You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
OVELHAt<br />
^^^^ PROIBIDO<br />
^MGAZINE<br />
K /A/^^A^IK<br />
DE<br />
"^NE<br />
HUMOR<br />
\K ÁS^íD PARA MENORES DE<br />
Cr$ 10,00<br />
<strong>QUEREM</strong><br />
<strong>MATAR</strong><br />
<strong>JIMMY</strong> <strong>CARTER</strong>!,<br />
PAG. 8
CARTÃO DE PONTO<br />
VERTENTE EDITORA LTDA.<br />
Rua Monte Alegre 1434<br />
Fone: 623699 CEP: 05014<br />
São Paulo — SP<br />
Diretor Responsável:<br />
Júlio César Cardoso de Barros<br />
Editor:<br />
Geandré<br />
Conselho Editorial:<br />
Laerte<br />
Jullo Cezar<br />
Representante:<br />
Lula Plmentel-<br />
Rua Hermenegildo de<br />
Barros 77/303-RJ<br />
Arte:<br />
Marina Pontual<br />
Paulo<br />
Composição, Fotolito<br />
e Impressão:<br />
Editora Jornalística AFA<br />
Indústria Cultural S.A.<br />
Distribuição da Abril Industrial<br />
e Cultural S/A.<br />
O BANDO DESTE NÚMERO<br />
JAAB<br />
SUDAIA<br />
LAERTE<br />
RACY<br />
GEANDRÈ<br />
FERNANDO<br />
LUSCAR<br />
ELIHU<br />
LUÍS PIMENTEL<br />
SYLVIO ABREU<br />
J. CÉSAR<br />
ORLANDO MIRANDA<br />
LOURENÇO D1AFÉRIA<br />
CIRO PELLICANO<br />
ARNALDO<br />
CRIST<br />
CHUMY CHUMMEZ<br />
ADAIL<br />
WALDO GUIMARÃES<br />
IGE<br />
ZARTEU<br />
BETO MARINGONI<br />
MARCON<br />
MICHELE<br />
SIZENANDO<br />
AGOSTINHO GIZÉ<br />
ABREU MORATO<br />
VENEZA
ovaHAt<br />
N- 6/Agosto77<br />
i<br />
InT ir iff'<br />
^A^^^A<br />
r^V;^<br />
M I v,<br />
A WDA É COMO<br />
UMA ESCADA<br />
DE GALINHEIRO.<br />
CURTA, PORÉM<br />
CHEIA DE MERDA.<br />
(Santiago Rusinõl)<br />
«<br />
PALAVRA DE OVELHA"<br />
Até o momento em que<br />
fechávamos esta edição,<br />
não nos chegou nenhum<br />
cumprimento pelo nosso<br />
primeiro aniversário, por<br />
parte da SIP (Sociedade<br />
Interamericana de , La<br />
Prensa). New York Times,<br />
La Vanguardia, Le Mon-<br />
de, discretamente, nos<br />
deram uma linha apenas:<br />
«Parabéns a vocês.»<br />
Na verdade nenhum<br />
destes jornais estrangei-<br />
ros reconhecem nossa lu-<br />
ta para chegar aonde che-<br />
gamos: Rua Monte Ale-<br />
gre, 1434 - fone 62-3699 -<br />
CEP 05014 São Paulo —<br />
SP.<br />
Mas aqui fica o agrade-<br />
cimento ao apoio dado<br />
pela imprensa alternativa:<br />
VERSUS, MOVIMENTO,<br />
NÕS MULHERES, O BI-<br />
CHO, DE FATO, FRADIM,<br />
ESCRITA, PARALELO, A<br />
n)<br />
l<br />
%<br />
2.<br />
LU<br />
_J<br />
LU<br />
ROLETA, A MOSCA, SíM-<br />
BOLO.<br />
Cabe aqui agradecer<br />
ainda as publicações da<br />
grande imprensa: FOLHA<br />
DE S.PAÜU), FOLHE-<br />
TIM, ÚLTIMA HORA<br />
(Rio), VEJA, VISÃO e<br />
JORNAL DA TARDE, CO-<br />
LUNA JORNAL DOS JOR-<br />
NAIS (FSP), JORNAL DA<br />
SEMANA.<br />
E para terminar, natu-<br />
ralmente àqueles que<br />
mais estiveram com a<br />
gente: os assinantes, lei-<br />
tores e anunciantes.<br />
Por favor, agora, po-<br />
dem nos trazer lenços.<br />
Snif, snif...<br />
O
A Fonte Credenciada<br />
Informou que...<br />
VOLTAR VIVO<br />
VOLTA.<br />
MAS O UEIT6<br />
KM>A.Mê/<br />
&-!<br />
caiu mni»„ 0lm " ceclçacl
LOURENÇO DIAFERIA<br />
A grande, incrível.cavilosa<br />
aventura de<br />
J^lepois que o King<br />
Kong jâ tinha dado tudo<br />
em Nova York, os ameri-<br />
canos chegaram e disse-<br />
ram manda esse gorila là<br />
pro Brasil como parte do<br />
nosso acordo cultural.<br />
Ai um cara respondeu<br />
pô, mas eles estão pedin-<br />
do o Frank Sinatra faz<br />
mais de vinte anos, acho<br />
que a prioridade cabe ao<br />
Frank.<br />
No que outro cara cor-<br />
tou em cima, pediu um<br />
chiclete urgente, acres-<br />
centando rewrite these<br />
sentences using the cor-<br />
rect verbs and joining<br />
words,- espera ai, rapaz,<br />
está dando interferência<br />
no gravador, manda essa<br />
turma falar em brasileiro,<br />
tâ, e enquanto engolia a<br />
goma de mascar o outro<br />
cara lembrou que o Sina-<br />
tra jâ era, ia ter uma difi-<br />
culdade de encher o<br />
King Kong Aqui,ó!<br />
Anhembi ou o Maracanã-<br />
zinho, as últimas remes-<br />
sas de artista tinham si-<br />
do uma porrada no saco,<br />
se ê que se pode dizer<br />
assim, os brasileiros es-<br />
tão ficando sabidos, já<br />
não entram mais naquela<br />
de Raquel Welch, qual-<br />
quer um vê que aquilo é<br />
que nem frango à caipira,<br />
to'do recheado de farofa, e<br />
eles estão por aqui de<br />
farofadas, estão lembra-<br />
dos como se entortou<br />
aquele tonto que entorta-<br />
va garfos, it isn't?<br />
Vai por mim, turma,<br />
disse o cara do chiclete, o<br />
King Kong sozinho enche<br />
as medidas. A onda agora<br />
é macaco e gorila. E eles<br />
ainda ficaram discutindo<br />
ai mais umas duas horas,<br />
porque com eles o negó-<br />
cio - todos os negócios é<br />
planejado, não tem essa<br />
de inventar ferrovia do<br />
aço e depois deixar pra là,<br />
as únicas coisas mal pla-<br />
nejadas foram a excursão<br />
ao Vietnã e a visita de cor-<br />
tesia àquele prédio de<br />
Watergate, mas ninguém<br />
ê perfeito e isso acontece<br />
até na União Soviética,<br />
pra não dizer até na Chi-<br />
na, so on, tl^e thieves' car<br />
was badly damaged and<br />
easy to recognize, ô cara,<br />
estou te mandando dar<br />
um jeito nesta droga de<br />
gravador, quê que hà, jà<br />
não bastam os erros do<br />
paste-up ainda mais esta,<br />
troca a fita, caramba, está<br />
certo que fita virgem não<br />
está fácil, nada está fácil<br />
quanto mais fita, mas va-<br />
mos deixar de ser pão-du-<br />
ro, isto pega mal hem tur-<br />
ma, e os americanos saí-<br />
ram do elevador todos de<br />
foguinho, mas alegres,<br />
5
pois tinham chegado a<br />
um acordo: o pessoal que<br />
tinha a maioria das ações<br />
do macaco ganhou a pa-<br />
rada.<br />
E assim King Kong de-<br />
sembarcou no aeroporto<br />
de Congonhas, que nesse<br />
dia deu teto mas quase<br />
não dá chão, pois o gorila<br />
jà começou dando baixa-<br />
ria na hora de pegar um<br />
taxi, o que ele fez com<br />
uma mão só, mandando o<br />
motorista praquele lugar.<br />
Jàera noitinha. Á dita ho-<br />
ra do rush. De sorte que o<br />
macaco pegou a reta pro<br />
centro da cidade pela ave-<br />
nida Vinte e Três de Maio<br />
e mal chegou no Anhan-<br />
gabaú da Facilidade já foi<br />
contratado para aparecer<br />
na televisão e inaugurar o<br />
novo quadro Quem Sabe<br />
Mais, a Mulher ou o Ma-<br />
caco?<br />
Quer dizer, o bicho<br />
estava entrando de pé di-<br />
reito. Acontece que vir a<br />
pé do aeroporto até o<br />
Centro, ainda mais pas-<br />
sando por cima dos auto-<br />
móveis, abre o apetite de<br />
qualquer um. E macaco<br />
também come. De modo<br />
que King Kong parou nu-<br />
ma quitanda e pediu uma<br />
caixa de banana, mas o<br />
japonês cismou que o<br />
macaco não tinha dinhei-<br />
ro para pagar a fruta fina,<br />
banana hoje ê ouro, mes-<br />
mo a nanica; e de fato o<br />
macaco tinha apenas uma<br />
nota de cem dólares, a<br />
caixa de banana custava<br />
muito mais que isso, o<br />
japonês sugeriu com jei-<br />
tinho que o macaco<br />
esquecesse a. banana e<br />
fosse jantar no Edifício<br />
Itália, pois ali ele podia<br />
exibir uns números de<br />
equilibrismo e descolava<br />
uma comida de graça.<br />
E dito e feito.<br />
Só que quando King<br />
Kong pintou no Salão<br />
Verde reservado prós exe-<br />
cutivos criou um tremen-<br />
do mal-estar, apesar de<br />
estar de pelo escuro, pois<br />
a gravata - reparando me-<br />
lhor, o cinto - do bicho<br />
estava calda e quase<br />
arrastava no chão, o ma-<br />
caco não sabia mesmo se<br />
vestir, o maitre pediu que<br />
se retirasse pelo elevador<br />
antes que fosse obrigado<br />
a chamar o cozinheiro, o<br />
qual nessa noite estava<br />
tentando inventar um pra-<br />
to novo com sabor tropi-<br />
cal, e macaco era uma<br />
sopa.<br />
King Kong saiu pela ja-<br />
nela mesmo e desceu por<br />
fora sem utilizar a escada<br />
de incêndio. Desviou do<br />
Hilton e pegou ali a Rego<br />
Freitas, tendo sua aten-<br />
ção desviada para a sede<br />
do Sindicato dos Jorna-<br />
listas onde, como aconte-<br />
ce todos os dias, havia<br />
escritor lançando livro.<br />
Era uma boa, porque<br />
sempre tem salgadinhos<br />
e uma bebida, e nessa<br />
altura do campeonato<br />
King Kong estava a fim de<br />
tomar até coca-cola. Mas<br />
observou melhor e fla-<br />
grou, ali na calçada,<br />
aquele bando de mulhe-<br />
rio fazendo trotoar, e o<br />
macaco se esqueceu da<br />
banana e do coquetel,<br />
partindo célere e presto<br />
na direção de uma dona<br />
de salto alto, muito da<br />
bunduda, e sabe como é o<br />
atavismo. Mas a mulher<br />
largou os sapatos na rua e<br />
saiu a mais de oitenta e<br />
foi abandonando também<br />
o sutiã e depois os dois<br />
seios, a peruca, e por fim<br />
deixou a calcinha e ficou<br />
só de sunga, e o King<br />
Kong estranhando, puxa,<br />
aquela mulher parecia o<br />
Mandrake, era mais pelu-<br />
da que ele macaco, e<br />
ainda por cima tinha voz<br />
grossa e danada, e grita-<br />
va-Açode eu, Norma! Me<br />
livra eu do tarado! - e o<br />
King Kong nem nessa,<br />
precisou que um chapa lá<br />
do Som de Cristal desse o<br />
alô- Ei cara, não vai que é<br />
uma podre. È travesti!<br />
E no que ouviu o brado<br />
de alerta King Kong pu-<br />
xou o freio de mão e deu<br />
meia volta. E nessa meia<br />
volta ele estava em frente<br />
do La Lycorne, que é uma<br />
butique de artigos femini-<br />
nos que geralmente levam<br />
você pracasa. E o King<br />
Kong foi apresentado à<br />
anfitrã e até pensou que<br />
podia arranjar um empre-<br />
go de leão-de-chácara,<br />
ninguém ia mexer mais<br />
com as moças, ele prote-<br />
geria as jovens dos ma-<br />
chões, mas a anfitriã logo<br />
desconversou porque era<br />
capaz de King Kong só<br />
atrapalhar o movimento<br />
da casa, porque os arti-<br />
gos lá podiam ser manu-<br />
seados à vontade.<br />
E o King Kong tomou<br />
três uísques e ficou ton-<br />
to.<br />
E de manhã cedo, de-<br />
pois de comer um picadi-<br />
nho da madrugada, des-<br />
cia tranqüilo a rua quan-<br />
do encontrou alguns<br />
estudantes carregando<br />
faixas. King Kong pensou<br />
que fosse uma filmagem<br />
na qual ele seria o artis-<br />
ta principal, e se pôs à<br />
frente do grupo, pulando<br />
e guinchando, e a turma<br />
falou pombas, dessa vez<br />
a gente derruba o Al 5, e<br />
de fato a coisa estava ma-<br />
ravilhosa, mas de repente<br />
apareceu ninguém sabe<br />
de onde um PM baixinho<br />
com um cacetete maior<br />
que a gravata - reparan-<br />
do melhor, o cinto - do<br />
King Kong e desfechou-<br />
lhe uma porretada na ore-<br />
lha.<br />
E foi assim que King<br />
Kong, ó.
OUTROSIM<br />
BREVE NA PRAÇA<br />
(HJTROSIM<br />
JORNAL DE HUMOR<br />
OUTROSIM<br />
MAIS UM LANÇAMENTO<br />
DA<br />
VERTENTE<br />
:ASo9k, «SAftToM», FOTO»,<br />
a-rio,o», feM«Afos( CO«OTO«,<br />
e»A«,<br />
'A«*AO)£MS, PAPo», iftÍTíCA»,<br />
|PA«.oe*iA«, MuOTSToa, &ÍT'i»AM»OS,<br />
EMAGOSTO<br />
ASA CURTA<br />
de<br />
Gilberto Mansur<br />
ASSINE ESCRITA<br />
Desejo assinar Escrita a partir do n°<br />
() por um ano (CrS 180,00)<br />
()por se/s meses (Crt 90,00)<br />
Solicito o envio gratuito dos seguintes números atrasados<br />
Aw&aoTA», A«w«*oa«A» «<br />
(três para assinatura anual, dois para semestral)<br />
Nome:<br />
Endereço:<br />
Cidade Cep ...<br />
Estado<br />
Segue vale postal () cheque visado () para<br />
Vertente Editora Ltda.<br />
Rua Monte Alegre. 1434<br />
05014 - São Paulo (SP)
w<br />
<strong>QUEREM</strong> M^TAR<br />
<strong>JIMMY</strong><strong>CARTER</strong>!<br />
J IJm<br />
~— Pi J /l/l o?^/l/t<br />
^ k<br />
^<br />
/;/<br />
>(//w- . ^<br />
^l^\><br />
^tzfr^yflX t^vf<br />
l^^^y^ %Js<br />
|L=4 / '^^ AJU '<br />
-1<br />
/Sr^ /<br />
^Pr*/^ 1 i/i<br />
^i y n>c k^<br />
\ã -rvt roc m 'r^ c<br />
Toe<br />
TOC<br />
LAERTE E GEANDRE<br />
Pm<br />
pm<br />
W ^<br />
'A^^%}<br />
i-^.<br />
pm\<br />
í<br />
r $
HaBlaaBflHBIaHaBBaBallHaHBHIH
ift<br />
"S<br />
y/f<br />
peAR.reM um<br />
5<br />
w<br />
M a ^v<br />
com e mo<br />
cr<br />
A T ?^<br />
|WNC
LIVROS DA VERTENTE POR REEMBOLSO<br />
( ) UM DOIDO NO QUARTEIRÃO - Antônio Contente 60.00<br />
( ) OS MENINOS - Domingos PellegriniJr 2^<br />
) O URSO - William m Faulkner Fanlkner ...<br />
OU.UU<br />
( ) CAFARNAUM- Wladyr Nader ^-^<br />
( )DIÁLOGO(2'edição)-SamuelRawet .- • ^.^<br />
( ) FREUD PARA CRIANÇAS - Louise Armstrong e Whitney Darrow, Jr Jt.uu<br />
( )CONFISSÕES DE UMA MÁSCARA-YukioMishima 50,Oü<br />
( ) HEMINGWAYPARA CRIANÇAS - Ernest Hemingway 35,OU<br />
( ) A FESTA (2' edição) - Ivan Ângelo U," "^v; hnm<br />
{ )A VARINHA DO CAAPORA {3*vis.) - Antometa Dias de Moraes 30,00<br />
)CAMISA-DE-FORÇA - Wladyr Nader 30,00<br />
( )SEMSAHIDA-Zélio , • •••■:•/•: 4 2'^<br />
( )SAPO CURURÍNHO DA BEIRA DO RIO - Maria Magdalena Lana Gastelois 8,00<br />
)AÁRVOfiE DOS DESEJOS-William Faulkner 35,00<br />
[ESPINHA DORSAL - Wladyr Nader 30,üü<br />
)TARDE DA NOITE-Luiz Vilela 50'00<br />
)OS CANTOS DE MALDOROR - Lautréamont 60.00<br />
) \LIÇÕES DE PÂNICO - Wladyr Nader 3ü,üü<br />
( )ESCRITA, assinatura anual lau.uu<br />
mais três números atrasados:<br />
( )ESCRITA, assinatura semestral ^.oo<br />
mais dois números atrasados:<br />
( )ESCRITA/ENSAIO (n 0 s 25,00<br />
( )ESCfí/7V\/L/l/flO(n 0 s ^-^<br />
Coleção Econômica ic no<br />
( )HISTÓRIASDA TERRA TREMULA - Moacyr Scliar ■••■ 75,00<br />
\ )SABOR DE QUÍMICA - Roniwalter Jatobá de Almeida 75.00<br />
( )SIM SENHOR, INHORSIM, POIS NÃO - Antônio Possidônio Sampaio 75,00<br />
Total de volumes: Total em Cr$:<br />
Nome:<br />
Endereço: 'Apò<br />
Cidade: ucr '<br />
Estado:<br />
Pedidos à<br />
Verte^e Editora Lida. - Rua Monte Alegre, 1434 - Fone: 62-3699<br />
05014 - São Paulo — SP<br />
O URSO<br />
de<br />
William Faulkner<br />
RESERVE JÁ O SEU EXEMPLAR<br />
Uma das maiores estórias de aventuras da literatura mundial<br />
Cri 50,00<br />
Também por reembolso postal.<br />
Pedidos à Vertente Editora Ltda.<br />
Rua Monte Alegre, 1434 - Fone: 62-3699<br />
05014 - São Paulo (SP)<br />
^
^15 •yj<br />
A^"' ^^ÊA ChumyChumez<br />
jír ^^ tem apresentado<br />
^^ ^^ uma característica<br />
W ■i^iv^m m-rww ■ €» nos seus<br />
^ LSRlJMI/lS n d 2fn nhos:oso1<br />
" negro sempre se<br />
pondo. Foi assim<br />
Que ele desenhou nos<br />
tempos de Franco.<br />
Mas como os desenhos reproduzidos são de 74,<br />
creio que o sol já tenha ficado<br />
gris (afinal, o clima na Espanha mudou muito).<br />
De qualquer maneira, independente mente da cor do<br />
sol, uma coisa é certa:<br />
o humor de Chumy será sempre brilhante.<br />
12<br />
m/um<br />
m<br />
A K<br />
Q\lí o**<br />
s ^<br />
ave<br />
& &*%%<br />
^<br />
& pBlr<br />
ME SÜSTA.PC^A-ME<br />
UNA PARA NI?J(?S.<br />
Um*
-t, muy lécM. imtinf qu» 11—- -I» Mito* m UM I<br />
VMM un cocodrUo y M eom» eu*n>. iCuénloê dMo» t» t<br />
13
SAIA<br />
DANDO<br />
CARTÕES!<br />
Cartões humorísticos e<br />
de natal personalizados<br />
GRnnuuiE<br />
LIVRARIA<br />
AVANÇO<br />
Rua Aurora 704<br />
São Paulo<br />
MACUNAIMA<br />
CURSO BÁSICO MACUNAIMA<br />
Segundo Semestre<br />
PREPA RA ÇÃO PA RA A TORES<br />
Seleção dos alunos a partir do I o básico<br />
CURSO DE CRIAÇÃO TEATRAL<br />
Para grupos jovens e adolescentes<br />
segundo estágio do curso básico<br />
Complementação do 1 o básico<br />
CURSO DE PREPARAÇÃO VOCAL<br />
professores: M. Carmo Fontana<br />
Anita Grimberg<br />
OFICINA DE ATORES<br />
Somente para profissionais à tarde<br />
CURSO DE LINGUAGEM CORPORAL<br />
Grupos de adolescentes e adultos<br />
em organização<br />
Rua Lopes Chaves, 546 - Fone 66-8091 - São Paulo<br />
PAPELARIA<br />
Tudo para desenho,<br />
engenharia,<br />
pintura, etc...<br />
Pessoal da AG RAF<br />
tem um p... desconto!<br />
ShoppingCenter Iguatemi<br />
Brig.FariaLima,1191f.2120700-SP<br />
LIVRARIA<br />
CHRiS<br />
HUMOR MACANUDO CcoKyiQ. CRHIS<br />
RAMGO Q," COm cx. Q^HIS.<br />
ANTOLOGIA BRASILEIRA c|€<br />
HUMOR e'co^ A. CRHlS.<br />
ZlRALPO^conodCRHlS.<br />
PAULO FRAA/C(9ecom
TRÊS MANEIRAS DE PEDIR<br />
O DIVORCIO<br />
Veja você, Lolita, você é uma mulher distinta, uma mulher<br />
que deve aspirar às mais altas posições; eu nada posso<br />
oferecer, salvo minha devoção e minha recordação.<br />
Sempre respeitei você, Lolita, e me dói que você me diga<br />
outra coisa. Nunca deixei de chamá-la de você, nunca me<br />
permiti o uso de termos que os jovens de hoje, tão pouco<br />
sensíveis, reservam para o belo sexo.<br />
Guardo de você a mais grata recordação e caio a seus<br />
pés com todo respeito. Por favor, não se preocupe, a<br />
limonada é por minha conta. Garçon!<br />
3 Outra<br />
Você está aburguesando, Lolita. Logo vai querer criar<br />
família e, nos domingos, levar as crianças no Playcenter.<br />
Segundo Delleuze, o amor é uma relação rica em<br />
símbolos, porém Heidegger sustenta que o homem é um<br />
ser de distância e é por isto que tô a fimdeir pra<br />
longe. Diz Cortazar, acho que é Cortazar - lembra quando<br />
lemos juntos «Rayuela»? - que ei olvido é só o revés<br />
do amor.<br />
Acho que Cortazar não disse nada disso, mas se a gente<br />
ligar a relação estrutural que se desenvolveu no contexto<br />
de nossa experiência sexual a nível de cama, resulta que<br />
o ciclo nietzschiano fechou-se e estamos vivendo já numa<br />
estrutura desconexa como a de Godard,onde os vazios do<br />
sentido só fazem comunicar a angústia althuzeriana ao<br />
ao todo; nâo sei se deu pra entender.<br />
Lolita, tá na hora ao rush.<br />
vida, Lolita. Nasci para outras transas. Logo chega<br />
o verão e eu já comprei minha prancha. Não é que<br />
você engordou e eu não quero te levar para o Guarujá.<br />
È que nós somos muito jovens. Temos muito tempo<br />
pela frente. Que você pode fazer com o que eu ganho?<br />
Fui aceitar a idéia de abrir uma caderneta de poupança<br />
e você logo perguntou «quer casar comigo?». Tudo por<br />
causa de porcentagens que ficamos prevendo,<br />
Quando íamos ao cinema, você ficava vidrada nos vestidos<br />
da Liz Taylor. Eu não. Ficava ali me mordendo de inveja<br />
dos artistas que tomavam martini.<br />
Mas nem você é Liz Taylor nem eu sou Sir Burton Por<br />
isto, quem vai saber de nós?<br />
Merda, acho que ainda dá pra pegar o segundo tempo do<br />
Palmeiras e Coríntians no Pacaembu.<br />
1D
16<br />
EM<br />
AGOSTO<br />
NAS<br />
LIVRARIAS<br />
Mais um lançamento da sutnmus editorial v '% JÜ^
ZARTEU
CLAERTE)<br />
GUIA DO TORCEDOR<br />
RRASILEIRO<br />
Perg.- Se a bola fôr chutada para fora de campo, como<br />
deve proceder o árbitro da contenda?<br />
Resp.- O árbitro deve determinar o ingresso de uma<br />
outra bola em campo. Isto aconteceu no Cam-<br />
peonato Maranhense de 1943.<br />
Perg.- E se a outra bola também for chutada para fora<br />
de campo?<br />
Resp.- É uma situação rarlssima, pode-se dizer quase<br />
impossível. Numa situação assim, o melhor<br />
seria pedir à torcida a devolução da bola para<br />
que o jogo pudesse ter prosseguimento.<br />
Perg.- E se a torcida se recusasse a devolver a bola?<br />
Resp.- O árbitro é soberano nessas questões. Pode<br />
mandar suspender o jogo.<br />
18<br />
Perg. - Mas e se fosse decisão de Campeonato Brasileiro,<br />
digamos, Corinthians e Flamengo?<br />
Resp ,- Bem, é claro que haveria mais bolas à disposição.<br />
Além disso...<br />
Perg. - Todos sabemos que, devido à economia de<br />
contenção atualmente em vigor, o estoque de<br />
bolas e a capacidade da indústria manufatureira<br />
são limitadas. A torcida não seria então mais<br />
soberana que o árbitro?<br />
Resp - Bem, não custa nada dialogar, e...<br />
Perg. ■ E se eles começarem a reivindicar coisas, do<br />
tipo fim do arrocho salarial, liberdades democráticas,<br />
direitos de...<br />
Resp - Um momento! Um momento! Você tá afim de<br />
saber regras de futebol ou oque?
Perg.- Não sei o que você tá insinuando ai.<br />
Resp.- Sabe muito bem. Não se faça de desentendido.<br />
Isto aqui não é um manual de perguntas e<br />
respostas?<br />
Perg.- Era pra ser. Só que agora você tá avacalhando<br />
com tudo.<br />
Resp.- EEEUUUU???!!!<br />
Perg.<br />
Resp<br />
Perg.<br />
Resp<br />
Perg.<br />
Perg.- Claro. Olha ai. você tá fazendo pergunta. Não<br />
pode. Você ê «resp». «Resp» - que eu saiba - é<br />
de «resposta». A não ser que seja «respuntas» e<br />
pergostas».<br />
Resp.- Mas assim não é possível!!<br />
Perg.- Também acho.<br />
Resp.- Botam cada irresponsável pra trabalhar com a<br />
gente! Me diz uma coisa: quanto é que tão te<br />
• pagando pra fazer pergunta nesse manual?<br />
- Duas milhas.<br />
- Olha só! Que absurdo! Pra mim é uma milha e<br />
olhe lá;<br />
■ Tá perdendo a esportiva, rapaz? Que è isso.<br />
Bom cabrito não berra. Deixa que na próxima<br />
você ferra eles.<br />
- Que próxima vez?<br />
- O Tadeu não te disse? Depois desse de futebol,<br />
se sair bem feitinho, a gente tem uma boca num<br />
de regras de trânsito. Regulamento do CNT<br />
todinho.<br />
Resp.- Você jura?<br />
Perg.<br />
Resp.<br />
Perg.-<br />
Resp.<br />
Perg.-<br />
Alguma vez eu já aprontei com você, cara?<br />
Tá certo... tá certo. Então vamos acabar esse<br />
aqui pra mostrar pro Tadeu que a gente é bão<br />
de diálogo.<br />
Isso!<br />
- Então vai. Pergunta.<br />
Onde é que eu tava mesmo?.... A, já vi. No di-<br />
reito de greve.<br />
19
REVISTAS,<br />
LIVROS<br />
E HISTÓRIAS HM<br />
QUADRINHOS<br />
como se não acham de ocasião,<br />
assim em quantidade<br />
e qualidade.<br />
NQS dias úteis das 9 às 20 horas<br />
CAMPUS LIVRARIA EDITORA<br />
Assine<br />
Rua Santa Luzia, 23<br />
ÜVRMA DIIUMRIM<br />
literat4ira(&ciéncias humanas<br />
PÇA. DOM JOSÉ GASPAR 106.<br />
SOBRELOJA, LOJA 19 - TEL. 35-1071<br />
CAIXA POSTAL 4468<br />
SÃO PAULO - CEP 01047<br />
o seu encontro com<br />
geniexafé e livros.<br />
TOPAS SE(bUNCA-F€\Rfi5<br />
MOlTEDoCfWRWO<br />
Rua Wdldemar Ferreira<br />
m14-9-butântã-S.P<br />
GHAf/GA A2í1£<br />
IPO&RAFIA NOTA<br />
ITALIANOS, 17; .-S.PAULO<br />
2Z1-0ÍÍ3-1<br />
inglês para brasileiros<br />
O Lessa é o mais brasileiro de todos os cursos.<br />
Là você aprende a falar inglês com gente que fala<br />
a nossa lingua.<br />
O Lessa só tem professores: não tem máquinas de<br />
ensinar.<br />
E o mais importante: professores brasileiros, que<br />
conhecem muito bem nossas dificuldades.<br />
Procure o Lessa, um jeito brasileiro de ensinar inglês<br />
12 escolas na Capital e 7 no Interior:<br />
Jundiai, Campinas, Pitangueiras,<br />
Votuporanga, Piracicaba, Bauru,<br />
Jacarèzinho (PR).<br />
Rua General Jardim 554/560<br />
Fone: 256-1313 - São Paulo - SP
ARQUIVO DO<br />
SUMH»<br />
- cáAèoWvOo coivi o wmrto TAféMutf os Peops<br />
TIO LALAO
DO AitT) oesr^<br />
mis UM £MPfé£M'<br />
OíMÇNTO^eMMIL<br />
COMjeMPLAMl<br />
j&wuXe/<br />
íT^SA^<br />
£ QUANtO e Que<br />
EU v/OU 6^M^<br />
sast Wí{<br />
'fRA' CÍM4 DB<br />
30 MímÓES/<br />
AFINAL, ^<br />
C/M HOtiZ<br />
AZEUR<br />
/l<br />
Strunchor,<br />
orei<br />
maldito.<br />
almanaque do Globo (ed.<br />
Schiffo, 1975, pág. 126) as-<br />
sinala que as três grandes<br />
contribuições chinesas à cul-<br />
tura ocidental foram: a tortura,<br />
a pólvora e o suborno». O res-<br />
to, naturalmente, eles devem<br />
ter guardado para si próprios.<br />
Aliás, é fato sabido que foi<br />
Marco Polo quem trouxe da<br />
China a pólvora e a tortura<br />
(parece, inclusive, que teve<br />
experiências pessoais com<br />
ambas, do que resultou uma<br />
barba chamuscada e a perda<br />
de três unhas). Entretanto, o<br />
que o almanaque não diz, e<br />
pouca gente sabe, é que o<br />
introdutor no ocidente da<br />
instituição do suborno foi o<br />
ignoto rei Struncho I o , sobe-<br />
rano da Pérfida, pequeno reino<br />
semita da Ásia Menor, vizinho<br />
à Cólchida.<br />
O caso foi assim: em 71<br />
a.C, como era hábito, organi-<br />
zou-se uma rifa (dez dinares o<br />
número) entre os filhos do fa-<br />
lecidos Infidálio III o para esco-<br />
lha de seu sucessor. O sortea-<br />
do, Omar Idalida, que assumiu<br />
o trono com o nome de Strun-<br />
cho l°, era completamente<br />
desprovido de carisma po-<br />
pular, não jogava golfe, nem<br />
fizera carreira militar, não pos-<br />
suindo, portanto, nenhuma<br />
das qualidades que, na época,<br />
habilitavam os homens a go-<br />
vernar. Em conseqüência, os<br />
primeiros tempos do reinado<br />
de Struncho foram- muito<br />
difíceis, e ele só conseguiu<br />
concluir seu primeiro ano de<br />
governo devido a um impasse<br />
nas negociações entre as de-<br />
zesseis conspirações organi-<br />
zadas para derrubá-lo.<br />
Mais ou menos por essa<br />
época, sabedor da situação do<br />
reino, apresentou-se á Corte<br />
um sábio chinês, por nome<br />
Francisco de Sá, que ofereceu<br />
ao monarca o seguinte conse-<br />
lho: «Senhora monarca, ih, ih,<br />
ih! Aos honestos, ofereça di-<br />
nheiro, nõn? Aos moralistas,<br />
dê mulheres, e aos anacrôni-<br />
cos, prestigio. Mas o i poder,<br />
ih, ih, ih, este não dividas nun-<br />
ca.»<br />
Struncho considerou o con-<br />
selho desonesto, mas quando<br />
soube, pela criada de quarto,<br />
que os dois conspiradores<br />
mais importantes - os minis-<br />
tros das Armas e da Economia<br />
- haviam chegado a um acor-<br />
do, teve que escolher: a ho-<br />
nestidade ou o trono.<br />
Chamado para assessorar o<br />
monarca. De Sá resolveu os<br />
problemas imediatos mandan-<br />
do uma parte do harém real<br />
circular em volta do ministro<br />
das Armas. Além disso, pre-<br />
miou o da Economia com um<br />
banco e dois cartórios, e mo-<br />
bilizou os anciões do pais para<br />
criar um Senado vitalicio.<br />
Estava introduzindo o su-<br />
borno no Ocidente. Mas não<br />
se pense que a estória acaba<br />
assim. Como diz o ditado: «as<br />
comportas da corrupção, uma<br />
vez abertas, não descansam<br />
enquanto não arrastam o pró-<br />
prio corruptor.» Pois é. Strun-<br />
cho, depois de subornar os<br />
principais conspiradores, teve<br />
também que comprar seus as-<br />
sessores, parentes e amigos,<br />
numa irresistível cadeia de fa-<br />
vores e negociatas, que levou<br />
um historiador da época, o fe-.<br />
nício Agá Trajan, a comentar:<br />
ORLANDO MIRANDA<br />
«O próprio governo entregou o<br />
pais ao saque. Com sua cum-<br />
plicidade mercadeja-se presti-<br />
gio, mulheres e as riquezas da<br />
nação».<br />
Mas, Struncho, sozinho (De<br />
Sá, depois de auto-subornar-<br />
se emigrara para Persépolis),<br />
continuava inseguro no trono.<br />
Sua política, além de altos im-<br />
postos, provocara a escraviza-<br />
ção das antigas tribos livres<br />
do planalto. Nada poderia o<br />
povo contra ele - asseguravam<br />
os ministros - mas diante dos<br />
sinais de insatisfação popular,<br />
Struncho temia a revolta, e só<br />
conhecia uma maneira de<br />
esvaziá-la: o suborno (como já<br />
se disse, a pólvora e a tortura<br />
só foram introduzidas muito<br />
depois).<br />
Ao saber da revolta de Spar-<br />
tacus em Roma, Struncho,<br />
atemorizado, não quis esperar<br />
mais. Resolveu utilizar parte<br />
do tesouro que financiava as<br />
negociatas para comprar cada<br />
homem do pais, oferecendo a<br />
cada um uma provisão de tâ-<br />
maras e concedendo um<br />
aumento geral de salários. O j<br />
escândalo foi imenso. O rei,<br />
dizia-se, pretendia corromper<br />
o que restava da moralidade<br />
nacional. E nesse momento, a<br />
impedir a completa dissolução<br />
dos costumes, interveio a Le-<br />
gião dos Arrependidos (for-<br />
mada principalmente pelos<br />
ministros mais antigos) que, a<br />
poder das armas, destronou<br />
e exilou Struncho, revogou<br />
suas leis, e restaurou a mora-<br />
lidade, inaugurando um regi-1<br />
me austero e honesto, que so-1<br />
breviveria até a invasão turca |<br />
do quinto século.
MISTURA FINA
É<br />
Aqueles Senhores<br />
pálidos e discretos*<br />
! com imenso pesar, senhoras<br />
e senhores, que venho a<br />
público um pouco constrangido<br />
mas revestido de toda a<br />
coragem que me é - e os que<br />
me conhecem sabem disso -<br />
peculiar, dar a minha boaventurada:<br />
denunciar a todos os<br />
caros leitores que os vampiros<br />
realmente existem.<br />
E não só existem, como<br />
estão dominando o mundo,<br />
daí a razão de minha denúncia.<br />
Como eu, muita gente sabe<br />
que os vampiros são falsos,<br />
hipócritas, pisam de mansi-<br />
• nho e sorriem a cada comentário<br />
jocoso para não despertarem<br />
suspeitas. Se vestem a<br />
rigor ou descontraidamente,<br />
dependendo do ambiente que<br />
freqüentam. Têm filhos sadios<br />
como qualquer cidadão privilegiado<br />
(1% da população) e se<br />
inscrevem nos planos-da-casa-própria:<br />
dormem muitas vezes<br />
fora de seus caixões, pra<br />
não despertar a curiosidade<br />
dos leigos; comem de tudo e<br />
sua repugnância pela comida<br />
sadia, se existe, é velada, aparentemente<br />
não demonstrando<br />
nenhum -desagrado, se bem<br />
que seja suspeita sua predileção<br />
pela beterraba, pelo chouriço<br />
e o bife mal passado...<br />
além do vinho «sangue de<br />
boi», que os mais pobres simplesmente<br />
adoram.<br />
Nada tenho contra eles -<br />
meu negócio é viver e deixar<br />
viver (logo, sou contra o Esquadrão<br />
da Morte, não é?),<br />
mas precisava deixar aqui minha<br />
denúncia, antes que seja<br />
tarde. Vamos aos fatos:<br />
Minha mulher tem um tio<br />
em terceiro grau que é vampiro.<br />
Seis primos meus e mais<br />
uma tia, que moram em Santa<br />
Catarina são vampiros, assim<br />
como o marido dela, para infelicidade<br />
do nosso tronco fami-<br />
26<br />
SYLVIO ABREU<br />
tjnçTpv<br />
liar; minha secretária é vampi-<br />
ra, como provam os próprios<br />
dentes (e é tão flagrantemente<br />
dominada por sua natureza<br />
que dorme em quarto escuro,<br />
pendurada pelos pés numa<br />
espécie de poleiro fixado no<br />
teto e só veste roupas pretas.<br />
Meus amigos e clientes a cha-<br />
mam carinhosa e sutilmente<br />
de «viuvinha»). O gerente do<br />
banco em que tenho conta é<br />
vampiro declarado (graças a<br />
denúncia do guarda do banco,<br />
a quem ele atacou e quase lhe<br />
mordeu a carótida); o sindico<br />
de meu prédio é vampiro. A<br />
mulher do sindico - por exten-<br />
são?, olhai, feministas, me<br />
expliquem isso direitinho! - é<br />
vampira. De um time de fute-<br />
bol de salão que costuma jo-<br />
gar no aterro aos domingos,<br />
consegui descobrir nada mais<br />
nada menos que quatro vampi-<br />
ros legítimos. Três choferes e<br />
sete trocadores do ônibus<br />
Caxias-Mauá são vampiros pe-<br />
rigosíssimos, assim como do-<br />
ze funcionários da Companhia<br />
- quem diria! - Estadual de Gás<br />
e mais dezesseis da Light. O<br />
padre de uma paróquia próxi-<br />
ma ao centro do Rio de Janeiro<br />
é vampiro; dezesseis constru-<br />
tores de alto - o que não sur-<br />
preende - gabarito são vampi-<br />
ros e quinze jogadores profis-<br />
sionais de futebol de Belo Ho-<br />
rizonte são vampiros, um dos<br />
quais até recentemente deu<br />
declaração em contrário nos<br />
jornais... Para encurtar con-<br />
versa, na minha rua, da<br />
esquerda para a direita, entre o<br />
quarteirão em que fica aquela<br />
manicure até o daquele mer-<br />
cado, há quatrocentos e vinte<br />
e seis vampiros (alguns até<br />
inscritos no IML, com exame<br />
de sangue e tudo)...<br />
Mas não fiquem alarmados<br />
com esses dados. Não estão<br />
organizados nem são comple-<br />
tos. Colhi-os aleatoriamente<br />
só para dar uma pálida páli-<br />
da?, disse-o bem! - idéia de a<br />
quantas anda nossa socieda-<br />
de. Alarmem-se antes com os<br />
dados que estão por ser levan-<br />
tados sobre milhares, milhões<br />
de pessoas com que vocês<br />
mantêm contato diário. Os<br />
vampiros enrustidos estão aí,<br />
perambulando pelas esquinas<br />
da vida, de óculos escuros pa-<br />
ra esconder as olheiras boê-<br />
mias, terno completo, rosto<br />
muito bem barbeado e cabeli-<br />
nho cortado rente. Acesos<br />
por trás da palidez, vigilantes<br />
por trás da aparente indiferen-<br />
ça... para atacar na próxima<br />
meia-noite, quando a barra<br />
estiver limpíssima, não houver<br />
na rua nem um táxi, nem um<br />
pequeno jornaleiro para teste-<br />
munharem...<br />
Continuem trancando a por-<br />
ta pra eaquecer o problema,<br />
comodistas. Uma hora dessas<br />
eles começam a entrar pela<br />
TV.
UWTo<br />
6 £0^0<br />
dcfi^K<br />
' MARCELINO<br />
PÃO E VINHO<br />
MANDA PERGUNTAR:<br />
-o SALáRIO MíNIMO<br />
ÉPRA TODOS OUSO<br />
PARA OS POBRES?<br />
— SE EXISTEM FUGAS<br />
DE CAPITAIS,<br />
ONDEÉOUE<br />
ELES SE ESCONDEM?<br />
-RENDA PER CAPITA<br />
È O QUE SACA<br />
POR CADA CABEÇA? -<br />
27
O<br />
CIRCO<br />
influenciado por sabe-se-la-<br />
que-circunstâncias, o doma-<br />
dor de feras deu um golpe e<br />
assumiu a direção do circo.<br />
A insólita noticia (o circo<br />
não sofria nenhum golpe des-<br />
de a tentativa frustrada do<br />
anão fascista) surpreendeu o<br />
pessoal que não fez nada mais<br />
do que ouvir o homem (afinai,<br />
ele detinha o chicote).<br />
Que o circo ia de mal a pior;<br />
que a corrupção grassava des-<br />
de a bilheteria até o picadeiro;<br />
que elementos subversivos<br />
estavam virando a cabeça dos<br />
operários (referência direta<br />
aos malabaristas chineses);<br />
que a administração anterior<br />
só tomara medidas demagógi-<br />
cas; que distribuição de lucros<br />
uma ova; que eleição de artis-<br />
tas para gerir a empresa uma<br />
ftga; que de agora em diante<br />
as coisas seriam colocadas no<br />
seu devido lugar.<br />
Uma chicotada, por força do<br />
habito.<br />
28<br />
Que, por motivos de segu-<br />
rança, estavam proibidas as<br />
aglomerações; que a luz dos<br />
trailers seria desligada às onze<br />
da noite; ah sim, que o núme-<br />
ro de malabarismo chinês<br />
estava riscado do espetáculo;<br />
que a rumbeira cubana, por<br />
atentar contra a moral e os<br />
bons costumes, também esta-<br />
va despedida; que os desfiles<br />
pela cidade não mais seriam<br />
tolerados (esse negócio de<br />
sair às ruas era coisa de agita-<br />
dor); que a fala do mestre-de-<br />
cerimônias seria submetida a<br />
censura prévia; que a carto-<br />
mante estava intimada a dar<br />
apenas boas noticias; e o pa-<br />
lhaço que se cuidasse.<br />
Mais uma chicotada.<br />
Que o intercâmbio que a<br />
empresa mantinha com o Cir-<br />
co de Moscou não passava de<br />
um artificio para a infiltração<br />
de idéias alienigenas e por is-<br />
so mesmo estava cancelado;<br />
que o urso siberiano seria de-<br />
CIRO PELLICANO<br />
portado para a Sibéria; que<br />
muitas outras cabeças rola-<br />
riam; e os contestadores, se é<br />
que houvesse, seriam entre-<br />
gues aos leões.<br />
Nova chicotada, para dar ên-<br />
fase.<br />
Que o movimento de reden-<br />
ção por ele liderado não tinha<br />
compromissos com ninguém;<br />
que representava isso sim os<br />
verdadeiros anseios da família<br />
circense; e que se alguma aju-<br />
da ele recebera, tinha sido tão<br />
somente a solidariedade de-<br />
sinteressada de nossos<br />
irmãos norte-americanos.<br />
Semana seguinte, depois de<br />
muita chicotada, desembar-<br />
cam nossos desinteressados<br />
irmãos norte-americanos: ar-<br />
tistas e técnicos do Ringling<br />
Brothers Circus World incor-<br />
porated tomam conta do espe-<br />
táculo.
S6Ü MAL-AòMDBCI-<br />
po.Deft>is Nífe V-A»<br />
MOS SW) PAR.TICIW<br />
CÃO NA VIDA PO<br />
VAÍS! _<br />
TROVAS<br />
TROVOADAS<br />
MARIOZAO DISSE AFOBADO;<br />
— PAIJOAO<br />
EU LHE PEÇO,<br />
QUERO O CORPO<br />
MAIS FECHADO<br />
DO QUE PORTA<br />
DE CONGRESSO.
Ê,VIDA<br />
MARSM)A!<br />
V/bservando, assuntando,<br />
conferindo e deduzindo, con-<br />
seguimos catalogar duas es-<br />
pécies de, digamos, convul-<br />
sões existenciais muito inte-<br />
ressantes e bastante típicas<br />
deste nosso finai de século<br />
XX.<br />
Tal qual a corda e a caçam-<br />
ba, o salário e a inflação, a<br />
duplicata e o protesto, ambas<br />
as convulsões estão intima-<br />
mente ligadas, uma suceden-<br />
do-se à outra com quase im-<br />
placável certeza.<br />
De se frisar outrosslm que<br />
referidas convulsões, atacan-<br />
do de preferência funcioná-<br />
rios, burocratas e tecnocratas,<br />
cumpridores de' rígidos ou<br />
mais ou menos rígidos horá-<br />
rios de trabalho, no desempe-<br />
nho de cargos, funções e tare-<br />
fas geralmente áridas e monó-<br />
tonas - não desdenham por<br />
outro lado alvos mais sofisca-<br />
dos, vale dizer: profissionais<br />
liberais, executivos aparente-<br />
mente triunfais e outros ocu-<br />
pantes de altos postos.<br />
Convulsão da sexta feira<br />
A convulsão existencial da<br />
sexta feira caracteriza-se por<br />
uma crescente elevação do<br />
animus vivendi do indivíduo -<br />
que, ás vezes, já no entardecer<br />
da quinta feira começa a se<br />
sentir alvoroçado e eufórico,<br />
sendo levado a pensar que es-<br />
tá em paz consigo mesmo,<br />
com os outros, com o mundo<br />
e até com a situação; achando<br />
enfim que no fim tudo dará<br />
30<br />
certo, que viver é bom, morrer<br />
é chato e que não importa que<br />
a mula seja manca, o impor-<br />
tante é rosetar.<br />
No decorrer da sexta feira,<br />
tal convulsão poderá sofrer al-<br />
guns abalos, que serão, no<br />
entanto, de caráter fugaz e<br />
passageiro, pois que nada a<br />
impedirá de, no final do dia,<br />
atingir, radiante e esplendoro-<br />
sa, o seu clímax.<br />
O Indivíduo então estará<br />
convicto de que a humanidade<br />
é rosa, a terra é azul, que tá<br />
tudo legal e estamos aí. O<br />
sábado e o domingo á sua<br />
frente parecer-lhe-ão (e<br />
assim) a eternidade. Tempo<br />
suficiente pra ele fazer tudo,<br />
ver tudo, dormir, descansar,<br />
passear e esquecer para sem-<br />
pre todas as amarguras pas-<br />
sadas e futuras, que a vida é<br />
boa meu bem é boa depende<br />
da gente querer.<br />
Convulsão do domingo de<br />
tardezlnha<br />
Tão violenta quanto a ante-<br />
rior, esta convulsão, pratica-<br />
mente uma conseqüência da<br />
anterior, apresenta caracterís-<br />
ticas completamente opostas<br />
da anterior.<br />
Iniciando-se na tardezlnha<br />
de domingo, ela começa por<br />
provocar, antes de mais nada,<br />
um indefinível friozinho na<br />
barriga, seguido de uma espé-<br />
cie de aperto na goela e, quase<br />
imediatamente, uma irreversí-<br />
vel e violenta queda (maior é o<br />
tombo daquilo que multo su-<br />
SOUZA FREITAS<br />
biu) no animus vivendi do in-<br />
divíduo.<br />
Mergulha assim o indivíduo<br />
no mais negro e desesperado<br />
desânimo; estado em que ele<br />
adquire a.certeza de que a vi-<br />
da, a terra, as pessoas, a hu-<br />
manidade inteira é tudo uma<br />
porcaria só.<br />
De que vale - reflete ele -<br />
afadigar-se debaixo do sol, se<br />
a morte é inevitável, tudo é<br />
muito melancólico e muito<br />
triste, e que pó somos e ao pó<br />
retornaremos?<br />
E mais ainda ele reflete: pra<br />
que toda essa correria, todos<br />
esses compromissos e obri-<br />
gações? Felizes são os passa-<br />
rinhos livres como a brisa e os<br />
lírios que não tecem nem fiam<br />
feliz foi Salomão eu não.<br />
Dentro desse quadro geral,<br />
o indivíduo poderá sentir-se<br />
também acometido das mais<br />
diversas doenças; poderá pen-<br />
sar até que o seu dia finalmen-<br />
te chegou, que dali ele não<br />
passara mais, que poderá<br />
arriar-se no sofá da sala para<br />
repousar enfim para sempre<br />
descansadamente em paz.<br />
Nesse depressivo estado o<br />
indivíduo irá se enrolando e<br />
enrolando até a fatal hora de<br />
dormir.<br />
Hora fatalíssima, já que ao<br />
jogar-se na cama - doce e trai-<br />
çoeiro refúgio - retumbará so-<br />
bre ele, trespassando-o como<br />
um punhal, todo o peso de<br />
uma terrível e liquida e certa<br />
constatação:<br />
— Meu Deus do céu, ama-<br />
nhã é segunda feira!<br />
■■iiii^^
■■■. ■ ■: ■ ■<br />
■ ■■■."■.■:■:■■■■■■.::■<br />
El MAS OLHA MA5VOC6 Üfib<br />
^LEBSICO A P4ULAPA ]<br />
~7 / ~ -^ -<br />
O LIVRO i<br />
«O QUE VEM DÉCIMA<br />
NÃO ME ATINGE»<br />
FOI BANIDO DE CIRCULAÇÃO.<br />
O AUTOR QUE SE RECUSOU<br />
A CENSURA PRÉVIA,<br />
ASSIM SE MANIFESTOU:<br />
_ NÃO DEIXO VER<br />
O QUE ESCREVO,<br />
PORQUE ESCREVO O QUE VEJO.<br />
* Jf ^so C5ÜE E\) TiWA<br />
glA MBVIE<br />
FALEí EM<br />
DiREíToS<br />
ROMANOS!.'/
E<br />
Aquele que era bomba.<br />
Istava esquisito, sem<br />
dúvida. O olhar de des-,<br />
prezo da mulher, o medo<br />
que sentiam os filhos e a<br />
cara de espanto dos ami-<br />
gos, não seria sem moti-<br />
vo. Passava horas e horas<br />
no banheiro, se olhando e<br />
se medindo de cima a bai-<br />
xo e não descobria nada.<br />
Voltava pra sala e depara-<br />
va com as caras de nojo,<br />
de espanto, de medo.<br />
Chegava no bar, pedia<br />
uma cerveja e lá vinha o<br />
garçon prendendo o sor-<br />
riso com a cara mais cini-<br />
.ca do mundo. Em volta,<br />
todos de olho nele. Um<br />
dia aconteceu o fato que<br />
mais lhe irritou: ao entrar<br />
num campo de futebol,<br />
percebeu que despertava<br />
mais atenção que a movi-<br />
mentada partida. Não da-<br />
va mais pra suportar. Saiu<br />
32<br />
dali desesperado, correu<br />
pra casa e se trancou no<br />
banheiro. Ia descobrir de<br />
qualquer jeito, naquele<br />
momento, o que tinha de<br />
errado ou de exagerada-<br />
mente certo. Ficaria o<br />
tempo que fosse preciso<br />
trancado ali dentro. Revi-<br />
raria a cara aos avessos,<br />
mas acabaria descobrin-<br />
do. Parou o olhar num<br />
pequeno e irresponsável<br />
fio de cabelo que lhe so-<br />
brava no bigode:<br />
— Não poder ser - sus-<br />
surrou admirado - não é<br />
possível que um fio de bi-<br />
gode, só por estar um<br />
pouco maior que os de-<br />
mais, possa escandalizar<br />
tanta gente.<br />
Apanhou uma tesoura<br />
e, calmamente, prenden-<br />
do a respiração, cortou o<br />
bichinho. Segurando o<br />
LUlS PIMENTEL<br />
ingênuo fio entre os de-<br />
dos, sorriu e confiden-<br />
ciou:<br />
— Então foi você, seu<br />
travesso, o causador de<br />
tanta confusão ?!<br />
A mulher e os filhos<br />
estavam na sala a comen-<br />
tar o que poderia aquele<br />
transtornado pai de famí-<br />
lia estar a fazer trancado<br />
no banheiro, diante do<br />
espelho a contemplar<br />
aquela cara que já se tor-<br />
nava monstruosa. Ouvi-<br />
ram um estrondo de vi-<br />
dros partidos, vasos<br />
espedaçados e cabeças<br />
quebradas. Correram pra<br />
lá alucinadas e encontra-<br />
ram o homem no chão, o<br />
corpo esticado no piso de<br />
flores, còm o pequenino<br />
fio de cabelo na mão,<br />
ainda soltando fumaça.
\n<br />
t )çy<br />
%<br />
s///'///////,/////<br />
«tmi/m<br />
.r^». ^"^f&ÍÚÊ^u<br />
ütaüa '/A<br />
i<br />
QiTAM ^<br />
—<br />
t- L.ilE<br />
ÉÉ
34<br />
AQ<br />
.SiteiDfi® f<br />
dl® [MJojKRnKõ» 3<br />
írocicoba<br />
De 20 de Agosto á 04 de Setembro, em Piracicaba, no hall de entrada do<br />
Teatfo Municipal.<br />
Além dos prêmios aquisitivos para Prefeitura Municipal de Piracicaba<br />
no valor total de 90.000 (noventa mil cruzeiros) a serem distribuídos<br />
entre os nove primeiros classificados, o Salão estará premiando os<br />
profissionais de Imprensa na área de humor (cartuns, charges,<br />
quadrinhos, desenho de humor). O melhor trabalho receberá o Prêmio<br />
Imprensa (Sindicato dos Jornalistas Profissionais- Aquisição) no valor<br />
de 10.000 (dez mil cruzeiros).<br />
Promoção:<br />
Prefeitura Municipal de Piracicaba<br />
Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo<br />
Participação:<br />
AGRAF<br />
ABRACAN<br />
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo<br />
Teatro Municipal - Gomes Carneiro, 1212- (0194) - fone: 33-4970<br />
Piracicaba- CEP: 13.400 - São Paulo<br />
Rua General Osório - 276 - Próximo a r. Sta. Efigènia<br />
CONHEÇA O<br />
«REI DO<br />
FILE DE PEIXE 8<br />
A casa que foi considerada pela critica especializada,<br />
como a melhor e a mais barata comida da<br />
grande São Paulo.<br />
Comprove e indique a seus amigos.<br />
Fone - 221-3799 - São Paulo - SP.
EM CERTOS PROSTÍBULOS<br />
RESERVADOS. SO SE ENTRA<br />
COM PISTOLÃO<br />
(MARCUSMENDRA)<br />
mwÇfiWdfPoRGue?<br />
NAOSOPOWDfilNFEPaWDf<br />
FOS$í um<br />
AS CAÍORIE<br />
NENHUMA MULHER FOR<br />
^AIS BONITA í9UÊ5gD71<br />
WLÉNTE BBWlNOl<br />
r<br />
Ç.&vyuáZí 7 '
36<br />
[ária Tanajura tinha uma diferença com<br />
a vida, jamais iria se conformar. Nascera<br />
com uns avantajados de ancas, que eram<br />
de fazer inveja em trem da Central ou<br />
Mogiana. Uma peça do conspicua grande-<br />
za, ostentosa, graudona mesmo. Tão fora<br />
de esquadro era a coitada, que tivera por<br />
prêmio o tal apelido de Tanajura, com o<br />
qual já se conformara. Era um exagero<br />
realmente, o bastante para desancar mula<br />
ou cavalo.<br />
Mas o tamanho não era o único proble-<br />
ma apresentado pela peça, o balançar,<br />
este sim, costumava ser um grande estor-<br />
vo na vida da moça. No andar a peça era<br />
exageradamente buliçosa, jogava para lá e<br />
para cá. lembrando ó jogo das águas em<br />
alto mar. E nesa semelhança deixou muita<br />
gente com enjôo da niaresia, pormenor<br />
que atraiu ainda um catdume de marujos<br />
com saudade de navegações passadas.<br />
Certa feita deu-se uma tragédia, que<br />
veio acarretar aborrecimentos grandes e<br />
pequenos, numa seqüência sofrida e hu-<br />
milhante, para a pobre mulher. Deu-se que<br />
ao tentar passar pela roleta de um coletivo,<br />
viu-se entalada de tal modo desajeitado,<br />
que não houve mão ou mãozinha que des-<br />
se jeito. Foi na base do empurra aqui e<br />
puxa lá, que deram entrada na oficina da<br />
empresa, onde foi preciso serrar com ma-<br />
çarico os ferros e ferrinhos da peça (a<br />
roleta, è claro).<br />
Esta operação foi feita ao som do pala-<br />
vrório de baixo calão, que a Maria fazia<br />
escapar pelo vão escancarado da boca,<br />
derramando sob a progenilora dos presen-<br />
tes,dos quais nemumao menos deixou de<br />
ser louvado. Acabada a missão do maçari-<br />
co dona Maria Tanajura estava altamente<br />
Coletivo<br />
avariada das partes. Mas isso não ficaria<br />
assim, isso é que não. Onde já se tinha<br />
visto tamanho desrespeito. O que é que<br />
estavam pensando? E foi sob tais protes-<br />
tos que a Maria arrastou para a delegacia,<br />
para mais de dúzia e meia de funcionários<br />
e passageiros, além de alguns curiosos.<br />
Para Maria poder entrar na sala do Delega-<br />
do, tiveram que ser retiradas duas escriva-<br />
ninhas e um investigador.<br />
Deu-se então a discussão, uns defen-<br />
dendo os avantajados da Tanajura, en-<br />
quanto outros defendiam a empresa. Cada<br />
qual de justificativa em punho.<br />
O coletivo não tem condições de segu-<br />
rança para os passageiros-dizia ela en-<br />
quanto exigia a prisão preventiva para os<br />
proprietários.<br />
Por seu lado o cobrador dizia residir a<br />
culpa no supérfluo da vitima, não tendo<br />
cabimento tamanho exagero e uma só pes-<br />
soa, só vendo como ficou a roleta, uma<br />
sucata. Foi ao cabo dessas palavras que o<br />
distintovooú 'de gaivota pela janela, no<br />
embalo de um tremendo sopapo, indo bei-<br />
jar o asfalto com estragos mil na focinhei-<br />
ra.<br />
Na distribuição gratuita de pancadas<br />
saiu gente por tudo quanto era buraco, até<br />
dentro da jaula dos presos foi encontrada<br />
gente fugida da fera.<br />
Depois de muita luta e muita cabeça<br />
quebrada a mulher foi acalmada. Olhou<br />
para o delegado encolhidinho em seu gabi-<br />
nete, todo trêmulo e gaguejante.<br />
Esteja a vontade.senhorita-disse a auto-<br />
ridade.<br />
Ela então esboçou um sorriso sem jeito,<br />
puxou duas cadeiras e sentou-se.
VEM CA^COUT/NHOINL/M B VOCB<br />
Que GOSTA t>E PouvfiLBNrE?<br />
VJüSA&ttiS<br />
gXgeunVos<br />
f'í<br />
m<br />
ãk
EDMUNDO DE ANDRADE<br />
NO GOGÓ<br />
E TALISMÃ NO<br />
DEDAL<br />
UMA NOITE CHUVOSA DESSAS, EM SÃO PAULO<br />
DA GAROA, SAÍMOS (LAERTE, J.CÉSAR, GEAN-<br />
DRÈ) ATRÁS DE UMA FIGURA CARIMBADA QUE<br />
ESTAVA LÁ NO pOM RETIRO: EDMUNDO DE AN-<br />
CONTADOR DE ANEDOTAS, COMPOSITOR DE<br />
SAMBA DE BREQUE E JINGLES. ALÉM DO MAIS,<br />
UM HUMORISTA «SEM PALAVRÃO». O BATE-PAPO<br />
CONTINUOU NO OUTRO FIM-DE-SEMANA E O<br />
GRANDE SAMBISTA TALISMÃ (ALIAS, SÃO JR-<br />
MÃOS) ACABOU CHEGANDO COM SEU VIOLÃO:<br />
DEITARAM E ROLARAM ATÉ QUATRO DA MATINA.<br />
EDMUNDO È UM CARA TARIMBADO O SUFICIENTE<br />
PRA JÁ TER FEITO DESDE JINGLE DE ELEIÇÃO DE<br />
PETRÔNIO PORTELA ATÉ MÚSICAS E TEXTOS QUE<br />
DENUNCIAM OS MALES DESTE PAIS. UM SUJEITO<br />
MISTURADO COM A VIDA.<br />
ON- O que aconteceu com o<br />
teatro de revista?<br />
EDMUNDO- O teatro de revista<br />
caiu porque os grandes em:<br />
presârios como Walter Pinto,<br />
deixaram de empresariar coisa<br />
fina como aqueles troços com<br />
mulheres francesas. Depois<br />
começou a entrar o pessoal<br />
explorador que eram os pró-<br />
prios atores que passaram a<br />
ser empresários.<br />
ON- Você já fez histórias em<br />
quadrinhos?<br />
EDMUNDO- Claro! Fiz um<br />
personagem que era o Lampa-<br />
rina, um escurinho. O dese-<br />
nhista era Hugo Vital. Foi doze<br />
anos atrás. Nem lembro onde<br />
era publicado.<br />
ON- Os humoristas que es-<br />
tão aparecendo agora come-<br />
çam a conhecer um monte de<br />
caras como você...<br />
EDMUNDO- Eu me sinto com<br />
dezoito anos, mas á nova ge-<br />
ração, devo dizer que não con-<br />
cordo com esse humorismo de<br />
palavrão, muito direto.<br />
ON- Peraí, Edmundo. O hu-<br />
morismo não tem que usar a<br />
linguagem que todo mundo fa-<br />
la? EDMUNDO- Não, meu filho.<br />
A sutileza è fundamentai. O<br />
cara que usa palavrão tem falta<br />
de imaginação.<br />
ON- No tempo do Estado<br />
Novo você fazia piadas?<br />
EDMUNDO- Fiz o show da<br />
Constituição que entrava uma<br />
cena (O que é que a baiana<br />
tem?).<br />
38<br />
ON- O que é um bom ator,<br />
além da memória, agilidade<br />
verbal? O que é preciso saber<br />
pra contar piada?<br />
EDMUNDO- Tudo se encerra<br />
numa coisa: Talento. Um dos<br />
principais recursos é o facial.<br />
Tem um ator que é o Walter<br />
DÁvila, um baita cômico, mas<br />
um cara mal aproveitado. O<br />
Árthur Costa f oi o maior intér-<br />
prete de anedotas. Depois dele<br />
há o Venâncio, grande criador.<br />
Esse tá com sessenta anos.<br />
ON- Conta um pouco do seu<br />
humor.<br />
EDMUNDO- O meu humo-<br />
rismo é de fala. Se houver ba-<br />
rulho me corta. Fui iançado<br />
por Lourival Coutinho na revis-<br />
ta «Cartaz do Rádio». Lá tinha<br />
um tal de «Humor a Sério»,<br />
onde a gente contava muitas<br />
piadas. Certas piadas cebosas<br />
como esta do Zé Fidélis:<br />
Um turista num navio come-<br />
çou a vomitar. O marinheiro,<br />
vendo todo aquele vômito<br />
ameaçou:<br />
— Vou dar parte ao Coman-<br />
dante.<br />
Ai o turista:<br />
— Pode dar tudo.<br />
ON- Como foi que você pas-<br />
sou a fazer textos também?<br />
EDMUNDO- Fazia porque<br />
sentia falta de repertório. Por-<br />
que o pessoal só escrevia pra<br />
gente com nome. Ai eu tam-<br />
bém comecei a escrever. Tem<br />
uma que é assim:<br />
Tinha um cara tão magro<br />
que foi pesar na balança e o<br />
ponteiro ficou no zero. Não se<br />
conformou. Ficou ali envoca-<br />
do. Ai perguntou para o dono:<br />
— Essa balança nao pesa?<br />
— Pesa sim mas essa é ■ pra<br />
pesar carne. A de pesar osso é<br />
aquela ali_Era um tipo de pia-<br />
da ingênua assim que eu con-<br />
tava. E a turma ria. Parece que<br />
o povo, antes, tinha mais faci-<br />
lidade pra rir.<br />
ON- Você tem razão. De 34 a<br />
55, «O GOVERNADOR» {sema-<br />
nário de humor) vendia 45.000<br />
exemplares. Hoje, qualquer<br />
publicação de humor deveria<br />
vender muito mais do que isso<br />
e no entanto nem sempre se<br />
aproxima deste número.<br />
ON- Onde é que você nasceu,<br />
Edmundo?<br />
EDMUNDO- Nasci em Olin-<br />
da, 1926. Comecei a trabalhar<br />
lá pelos quatorze anos. Can-<br />
tava muito embolada. Traba-<br />
lhei pra Gazeta do Rádio e<br />
vários jornais do Rio: O Dia, A<br />
Noticia, Última Hora, Correio<br />
da Manhã, Luta Democrática.<br />
ON- O que você acha do<br />
humorismo na TV?<br />
EDMUNDO- Tá muito fraco,<br />
fora o Chico Anisio, Jô Soa-<br />
res...<br />
ON- Como foi a tua expe-<br />
riência na TV?<br />
EDMUNDO- Televisão é um<br />
circulo vicioso. Você chega lá,<br />
não tem pra ninguém. E fe-<br />
chado. Tenho nojo destes di-<br />
retores de rádio e TV. Julgam<br />
o sujeito pela cara. O fato do<br />
cara ser feio não quer dizer
que ele é imbecil. Nem aten-<br />
dem a gente.<br />
ON- Mas você não é feio,<br />
Edmundo.<br />
EDMUNDO- Pois é, e a gen-<br />
te que pensava que a TV ia ser<br />
mais um campo de trabalho.<br />
ON- Teve muita gente em<br />
sua vida, né Edmundo? O Ne-<br />
rino Silva, por exemplo.<br />
EDMUNDO- Nerino Silva era<br />
um cara que bebia tanto que<br />
teve delirium tremus. Levamos<br />
ele um dia ao Hospital. Vai dai<br />
que um dia ele chegou e gri-<br />
tou: — TRAZ OS SAPATOS! -<br />
Disse que Cristo sambava e<br />
que Cristo sambava pra ele. —<br />
EU QUERO SAMBAR! Vou<br />
mostrar que sambo melhor<br />
que ele! - Aí os enfermeiros<br />
chegavam e diziam: — Mas,<br />
seu Nerino, Cristo não samba<br />
- E o Cristo tava lá no quadro,<br />
com aquele jeitão quietinho.<br />
Ai o Nerino: — Samba sim,<br />
olha lá. EU QUERO MEUS SA-<br />
PATOS!<br />
Tinha o Aldo Cabral, na épo-<br />
ca um dos maiores críticos de<br />
TV. Inclusive, foi o meu mes-<br />
tre. Ele, era mesmo um cara<br />
engraçado. Achava que o cão<br />
não é o melhor amigo do ho-<br />
mem, mas sim do dono. Se<br />
não ele mordia o ladrão.<br />
Houve uma época em que o<br />
humorismo era de monólogo,<br />
em versos, como estes do<br />
Aldo Cabral:<br />
Num restaurante entra um<br />
rapaz elegante<br />
Seja branco ou preto<br />
De tudo é farta a mesa<br />
mas não paga a despesa...é<br />
espeto<br />
Moça de modo inocente,<br />
No que eu sinceramente<br />
A mao no fogo não meto<br />
Deste tipo de mocinha<br />
Com olhares de santinha... é<br />
espeto.<br />
Moça de doce olhar<br />
Que gosta de recitar<br />
Só de amor muito soneto<br />
E vive mostrando os dentes<br />
Lá na praça Tiradentes... é<br />
espeto.<br />
Mulher que a vida consome<br />
Em bonde cujo nome a dizer<br />
eu não me meto<br />
Se obonde é daquela garagem<br />
Gomes Freire via Lapa...é<br />
espeto<br />
E por fim toda velhota<br />
Que tem a burra da nota<br />
Mas que não passa de um bofe<br />
E diz á Ia Voronof<br />
Que quer um casamentof<br />
Ai já não é mais um espeto...<br />
è um espetof!<br />
■<br />
ON- Você escreveu muitos<br />
programas para rádio.<br />
EDMUNDO- É, escrevia um<br />
programa para a rádio Cultura,<br />
em Campos (RJ): Rádio<br />
Com... seqüência (sologan-<br />
Um programa líder de audiên-<br />
cia em seu horário) trabalha-<br />
vam comigo: Salvador Mace-<br />
do, Lia Márcia, Luci Gasparini<br />
e Malagueta que interpretava<br />
textos de Tangerina. O pro-<br />
grama abria com uma piada e<br />
com um conjunto fazendo<br />
fundo ao vivo. Uma vez o dono<br />
da emissora, o Dr. Mário, es-<br />
tava com visitas em casa, gen-<br />
te de fora. Naquela época ti-<br />
nha esse negócio da família se<br />
reunir para ouvir rádio. Aí ele<br />
convidou seus parentes para<br />
ouvirem o programa. Deu um<br />
bolo danado, eu contei uma<br />
piada pesada e era assim: To-<br />
ca o telefone, brinnn! De re-<br />
pente aquela telefonista se vê<br />
as voltas com vários pedidos<br />
de ligações para o fórum.<br />
Brinnn! «Aló telefonista. Me<br />
ligue com a quarta vara civil».<br />
«Pois não, cavalheiro!».<br />
Brinnn! «Aló telefonista. Me<br />
ligue com a quarta Vara Crimi-<br />
nai». «Pois não, cavalheiro!».<br />
Brinnn! «Aló telefonista, me<br />
ligue com a segunda Vara Ci-<br />
vil». E assim sucessivamente.<br />
Até que... Brinnn! «Aló, qual é<br />
a Vara?». «Que vara, minha<br />
senhora, eu quero uma ligação<br />
para o Rio». «Ah, desculpe ca-<br />
valheiro, é que hoje tá todo<br />
mundo pedindo Vara».<br />
ON- Voltando ao teatro de<br />
revista, de quem que você lem-<br />
bra da sua época?<br />
EDMUNDO- Começou a<br />
surgir gente como Max Nunes<br />
que sempre foi de rádio, pas-<br />
sou pra TV e que já atingiu a<br />
estará. Haroldo Barbosa que,<br />
por exemplo, tinha o pecado<br />
de fazer versões, embora os<br />
produzisse bem.<br />
ON- Vocês acreditam que o<br />
samba-de-breque possa che-<br />
gar ao mesmo ponto em que<br />
chegou o chorinho?<br />
EDMUNDO- O samba-de-<br />
breque, apesar de não ter mui-<br />
ta chance, sempre tem mais<br />
oportunidade que o choro.<br />
Precisou-se fazer um grande<br />
movimento pro choro chegar<br />
onde está. Mesmo assim só<br />
tem dois grandes intérpretes<br />
no momento, Ademilde Fon-<br />
seca e Ruth Silva, que já foi<br />
considerada a princesinha do<br />
choro. O choro é mais pra mú-<br />
sico. O samba-de-breque é pra<br />
cantar naquela que você pensa<br />
que vai parar e continua.<br />
Talismã- Tem um jornalista<br />
da Abril que não entendeu isso<br />
e gastou uma página inteira<br />
caindo de pau.<br />
ON- Há uma forte tendência<br />
da música popular de se tornar<br />
distanciada do nosso ritmo<br />
tradicional. O músico que<br />
acompanha por necessidade,<br />
um Benito de Paula, pode ir<br />
perdendo o ritmo característi-<br />
co de nossa música. Quería-<br />
mos saber de você Talismã, se<br />
concorda com essa observa-<br />
ção.<br />
TALISMÃ- Muita meninada<br />
não conhece bem o repertório.<br />
O Kazinho, que é da minha<br />
época, disse que a meninada<br />
foi acompanhá-lo e ele come-<br />
çou a cantar: «Você mulher/<br />
Que já viveu/ Que já sofreu/<br />
Não minta...» ai os meninos:-<br />
«Você aparece com cada sam-<br />
ba difícil, como esse seu sam-<br />
ba novo...» E agora já está<br />
aparecendo esse samba ame-<br />
ricano, e assim a coisa vai<br />
indo.<br />
EDMUNDO- A verdade é que<br />
não sei onde a música do Bra-<br />
sil vai parar. Se não houver<br />
juventude com torça, se nos-<br />
sos intelectuais não preserva-<br />
rem esse gênero de música<br />
sincopada, acredito que se a<br />
gente continuar com intromis-<br />
são da música estrangeira, o<br />
Brasil vai acabar se transfor-<br />
mando num país de sub-músi-<br />
ca. Ele vai voltar à época de<br />
Chiquinhá Gonzaga, quando o<br />
Brasil não tinha música pró-<br />
pria. Se não é esse movimento<br />
do tipo do chorinho...<br />
ON- O Clube do Chorinho<br />
começou em minha casa {La-<br />
erte não deixa por menos).<br />
EDMUNDO- Dou meus para-<br />
béns. Nós temos que mostrar<br />
o rojão, o baião, o choro. Não<br />
estou vivendo de saudades.<br />
ON- Aproveitando que a<br />
gente tá com a máquina, você<br />
39
não quer cantar aquela música<br />
do cara que deu um tapa na<br />
cara do cara?<br />
EDMUNDO- A primeira mú-<br />
sica que Q Noite Ilustrada gra-<br />
vou foi minha. «Cara de Bobo-<br />
ca». Talismã (se dirije ao ir-<br />
mão), Là Maior.<br />
Um cara deu um tapa/ Na cara<br />
do cara<br />
Deixando o pobre cara com a<br />
cara esbodegada<br />
Mas tinha outro cara que<br />
estava apreciando<br />
Não gostou da atitude do cara<br />
malandro.<br />
Chamou o dito cara pra tomar<br />
satisfação<br />
Foi logo dizendo cara de<br />
boboca<br />
E de repente foi tanto tapa na<br />
cara<br />
Que a cara do tal cara ficou<br />
cheia de pipoca.<br />
Ai, ai, ai, o tal cara pagou caro<br />
Bancou mesmo o velho otário<br />
Ai, ai, ai, isso é uma coisa rara<br />
Eu francamente tenho cara de<br />
arara<br />
Mas não deixo qualquer cara<br />
chacoalhar com minha cara.»<br />
EDMUNDO- O Noite fez um<br />
LP com quatro músicas mi-<br />
nhas e do Talismã. Vamos lá:<br />
«Eu já falei pra cegonha se<br />
mancar<br />
Tó cheio de filho, o que que há<br />
Eu padeci, até tô parecendo<br />
Com a família do Zé lá do Areá<br />
É tanto menino a comer<br />
Só o pobre coitado a trabalhar<br />
É o mesmo que dez soco<br />
Para um só soco coçá<br />
É um bando de mafagafe<br />
Todos a mafagafá<br />
A cegonha sabe disso<br />
Porém seu caso é farra<br />
Tanto a jarra arranha a aranha<br />
Como a aranha arranha a jarra»<br />
O/V- Como eram seus jin-<br />
gles políticos?<br />
EDMUNDO- Fui pro Nordes-<br />
te onde fui convidado pra fazer<br />
o jingle da campanha eleitoral<br />
do Petrônio Portela, para go-<br />
vernador de Piaui, e José Cân-<br />
dido Ferraz, parceiro de chapa<br />
para senador:<br />
«É Petrônio Portela pra<br />
governador<br />
José Cândido Ferraz para<br />
senador<br />
O povo do Piaui está<br />
esquecido<br />
Pelos homens que governam o<br />
Estado<br />
Analfabetismo por aqui<br />
campeia<br />
Mortandade e fome é nosso<br />
legado<br />
Nos falta assistência médica<br />
Escola e trabalho pro<br />
trabalhador<br />
ON- Quanto é que você ga-<br />
nhava para fazer esses jingles?<br />
EDMUNDO- Fiz uma marcha<br />
pro Ajuisio Alves no Rio Gran-<br />
de do Norte, não ganhei nada.<br />
Acontece que foi pedida por<br />
um jornalista amigo meu. E<br />
ele, talvez por questão de mé-<br />
dia, não cobrou nada do go-<br />
vernador. O que me deixou<br />
louco foi editarem e venderem<br />
o disco. Acabei também não<br />
recebendo nada pelos direitos<br />
autorais. O jingle é uma ape-<br />
lação. Na qualidade de vender<br />
o governador.... Mas depois<br />
parei. Não dava pé, ti-<br />
nha muita injustiça naquela<br />
época, o cara tinha que raste-<br />
jar. ON- Mesmo assim, se qui-<br />
sesse continuar não tinha jei-<br />
to. Acabaram as eleições,<br />
(pausa para o Edmundo ir ao<br />
xixiroom)<br />
EDMUNDO (voltando)- Co-<br />
mo eu ia dizendo (já misturan-<br />
do estações) no samba existe<br />
muito radicalismo. Pensamque<br />
o problema do samba é o pro-<br />
blema da côr. Tem gente que<br />
acha que quem entende de<br />
samba tem que sambar. O Ta-<br />
lismã acha que quem não can-<br />
ta, não compõe, não samba,<br />
mas que luta a favor disso não<br />
deve ser chamado de sambeiro<br />
e sim de «amigos do samba».<br />
Agora, a gente briga pela au-<br />
tenticidade, e nas escolas de<br />
samba tem gente desfilando<br />
de black-power.<br />
ON- Òizem até que os<br />
Blacks de hoje são os sambis-<br />
tas de amanhã.<br />
EDMUNDO- Isso é o que o<br />
Candeia pensa. O Noel Rosa já<br />
estava prevendo há tantos<br />
anos, quando gravou este<br />
samba:<br />
«O cinema falado é o grande<br />
culpado da transformação<br />
Dessa gente que pensa que<br />
um barracão prende mais que<br />
um xadrez.<br />
Lá no morro se eu fizer uma<br />
falseta a! Risoleta desiste<br />
logo do francês e do inglês.<br />
Amor lá no morro é amor pra<br />
xuxu<br />
As rimas do samba não são «I<br />
love you»<br />
E esse negócio de alô, alô<br />
boy, alô Jonny<br />
Só pode ser conversa de<br />
telefone.<br />
Mais tarde o malandro deixou<br />
de sambar<br />
Dando pinote na gafieira<br />
dançando um foxtrot.»<br />
P/A Z6 DBAQOS>TO;AS 2030hoi£$<br />
BPMUNDO DEANOMQe E TAUSMK} ^<br />
1 mt DO Iâ&<br />
UM Wo for® í>e- Eüco/níD,<br />
3^0 PAULO
j^tv,«o-4o<br />
41
•■ *J i<br />
RHUMORES<br />
curso de<br />
ti<br />
Vagas limitadas<br />
niHTRfCUinS HBERTRS<br />
VISITE NA PRÓPRIA ESCOLA A X EX-<br />
POSIÇÃO DE ARTES DOS ALUNOS DA<br />
^COITTEmPORaiyEA<br />
DESCOLA DE ARTES<br />
R. 24 DE MAIO, 233 - FONE: 34-1896 (Centro)<br />
Mantemos, também, os Cursos de Dese-<br />
nho. Decoração de Interiores e Teatro<br />
Fone 67-7850<br />
S. Pauio<br />
Curso<br />
DESENHO<br />
ANIMADO<br />
em 10 meses<br />
■incluindo o<br />
basici<br />
rrua-i<br />
veiga<br />
filho,<br />
Estreando no nosso bando: ORLANDO MIRANDA;<br />
Prá esticar mais esta notinha avisamos que o nvro<br />
«CARTA ABERTA AOS ELEFANTES» de Orlando Mi-<br />
randa, estará nas prateleiras a partir de setembro.<br />
Prá esticar mais um pouquinho, sou mais uma tes-<br />
temunha de aue o livro é praticamente leitura obri-<br />
gatória. Miranda é redator free-lancer, sociólogo,<br />
professor universitário, autor do livro TIO PATINHAS<br />
E OS MITOS DA COMUNICAÇÃO (Summus<br />
Editorial) consideradc pela crítica a obra da Comuni,-<br />
cação mais importante do Brasil. A Global è a editora<br />
de CARTA ABERTA AOS ELEFANTES.<br />
O Jornal HERMANO LOBO, que marcou uma bela<br />
fase do humor espanhol, não circula mais. Enquan-<br />
to isso, LA CORDONIZ, deixa de ser tablóide e<br />
passa a ser revista, continuando semanal. Alguns<br />
papas como Chumy Chumez, Summers, Abellen-<br />
da apresentam um humor político que não cai em<br />
«pseudo-modismos» intelectuais. Confira, escre-<br />
vendo seu pedido para. LA CODORNIZ S.L. - NU-<br />
NES DE BALBOA - MADRI 1.<br />
«EL JUEVES» é o novo semanáriodehumor com<br />
quadrinhos, cartuns reportagens. Tudo muito bem<br />
conduzido gràficamente. «EL JUEVES» Ia revista<br />
que sale los viernes, è editada pela EDISIONES<br />
FORMENTERA: Casanova, 27, 5 o piso -Barcelona<br />
11. *<br />
(endossando DANILO FERNANDES)<br />
Quem faz pornocartum, tem uma nqya revista na<br />
praça: PSIU.<br />
Hélio Porto tá á disposição na redação, aqui pela<br />
Avenida Paulista, 2001 - 7 5 - 704 (SP).<br />
Para sua informação, a Edições Símbolo lançou<br />
«O MUNDO DOS QUADRINHOS» de lonaldo Caval-<br />
canti. São 1800 personagens, só de quadrinho brasi-<br />
leiro mais de 240. O formato é grande e tem 256<br />
páginas e tai na praça por 130 paus.<br />
Status Humor entrou em censura prévia. Mostrou<br />
a perninha de fora, já viu...<br />
E não esqueçam de quem não acertou ná<br />
loteria, favor de arriscar no salão de humor de<br />
Piracicaba. A Sharp preferiu não patrocinar o Salão<br />
deste ano. As multinacionais não enganam por<br />
muito tempo.<br />
O número 16 da Revista Ficção foi dedicada ao<br />
humor, trazendo Stanislaw Ponte Preta, Mario Quin-<br />
tana, JAAB, Glauco Mattoso, Fernando Sabino,<br />
Luscar, Marisa, Wilmarx, e uma pá de outros humo-<br />
ristas. Ficção quis com essa edição despertar o<br />
interesse do escritor brasileiro pelo genêro. Quem<br />
não conseguiu comprar esse número, o endereço<br />
para pedidos esta aqui: Av. Mem de Sá, 202 - Caixa<br />
Postal 7001 - Rio de Janeiro.<br />
Cartas de leitores dizem que já viram publicados<br />
por ai cartuns que, aqui, já saíram em números<br />
anteriores. Cuidado que nossos leitores estão aten-<br />
tos.<br />
Geandré
LIVRARIA<br />
ZAPATA<br />
ATACA DE<br />
COMUNICAÇÕES<br />
ARTES<br />
PS\COL061A<br />
PEDAGOÔIA<br />
LITERATURA<br />
SOCIOLOSIA<br />
RUA CESÁRIO MOTA.285 FONE: 222-2861<br />
A CA6A CO ALISTA<br />
UMA COISA:<br />
TAüEMTO.<br />
A CASA<br />
- DO ARTISTA<br />
MATRIZ. RUA MAIOR SERTÔRIO, 453 S PAULO - FQNES 256-7184<br />
Tudo em posters, nacionais<br />
e importados.<br />
Montagens e colagens em<br />
3ainéis,fotos técnicas e<br />
artísticas.<br />
Galeria de Novos Artistas<br />
rua Rafael de Barros-552 SP<br />
sua<br />
m<br />
agosto<br />
de<br />
.<br />
a partir<br />
das19 hs.<br />
EXPOSIÇÃO DE<br />
QUARENTA ORIGINAIS<br />
DE CARTUNS<br />
BRINDADOS Cl BATIDAS I<br />
aniversário<br />
do<br />
OvelhaNegra<br />
no<br />
LIVRARIA<br />
HUCITEC<br />
LIVROS-GRAVURAS<br />
MOLDURAS- DISCOS<br />
ALAMEDA JAÚ. 404<br />
fone-2871824<br />
SÀO PAULO<br />
43
■''~**ÊI<br />
KO^^