />

e uma bebida, e nessa<br />

altura do campeonato<br />

King Kong estava a fim de<br />

tomar até coca-cola. Mas<br />

observou melhor e fla-<br />

grou, ali na calçada,<br />

aquele bando de mulhe-<br />

rio fazendo trotoar, e o<br />

macaco se esqueceu da<br />

banana e do coquetel,<br />

partindo célere e presto<br />

na direção de uma dona<br />

de salto alto, muito da<br />

bunduda, e sabe como é o<br />

atavismo. Mas a mulher<br />

largou os sapatos na rua e<br />

saiu a mais de oitenta e<br />

foi abandonando também<br />

o sutiã e depois os dois<br />

seios, a peruca, e por fim<br />

deixou a calcinha e ficou<br />

só de sunga, e o King<br />

Kong estranhando, puxa,<br />

aquela mulher parecia o<br />

Mandrake, era mais pelu-<br />

da que ele macaco, e<br />

ainda por cima tinha voz<br />

grossa e danada, e grita-<br />

va-Açode eu, Norma! Me<br />

livra eu do tarado! - e o<br />

King Kong nem nessa,<br />

precisou que um chapa lá<br />

do Som de Cristal desse o<br />

alô- Ei cara, não vai que é<br />

uma podre. È travesti!<br />

E no que ouviu o brado<br />

de alerta King Kong pu-<br />

xou o freio de mão e deu<br />

meia volta. E nessa meia<br />

volta ele estava em frente<br />

do La Lycorne, que é uma<br />

butique de artigos femini-<br />

nos que geralmente levam<br />

você pracasa. E o King<br />

Kong foi apresentado à<br />

anfitrã e até pensou que<br />

podia arranjar um empre-<br />

go de leão-de-chácara,<br />

ninguém ia mexer mais<br />

com as moças, ele prote-<br />

geria as jovens dos ma-<br />

chões, mas a anfitriã logo<br />

desconversou porque era<br />

capaz de King Kong só<br />

atrapalhar o movimento<br />

da casa, porque os arti-<br />

gos lá podiam ser manu-<br />

seados à vontade.<br />

E o King Kong tomou<br />

três uísques e ficou ton-<br />

to.<br />

E de manhã cedo, de-<br />

pois de comer um picadi-<br />

nho da madrugada, des-<br />

cia tranqüilo a rua quan-<br />

do encontrou alguns<br />

estudantes carregando<br />

faixas. King Kong pensou<br />

que fosse uma filmagem<br />

na qual ele seria o artis-<br />

ta principal, e se pôs à<br />

frente do grupo, pulando<br />

e guinchando, e a turma<br />

falou pombas, dessa vez<br />

a gente derruba o Al 5, e<br />

de fato a coisa estava ma-<br />

ravilhosa, mas de repente<br />

apareceu ninguém sabe<br />

de onde um PM baixinho<br />

com um cacetete maior<br />

que a gravata - reparan-<br />

do melhor, o cinto - do<br />

King Kong e desfechou-<br />

lhe uma porretada na ore-<br />

lha.<br />

E foi assim que King<br />

Kong, ó.


OUTROSIM<br />

BREVE NA PRAÇA<br />

(HJTROSIM<br />

JORNAL DE HUMOR<br />

OUTROSIM<br />

MAIS UM LANÇAMENTO<br />

DA<br />

VERTENTE<br />

:ASo9k, «SAftToM», FOTO»,<br />

a-rio,o», feM«Afos( CO«OTO«,<br />

e»A«,<br />

'A«*AO)£MS, PAPo», iftÍTíCA»,<br />

|PA«.oe*iA«, MuOTSToa, &ÍT'i»AM»OS,<br />

EMAGOSTO<br />

ASA CURTA<br />

de<br />

Gilberto Mansur<br />

ASSINE ESCRITA<br />

Desejo assinar Escrita a partir do n°<br />

() por um ano (CrS 180,00)<br />

()por se/s meses (Crt 90,00)<br />

Solicito o envio gratuito dos seguintes números atrasados<br />

Aw&aoTA», A«w«*oa«A» «<br />

(três para assinatura anual, dois para semestral)<br />

Nome:<br />

Endereço:<br />

Cidade Cep ...<br />

Estado<br />

Segue vale postal () cheque visado () para<br />

Vertente Editora Ltda.<br />

Rua Monte Alegre. 1434<br />

05014 - São Paulo (SP)


w<br />

<strong>QUEREM</strong> M^TAR<br />

<strong>JIMMY</strong><strong>CARTER</strong>!<br />

J IJm<br />

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LAERTE E GEANDRE<br />

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com e mo<br />

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^


^15 •yj<br />

A^"' ^^ÊA ChumyChumez<br />

jír ^^ tem apresentado<br />

^^ ^^ uma característica<br />

W ■i^iv^m m-rww ■ €» nos seus<br />

^ LSRlJMI/lS n d 2fn nhos:oso1<br />

" negro sempre se<br />

pondo. Foi assim<br />

Que ele desenhou nos<br />

tempos de Franco.<br />

Mas como os desenhos reproduzidos são de 74,<br />

creio que o sol já tenha ficado<br />

gris (afinal, o clima na Espanha mudou muito).<br />

De qualquer maneira, independente mente da cor do<br />

sol, uma coisa é certa:<br />

o humor de Chumy será sempre brilhante.<br />

12<br />

m/um<br />

m<br />

A K<br />

Q\lí o**<br />

s ^<br />

ave<br />

& &*%%<br />

^<br />

& pBlr<br />

ME SÜSTA.PC^A-ME<br />

UNA PARA NI?J(?S.<br />

Um*


-t, muy lécM. imtinf qu» 11—- -I» Mito* m UM I<br />

VMM un cocodrUo y M eom» eu*n>. iCuénloê dMo» t» t<br />

13


SAIA<br />

DANDO<br />

CARTÕES!<br />

Cartões humorísticos e<br />

de natal personalizados<br />

GRnnuuiE<br />

LIVRARIA<br />

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PAULO FRAA/C(9ecom


TRÊS MANEIRAS DE PEDIR<br />

O DIVORCIO<br />

Veja você, Lolita, você é uma mulher distinta, uma mulher<br />

que deve aspirar às mais altas posições; eu nada posso<br />

oferecer, salvo minha devoção e minha recordação.<br />

Sempre respeitei você, Lolita, e me dói que você me diga<br />

outra coisa. Nunca deixei de chamá-la de você, nunca me<br />

permiti o uso de termos que os jovens de hoje, tão pouco<br />

sensíveis, reservam para o belo sexo.<br />

Guardo de você a mais grata recordação e caio a seus<br />

pés com todo respeito. Por favor, não se preocupe, a<br />

limonada é por minha conta. Garçon!<br />

3 Outra<br />

Você está aburguesando, Lolita. Logo vai querer criar<br />

família e, nos domingos, levar as crianças no Playcenter.<br />

Segundo Delleuze, o amor é uma relação rica em<br />

símbolos, porém Heidegger sustenta que o homem é um<br />

ser de distância e é por isto que tô a fimdeir pra<br />

longe. Diz Cortazar, acho que é Cortazar - lembra quando<br />

lemos juntos «Rayuela»? - que ei olvido é só o revés<br />

do amor.<br />

Acho que Cortazar não disse nada disso, mas se a gente<br />

ligar a relação estrutural que se desenvolveu no contexto<br />

de nossa experiência sexual a nível de cama, resulta que<br />

o ciclo nietzschiano fechou-se e estamos vivendo já numa<br />

estrutura desconexa como a de Godard,onde os vazios do<br />

sentido só fazem comunicar a angústia althuzeriana ao<br />

ao todo; nâo sei se deu pra entender.<br />

Lolita, tá na hora ao rush.<br />

vida, Lolita. Nasci para outras transas. Logo chega<br />

o verão e eu já comprei minha prancha. Não é que<br />

você engordou e eu não quero te levar para o Guarujá.<br />

È que nós somos muito jovens. Temos muito tempo<br />

pela frente. Que você pode fazer com o que eu ganho?<br />

Fui aceitar a idéia de abrir uma caderneta de poupança<br />

e você logo perguntou «quer casar comigo?». Tudo por<br />

causa de porcentagens que ficamos prevendo,<br />

Quando íamos ao cinema, você ficava vidrada nos vestidos<br />

da Liz Taylor. Eu não. Ficava ali me mordendo de inveja<br />

dos artistas que tomavam martini.<br />

Mas nem você é Liz Taylor nem eu sou Sir Burton Por<br />

isto, quem vai saber de nós?<br />

Merda, acho que ainda dá pra pegar o segundo tempo do<br />

Palmeiras e Coríntians no Pacaembu.<br />

1D


16<br />

EM<br />

AGOSTO<br />

NAS<br />

LIVRARIAS<br />

Mais um lançamento da sutnmus editorial v '% JÜ^


ZARTEU


CLAERTE)<br />

GUIA DO TORCEDOR<br />

RRASILEIRO<br />

Perg.- Se a bola fôr chutada para fora de campo, como<br />

deve proceder o árbitro da contenda?<br />

Resp.- O árbitro deve determinar o ingresso de uma<br />

outra bola em campo. Isto aconteceu no Cam-<br />

peonato Maranhense de 1943.<br />

Perg.- E se a outra bola também for chutada para fora<br />

de campo?<br />

Resp.- É uma situação rarlssima, pode-se dizer quase<br />

impossível. Numa situação assim, o melhor<br />

seria pedir à torcida a devolução da bola para<br />

que o jogo pudesse ter prosseguimento.<br />

Perg.- E se a torcida se recusasse a devolver a bola?<br />

Resp.- O árbitro é soberano nessas questões. Pode<br />

mandar suspender o jogo.<br />

18<br />

Perg. - Mas e se fosse decisão de Campeonato Brasileiro,<br />

digamos, Corinthians e Flamengo?<br />

Resp ,- Bem, é claro que haveria mais bolas à disposição.<br />

Além disso...<br />

Perg. - Todos sabemos que, devido à economia de<br />

contenção atualmente em vigor, o estoque de<br />

bolas e a capacidade da indústria manufatureira<br />

são limitadas. A torcida não seria então mais<br />

soberana que o árbitro?<br />

Resp - Bem, não custa nada dialogar, e...<br />

Perg. ■ E se eles começarem a reivindicar coisas, do<br />

tipo fim do arrocho salarial, liberdades democráticas,<br />

direitos de...<br />

Resp - Um momento! Um momento! Você tá afim de<br />

saber regras de futebol ou oque?


Perg.- Não sei o que você tá insinuando ai.<br />

Resp.- Sabe muito bem. Não se faça de desentendido.<br />

Isto aqui não é um manual de perguntas e<br />

respostas?<br />

Perg.- Era pra ser. Só que agora você tá avacalhando<br />

com tudo.<br />

Resp.- EEEUUUU???!!!<br />

Perg.<br />

Resp<br />

Perg.<br />

Resp<br />

Perg.<br />

Perg.- Claro. Olha ai. você tá fazendo pergunta. Não<br />

pode. Você ê «resp». «Resp» - que eu saiba - é<br />

de «resposta». A não ser que seja «respuntas» e<br />

pergostas».<br />

Resp.- Mas assim não é possível!!<br />

Perg.- Também acho.<br />

Resp.- Botam cada irresponsável pra trabalhar com a<br />

gente! Me diz uma coisa: quanto é que tão te<br />

• pagando pra fazer pergunta nesse manual?<br />

- Duas milhas.<br />

- Olha só! Que absurdo! Pra mim é uma milha e<br />

olhe lá;<br />

■ Tá perdendo a esportiva, rapaz? Que è isso.<br />

Bom cabrito não berra. Deixa que na próxima<br />

você ferra eles.<br />

- Que próxima vez?<br />

- O Tadeu não te disse? Depois desse de futebol,<br />

se sair bem feitinho, a gente tem uma boca num<br />

de regras de trânsito. Regulamento do CNT<br />

todinho.<br />

Resp.- Você jura?<br />

Perg.<br />

Resp.<br />

Perg.-<br />

Resp.<br />

Perg.-<br />

Alguma vez eu já aprontei com você, cara?<br />

Tá certo... tá certo. Então vamos acabar esse<br />

aqui pra mostrar pro Tadeu que a gente é bão<br />

de diálogo.<br />

Isso!<br />

- Então vai. Pergunta.<br />

Onde é que eu tava mesmo?.... A, já vi. No di-<br />

reito de greve.<br />

19


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TIO LALAO


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mis UM £MPfé£M'<br />

OíMÇNTO^eMMIL<br />

COMjeMPLAMl<br />

j&wuXe/<br />

íT^SA^<br />

£ QUANtO e Que<br />

EU v/OU 6^M^<br />

sast Wí{<br />

'fRA' CÍM4 DB<br />

30 MímÓES/<br />

AFINAL, ^<br />

C/M HOtiZ<br />

AZEUR<br />

/l<br />


Strunchor,<br />

orei<br />

maldito.<br />

almanaque do Globo (ed.<br />

Schiffo, 1975, pág. 126) as-<br />

sinala que as três grandes<br />

contribuições chinesas à cul-<br />

tura ocidental foram: a tortura,<br />

a pólvora e o suborno». O res-<br />

to, naturalmente, eles devem<br />

ter guardado para si próprios.<br />

Aliás, é fato sabido que foi<br />

Marco Polo quem trouxe da<br />

China a pólvora e a tortura<br />

(parece, inclusive, que teve<br />

experiências pessoais com<br />

ambas, do que resultou uma<br />

barba chamuscada e a perda<br />

de três unhas). Entretanto, o<br />

que o almanaque não diz, e<br />

pouca gente sabe, é que o<br />

introdutor no ocidente da<br />

instituição do suborno foi o<br />

ignoto rei Struncho I o , sobe-<br />

rano da Pérfida, pequeno reino<br />

semita da Ásia Menor, vizinho<br />

à Cólchida.<br />

O caso foi assim: em 71<br />

a.C, como era hábito, organi-<br />

zou-se uma rifa (dez dinares o<br />

número) entre os filhos do fa-<br />

lecidos Infidálio III o para esco-<br />

lha de seu sucessor. O sortea-<br />

do, Omar Idalida, que assumiu<br />

o trono com o nome de Strun-<br />

cho l°, era completamente<br />

desprovido de carisma po-<br />

pular, não jogava golfe, nem<br />

fizera carreira militar, não pos-<br />

suindo, portanto, nenhuma<br />

das qualidades que, na época,<br />

habilitavam os homens a go-<br />

vernar. Em conseqüência, os<br />

primeiros tempos do reinado<br />

de Struncho foram- muito<br />

difíceis, e ele só conseguiu<br />

concluir seu primeiro ano de<br />

governo devido a um impasse<br />

nas negociações entre as de-<br />

zesseis conspirações organi-<br />

zadas para derrubá-lo.<br />

Mais ou menos por essa<br />

época, sabedor da situação do<br />

reino, apresentou-se á Corte<br />

um sábio chinês, por nome<br />

Francisco de Sá, que ofereceu<br />

ao monarca o seguinte conse-<br />

lho: «Senhora monarca, ih, ih,<br />

ih! Aos honestos, ofereça di-<br />

nheiro, nõn? Aos moralistas,<br />

dê mulheres, e aos anacrôni-<br />

cos, prestigio. Mas o i poder,<br />

ih, ih, ih, este não dividas nun-<br />

ca.»<br />

Struncho considerou o con-<br />

selho desonesto, mas quando<br />

soube, pela criada de quarto,<br />

que os dois conspiradores<br />

mais importantes - os minis-<br />

tros das Armas e da Economia<br />

- haviam chegado a um acor-<br />

do, teve que escolher: a ho-<br />

nestidade ou o trono.<br />

Chamado para assessorar o<br />

monarca. De Sá resolveu os<br />

problemas imediatos mandan-<br />

do uma parte do harém real<br />

circular em volta do ministro<br />

das Armas. Além disso, pre-<br />

miou o da Economia com um<br />

banco e dois cartórios, e mo-<br />

bilizou os anciões do pais para<br />

criar um Senado vitalicio.<br />

Estava introduzindo o su-<br />

borno no Ocidente. Mas não<br />

se pense que a estória acaba<br />

assim. Como diz o ditado: «as<br />

comportas da corrupção, uma<br />

vez abertas, não descansam<br />

enquanto não arrastam o pró-<br />

prio corruptor.» Pois é. Strun-<br />

cho, depois de subornar os<br />

principais conspiradores, teve<br />

também que comprar seus as-<br />

sessores, parentes e amigos,<br />

numa irresistível cadeia de fa-<br />

vores e negociatas, que levou<br />

um historiador da época, o fe-.<br />

nício Agá Trajan, a comentar:<br />

ORLANDO MIRANDA<br />

«O próprio governo entregou o<br />

pais ao saque. Com sua cum-<br />

plicidade mercadeja-se presti-<br />

gio, mulheres e as riquezas da<br />

nação».<br />

Mas, Struncho, sozinho (De<br />

Sá, depois de auto-subornar-<br />

se emigrara para Persépolis),<br />

continuava inseguro no trono.<br />

Sua política, além de altos im-<br />

postos, provocara a escraviza-<br />

ção das antigas tribos livres<br />

do planalto. Nada poderia o<br />

povo contra ele - asseguravam<br />

os ministros - mas diante dos<br />

sinais de insatisfação popular,<br />

Struncho temia a revolta, e só<br />

conhecia uma maneira de<br />

esvaziá-la: o suborno (como já<br />

se disse, a pólvora e a tortura<br />

só foram introduzidas muito<br />

depois).<br />

Ao saber da revolta de Spar-<br />

tacus em Roma, Struncho,<br />

atemorizado, não quis esperar<br />

mais. Resolveu utilizar parte<br />

do tesouro que financiava as<br />

negociatas para comprar cada<br />

homem do pais, oferecendo a<br />

cada um uma provisão de tâ-<br />

maras e concedendo um<br />

aumento geral de salários. O j<br />

escândalo foi imenso. O rei,<br />

dizia-se, pretendia corromper<br />

o que restava da moralidade<br />

nacional. E nesse momento, a<br />

impedir a completa dissolução<br />

dos costumes, interveio a Le-<br />

gião dos Arrependidos (for-<br />

mada principalmente pelos<br />

ministros mais antigos) que, a<br />

poder das armas, destronou<br />

e exilou Struncho, revogou<br />

suas leis, e restaurou a mora-<br />

lidade, inaugurando um regi-1<br />

me austero e honesto, que so-1<br />

breviveria até a invasão turca |<br />

do quinto século.


MISTURA FINA


É<br />

Aqueles Senhores<br />

pálidos e discretos*<br />

! com imenso pesar, senhoras<br />

e senhores, que venho a<br />

público um pouco constrangido<br />

mas revestido de toda a<br />

coragem que me é - e os que<br />

me conhecem sabem disso -<br />

peculiar, dar a minha boaventurada:<br />

denunciar a todos os<br />

caros leitores que os vampiros<br />

realmente existem.<br />

E não só existem, como<br />

estão dominando o mundo,<br />

daí a razão de minha denúncia.<br />

Como eu, muita gente sabe<br />

que os vampiros são falsos,<br />

hipócritas, pisam de mansi-<br />

• nho e sorriem a cada comentário<br />

jocoso para não despertarem<br />

suspeitas. Se vestem a<br />

rigor ou descontraidamente,<br />

dependendo do ambiente que<br />

freqüentam. Têm filhos sadios<br />

como qualquer cidadão privilegiado<br />

(1% da população) e se<br />

inscrevem nos planos-da-casa-própria:<br />

dormem muitas vezes<br />

fora de seus caixões, pra<br />

não despertar a curiosidade<br />

dos leigos; comem de tudo e<br />

sua repugnância pela comida<br />

sadia, se existe, é velada, aparentemente<br />

não demonstrando<br />

nenhum -desagrado, se bem<br />

que seja suspeita sua predileção<br />

pela beterraba, pelo chouriço<br />

e o bife mal passado...<br />

além do vinho «sangue de<br />

boi», que os mais pobres simplesmente<br />

adoram.<br />

Nada tenho contra eles -<br />

meu negócio é viver e deixar<br />

viver (logo, sou contra o Esquadrão<br />

da Morte, não é?),<br />

mas precisava deixar aqui minha<br />

denúncia, antes que seja<br />

tarde. Vamos aos fatos:<br />

Minha mulher tem um tio<br />

em terceiro grau que é vampiro.<br />

Seis primos meus e mais<br />

uma tia, que moram em Santa<br />

Catarina são vampiros, assim<br />

como o marido dela, para infelicidade<br />

do nosso tronco fami-<br />

26<br />

SYLVIO ABREU<br />

tjnçTpv<br />

liar; minha secretária é vampi-<br />

ra, como provam os próprios<br />

dentes (e é tão flagrantemente<br />

dominada por sua natureza<br />

que dorme em quarto escuro,<br />

pendurada pelos pés numa<br />

espécie de poleiro fixado no<br />

teto e só veste roupas pretas.<br />

Meus amigos e clientes a cha-<br />

mam carinhosa e sutilmente<br />

de «viuvinha»). O gerente do<br />

banco em que tenho conta é<br />

vampiro declarado (graças a<br />

denúncia do guarda do banco,<br />

a quem ele atacou e quase lhe<br />

mordeu a carótida); o sindico<br />

de meu prédio é vampiro. A<br />

mulher do sindico - por exten-<br />

são?, olhai, feministas, me<br />

expliquem isso direitinho! - é<br />

vampira. De um time de fute-<br />

bol de salão que costuma jo-<br />

gar no aterro aos domingos,<br />

consegui descobrir nada mais<br />

nada menos que quatro vampi-<br />

ros legítimos. Três choferes e<br />

sete trocadores do ônibus<br />

Caxias-Mauá são vampiros pe-<br />

rigosíssimos, assim como do-<br />

ze funcionários da Companhia<br />

- quem diria! - Estadual de Gás<br />

e mais dezesseis da Light. O<br />

padre de uma paróquia próxi-<br />

ma ao centro do Rio de Janeiro<br />

é vampiro; dezesseis constru-<br />

tores de alto - o que não sur-<br />

preende - gabarito são vampi-<br />

ros e quinze jogadores profis-<br />

sionais de futebol de Belo Ho-<br />

rizonte são vampiros, um dos<br />

quais até recentemente deu<br />

declaração em contrário nos<br />

jornais... Para encurtar con-<br />

versa, na minha rua, da<br />

esquerda para a direita, entre o<br />

quarteirão em que fica aquela<br />

manicure até o daquele mer-<br />

cado, há quatrocentos e vinte<br />

e seis vampiros (alguns até<br />

inscritos no IML, com exame<br />

de sangue e tudo)...<br />

Mas não fiquem alarmados<br />

com esses dados. Não estão<br />

organizados nem são comple-<br />

tos. Colhi-os aleatoriamente<br />

só para dar uma pálida páli-<br />

da?, disse-o bem! - idéia de a<br />

quantas anda nossa socieda-<br />

de. Alarmem-se antes com os<br />

dados que estão por ser levan-<br />

tados sobre milhares, milhões<br />

de pessoas com que vocês<br />

mantêm contato diário. Os<br />

vampiros enrustidos estão aí,<br />

perambulando pelas esquinas<br />

da vida, de óculos escuros pa-<br />

ra esconder as olheiras boê-<br />

mias, terno completo, rosto<br />

muito bem barbeado e cabeli-<br />

nho cortado rente. Acesos<br />

por trás da palidez, vigilantes<br />

por trás da aparente indiferen-<br />

ça... para atacar na próxima<br />

meia-noite, quando a barra<br />

estiver limpíssima, não houver<br />

na rua nem um táxi, nem um<br />

pequeno jornaleiro para teste-<br />

munharem...<br />

Continuem trancando a por-<br />

ta pra eaquecer o problema,<br />

comodistas. Uma hora dessas<br />

eles começam a entrar pela<br />

TV.


UWTo<br />

6 £0^0<br />

dcfi^K<br />

' MARCELINO<br />

PÃO E VINHO<br />

MANDA PERGUNTAR:<br />

-o SALáRIO MíNIMO<br />

ÉPRA TODOS OUSO<br />

PARA OS POBRES?<br />

— SE EXISTEM FUGAS<br />

DE CAPITAIS,<br />

ONDEÉOUE<br />

ELES SE ESCONDEM?<br />

-RENDA PER CAPITA<br />

È O QUE SACA<br />

POR CADA CABEÇA? -<br />

27


O<br />

CIRCO<br />

influenciado por sabe-se-la-<br />

que-circunstâncias, o doma-<br />

dor de feras deu um golpe e<br />

assumiu a direção do circo.<br />

A insólita noticia (o circo<br />

não sofria nenhum golpe des-<br />

de a tentativa frustrada do<br />

anão fascista) surpreendeu o<br />

pessoal que não fez nada mais<br />

do que ouvir o homem (afinai,<br />

ele detinha o chicote).<br />

Que o circo ia de mal a pior;<br />

que a corrupção grassava des-<br />

de a bilheteria até o picadeiro;<br />

que elementos subversivos<br />

estavam virando a cabeça dos<br />

operários (referência direta<br />

aos malabaristas chineses);<br />

que a administração anterior<br />

só tomara medidas demagógi-<br />

cas; que distribuição de lucros<br />

uma ova; que eleição de artis-<br />

tas para gerir a empresa uma<br />

ftga; que de agora em diante<br />

as coisas seriam colocadas no<br />

seu devido lugar.<br />

Uma chicotada, por força do<br />

habito.<br />

28<br />

Que, por motivos de segu-<br />

rança, estavam proibidas as<br />

aglomerações; que a luz dos<br />

trailers seria desligada às onze<br />

da noite; ah sim, que o núme-<br />

ro de malabarismo chinês<br />

estava riscado do espetáculo;<br />

que a rumbeira cubana, por<br />

atentar contra a moral e os<br />

bons costumes, também esta-<br />

va despedida; que os desfiles<br />

pela cidade não mais seriam<br />

tolerados (esse negócio de<br />

sair às ruas era coisa de agita-<br />

dor); que a fala do mestre-de-<br />

cerimônias seria submetida a<br />

censura prévia; que a carto-<br />

mante estava intimada a dar<br />

apenas boas noticias; e o pa-<br />

lhaço que se cuidasse.<br />

Mais uma chicotada.<br />

Que o intercâmbio que a<br />

empresa mantinha com o Cir-<br />

co de Moscou não passava de<br />

um artificio para a infiltração<br />

de idéias alienigenas e por is-<br />

so mesmo estava cancelado;<br />

que o urso siberiano seria de-<br />

CIRO PELLICANO<br />

portado para a Sibéria; que<br />

muitas outras cabeças rola-<br />

riam; e os contestadores, se é<br />

que houvesse, seriam entre-<br />

gues aos leões.<br />

Nova chicotada, para dar ên-<br />

fase.<br />

Que o movimento de reden-<br />

ção por ele liderado não tinha<br />

compromissos com ninguém;<br />

que representava isso sim os<br />

verdadeiros anseios da família<br />

circense; e que se alguma aju-<br />

da ele recebera, tinha sido tão<br />

somente a solidariedade de-<br />

sinteressada de nossos<br />

irmãos norte-americanos.<br />

Semana seguinte, depois de<br />

muita chicotada, desembar-<br />

cam nossos desinteressados<br />

irmãos norte-americanos: ar-<br />

tistas e técnicos do Ringling<br />

Brothers Circus World incor-<br />

porated tomam conta do espe-<br />

táculo.


S6Ü MAL-AòMDBCI-<br />

po.Deft>is Nífe V-A»<br />

MOS SW) PAR.TICIW<br />

CÃO NA VIDA PO<br />

VAÍS! _<br />

TROVAS<br />

TROVOADAS<br />

MARIOZAO DISSE AFOBADO;<br />

— PAIJOAO<br />

EU LHE PEÇO,<br />

QUERO O CORPO<br />

MAIS FECHADO<br />

DO QUE PORTA<br />

DE CONGRESSO.


Ê,VIDA<br />

MARSM)A!<br />

V/bservando, assuntando,<br />

conferindo e deduzindo, con-<br />

seguimos catalogar duas es-<br />

pécies de, digamos, convul-<br />

sões existenciais muito inte-<br />

ressantes e bastante típicas<br />

deste nosso finai de século<br />

XX.<br />

Tal qual a corda e a caçam-<br />

ba, o salário e a inflação, a<br />

duplicata e o protesto, ambas<br />

as convulsões estão intima-<br />

mente ligadas, uma suceden-<br />

do-se à outra com quase im-<br />

placável certeza.<br />

De se frisar outrosslm que<br />

referidas convulsões, atacan-<br />

do de preferência funcioná-<br />

rios, burocratas e tecnocratas,<br />

cumpridores de' rígidos ou<br />

mais ou menos rígidos horá-<br />

rios de trabalho, no desempe-<br />

nho de cargos, funções e tare-<br />

fas geralmente áridas e monó-<br />

tonas - não desdenham por<br />

outro lado alvos mais sofisca-<br />

dos, vale dizer: profissionais<br />

liberais, executivos aparente-<br />

mente triunfais e outros ocu-<br />

pantes de altos postos.<br />

Convulsão da sexta feira<br />

A convulsão existencial da<br />

sexta feira caracteriza-se por<br />

uma crescente elevação do<br />

animus vivendi do indivíduo -<br />

que, ás vezes, já no entardecer<br />

da quinta feira começa a se<br />

sentir alvoroçado e eufórico,<br />

sendo levado a pensar que es-<br />

tá em paz consigo mesmo,<br />

com os outros, com o mundo<br />

e até com a situação; achando<br />

enfim que no fim tudo dará<br />

30<br />

certo, que viver é bom, morrer<br />

é chato e que não importa que<br />

a mula seja manca, o impor-<br />

tante é rosetar.<br />

No decorrer da sexta feira,<br />

tal convulsão poderá sofrer al-<br />

guns abalos, que serão, no<br />

entanto, de caráter fugaz e<br />

passageiro, pois que nada a<br />

impedirá de, no final do dia,<br />

atingir, radiante e esplendoro-<br />

sa, o seu clímax.<br />

O Indivíduo então estará<br />

convicto de que a humanidade<br />

é rosa, a terra é azul, que tá<br />

tudo legal e estamos aí. O<br />

sábado e o domingo á sua<br />

frente parecer-lhe-ão (e<br />

assim) a eternidade. Tempo<br />

suficiente pra ele fazer tudo,<br />

ver tudo, dormir, descansar,<br />

passear e esquecer para sem-<br />

pre todas as amarguras pas-<br />

sadas e futuras, que a vida é<br />

boa meu bem é boa depende<br />

da gente querer.<br />

Convulsão do domingo de<br />

tardezlnha<br />

Tão violenta quanto a ante-<br />

rior, esta convulsão, pratica-<br />

mente uma conseqüência da<br />

anterior, apresenta caracterís-<br />

ticas completamente opostas<br />

da anterior.<br />

Iniciando-se na tardezlnha<br />

de domingo, ela começa por<br />

provocar, antes de mais nada,<br />

um indefinível friozinho na<br />

barriga, seguido de uma espé-<br />

cie de aperto na goela e, quase<br />

imediatamente, uma irreversí-<br />

vel e violenta queda (maior é o<br />

tombo daquilo que multo su-<br />

SOUZA FREITAS<br />

biu) no animus vivendi do in-<br />

divíduo.<br />

Mergulha assim o indivíduo<br />

no mais negro e desesperado<br />

desânimo; estado em que ele<br />

adquire a.certeza de que a vi-<br />

da, a terra, as pessoas, a hu-<br />

manidade inteira é tudo uma<br />

porcaria só.<br />

De que vale - reflete ele -<br />

afadigar-se debaixo do sol, se<br />

a morte é inevitável, tudo é<br />

muito melancólico e muito<br />

triste, e que pó somos e ao pó<br />

retornaremos?<br />

E mais ainda ele reflete: pra<br />

que toda essa correria, todos<br />

esses compromissos e obri-<br />

gações? Felizes são os passa-<br />

rinhos livres como a brisa e os<br />

lírios que não tecem nem fiam<br />

feliz foi Salomão eu não.<br />

Dentro desse quadro geral,<br />

o indivíduo poderá sentir-se<br />

também acometido das mais<br />

diversas doenças; poderá pen-<br />

sar até que o seu dia finalmen-<br />

te chegou, que dali ele não<br />

passara mais, que poderá<br />

arriar-se no sofá da sala para<br />

repousar enfim para sempre<br />

descansadamente em paz.<br />

Nesse depressivo estado o<br />

indivíduo irá se enrolando e<br />

enrolando até a fatal hora de<br />

dormir.<br />

Hora fatalíssima, já que ao<br />

jogar-se na cama - doce e trai-<br />

çoeiro refúgio - retumbará so-<br />

bre ele, trespassando-o como<br />

um punhal, todo o peso de<br />

uma terrível e liquida e certa<br />

constatação:<br />

— Meu Deus do céu, ama-<br />

nhã é segunda feira!<br />

■■iiii^^


■■■. ■ ■: ■ ■<br />

■ ■■■."■.■:■:■■■■■■.::■<br />

El MAS OLHA MA5VOC6 Üfib<br />

^LEBSICO A P4ULAPA ]<br />

~7 / ~ -^ -<br />

O LIVRO i<br />

«O QUE VEM DÉCIMA<br />

NÃO ME ATINGE»<br />

FOI BANIDO DE CIRCULAÇÃO.<br />

O AUTOR QUE SE RECUSOU<br />

A CENSURA PRÉVIA,<br />

ASSIM SE MANIFESTOU:<br />

_ NÃO DEIXO VER<br />

O QUE ESCREVO,<br />

PORQUE ESCREVO O QUE VEJO.<br />

* Jf ^so C5ÜE E\) TiWA<br />

glA MBVIE<br />

FALEí EM<br />

DiREíToS<br />

ROMANOS!.'/


E<br />

Aquele que era bomba.<br />

Istava esquisito, sem<br />

dúvida. O olhar de des-,<br />

prezo da mulher, o medo<br />

que sentiam os filhos e a<br />

cara de espanto dos ami-<br />

gos, não seria sem moti-<br />

vo. Passava horas e horas<br />

no banheiro, se olhando e<br />

se medindo de cima a bai-<br />

xo e não descobria nada.<br />

Voltava pra sala e depara-<br />

va com as caras de nojo,<br />

de espanto, de medo.<br />

Chegava no bar, pedia<br />

uma cerveja e lá vinha o<br />

garçon prendendo o sor-<br />

riso com a cara mais cini-<br />

.ca do mundo. Em volta,<br />

todos de olho nele. Um<br />

dia aconteceu o fato que<br />

mais lhe irritou: ao entrar<br />

num campo de futebol,<br />

percebeu que despertava<br />

mais atenção que a movi-<br />

mentada partida. Não da-<br />

va mais pra suportar. Saiu<br />

32<br />

dali desesperado, correu<br />

pra casa e se trancou no<br />

banheiro. Ia descobrir de<br />

qualquer jeito, naquele<br />

momento, o que tinha de<br />

errado ou de exagerada-<br />

mente certo. Ficaria o<br />

tempo que fosse preciso<br />

trancado ali dentro. Revi-<br />

raria a cara aos avessos,<br />

mas acabaria descobrin-<br />

do. Parou o olhar num<br />

pequeno e irresponsável<br />

fio de cabelo que lhe so-<br />

brava no bigode:<br />

— Não poder ser - sus-<br />

surrou admirado - não é<br />

possível que um fio de bi-<br />

gode, só por estar um<br />

pouco maior que os de-<br />

mais, possa escandalizar<br />

tanta gente.<br />

Apanhou uma tesoura<br />

e, calmamente, prenden-<br />

do a respiração, cortou o<br />

bichinho. Segurando o<br />

LUlS PIMENTEL<br />

ingênuo fio entre os de-<br />

dos, sorriu e confiden-<br />

ciou:<br />

— Então foi você, seu<br />

travesso, o causador de<br />

tanta confusão ?!<br />

A mulher e os filhos<br />

estavam na sala a comen-<br />

tar o que poderia aquele<br />

transtornado pai de famí-<br />

lia estar a fazer trancado<br />

no banheiro, diante do<br />

espelho a contemplar<br />

aquela cara que já se tor-<br />

nava monstruosa. Ouvi-<br />

ram um estrondo de vi-<br />

dros partidos, vasos<br />

espedaçados e cabeças<br />

quebradas. Correram pra<br />

lá alucinadas e encontra-<br />

ram o homem no chão, o<br />

corpo esticado no piso de<br />

flores, còm o pequenino<br />

fio de cabelo na mão,<br />

ainda soltando fumaça.


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34<br />

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írocicoba<br />

De 20 de Agosto á 04 de Setembro, em Piracicaba, no hall de entrada do<br />

Teatfo Municipal.<br />

Além dos prêmios aquisitivos para Prefeitura Municipal de Piracicaba<br />

no valor total de 90.000 (noventa mil cruzeiros) a serem distribuídos<br />

entre os nove primeiros classificados, o Salão estará premiando os<br />

profissionais de Imprensa na área de humor (cartuns, charges,<br />

quadrinhos, desenho de humor). O melhor trabalho receberá o Prêmio<br />

Imprensa (Sindicato dos Jornalistas Profissionais- Aquisição) no valor<br />

de 10.000 (dez mil cruzeiros).<br />

Promoção:<br />

Prefeitura Municipal de Piracicaba<br />

Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo<br />

Participação:<br />

AGRAF<br />

ABRACAN<br />

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo<br />

Teatro Municipal - Gomes Carneiro, 1212- (0194) - fone: 33-4970<br />

Piracicaba- CEP: 13.400 - São Paulo<br />

Rua General Osório - 276 - Próximo a r. Sta. Efigènia<br />

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36<br />

[ária Tanajura tinha uma diferença com<br />

a vida, jamais iria se conformar. Nascera<br />

com uns avantajados de ancas, que eram<br />

de fazer inveja em trem da Central ou<br />

Mogiana. Uma peça do conspicua grande-<br />

za, ostentosa, graudona mesmo. Tão fora<br />

de esquadro era a coitada, que tivera por<br />

prêmio o tal apelido de Tanajura, com o<br />

qual já se conformara. Era um exagero<br />

realmente, o bastante para desancar mula<br />

ou cavalo.<br />

Mas o tamanho não era o único proble-<br />

ma apresentado pela peça, o balançar,<br />

este sim, costumava ser um grande estor-<br />

vo na vida da moça. No andar a peça era<br />

exageradamente buliçosa, jogava para lá e<br />

para cá. lembrando ó jogo das águas em<br />

alto mar. E nesa semelhança deixou muita<br />

gente com enjôo da niaresia, pormenor<br />

que atraiu ainda um catdume de marujos<br />

com saudade de navegações passadas.<br />

Certa feita deu-se uma tragédia, que<br />

veio acarretar aborrecimentos grandes e<br />

pequenos, numa seqüência sofrida e hu-<br />

milhante, para a pobre mulher. Deu-se que<br />

ao tentar passar pela roleta de um coletivo,<br />

viu-se entalada de tal modo desajeitado,<br />

que não houve mão ou mãozinha que des-<br />

se jeito. Foi na base do empurra aqui e<br />

puxa lá, que deram entrada na oficina da<br />

empresa, onde foi preciso serrar com ma-<br />

çarico os ferros e ferrinhos da peça (a<br />

roleta, è claro).<br />

Esta operação foi feita ao som do pala-<br />

vrório de baixo calão, que a Maria fazia<br />

escapar pelo vão escancarado da boca,<br />

derramando sob a progenilora dos presen-<br />

tes,dos quais nemumao menos deixou de<br />

ser louvado. Acabada a missão do maçari-<br />

co dona Maria Tanajura estava altamente<br />

Coletivo<br />

avariada das partes. Mas isso não ficaria<br />

assim, isso é que não. Onde já se tinha<br />

visto tamanho desrespeito. O que é que<br />

estavam pensando? E foi sob tais protes-<br />

tos que a Maria arrastou para a delegacia,<br />

para mais de dúzia e meia de funcionários<br />

e passageiros, além de alguns curiosos.<br />

Para Maria poder entrar na sala do Delega-<br />

do, tiveram que ser retiradas duas escriva-<br />

ninhas e um investigador.<br />

Deu-se então a discussão, uns defen-<br />

dendo os avantajados da Tanajura, en-<br />

quanto outros defendiam a empresa. Cada<br />

qual de justificativa em punho.<br />

O coletivo não tem condições de segu-<br />

rança para os passageiros-dizia ela en-<br />

quanto exigia a prisão preventiva para os<br />

proprietários.<br />

Por seu lado o cobrador dizia residir a<br />

culpa no supérfluo da vitima, não tendo<br />

cabimento tamanho exagero e uma só pes-<br />

soa, só vendo como ficou a roleta, uma<br />

sucata. Foi ao cabo dessas palavras que o<br />

distintovooú 'de gaivota pela janela, no<br />

embalo de um tremendo sopapo, indo bei-<br />

jar o asfalto com estragos mil na focinhei-<br />

ra.<br />

Na distribuição gratuita de pancadas<br />

saiu gente por tudo quanto era buraco, até<br />

dentro da jaula dos presos foi encontrada<br />

gente fugida da fera.<br />

Depois de muita luta e muita cabeça<br />

quebrada a mulher foi acalmada. Olhou<br />

para o delegado encolhidinho em seu gabi-<br />

nete, todo trêmulo e gaguejante.<br />

Esteja a vontade.senhorita-disse a auto-<br />

ridade.<br />

Ela então esboçou um sorriso sem jeito,<br />

puxou duas cadeiras e sentou-se.


VEM CA^COUT/NHOINL/M B VOCB<br />

Que GOSTA t>E PouvfiLBNrE?<br />

VJüSA&ttiS<br />

gXgeunVos<br />

f'í<br />

m<br />

ãk


EDMUNDO DE ANDRADE<br />

NO GOGÓ<br />

E TALISMÃ NO<br />

DEDAL<br />

UMA NOITE CHUVOSA DESSAS, EM SÃO PAULO<br />

DA GAROA, SAÍMOS (LAERTE, J.CÉSAR, GEAN-<br />

DRÈ) ATRÁS DE UMA FIGURA CARIMBADA QUE<br />

ESTAVA LÁ NO pOM RETIRO: EDMUNDO DE AN-<br />

CONTADOR DE ANEDOTAS, COMPOSITOR DE<br />

SAMBA DE BREQUE E JINGLES. ALÉM DO MAIS,<br />

UM HUMORISTA «SEM PALAVRÃO». O BATE-PAPO<br />

CONTINUOU NO OUTRO FIM-DE-SEMANA E O<br />

GRANDE SAMBISTA TALISMÃ (ALIAS, SÃO JR-<br />

MÃOS) ACABOU CHEGANDO COM SEU VIOLÃO:<br />

DEITARAM E ROLARAM ATÉ QUATRO DA MATINA.<br />

EDMUNDO È UM CARA TARIMBADO O SUFICIENTE<br />

PRA JÁ TER FEITO DESDE JINGLE DE ELEIÇÃO DE<br />

PETRÔNIO PORTELA ATÉ MÚSICAS E TEXTOS QUE<br />

DENUNCIAM OS MALES DESTE PAIS. UM SUJEITO<br />

MISTURADO COM A VIDA.<br />

ON- O que aconteceu com o<br />

teatro de revista?<br />

EDMUNDO- O teatro de revista<br />

caiu porque os grandes em:<br />

presârios como Walter Pinto,<br />

deixaram de empresariar coisa<br />

fina como aqueles troços com<br />

mulheres francesas. Depois<br />

começou a entrar o pessoal<br />

explorador que eram os pró-<br />

prios atores que passaram a<br />

ser empresários.<br />

ON- Você já fez histórias em<br />

quadrinhos?<br />

EDMUNDO- Claro! Fiz um<br />

personagem que era o Lampa-<br />

rina, um escurinho. O dese-<br />

nhista era Hugo Vital. Foi doze<br />

anos atrás. Nem lembro onde<br />

era publicado.<br />

ON- Os humoristas que es-<br />

tão aparecendo agora come-<br />

çam a conhecer um monte de<br />

caras como você...<br />

EDMUNDO- Eu me sinto com<br />

dezoito anos, mas á nova ge-<br />

ração, devo dizer que não con-<br />

cordo com esse humorismo de<br />

palavrão, muito direto.<br />

ON- Peraí, Edmundo. O hu-<br />

morismo não tem que usar a<br />

linguagem que todo mundo fa-<br />

la? EDMUNDO- Não, meu filho.<br />

A sutileza è fundamentai. O<br />

cara que usa palavrão tem falta<br />

de imaginação.<br />

ON- No tempo do Estado<br />

Novo você fazia piadas?<br />

EDMUNDO- Fiz o show da<br />

Constituição que entrava uma<br />

cena (O que é que a baiana<br />

tem?).<br />

38<br />

ON- O que é um bom ator,<br />

além da memória, agilidade<br />

verbal? O que é preciso saber<br />

pra contar piada?<br />

EDMUNDO- Tudo se encerra<br />

numa coisa: Talento. Um dos<br />

principais recursos é o facial.<br />

Tem um ator que é o Walter<br />

DÁvila, um baita cômico, mas<br />

um cara mal aproveitado. O<br />

Árthur Costa f oi o maior intér-<br />

prete de anedotas. Depois dele<br />

há o Venâncio, grande criador.<br />

Esse tá com sessenta anos.<br />

ON- Conta um pouco do seu<br />

humor.<br />

EDMUNDO- O meu humo-<br />

rismo é de fala. Se houver ba-<br />

rulho me corta. Fui iançado<br />

por Lourival Coutinho na revis-<br />

ta «Cartaz do Rádio». Lá tinha<br />

um tal de «Humor a Sério»,<br />

onde a gente contava muitas<br />

piadas. Certas piadas cebosas<br />

como esta do Zé Fidélis:<br />

Um turista num navio come-<br />

çou a vomitar. O marinheiro,<br />

vendo todo aquele vômito<br />

ameaçou:<br />

— Vou dar parte ao Coman-<br />

dante.<br />

Ai o turista:<br />

— Pode dar tudo.<br />

ON- Como foi que você pas-<br />

sou a fazer textos também?<br />

EDMUNDO- Fazia porque<br />

sentia falta de repertório. Por-<br />

que o pessoal só escrevia pra<br />

gente com nome. Ai eu tam-<br />

bém comecei a escrever. Tem<br />

uma que é assim:<br />

Tinha um cara tão magro<br />

que foi pesar na balança e o<br />

ponteiro ficou no zero. Não se<br />

conformou. Ficou ali envoca-<br />

do. Ai perguntou para o dono:<br />

— Essa balança nao pesa?<br />

— Pesa sim mas essa é ■ pra<br />

pesar carne. A de pesar osso é<br />

aquela ali_Era um tipo de pia-<br />

da ingênua assim que eu con-<br />

tava. E a turma ria. Parece que<br />

o povo, antes, tinha mais faci-<br />

lidade pra rir.<br />

ON- Você tem razão. De 34 a<br />

55, «O GOVERNADOR» {sema-<br />

nário de humor) vendia 45.000<br />

exemplares. Hoje, qualquer<br />

publicação de humor deveria<br />

vender muito mais do que isso<br />

e no entanto nem sempre se<br />

aproxima deste número.<br />

ON- Onde é que você nasceu,<br />

Edmundo?<br />

EDMUNDO- Nasci em Olin-<br />

da, 1926. Comecei a trabalhar<br />

lá pelos quatorze anos. Can-<br />

tava muito embolada. Traba-<br />

lhei pra Gazeta do Rádio e<br />

vários jornais do Rio: O Dia, A<br />

Noticia, Última Hora, Correio<br />

da Manhã, Luta Democrática.<br />

ON- O que você acha do<br />

humorismo na TV?<br />

EDMUNDO- Tá muito fraco,<br />

fora o Chico Anisio, Jô Soa-<br />

res...<br />

ON- Como foi a tua expe-<br />

riência na TV?<br />

EDMUNDO- Televisão é um<br />

circulo vicioso. Você chega lá,<br />

não tem pra ninguém. E fe-<br />

chado. Tenho nojo destes di-<br />

retores de rádio e TV. Julgam<br />

o sujeito pela cara. O fato do<br />

cara ser feio não quer dizer


que ele é imbecil. Nem aten-<br />

dem a gente.<br />

ON- Mas você não é feio,<br />

Edmundo.<br />

EDMUNDO- Pois é, e a gen-<br />

te que pensava que a TV ia ser<br />

mais um campo de trabalho.<br />

ON- Teve muita gente em<br />

sua vida, né Edmundo? O Ne-<br />

rino Silva, por exemplo.<br />

EDMUNDO- Nerino Silva era<br />

um cara que bebia tanto que<br />

teve delirium tremus. Levamos<br />

ele um dia ao Hospital. Vai dai<br />

que um dia ele chegou e gri-<br />

tou: — TRAZ OS SAPATOS! -<br />

Disse que Cristo sambava e<br />

que Cristo sambava pra ele. —<br />

EU QUERO SAMBAR! Vou<br />

mostrar que sambo melhor<br />

que ele! - Aí os enfermeiros<br />

chegavam e diziam: — Mas,<br />

seu Nerino, Cristo não samba<br />

- E o Cristo tava lá no quadro,<br />

com aquele jeitão quietinho.<br />

Ai o Nerino: — Samba sim,<br />

olha lá. EU QUERO MEUS SA-<br />

PATOS!<br />

Tinha o Aldo Cabral, na épo-<br />

ca um dos maiores críticos de<br />

TV. Inclusive, foi o meu mes-<br />

tre. Ele, era mesmo um cara<br />

engraçado. Achava que o cão<br />

não é o melhor amigo do ho-<br />

mem, mas sim do dono. Se<br />

não ele mordia o ladrão.<br />

Houve uma época em que o<br />

humorismo era de monólogo,<br />

em versos, como estes do<br />

Aldo Cabral:<br />

Num restaurante entra um<br />

rapaz elegante<br />

Seja branco ou preto<br />

De tudo é farta a mesa<br />

mas não paga a despesa...é<br />

espeto<br />

Moça de modo inocente,<br />

No que eu sinceramente<br />

A mao no fogo não meto<br />

Deste tipo de mocinha<br />

Com olhares de santinha... é<br />

espeto.<br />

Moça de doce olhar<br />

Que gosta de recitar<br />

Só de amor muito soneto<br />

E vive mostrando os dentes<br />

Lá na praça Tiradentes... é<br />

espeto.<br />

Mulher que a vida consome<br />

Em bonde cujo nome a dizer<br />

eu não me meto<br />

Se obonde é daquela garagem<br />

Gomes Freire via Lapa...é<br />

espeto<br />

E por fim toda velhota<br />

Que tem a burra da nota<br />

Mas que não passa de um bofe<br />

E diz á Ia Voronof<br />

Que quer um casamentof<br />

Ai já não é mais um espeto...<br />

è um espetof!<br />

■<br />

ON- Você escreveu muitos<br />

programas para rádio.<br />

EDMUNDO- É, escrevia um<br />

programa para a rádio Cultura,<br />

em Campos (RJ): Rádio<br />

Com... seqüência (sologan-<br />

Um programa líder de audiên-<br />

cia em seu horário) trabalha-<br />

vam comigo: Salvador Mace-<br />

do, Lia Márcia, Luci Gasparini<br />

e Malagueta que interpretava<br />

textos de Tangerina. O pro-<br />

grama abria com uma piada e<br />

com um conjunto fazendo<br />

fundo ao vivo. Uma vez o dono<br />

da emissora, o Dr. Mário, es-<br />

tava com visitas em casa, gen-<br />

te de fora. Naquela época ti-<br />

nha esse negócio da família se<br />

reunir para ouvir rádio. Aí ele<br />

convidou seus parentes para<br />

ouvirem o programa. Deu um<br />

bolo danado, eu contei uma<br />

piada pesada e era assim: To-<br />

ca o telefone, brinnn! De re-<br />

pente aquela telefonista se vê<br />

as voltas com vários pedidos<br />

de ligações para o fórum.<br />

Brinnn! «Aló telefonista. Me<br />

ligue com a quarta vara civil».<br />

«Pois não, cavalheiro!».<br />

Brinnn! «Aló telefonista. Me<br />

ligue com a quarta Vara Crimi-<br />

nai». «Pois não, cavalheiro!».<br />

Brinnn! «Aló telefonista, me<br />

ligue com a segunda Vara Ci-<br />

vil». E assim sucessivamente.<br />

Até que... Brinnn! «Aló, qual é<br />

a Vara?». «Que vara, minha<br />

senhora, eu quero uma ligação<br />

para o Rio». «Ah, desculpe ca-<br />

valheiro, é que hoje tá todo<br />

mundo pedindo Vara».<br />

ON- Voltando ao teatro de<br />

revista, de quem que você lem-<br />

bra da sua época?<br />

EDMUNDO- Começou a<br />

surgir gente como Max Nunes<br />

que sempre foi de rádio, pas-<br />

sou pra TV e que já atingiu a<br />

estará. Haroldo Barbosa que,<br />

por exemplo, tinha o pecado<br />

de fazer versões, embora os<br />

produzisse bem.<br />

ON- Vocês acreditam que o<br />

samba-de-breque possa che-<br />

gar ao mesmo ponto em que<br />

chegou o chorinho?<br />

EDMUNDO- O samba-de-<br />

breque, apesar de não ter mui-<br />

ta chance, sempre tem mais<br />

oportunidade que o choro.<br />

Precisou-se fazer um grande<br />

movimento pro choro chegar<br />

onde está. Mesmo assim só<br />

tem dois grandes intérpretes<br />

no momento, Ademilde Fon-<br />

seca e Ruth Silva, que já foi<br />

considerada a princesinha do<br />

choro. O choro é mais pra mú-<br />

sico. O samba-de-breque é pra<br />

cantar naquela que você pensa<br />

que vai parar e continua.<br />

Talismã- Tem um jornalista<br />

da Abril que não entendeu isso<br />

e gastou uma página inteira<br />

caindo de pau.<br />

ON- Há uma forte tendência<br />

da música popular de se tornar<br />

distanciada do nosso ritmo<br />

tradicional. O músico que<br />

acompanha por necessidade,<br />

um Benito de Paula, pode ir<br />

perdendo o ritmo característi-<br />

co de nossa música. Quería-<br />

mos saber de você Talismã, se<br />

concorda com essa observa-<br />

ção.<br />

TALISMÃ- Muita meninada<br />

não conhece bem o repertório.<br />

O Kazinho, que é da minha<br />

época, disse que a meninada<br />

foi acompanhá-lo e ele come-<br />

çou a cantar: «Você mulher/<br />

Que já viveu/ Que já sofreu/<br />

Não minta...» ai os meninos:-<br />

«Você aparece com cada sam-<br />

ba difícil, como esse seu sam-<br />

ba novo...» E agora já está<br />

aparecendo esse samba ame-<br />

ricano, e assim a coisa vai<br />

indo.<br />

EDMUNDO- A verdade é que<br />

não sei onde a música do Bra-<br />

sil vai parar. Se não houver<br />

juventude com torça, se nos-<br />

sos intelectuais não preserva-<br />

rem esse gênero de música<br />

sincopada, acredito que se a<br />

gente continuar com intromis-<br />

são da música estrangeira, o<br />

Brasil vai acabar se transfor-<br />

mando num país de sub-músi-<br />

ca. Ele vai voltar à época de<br />

Chiquinhá Gonzaga, quando o<br />

Brasil não tinha música pró-<br />

pria. Se não é esse movimento<br />

do tipo do chorinho...<br />

ON- O Clube do Chorinho<br />

começou em minha casa {La-<br />

erte não deixa por menos).<br />

EDMUNDO- Dou meus para-<br />

béns. Nós temos que mostrar<br />

o rojão, o baião, o choro. Não<br />

estou vivendo de saudades.<br />

ON- Aproveitando que a<br />

gente tá com a máquina, você<br />

39


não quer cantar aquela música<br />

do cara que deu um tapa na<br />

cara do cara?<br />

EDMUNDO- A primeira mú-<br />

sica que Q Noite Ilustrada gra-<br />

vou foi minha. «Cara de Bobo-<br />

ca». Talismã (se dirije ao ir-<br />

mão), Là Maior.<br />

Um cara deu um tapa/ Na cara<br />

do cara<br />

Deixando o pobre cara com a<br />

cara esbodegada<br />

Mas tinha outro cara que<br />

estava apreciando<br />

Não gostou da atitude do cara<br />

malandro.<br />

Chamou o dito cara pra tomar<br />

satisfação<br />

Foi logo dizendo cara de<br />

boboca<br />

E de repente foi tanto tapa na<br />

cara<br />

Que a cara do tal cara ficou<br />

cheia de pipoca.<br />

Ai, ai, ai, o tal cara pagou caro<br />

Bancou mesmo o velho otário<br />

Ai, ai, ai, isso é uma coisa rara<br />

Eu francamente tenho cara de<br />

arara<br />

Mas não deixo qualquer cara<br />

chacoalhar com minha cara.»<br />

EDMUNDO- O Noite fez um<br />

LP com quatro músicas mi-<br />

nhas e do Talismã. Vamos lá:<br />

«Eu já falei pra cegonha se<br />

mancar<br />

Tó cheio de filho, o que que há<br />

Eu padeci, até tô parecendo<br />

Com a família do Zé lá do Areá<br />

É tanto menino a comer<br />

Só o pobre coitado a trabalhar<br />

É o mesmo que dez soco<br />

Para um só soco coçá<br />

É um bando de mafagafe<br />

Todos a mafagafá<br />

A cegonha sabe disso<br />

Porém seu caso é farra<br />

Tanto a jarra arranha a aranha<br />

Como a aranha arranha a jarra»<br />

O/V- Como eram seus jin-<br />

gles políticos?<br />

EDMUNDO- Fui pro Nordes-<br />

te onde fui convidado pra fazer<br />

o jingle da campanha eleitoral<br />

do Petrônio Portela, para go-<br />

vernador de Piaui, e José Cân-<br />

dido Ferraz, parceiro de chapa<br />

para senador:<br />

«É Petrônio Portela pra<br />

governador<br />

José Cândido Ferraz para<br />

senador<br />

O povo do Piaui está<br />

esquecido<br />

Pelos homens que governam o<br />

Estado<br />

Analfabetismo por aqui<br />

campeia<br />

Mortandade e fome é nosso<br />

legado<br />

Nos falta assistência médica<br />

Escola e trabalho pro<br />

trabalhador<br />

ON- Quanto é que você ga-<br />

nhava para fazer esses jingles?<br />

EDMUNDO- Fiz uma marcha<br />

pro Ajuisio Alves no Rio Gran-<br />

de do Norte, não ganhei nada.<br />

Acontece que foi pedida por<br />

um jornalista amigo meu. E<br />

ele, talvez por questão de mé-<br />

dia, não cobrou nada do go-<br />

vernador. O que me deixou<br />

louco foi editarem e venderem<br />

o disco. Acabei também não<br />

recebendo nada pelos direitos<br />

autorais. O jingle é uma ape-<br />

lação. Na qualidade de vender<br />

o governador.... Mas depois<br />

parei. Não dava pé, ti-<br />

nha muita injustiça naquela<br />

época, o cara tinha que raste-<br />

jar. ON- Mesmo assim, se qui-<br />

sesse continuar não tinha jei-<br />

to. Acabaram as eleições,<br />

(pausa para o Edmundo ir ao<br />

xixiroom)<br />

EDMUNDO (voltando)- Co-<br />

mo eu ia dizendo (já misturan-<br />

do estações) no samba existe<br />

muito radicalismo. Pensamque<br />

o problema do samba é o pro-<br />

blema da côr. Tem gente que<br />

acha que quem entende de<br />

samba tem que sambar. O Ta-<br />

lismã acha que quem não can-<br />

ta, não compõe, não samba,<br />

mas que luta a favor disso não<br />

deve ser chamado de sambeiro<br />

e sim de «amigos do samba».<br />

Agora, a gente briga pela au-<br />

tenticidade, e nas escolas de<br />

samba tem gente desfilando<br />

de black-power.<br />

ON- Òizem até que os<br />

Blacks de hoje são os sambis-<br />

tas de amanhã.<br />

EDMUNDO- Isso é o que o<br />

Candeia pensa. O Noel Rosa já<br />

estava prevendo há tantos<br />

anos, quando gravou este<br />

samba:<br />

«O cinema falado é o grande<br />

culpado da transformação<br />

Dessa gente que pensa que<br />

um barracão prende mais que<br />

um xadrez.<br />

Lá no morro se eu fizer uma<br />

falseta a! Risoleta desiste<br />

logo do francês e do inglês.<br />

Amor lá no morro é amor pra<br />

xuxu<br />

As rimas do samba não são «I<br />

love you»<br />

E esse negócio de alô, alô<br />

boy, alô Jonny<br />

Só pode ser conversa de<br />

telefone.<br />

Mais tarde o malandro deixou<br />

de sambar<br />

Dando pinote na gafieira<br />

dançando um foxtrot.»<br />

P/A Z6 DBAQOS>TO;AS 2030hoi£$<br />

BPMUNDO DEANOMQe E TAUSMK} ^<br />

1 mt DO Iâ&<br />

UM Wo for® í>e- Eüco/níD,<br />

3^0 PAULO


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41


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Estreando no nosso bando: ORLANDO MIRANDA;<br />

Prá esticar mais esta notinha avisamos que o nvro<br />

«CARTA ABERTA AOS ELEFANTES» de Orlando Mi-<br />

randa, estará nas prateleiras a partir de setembro.<br />

Prá esticar mais um pouquinho, sou mais uma tes-<br />

temunha de aue o livro é praticamente leitura obri-<br />

gatória. Miranda é redator free-lancer, sociólogo,<br />

professor universitário, autor do livro TIO PATINHAS<br />

E OS MITOS DA COMUNICAÇÃO (Summus<br />

Editorial) consideradc pela crítica a obra da Comuni,-<br />

cação mais importante do Brasil. A Global è a editora<br />

de CARTA ABERTA AOS ELEFANTES.<br />

O Jornal HERMANO LOBO, que marcou uma bela<br />

fase do humor espanhol, não circula mais. Enquan-<br />

to isso, LA CORDONIZ, deixa de ser tablóide e<br />

passa a ser revista, continuando semanal. Alguns<br />

papas como Chumy Chumez, Summers, Abellen-<br />

da apresentam um humor político que não cai em<br />

«pseudo-modismos» intelectuais. Confira, escre-<br />

vendo seu pedido para. LA CODORNIZ S.L. - NU-<br />

NES DE BALBOA - MADRI 1.<br />

«EL JUEVES» é o novo semanáriodehumor com<br />

quadrinhos, cartuns reportagens. Tudo muito bem<br />

conduzido gràficamente. «EL JUEVES» Ia revista<br />

que sale los viernes, è editada pela EDISIONES<br />

FORMENTERA: Casanova, 27, 5 o piso -Barcelona<br />

11. *<br />

(endossando DANILO FERNANDES)<br />

Quem faz pornocartum, tem uma nqya revista na<br />

praça: PSIU.<br />

Hélio Porto tá á disposição na redação, aqui pela<br />

Avenida Paulista, 2001 - 7 5 - 704 (SP).<br />

Para sua informação, a Edições Símbolo lançou<br />

«O MUNDO DOS QUADRINHOS» de lonaldo Caval-<br />

canti. São 1800 personagens, só de quadrinho brasi-<br />

leiro mais de 240. O formato é grande e tem 256<br />

páginas e tai na praça por 130 paus.<br />

Status Humor entrou em censura prévia. Mostrou<br />

a perninha de fora, já viu...<br />

E não esqueçam de quem não acertou ná<br />

loteria, favor de arriscar no salão de humor de<br />

Piracicaba. A Sharp preferiu não patrocinar o Salão<br />

deste ano. As multinacionais não enganam por<br />

muito tempo.<br />

O número 16 da Revista Ficção foi dedicada ao<br />

humor, trazendo Stanislaw Ponte Preta, Mario Quin-<br />

tana, JAAB, Glauco Mattoso, Fernando Sabino,<br />

Luscar, Marisa, Wilmarx, e uma pá de outros humo-<br />

ristas. Ficção quis com essa edição despertar o<br />

interesse do escritor brasileiro pelo genêro. Quem<br />

não conseguiu comprar esse número, o endereço<br />

para pedidos esta aqui: Av. Mem de Sá, 202 - Caixa<br />

Postal 7001 - Rio de Janeiro.<br />

Cartas de leitores dizem que já viram publicados<br />

por ai cartuns que, aqui, já saíram em números<br />

anteriores. Cuidado que nossos leitores estão aten-<br />

tos.<br />

Geandré


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