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N U M E R O 1 3<br />
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M A I O 7 1.9 3 6<br />
P R E Ç O 3 $ 0 0 0<br />
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NUMERO 13<br />
ANNO XIII<br />
J CU .<br />
Ah &<br />
3llustrocõo<br />
BcûsîICÎCÛ<br />
M A I O<br />
D E 1 9 3 6<br />
ME NSARIO EDITADO PELA<br />
SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO"<br />
DIRECTOR-GEREN7E<br />
ANTONIO A. DE SOUZA E SILVA<br />
Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />
Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />
Telephones 23-4422 e 22-8073<br />
End. Tel. OMALHO — Caixa Postal 880 - RIO<br />
PREÇO DAS ASSIGNATURAS<br />
NO BRASIL * NO EXTERIOR<br />
ANNO... 35$000 ANNO... 50$000<br />
6 MEZES. 18$000 6 MEZES 26$000<br />
SOB REGISTRO ÔOB REGISTRO<br />
N U M E R O A V U L S O 3 S 0 0 0<br />
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O biscoito, em virtude tio<br />
seu delicioso paladar,<br />
constitue fusto motivo de<br />
alegria para as crianças,<br />
que o saboreiam <strong>com</strong> indescriptivel<br />
prascer.<br />
Gostosos, nutritivos e<br />
de facílima digestão, os<br />
biscoitos AYMORE'<br />
devem faxer parte de sua<br />
alimentação.<br />
RCGlS*'<br />
- AS MÃES<br />
SENTEM-SE FE-<br />
LIZES QUAN-<br />
DO OS FILHOS<br />
RECEBEM COM<br />
SATISFAÇÃO<br />
OS ALIMEN-<br />
TOS QUE LHES<br />
DÃO.<br />
O BISCOITO DE QUALIDADE
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O <strong>MAIO</strong>R E O MAIS VARIADO<br />
SORTIMENTO DE ARTIGOS<br />
FINOS PARA HOMENS<br />
GRANDES NOVIDADES PARA AS<br />
FESTAS DE NATAL E ANNO NOVO<br />
I I M E f l f f l L<br />
IILLOOTßÄCÄO<br />
R ASILEI<br />
$ U H M A K I O D O S P R I X C I I ' A E S<br />
A S f í l M P T O S D E S T E N U M K H O<br />
A RELIGIÃO DO DEVER. Chronica de Affonso Colso<br />
VELHOS CARROS DE BOiS. Redacção<br />
A MINHA PINACOTHECA. Chronica de Goulart de Andrade<br />
O RIO DE HOJE E DE HA' TRINTA ANNOS, Redacção<br />
RFCANTO DE SOMBRA E FRESCURA, Redacção<br />
O VENCEDOR DE TUYUTY. Redacção<br />
A REVOLUÇÃO PLASTICA NA ARTE BRASILEIRA. Per Flexa Ribeiro<br />
PRAIA DE COPACABANA, Poesia de Martins Fontes<br />
PAREDÕES DE DOIS SÉCULOS, Redacção<br />
O PRETO VELHO QUE TEM AOS PÉS O MAIS BELLO<br />
PANORAMA DO MUNDO. Redacção<br />
VIDA LITERARiA, Chronica de Adelmar Tavares<br />
PAULO EIRÓ. Redacção<br />
REGRAS PRATICAS PARA BEM ESCREVER. Por Laudelino Freire<br />
COLLEGIOS MILiTARES. Peio Major José Faustino Filho<br />
O "HINDENBURG" CRUZA OS CÉOS DO RIO DE JANEIRO. Redacção<br />
DE MEZ A MEZ. NO BRASIL. Redacção<br />
INSTANTÂNEOS Dc TODO O MUNDO. Redacção<br />
TRICHRCMIAS E DOUBLÉS DE: Bracot. Edgard Parreiras.<br />
J. Carlos, Paulo Amaral<br />
I) A P R O I M A E D I C A O<br />
A BANDA DA MAÇÃ, Cnronica de Afrânio Peixoto<br />
A ESCRAVA BONIFACIA, Conto de Gustavo Barroso<br />
QUANDO COMEÇA A ANOITECER. Poesia do Olegário Marianno<br />
ONOMASTICA INDIGcNA, Por Neison de Senn*<br />
GONÇALVES DIAS E O SEU PRÉLO. Redacção<br />
O THEATRO JOÃO CAETANO, Redacção<br />
VILLA VELHA. A CIDADE DE PEDRA. Redacção<br />
O RIO DE HOJE E DE HA" TRiNIA ANNOS. Redacção<br />
COISAS DE MARINHA. Por Galdino Pimentei Duarte<br />
ARTES E ARTISTAS. Redacção<br />
INSTANTÂNEOS DE TODO O MUNDO. Redacção<br />
A BELLEZA<br />
IMMORTAL<br />
OU O FEIO<br />
HORRÍVEL ?<br />
Desde tempos immemoriaes, a belle/.a da<br />
mulher é o seu triumpho na vida.<br />
O fascinio da Rainha de Sab& dominou o<br />
sábio Salomao; Salomé conseguiu de Herodes<br />
a cabeça do meigo João Baptista sómente<br />
pelo fastígio de uma belleza esplendorosa:<br />
depois Gioconda, num sorriso enigmático<br />
fica perpetuamente a encantar-nos a vida.<br />
A loura Hermengarda das montanhas ger i a-<br />
nicas não nos deixa esquecer as lindas<br />
Walkyrias: e Maria Antonietti, de epiderme<br />
delicada e fónnas cstheticas, [aá-nos, ainda<br />
hoje, o encanto de uma mocidade radiosa<br />
em tradições e modelos que até o Louvre guarda carinhosamente.<br />
O cortejo é infinito, a belleza triumpha, é gloriosa, immortal!<br />
Antagonieamente, o feio é horrível, repulsa e afasta.<br />
Uma epiderme delicada encanta e seduz; uma pellc cheia de rugas, póros abertos,<br />
pellos supérfluos, manchas, pés de [gallinha, faz lembrar-nos uma figura horripilante.<br />
E a mulher deve encantar pela sua graça, mocidade e frescura.<br />
Quando o passar dos annos ou factores internos occasiomes <strong>com</strong>ecem a produzira ruina<br />
de sua belleza necessário se torna corrigir taes desencantamentos.<br />
Para isso lhe foi dado o W-5, as maravilhosas drage&s do « r. J. Kapp, que nfto sómente<br />
promovem a reconstituição da belleza perdida, <strong>com</strong>o também dão novo encanto a uma<br />
epiderme feia.<br />
As drageas \V-5, agindo por via interna promovem a formação de novas cellulas, fazem<br />
desapparccer os males que enfeiam a pelle e pelos hormonios abi contidos actuam de<br />
um modo benefico sobre todo o organismo feminino.<br />
Os interessados neste moderno tratamento têm á sua disposição, gratuitamente, ampla<br />
literatura illustrada. no Departamento de Productos Scientificos, Matriz, á Av. Rio<br />
Branco, n.
S. EXCIA O SR. DR. VICENTE RÁO, MINISTRO DE<br />
ESTADO DA JUSTIÇA E NEGOCIOS INTERIORES<br />
Photo Carlos Rosen
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EDIÇÃO DA SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO"<br />
*C/UÜLO<br />
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Í1<br />
£xige-se muita cousa da Sociedade das Nações, — escreveu, em<br />
prestigiosa tolha européa, autorizado publicista, — quando ela,<br />
entretanto, nem siquer consegue receber pontualmente as quotas pecuniárias<br />
devidas pelos seus consocios.<br />
Segundo relatorio recente, pubíicado por uma <strong>com</strong>issão incumbida<br />
de estudar a situação financeira da Sociedade, a receita desta devia<br />
ser em 1933 de 33 miihões de francos suissos provenientes das contribuições<br />
de 59 Estados aderentes.<br />
Mu«tos devedores, porém, tem contraído o doce habito de protelar<br />
o pagamento do seu debito. Não ihes resultou disso nenhum inconveniente<br />
pois representantes de paizes retardatarios continuaram a<br />
figurar no Conselho diretor e até a presidi-lo.<br />
Foi, consequentemente, aumentando o numero dos omissos. Sóbe<br />
anualmente a 23, e o total dos atrazos atinge 24 e meio milhões de<br />
francos suissos, quasi a soma de um orçamento anual.<br />
Só a Inglaterra, a França, a If-alia e a índia se acham quites e contribuem<br />
<strong>com</strong> um terço das quantias arrecadadas.<br />
No primeiro logar dos insolventes, figura a China. Os paizes demissionários<br />
rião se preocupam de saldar as contas abertas; por exemplo,<br />
c Allemanha tem cerca de cinco milhões de congelados. O Paraguay<br />
ainda não entrou <strong>com</strong> a parte que lhe cabe no dispêndio da <strong>com</strong>issão<br />
de inquérito enviada ao Chaco.<br />
Por que motivo, — indaga o referido escritor, — a Sociedade das<br />
Nações é assim tratada peios seus devedores? Simplesmente porque<br />
a paralisa, nos negocios particulares, a mesma fraqueza que a afiige<br />
no tocante aos de interesse geral. Nenhuma sanção lhe assiste para<br />
coagir os consocios recalcitrantes ao cumprimento de suas obrigações:<br />
tamanha ineficiência nas cousas grandes <strong>com</strong>o nas pequenas.<br />
E a <strong>com</strong>issão incumbida de examinar a matéria nada sugeriu para<br />
remediar.<br />
Como agir contra os demissionários relapsos ?<br />
Somente meios morais: pedir-lhes <strong>com</strong> insistência o desempenho de<br />
que lhes cumpre, dar publicidade ás negativas ou demoras. Mas esses<br />
meios morais, no terreno do pagamento de dividas publicas e particulares,<br />
pequena, sinão nula eficacia vai revelando.<br />
Relaxamento universal se assinala : pouco importa uma falência na<br />
vida dos indivíduos e das nacionalidades.<br />
"Não costumo pagar dividas antigas, — declarava um financista; —<br />
até que as beneficie a prescrição ou o esquecimento.<br />
E as modernas ? — inquiriu um interlocutor.<br />
Deixo que fiquem antigas, — respondeu o outro.<br />
E' exáto que subsistem, e hão de durar sempre, a honra, o escrupuio,<br />
a consciência, a moral pura, embora desarmada. O fundador da Sociedade<br />
das Nações, o presidente Wilson, acreditava na força desses<br />
princípios insuperáveis. Clemenceau, rendendo-lhes homenagem,<br />
dizia-os unqidos de — nobre candura.<br />
Na realidade, hoje nações, Estados, municipios, associações mercantis<br />
ou inoustriais, mostram-se, em toda parte, devedores mais ou menos<br />
remissos. Professam, no dizer de um critico, — a religião do dever,<br />
no sentido material da expressão.<br />
Conforme a oração dominical somos todos devedores. "Perdoai-nos<br />
Senhor, as nossas dividas, assim <strong>com</strong>o nós perdoamos aos nossos devedores."<br />
AFFONSO CELSO<br />
Da Academia de Letras
Carro de bois, numa velha<br />
cidade, recebendo lenha.<br />
Carros de bois, atravessando<br />
de Mi<br />
Um momento de descanso<br />
na sombra, antes<br />
de proseguir a<br />
jornada.<br />
Minas Geraes e a Terra da Promissão em<br />
cujas riquezas naturaes está o futuro do<br />
B r asil. Mas também é a terra da tradição,<br />
cujas volhas estradas e cidades falam to-<br />
das da historia do paiz.<br />
Nas suas montanhas de ar puro, na mar-<br />
gem dos seus rios, no pouso dos seus ca-<br />
minhos, por toda parte, o passado e o<br />
presente se defrontam, o progresso e a<br />
rotina se encontram. Symbolos de duas<br />
éras, é <strong>com</strong>mum o automovel dar passa-<br />
gem a um carro de bois. O monstro mo-<br />
derno segue, businando, queimando gaso-<br />
iina, <strong>com</strong>endo distancias, emquanto o ve-<br />
niculo da rotina continua no passo tardo
das mansas alimarias, chiando, rangindo<br />
nos eixos, enchendo o ar de melancholia,<br />
<strong>com</strong> a toada triste do carreiro.<br />
A' beira do rio, os bois estendem a pe-<br />
sada cabeça, farejam a frescura da aguo<br />
e mergulham os grossos lábios na lym-<br />
pha clara sobre que se debruçam as pri-<br />
meiras sombras da tarde.<br />
Depois, o veího carro chiante continúa<br />
a jornada. Sem pressa, sem impaciência,<br />
sem pannes. Como se estivesse convicto<br />
de que a vida é tão igual para traz e<br />
para deante, que não tem a menor im-<br />
portância otrazar-se um pouco mais, ou um<br />
pouco menos.<br />
Pelas estradas poeirentas<br />
do sertão, segue o velho<br />
carro que não tem pressa<br />
de chegar.<br />
Proparando-se para tomar a<br />
carga de lenha, na margem<br />
do S. Francisco, Norte de<br />
Minas.<br />
A parelha de bois mansos,<br />
sob a velha canga, ao lado<br />
do carreiro.
m o ra «; fi í^i<br />
íi i ! ni Ë â ni<br />
QUE DÁ DE BEBER Á SÃO PAULO<br />
Santo Amaro é um largo estendal de aguas claras,<br />
adormecidas ao sol, entre campos eternamente<br />
verdes.<br />
Aqui e ali, nas margens fecundas, bordadas de<br />
sombras, uma ou outra choupana se abriga sob<br />
os ramos das arvores, <strong>com</strong>o ninhos de aves<br />
aquaticas.<br />
O vento brinca na face das aguas e de longe em<br />
longe, um grito de animal risca o grande silencio<br />
da represa que abastece a capital de S. Paulo.<br />
Ph-ito» Fotoplica<br />
VIAJO DE <strong>1936</strong>
ILLUSTRAÇÂO BRASILEIRA<br />
G O U L A R T DE A N D R A D E<br />
Da A c a d e m i a de Letras<br />
Os tempos que correm estão a grilai por urn Gii Vicente que <strong>com</strong>ponha cáus-<br />
ticos eficazes para serem aplicados sobre as mazelas da tafularia. ou a pedir<br />
insistentemente a vinda de um Balzac, que ver.ha gravar <strong>com</strong> água forte os<br />
retratos da numerosa gaieria do tipos anormais.<br />
Valeria a pena vê-ios, giro-girando em farendula grotesca.<br />
Aqui. predicadores de moral poiítica que pretendem construir em base de ta-<br />
batinaa iutuler.ta. desmandando-se om esgares e doestos, <strong>com</strong>o o ator a quom<br />
cabe o papel de tirano er.furocido: rnas oestazendo-se em facécias logo que<br />
entram nos bastidores, fora da vista do publico emocionado...<br />
E <strong>com</strong>o se beliscam íamiiiarmenfe cs farçantes, por entre risotas e ditos soezos.<br />
passada a refrega da cena, cutucando-se, de olhos piscos, em motejos ao pobre<br />
poviléu ignaro, sem crenças, sem convicções, sem desinteresse, todos eles!<br />
Sempre os mesmos, à semelhança do reduzido grupelho dos mambembes itine-<br />
rantes, mudam apenas de papel: — o que era senhor, passa a ser lacaio, o<br />
centro nobre taz depois do intrigante; ou <strong>com</strong>o os ginastas que. perdendo o<br />
equilíbrio sobre a corda bamba, seguros à maromba, dcsaprumam-se. trejei-<br />
tando. des<strong>com</strong>passadamente.<br />
Ali, a adolescência desenvoita. que fuma ópio, engendra <strong>com</strong>plicados cock-tails<br />
e usa cocaína, pobres raparigas que se orientam e guiam pelos modelos do<br />
écran e para as quais o lor <strong>com</strong>eça a parecer uma insofrível maçada, cousa<br />
anacrônica e sem distinção, desde que não faitem pensões <strong>com</strong> o seu conforto<br />
e o seu piano, os seus mexericos estimulantes e a sua promiscuidade atraente ...<br />
Oh ! a fascinação da rua. <strong>com</strong> os escritórios, as repartições, as oficinas, os<br />
balcões, às horas da lida. e as casas de chá, os cinemas, os clubs, os autos dis-<br />
cretos, para os momentos de folga; a rua <strong>com</strong> os seus cabeleireiros massagistas<br />
o os pedicuras exímios, cujas mãos de tão leves e aveludadas lembram um sopro<br />
de aragem, se roçam pelos desnudos tornozelos das clientes.. .<br />
Porque em verdade nada existo mais inatual que o lar, visto que há restauran-<br />
tes de excelente cozinha, aposentos de tanta elegância; e. na ocasião da do-<br />
ença. o sanatório, a casa de saúde <strong>com</strong> as suas enfermeiras hábeis, de olhos<br />
pestanuaos e dedos de paina, os seus médicos de falas doces e cabelos per-<br />
fumados. a cuja auscultação o músculo cardíaco bate mais apressado, além da<br />
<strong>com</strong>panhia conforlativa dos outros achacados de enfermidades cujos sintomas<br />
são 4 emas das palestras mais deleitosas...<br />
Acolá, o pai <strong>com</strong>placente, que se alheia aos caprichos da moçoila, permitindo<br />
que se vista <strong>com</strong>o as estrelas yankees, cujos corpos desnalgados e de tronco<br />
masculinizado tanto diferem do tipo brasileiro. ..<br />
E o resultado dessa culposa omissão é de se ver, quando as tontinhas andam à<br />
guiza de bonecas de telefone, <strong>com</strong> as cinturas abaixo dos quadris opulentos,<br />
que elas ainda mais avolumam, sobrepondo armações e chumaços, tão só por-<br />
que na Norte América as mulheres têm as ancas escorridas e o colo batido !<br />
pinncoTecfi<br />
Além, a silhueta do ultra refinado tipo da civilização — o motorista, mais in-<br />
solente que o cocheiro, porque não é analfabeto, mais perigoso que o copeiro,<br />
porque a<strong>com</strong>panhando os patrões cada qual por sua vez, lhes surpreendeu aca-<br />
so certos pequeninos deslizos.<br />
Foi desde esse dia que tomou o ar provocante e confiado, que o monóculo<br />
impertinente e as perneiras do galã sublinham, porque sabe, que as suas au-<br />
dácias serão coberfas pelo mais profundo silêncio.<br />
Quanta página maravilhosa de verdades pungentes, so por ventura o creador<br />
da Comédia Humana pudesse, apoiado a um portal de sala festiva, seguir os<br />
meneios das matronas, que, mordidas da tarântula, passam gingando, derreiadas<br />
sobre as espáduas estreitas dos Jovens fim do raça, aos quais chamam loulous.<br />
fazendo esta'ar o soalho <strong>com</strong> o respeitável pêso de muitas dezenas de quilos...<br />
Quanto capítulo intensamente doloroso não escreveria se revelasse o pensa-<br />
mento désses chichisbeus, manequins articulados, que se degradam numa vida<br />
parasitária para gáudio de caprichos serôdios, bruxoleios de lâmpadas que se<br />
extinguem ...<br />
Que sociólogo — ou melhor — que profeta pudera jámais vaticinar, após as<br />
desosperações e os horrores da grande guerra, esse desmantêlo, essa balbúrdia,<br />
esse tumulto de pandemônio, que vai peio mundo?<br />
De que servirão os códigos de paz, as assistências, os grêmios beneficentes, se<br />
o indivíduo regride moraimente, ainaa que hipocritamente altruísta diante da<br />
coletividade?<br />
E' que os instintos andam agora às soltas, ululantes <strong>com</strong>o os lobos famintos, por<br />
noite velha ...<br />
Volha? — dirá quem os olhos nisto puzer — Velha vai ficando a tua vida. por<br />
muito vivida e porfiada ...<br />
— Velha é essa arenga de creatura calva e ' rotunda a quem os espelhos in-<br />
juriam, fazendo-a cada vez mais ridícula .. .<br />
E nãc há <strong>com</strong>o negar, ai de mim ! razões sobejas a êsse que tal disser...<br />
cy<br />
PA.
O mesmo trecho de rua,<br />
esquina da Avenida Rio<br />
Branco <strong>com</strong> a rua S. Luzia,<br />
onde existe actualmente o<br />
Club Militar — photographado<br />
há 30 annos e hoje.
Outro aspecto da rua S.<br />
Luzia o Avenida Rio Branco<br />
no local em que se ergue,<br />
agora, o edifício Lafont —<br />
tomado hoje e há 30 annos.<br />
o<br />
Itio lie fioie<br />
^ t>E HA 3o ANNOS<br />
ão há trecho do Rio de Janeiro que apresente<br />
' ^ mais profundas transformações, no decorrer destes<br />
uitimos 30 annos, do que a Cinelandia e suas<br />
immediações.<br />
Ali fi cavam as ruas da Ajuda e S. Luzia, pedaços<br />
característicos da physionomia urbana do Rio, naquella<br />
época.<br />
Hoje, aquelíe mesmo local <strong>com</strong>eça a semear-se de<br />
grandes prédios de cimento, o movimento cresce de<br />
dia para dia, e quem chega ali, sente que está<br />
numa populosa cidade moderna.<br />
As illustrações destas paginas dão uma idéa muito<br />
mais clara do que quesquer palavras acerca da<br />
grande mudança operada nesse trecho do Rio de<br />
Janoiro, durante os tres últimos decennios. Nos aspectos<br />
de antigamente, apparecem pedaços de uma<br />
velha cidade, de casas baixas e escasso movimento.<br />
Nos aspectos actuaes, surgem flagrantes de uma<br />
cidade moderna, clara, cheia de vida. Sente-se a<br />
trepidação, a pressa de um grande centro urbano.<br />
Aqui, <strong>com</strong>o por toda parto da Capital Federal, 30<br />
annos de progresso foram bastantes para crear uma<br />
physionomia inteiramente nova.
PHOTO VOLTAIRC<br />
trechos de jardins que nos attrahem irresis-<br />
c can/o<br />
D E S O M B R A E FRESCURA<br />
Quando o Verão abrasa a cidade, há<br />
tivelmente. Este recanto do antigo Campo<br />
de Sant'Anna é um delles. A cantiga da<br />
agua--sempre egual-cahindo sobre a lage<br />
de granito,- a frescura penetrante que dahi<br />
se desprende,- o murmurio das frondes,- os<br />
jogos da sombra e da luz sobre as aguas<br />
e sobre as pedras—tudo isso fala, profun-<br />
damente,- ao nosso espirito e convida á<br />
quietação. O corpo se abandona. Os mus-<br />
culos se relaxam e não se pensa e não se<br />
sente nada, <strong>com</strong>o se toda a vida não fos-<br />
se mais do que o cicio do vento na folha-<br />
gem e a cantiga das aguas sobre as pedras
M<br />
A<br />
Joio e^ae<br />
Aspecto de um dos salões<br />
do "Hindenburg".<br />
o"fjinòenburg"<br />
A chegada do "Hindemburg" ao Rio de Janeiro<br />
constituiu um acontecimento na chronica<br />
da navegação aerea transoceânica e um espectáculo<br />
maravilhoso para a nossa população.<br />
Aqui vemos o collossal dirigível a I I o m ã o<br />
penetrando no hangar em Santa Cruz.<br />
CRUZA OS CÉOS DO RIO DE JANEIRO
A frente dd Divisão Sampaio e da Divisão<br />
Argolo, <strong>com</strong>postas de 8.624 homens, marcha-<br />
va em 16 de Abrii de 1866, o general Ma-<br />
noel Osorio. Avança elie sobre o territorio do<br />
Paraguay, que Lopes defendia no Passo da<br />
Patria, <strong>com</strong> um exercito de 25.000 homens e<br />
uma poderosa artilharia. Protegido pela es-<br />
quadra brasileira, o general Osorio effectua<br />
a Passagem do Paraná, feito audacioso que<br />
o cobriu de gloria, chega junto das Três Boc-<br />
cas e pisa na memorável manhã de 16 de<br />
Abril de 1866, ás nove horas, o solo do ini-<br />
migo. Não fica ahi, a sua acção. Durante os<br />
dias que se seguem, 17, 18, 19 e 20 de Abril,<br />
desdobra-se incançavei, sobre toda a frente<br />
de <strong>com</strong>bate, resolvendo os preparativos do<br />
dramatico encontro, que se approxima.<br />
Os seus guerreiros conquistam o Forte de Ita-<br />
pirú e atacam sem vaciíiação, o formidável<br />
exercito de Lopes, que recua na direcção de<br />
Estero Bellaco. No dia 2 de Maio, o general<br />
Osorio destroça 6.000 paraguayos que se op-<br />
Outra scena de batalha, em<br />
que brilhou o heroísmo do General<br />
Osorio (alto-relevo da<br />
estatua do Marquez de Herval)
Alto-relevo da estatua do General Osorio,<br />
representando uma carga d e cavaliaria<br />
-ommandada pelo velho soldado que mo-<br />
.eceu o titulo de—"Centauro dos Pampas"<br />
põem ao avanço e no dia 20 atravessa o Es-<br />
tero Beílaco, victorioso. Vae acampar então,<br />
em Tuyuty, que constituirá uma das mais bel-<br />
las paginas do heroísmo nacional, um aconte-<br />
cimento que nos orgulha e que revela um<br />
dos maiores generaes do Brasil.<br />
A BATALHA DE TUYUTY<br />
O general Manoel Luiz Osorio revela-se no<br />
campo de Tuyuty um cabo de guerra digno<br />
da situação. Durante a batalha, que os his-<br />
toriadores consideram a mais furiosa, a mais<br />
cruenta que se travou na America do Sul, os<br />
soldados viram-no em toda parte, activo di-<br />
ligente, espiritual, prevendo tudo e ordenan-<br />
do a marcha dos acontecimentos. No dia 24<br />
de Maio de 1866, feiro cujo 70° anniversario<br />
agora <strong>com</strong>memoramos, as tropas nacionaes<br />
apprehenderam <strong>com</strong>o trophéos de guerra I<br />
estandarte, 2 bandeiras, 4 canhões. Os para-<br />
guayos deixaram em nosso poder 221 prisio-<br />
neiros e perto de 10.000 mortos. O inimigo<br />
bateu em retirada, deante da nossa investi-<br />
da, deixando Tuyuty, <strong>com</strong>pletamente occupa-<br />
da pelo exercito brasileiro.<br />
A immortal carreira do general Osorio, ape-<br />
nas se iniciava, de modo tão feliz. Outras vi-<br />
ctorias o aguardavam, para honra sua e jus-<br />
to orgulho da patria.<br />
O VENCEDOR DE HUMAYTÁ E DE AVAHY<br />
A edificação da fortaleza de Humaytá, conforme<br />
a tradição popular, consumiu ao Para-<br />
A estatua que ao General Osorio.<br />
Marquoz do Horvai. ergueu a Nação,<br />
na Praça 15 de Novombro.<br />
guay, uma quantia fabulosa e trinta annos de<br />
trabalhos. Levantada numa curva do rio, apre-<br />
sentava peia sua posição estrategica um ter-<br />
rivei reducto, que os peritos militares consi-<br />
deravam inatacavel. As baterias da fortaleza,<br />
dominavam uma extensão de I kilometro e<br />
500 metros, impedindo qualquer approxima-<br />
ção dos vasos de guerra. O proprio leito do<br />
rio, pouco profundo nessa parte, impossibili-<br />
tava cs navios de tocarem na barranca. A<br />
esquadra constituída pelo "Bahia", "Barroso"<br />
e "Tamandaré", encouraçados, e se-<br />
guida dos monitores "Alagoas", "Pará" e<br />
"Rio Grande", realizou a passagem de Hu-<br />
0<br />
maytá, sob um bombardeio, que fazia estre-<br />
mecer a terra e provocava vagas na torrente.
MÁlò DÊ l$3é<br />
Piano que fez parte do mobiliário dj<br />
casa do General Osorio, na cidade de<br />
Pelotas, tendo pertencido á sua filha<br />
Manoela. (Museu Historico Nacional).<br />
Espadas da Cavallaria Paraguaga.<br />
tomadas em <strong>com</strong>bate pelas forças<br />
brasileiras. (Museu H. Nacional).<br />
rteliquias históricas provenientes da<br />
ferida que recebeu na Batalha do<br />
Avahy o Qereral Manoel Luiz<br />
Osorio. (Museu Historico Nacional).<br />
J do<br />
de<br />
do<br />
.0* OV<br />
O Gc r,c<br />
iW<br />
-O«« 0 do<br />
iCt\V<br />
A*<br />
r arro que serviu ao Genoral<br />
Osorio, durant© a c a mpanha<br />
do Paraguay- (Museu<br />
Historico Nacional).<br />
ro c*t<<br />
No dia 25 de Julho de 1868, o general Oso-<br />
rio entrou em Humaytá, á frente das suas<br />
tropas invencíveis. Occupada a posição, atra-<br />
vessou o Chaco e na Batalha do Avahy der-<br />
rotou o exercito do general Caballero. Uma<br />
bala de fuzil, alcançou o general Osorio no<br />
queixo. O Museu Historico Nacional conser-<br />
va, num esiojo precioso, os fragmentos do<br />
maxillar do heróe nacional.<br />
O GENERAL OSORIO, HOMEM DE<br />
ESPIRITO<br />
O general Manoel Luiz Osorio, marquez do<br />
Hervaí, offerece ao historiador, uma perso-<br />
nalidade original, quasi inédita entre os nos-<br />
sos militares. Tão celebre <strong>com</strong>o o duque de<br />
Caxias, que nasceu em 1805, cinco annos an-<br />
tes, o conquistador de Estero Bellaco alliava<br />
ao sentido da audacia, um espirito plástico<br />
e risonho que ihe permittia phrases oppor-<br />
tunas e curiosas. Sabia palestrar, <strong>com</strong> uma<br />
vivacidade pitoresca e as suas replicas o no-<br />
tabilizaram, tanio <strong>com</strong>o as proezas da sua<br />
espada.<br />
Criticaram-lhe a ousadia, <strong>com</strong> que assaltou a<br />
Fortaleza de Humaytá, pondo em perigo de<br />
morte a sua vida e toda a sorte da batalha.<br />
O marquez do Herval respondeu simples-<br />
mente:<br />
"— Necessitava mostrar aos soldados, que o<br />
seu general era capaz de ir, até aonde os<br />
havia mandado".<br />
Uma viuva rica e moça, bella, resolveu se<br />
casar <strong>com</strong> um jovem da sua predilecção. Os<br />
gananciosos parentes, dirigiram-se ao gene-<br />
ral em nome da amizade que o prendia á<br />
família, imploraram a sua intervenção.<br />
Onde está a esta hora, a viuva?<br />
O emissário informou:<br />
— Agora mesmo seguiu para a Igreja, <strong>com</strong><br />
o noivo !<br />
O general Osorio não se conteve:<br />
— E' boa ! Que querem então, que lhes fa-<br />
ça? Sabe que mais? Vá dizer a quem o man-<br />
dou cá, que o tiro partiu e não se pode agar-<br />
rar a bala !<br />
Outra vez, conversava <strong>com</strong> o doutor Pio An-<br />
gelo da Silva, quando este lhe inquiriu:<br />
— Com que contava Vossa Excellencia, quan-<br />
do saltou um dia, apenas <strong>com</strong> doze homens,<br />
no "Passo da Patria"?<br />
— Com o medo do inimigo !<br />
A sua intelligencia, sempre lépida, sabia sor-<br />
rir da vida e dahl os seus expedientes singu-<br />
lares.<br />
Um dos seus mais celebres epísodios, refere-<br />
se á sua passagem pelo Ministério da Guer-<br />
ra. Nessa época já ostentava o titulo de Ma-<br />
rechai e certo dia despachava <strong>com</strong> o Impe-<br />
rador. Pedro II cochilou e o marquez do Her-<br />
val, <strong>com</strong> aquella ironia juvenil, que o assig-<br />
nalava, decidiu um acto heroico. Desprendeu<br />
a espada e deixou-a cahir. Com o estrondo,<br />
Sua Majestade despertou e, sorrindo benevo-<br />
lente, disse:<br />
— Marechal, a sua espada não cahia no Pa-<br />
raguay !<br />
E Osorio <strong>com</strong> a sua opportunidade:<br />
— Não, Majestade, porque no Paraguay o<br />
inimigo não dormia.
General Manoel Luiz Osorio, marquez<br />
do Herval, o "Invicto", vencedor das<br />
Batalhas de Estero Bellaco, Tuuuty,<br />
Avahy o Humaytá. (Busto de mármore,<br />
pelo esculptor Soares dos<br />
Reis, no Museu Historlco Nacional).<br />
Brazáo de Armas, que pertence ao<br />
General Manoel^Osorio, marquez do<br />
Herval. (Museu Historlco Nacional).<br />
O imperador riu e <strong>com</strong> eile toao o Ministério. O tempera-<br />
mento pittoresco desse grande vulto, manifestava-se em toda<br />
parte.<br />
O general marchava <strong>com</strong> a sua coSumna muito calmamente.<br />
Um officia! notou que tropas paraguayas, a<strong>com</strong>panhavam de<br />
longe, os passos da columna brasileira. E avisou:<br />
— General, ali vae uma força !<br />
— Pois, meu caro, aqui vae outra.<br />
Nada o perturbava e certamente devido a esse feliz cara-<br />
cter, deve-se a extraordinaria sympathia qu© lhe devotava<br />
o Exercito Brasileiro, que o chamava o "Invicto".<br />
Todas essas replicas, possuem um valor perfeitamente his-<br />
térico e têm uma origem authentica.<br />
Refere-as Fernando Luiz Osorio, filho do guerreiro, na sua<br />
preciosa biographia, "Historia do General Osorio".<br />
1LLUSTRAÇÃ0 BRASILEIRA
Cézanne —<br />
Retrato do Dr. Choquet<br />
Cézanne — Paysage m de Pontoisé<br />
Cézanne —<br />
Natureza Morta.<br />
_ W<br />
UHA »<br />
Il — O PONTO MORTO DE CEZANNE<br />
A influencia de Paul Cézanne teve um longo<br />
estagio para manifestar-se. Visto a desdem,<br />
durante certa época, havendo abandonado<br />
os impressionistas, aos quaes se ligara<br />
na primeira hora, empregando uma<br />
tecnnica desconhecida, não agradando aos<br />
olhos <strong>com</strong>muns peios assumptos escolhidos,<br />
de viver solitário e erradio, nenhuma das<br />
grandes forças de seducção delle irradiavam<br />
para exaltar em torno de sua obra a<br />
admiração do meio parisiense. De tal sorte,<br />
não poderiam os estrangeiros lá chegados,<br />
<strong>com</strong>o os nossos prêmios de viagem, delle<br />
receber qualquer influencia, antes do anno<br />
de 1895.<br />
Cézanne apparece somente ao grande publico,<br />
na sua primeira exposição geral, realisada<br />
pelos cuidados de Ambroise Vollard,<br />
naquelle anno, <strong>com</strong> cento e cincoenta quadros.<br />
No anno seguinte, morre o pintor<br />
Caillebotte, e lega ao museu do Luxemburgo<br />
toda sua collecção: por esse meio entravam<br />
para o prestigio officiai os impressionistas<br />
e Cézanne. Mas só por 1899 o pintor<br />
<strong>com</strong>eça a obter certo preço pelas suas<br />
télas.
F L É X A R I B E I R O<br />
Professor Cathedratico do Escolo Nacional<br />
de Bellas Artes e Director do Curso de<br />
Arte Decorativa.<br />
Seu êxito augmenta, conseguindo apparecer<br />
na Exposição Universal de Paris em<br />
1900 (três télas: Fruits, Paysage, Jardin).<br />
Mas seu nome alcança, de facto, notoriedade,<br />
e entra no campo das mais vehementes<br />
discussões, depois de sua morte —<br />
1906. No anno seguinte, faz-se a retrospectiva<br />
de Cézanne <strong>com</strong> 56 quadros: e tem<br />
realmente actividade sua prodigiosa influencia<br />
plastica.<br />
Ora durante todo aquelle periodo de luctas<br />
e çónquistas, em que a technica de detalhe<br />
dos impressionistas era atacada pela synthese<br />
cézanniana, naquella, procurando-se<br />
sentir o pormenor na massa, e nesta puramente<br />
ver a massa <strong>com</strong>o totalidade expressiva,<br />
— foram os seguintes brasileiros<br />
que, pensionistas da Escola Nacional de<br />
Bellas Artes ou do Salão, estiveram em Paris<br />
assistindo o desenvolver daquelle vasto<br />
campo de experiencias. Prêmios de viagem<br />
da Escola: Elyseu Visconti (1892); Raphael<br />
Frederico (1893); Fiúza Guimarães (1895);<br />
Theodoro Braga (1899); Lucilio de Albuquerque<br />
(1906); e Augusto Bracet (191 i).<br />
Prêmios de viagem do Conselho Superior<br />
de Bellas Artes: João Baptista da Costa<br />
(1894); Joaquim Fernandes Machado (1901);<br />
Eugênio Latour (Í902); Helios Seelinger<br />
(1903); Rodolpho Chambelland (1905); Arthur<br />
Thimoteo ( I 9 0 7); Levino Fânzeres<br />
(Í9I2). Todos estes pintores viveram, talvez,<br />
a época mais rica e interessante da arte<br />
contemooranea.<br />
I<br />
No entanto, nenhum deiles para aqui trouxe<br />
sequer a mais leve noticia sobre a renovação<br />
plastica que se processava na corrente<br />
cézanianna. Todos continuavam, tranquilamente,<br />
o ensinamento dos mestres<br />
"acadêmicos", nem mesmo <strong>com</strong>prehendendo<br />
a larga evolução que se processara na<br />
technica, <strong>com</strong> o advento real e amplo do<br />
impressionismo. Nesta parte, <strong>com</strong>o é bem<br />
de ver, e <strong>com</strong>o se deduz do que já escrevi,<br />
exceptuaremos primordialmente Elyseu Visconti,<br />
e depois, noutro sentido, Rodolpho<br />
Chambelland, e ainda Lucilio de Albuquerque.<br />
Também não foi differente a attitude<br />
dos pensionistas que se seguiram de<br />
1916 por diante. Delles teremos que destacar<br />
Marques Júnior e Henrique Cavalleiro<br />
(!9I6) e (1916), respectivamente. Ambos<br />
voltaram e <strong>com</strong>o bons modernos, empregando<br />
ainda a technica impressionista. O<br />
phenomeno cézanne não fora sentido? E<br />
por que? Elie já datava de mais de doze<br />
annos.<br />
Preferiram o impressionismo porque este<br />
já era clássico, se assim me posso expressar,<br />
isto é, estava classificado, e desde<br />
1896. Por outro lado, o caso cézanne offerecia<br />
somma muito maior de esforço, tanto<br />
no tocante á <strong>com</strong>prehensão, <strong>com</strong>o na<br />
technica. Claro que se não trata aqui de<br />
aconselhar uma simples e pura imitação.<br />
Ella será sempre deplorável, ainda que o<br />
modelo seja excellente. Refiro-me aos factores<br />
da evolução. Se os nossos pintores<br />
se achavam na obrigação de trazer, para<br />
Eugênio Latour — Pedinte<br />
o seu paiz, dados novos e evolutivos da technica<br />
de pintar, — parece que seria preferível<br />
dar-nos alguma coisa de realmente<br />
nova.<br />
Como se poderá verificar, até 1916, anno<br />
tomado para estes estudos, somente haviam<br />
chegado ao Brasil as innovações velhas<br />
de mais de meio século, e isto tendo<br />
em vista apenas tres ou quatro pintores<br />
que, isolados, praticavam a pintura de ar<br />
livre e a divisão de tons, uma vez que os<br />
demais, e dos maiores, não conheciam nada<br />
19
sta da Costa — S. Jeronymo<br />
de novo, <strong>com</strong>o se o mundo houvesse parado<br />
entre os clássicos e os românticos, depois<br />
de um século. Nem somente o ensino<br />
da Escola Nacional de Bellas Artes era feito<br />
neste espirito, <strong>com</strong>o também os artistas,<br />
ditos livres, procodiam de igual Iheor.<br />
Era <strong>com</strong>o se em literatura tivessemos perdurado<br />
no cstylo e na factura de Alexandre<br />
Dumas, ou se continuássemos a prosear<br />
<strong>com</strong>o Macedo, na Moreninha, e <strong>com</strong>o Casemiro<br />
de Abreu, poetar, nas Primaveras.<br />
Naturalmente que do ponto de vista historico,<br />
aquelles autores assumem importância,<br />
a língua literaria evolue, a vida se<br />
transforma, e a arte de escrever, <strong>com</strong>o<br />
qualquer outra, deve evoluir também, se<br />
as artes são espelhos vivos da realidade.<br />
No caso do movimento impressionista, sobe<br />
de vulto aquelle retardado da arte brasileira:<br />
havia uma technica verdadeiramente<br />
nova, conseguira-se estudo da luz inédito,<br />
dando-se á pintura de ar livre um valor<br />
que nunca tivera, nem <strong>com</strong> Corot, nem<br />
ccm Coubert. Certos aspectos da natureza<br />
jamais haviam sido pintados, antes das innovações<br />
dos impressionistas. A contribuição<br />
de Jongkind, Boudin, e principalmente<br />
Claude Monet dominava todas as escolas<br />
de pintura do fim do século passado, tanto<br />
sm França, <strong>com</strong>o na Bélgica, <strong>com</strong>o na Allemanha,<br />
na Italia. No meio de todos estes<br />
phenomenos de ordem artistico-scientifica<br />
— (impressionismo, neo-impressionismo, dívisionismo,<br />
e mais especialmente pontilhismo)<br />
— de tão ampla repercussão internacional,<br />
a tudo isto, a arte brasileira se mostrava<br />
incrédula senão indifferente.. Naturalmente<br />
que um estabelecimento, <strong>com</strong>o a<br />
Escola Nacionrl de Bellas Artes que tão<br />
validamente tem contribuído para a nossa<br />
vitalidade artística, tem uma pedagógica,<br />
e não poderá estar a ensinar, aos seus<br />
alumnos, as volúveis variantes da moda na<br />
pintura. Infelizmente, neste caso, não se<br />
tratava nem de moda, nem de volubilidade.<br />
Era uma real conquista da arte, tão<br />
importante <strong>com</strong>o certas descobertas no<br />
domínio da sciencia.<br />
Hélio Seelinger — Samba no Carnaval
A. BRACET<br />
S A C R A R I O
Outra photographia aérea cio açude "General<br />
Sampaio", no territorio do Ceará.<br />
i; li r K ii A ( o<br />
IL A "T E K R A<br />
PR OMET TI II A"<br />
X A R E II I Ã O<br />
II A « S E € C A S<br />
Photos J. Batatinha<br />
A s obras contra as sêccas semearam<br />
represas, açudes e poços<br />
no territorio árido do Nordeste.<br />
A funcção social de cada uma<br />
dessas realizações é enorme, pois<br />
ellas garantem a população e as<br />
culturas, muitas léguas em redor,<br />
contra a devastação das estiagens<br />
prolongadas.<br />
Uma dessas obras, de extraordinário<br />
significação social, é o cçude<br />
"General Sampaio", acabado de<br />
construir, no Estado do Ceará, e<br />
do qual damos aqui alguns aspectos<br />
bem interessantes.<br />
Vista panoramica do açude "General<br />
Sampaio", vendo-se ao centro a<br />
barragem. Ao fundo, o acampamento
M A H T I \ H F O N T E S<br />
I L L U S T R AÇÁO DE J. C A R L O S<br />
Não sei de musica humana<br />
Que, inspirante, tenha o dom<br />
Do luar em Copacabana,<br />
No Ipanema ou no Leblon.<br />
A nitencia se desata,<br />
Em repuxo, a neviscar.<br />
Como uma chuva de praia<br />
Que ficasse immovel no ar.<br />
Milhões de pombas, em bando.<br />
Parecem volar, fugir. . .<br />
Não sei se estarei sonhando,<br />
Estarei a entredormir?<br />
Assombrosissimamente,<br />
Possue a luz o poder<br />
De esvair-se, de repente.<br />
E das cinzas renascer.<br />
Maravilha, maravilha,<br />
Prodigio da encantação !<br />
E a areia ferve e rebrilha.<br />
Feita de argento em fusão !<br />
Imagem mortal nenhuma<br />
Suggere o albor do luar,<br />
Que, tendo a pallez da espuma.<br />
Retem a ardência do mar.<br />
Entre linhos de nevoeiros,<br />
Rendilhados aranhoes.<br />
Se amontoam travesseiros<br />
E se desdobram lençoes.<br />
ano<br />
E ha nesses fofos regaços<br />
Tumescencias feminis:<br />
Espaduas, collos e braços,<br />
Tremuíações de quadris.<br />
Em curvaturas, em ondas,<br />
Tantalismos do luar,<br />
Arfantes fôrmas redondas<br />
Fluem na bruma, a vogar.<br />
Nada de morte ou mysterio,<br />
Nem de lembranças do além,<br />
Do livor que um cemiterio<br />
No seu silencio contém.<br />
Não: a vida, a vida, a vida,<br />
Em todo o seu resplendor,<br />
Ardente, ardorosa, ardida,<br />
Cheia de sonho e de amor.<br />
Porque a belleza suprema,<br />
Que aureola a Criação,<br />
E' a que doureia o Ipanema.<br />
Numa noite de verão !<br />
No plenilúnio doirado<br />
Sente-se o beijo cantar.<br />
Como é doce ser amado,<br />
Mas quanto é melhor amar.<br />
O' Lua, Lua, bendita<br />
Seja sempre a tua luz,<br />
Que a volúpia nos incita,<br />
Que a dormência nos induz.<br />
Versos na areia tu lavras,<br />
E ouve-se, em todo o Leblon.<br />
Um romance sem palavras.<br />
E uma sonata sem som.
DE DOIS S É C U L O S NO<br />
CENTRO DO RIO DE HOJE<br />
• . V.<br />
N«i&Sí<br />
Portão principal da Fortaleza da Conceição,<br />
que a dois passos da Avenida<br />
Rio Branco, junto á Praça Mauá —<br />
sitiada por toda uma sumptuosa cidade<br />
á Século XX — é toda um fantástico<br />
e emocionante quadro de nossa<br />
vida em 1713.<br />
Guarita do angulo de Leste de onde<br />
se descortina a grandiosa entrada da<br />
Guanabara e nos longes do Nascente<br />
o bello grupo das Maricás.<br />
\o* NJO
gem ali, na sala de visitas da Capital Federal,<br />
a dois passos da Praça Mauá, fica o mor-<br />
ro da Conceição. Neiie ainda se erguem os so-<br />
lidos paredões da Fortaleza da Conceição, de<br />
cujas yuaritas as sentinellas, renovadas duranto<br />
dois séculos, viram crescer e distender-se por<br />
vales e praias a cidade magnifica, desde os<br />
tempos coloniaes, até os nossos dias.<br />
Apesar de estar ião próxima ao centro urbano,<br />
a velha fortaieza, que é uma relíquia histórica<br />
da terra, não desperta a curiosidade do povo.<br />
O carioca não tem o culto do passado e das<br />
ruínas históricas.<br />
t!ie prefere cultivar o presente e o futuro, no<br />
panorama dos bairros novos e dos arranha-céos.<br />
Mas o passado não ó só o aspecto das ruas, a<br />
ausência de hygiene, a fobre amarella: é tam-<br />
bém a tradição: veihos hábitos curiosos, velhas<br />
historias cheias ao heroísmo e romance. Eis por-<br />
que trasladamos, para estas paginas, vários as-<br />
oecros oa Fortaleza da Conceição, um quadro<br />
dos <strong>com</strong>eços do século XVIII carioca, encrava-<br />
do em pler.o coração do Rio de hoje, a dois<br />
passos da Avonida Rio Branco.<br />
Essas velhas paredes nos falam da cidade colo-<br />
nial evocando aquelies tempos heroicos e tene-<br />
brosos, quando ainda resoavam nas calçadas os<br />
passos dos soldados que rechassaram Duguay-<br />
Trouín, e o temor do outros aventureiros trazia<br />
os espíritos alertas.<br />
\ 'k<br />
t r> ' , • V ' T '-v<br />
• .<br />
-<br />
Garotos de hoje, <strong>com</strong> a alegria<br />
e o desembaraço dos curumins<br />
de outr'ora, passam correndo á<br />
sombra dos paredes seculares.<br />
A lavadoira de hoje continua vivendo<br />
a mesma vida e repetindo os mesmos<br />
gestos e attitudes da lavadeira de<br />
1700. Ao fundo, ruinas do passado.<br />
Um quadro que, tanto pôde ser de<br />
hoje, <strong>com</strong>o de há dois séculos.
o<br />
h<br />
o o<br />
o<br />
Outro pedaço do panorama<br />
que se vê da casa de Manoel<br />
Quintino.<br />
A paizagem que se descortina<br />
do alto do morro.
A R T E S<br />
E ARTISTAS<br />
Os primeiros factos registrados peio noticiário musical demonstram que, paro nós,<br />
a estação se inicia animada e promissora.<br />
Se procu r armos nolicias que ncs digam respeito, fóra do Brasil, encontraremos<br />
diversas, bastante lisongeiras. Do um lado, é Bidú Sayão que triumpha, uma vez<br />
mais, nos tsradcs Unidos, applaudida delirantemente em mais um concerto no Acolian<br />
Hall, de New York. De outro lado, é Maria de Sá Earp. acolhida victoriosamente<br />
em Roma, ao lado do pianista Paul Loyonnet. num programma de concerto,<br />
que continha, entre outros, alguns números de Villa-Lobos e Fructuoso Vianna;<br />
e em Nápoles, interpretando, no San Carlo, o "Elixir de Amor", de Donizetti,<br />
<strong>com</strong> agrado geral e real successo.<br />
A esses dois nomes, junta-se o de Villa-Lobos, que, mais uma vez, conquistou o<br />
applauso de Pai is, gradas ao seu bailado "Jurupary", escripto sobre um poema<br />
de Victor de Carvalho, e que acaba de ser levado na Opera, pelo bailarino Ser-<br />
ge Lifar.<br />
"Jurupary' 1 . <strong>com</strong>o o proprio nome o indica, o a lenda brasileira conhecida. Já<br />
aqui havia sido ievada sob appîausos geraes.<br />
Serge Lifa* foi, uma vez mais, noiavel. Graças á sua interpretação, o bailado<br />
brasüeiro envolveu o publico de Paris em uma emoção de arte superior e nova.<br />
Mas não param ahi as referencias a arte brasileira tóra do Brasil. O proprio<br />
Villa-Lobos seguiu para Praga, afim de tomar perie no Congresso de Educação<br />
Musica! que ali se está agora realisando. Partirá depois para Vienna, onde fará<br />
parte do |ury do Concurso Internacional de Meíodias. Por fim, regerá alguns<br />
concertos symphonicos em Barcelona o, possivelmente, em mais algumas cidades<br />
da Hespanha.<br />
Afore essas, mais aigumas noticias que nos dizem respeito.<br />
Em Tortuga!, irradia-se um programma de obras do pianista J. Octaviano. Em<br />
Montevidéo, a Associação Coral organiza um concerto <strong>com</strong>posto, exclusivamente<br />
de musicas brasileiras, escolhidas entre as de Villa-Lobos, J. Octaviano, Fran-<br />
cisco Mignone, Nepomuceno e Luciano Gallet.<br />
Em Berlim, é irradiado um recitai do piano de uma artista brasileira, Maria Luiza<br />
Vaz, que lá está aperfeiçoando os seus estudos, <strong>com</strong>o pensionista do seu Estado<br />
natal — Pernambuco. Finalmente, outra pianista brasileira, Mariasinha Alves,<br />
consegue, <strong>com</strong> a sua a rio e o seu taienio, encantar o mestre Yves Nat, a cujas<br />
mãos foi entregue a tarefa muito agradavel de !he aperfeiçoar os dotes ar-<br />
tísticos. „<br />
Aqui, no Theatro Municipal, a pianista Dyla Josetti, e no Instituto de Musica,<br />
a cantora Alicinha Ricardo Mayerhofer inauguram, respectivamente, a serie de<br />
concertos symphonicos, orgar.isada peia Directoria de Educação e Diffusão Cul-<br />
tural, e a temporada de concertos da Associação Brasileira de Musica.<br />
Um facto auspicioso que merece ser destacado para esta chronica. O maestro<br />
Barroso Netto, que é, sem nenhum favor, uma das figuras mais brilhantes do<br />
corpo docente do Instituto Nacional do Musica, acaba de gravar a musica que<br />
<strong>com</strong>ooz para o film "Vozes da Floresta 1 , feito de <strong>com</strong>binação <strong>com</strong> a Cinédia.<br />
E' uma absoluta novidade rio cinema brasileiro, que, pela primeira vez, explora<br />
a boa musica.<br />
A Cinédia poderia, <strong>com</strong>o habitualmente, filmar a paisagem brasileira e fazel-a<br />
passar <strong>com</strong> exolicaçòes ae um speakei. Preferiu, porém, tentar o genero novo<br />
Barroso Netto<br />
Brailowsky<br />
S<br />
vy o<br />
•<br />
% M<br />
Serge Lifar<br />
que lhe suggeriu Barroso Netto: passará a paisagem, que será descripta pela<br />
musica do artista. Não haverá speaker escondido, nem figuras em scena. Apenas<br />
a photographia e o som, isro é, os panoiamas e o <strong>com</strong>mentario musical que<br />
sugqeriram a Barroso Netto. O tiim <strong>com</strong>eçará á noite, em plena treva. Esboçará,<br />
depois, a alvorada, os primeiros raios de luz, o dia, a claridade, o sol, emfim.<br />
A tranzição é a<strong>com</strong>panhada peia musica, peia orchestra e pelos córos, onde<br />
predominam as vozes femininas. E culminará <strong>com</strong> uma verdadeira apotheose á<br />
natureza e ao sol do nossa terra.<br />
Como se vê, não havia sido ainda tentado esse genero no cinema brasileiro.<br />
Barroso Neito abre-lho, assim, caminho para outras iniciativas de maior vulto.<br />
Para rematar estas iinhas, os primeiros reaes successos da temporada dos grandes<br />
concertos: Brailowsky reappareceu, para, mais uma vez, revolucionar a nossa<br />
platéa. Deu-se, aliás, o que todos já esperavam. As ultimas noticias que tinhamos<br />
do artista tratavam do seu grande triumpho ncs Estados Unidos.<br />
Não havia exaggero nos teiegrammas. Brailowsky continúa absolutamente senhor<br />
do teclado, que elie domina <strong>com</strong> os dedos e <strong>com</strong> a alma, isto é, <strong>com</strong> a força e<br />
<strong>com</strong> o espirito, ou ainda, <strong>com</strong> a technica e <strong>com</strong> a inspiração.<br />
A sua personalidade oncarna, artisticamente falando, 99 por cento da personalidade<br />
do publico brasileiro. Essa atfir.idado rara, raríssima, dá ao artista uma<br />
situação ospecíalissima. Cada um de nós sente que, se tocasse, tocaria <strong>com</strong>o<br />
Brailowsky, sentiria, isto é, intorpretaria <strong>com</strong>o Brailowsky. Quando o pianista se<br />
transforma, executando uma peça, todos têem a impressão de que elle encarna<br />
um pouco de nós mesmos, <strong>com</strong> toda a nossa emotividade deslumbrada.<br />
O reappa r eoimento de Brailowsky foi uma das notas sensacionaes da estação que<br />
ora se inicia. Não foram concertos apenas, mas horas de emoção para o publico<br />
e de apotheose para o glorioso artista.<br />
Depois de Brailowsky, uma figura nova na nossa platéa:<br />
Cortot.<br />
Um, o temperamento irmão do nosso, que nos arrebata.<br />
O outro, a individualidade differonte, que mantém, ha<br />
muito, o primeiro posto entre os 'maiores pianista* de<br />
Paris.<br />
Cortot representa uma escola diversa, onde ha sempre<br />
um "charmo" in<strong>com</strong>parável, um "espirito" especial para<br />
cada interpretação. São outros pretextos para outras<br />
emoções e para outros inebriamentos do nosso publico.<br />
E <strong>com</strong>o a sensibilidade humana é elastica e não tem<br />
limites, doante de Cortot vimos, mais uma vez, o phenomeno:<br />
uma platéa arrebatada por um pianista arrebatador.<br />
Quando se trata de artistas da fibra de Cortot, imagina-so<br />
logo a technica assombrosa a serviço da emoção<br />
do interprete. O que mais interessa, por isso, é a phrase,<br />
ou melhor o phraseio, isto é, o elemento-iman, <strong>com</strong><br />
que elle nos prendo á sua arte. Sob esse ponto de vista,<br />
Cartot ó <strong>com</strong>pleto. Sua musica é um encantamento.<br />
Seus concertos um delírio, ou melhor, uma successão de<br />
delírios.<br />
E foi assim quo <strong>com</strong>eçou, este anno, a estação da boa<br />
musica.
IVIII<br />
ADELMAR TAVARES da Academia de Letras<br />
22-10-30. ...Apesar das noticias politicas que circulam pela cidade bojando de temores o ambiente,<br />
e da chuva que cae <strong>com</strong> insistência, enquanto esperamos, Belmiro Braga e eu, a sessão do cinema, conti-<br />
nuo a ouvir, <strong>com</strong> verdadeiro encanto, recordações dc sua vida literaria, e do seu béguin por Machado de<br />
Assis. Belmiro conta-me que após trocarem algumas cartas, — remetendo versos ele. estimulando-o o Mes-<br />
tre, — <strong>com</strong>eçou a juntar dinheiro para poder vir de Juiz de Fóra ao Rio ver de perto o autor de Quin-<br />
cas Borba, e lá um dia, abriu o mealheiro, contou as moedas, e partiu. Aqui chegado, rumou a Livraria Gar-<br />
nier, e montou guarda á porta, que ali era o ponto predileto do seu idolo. Após longa espera, viu-o<br />
chegar, (era ele — Machado! — reconheceu-o pelos retratos), chegar e entrar a livraria. Quiz interce-<br />
ptar-lhe os passos, mas tremiam-lhe as pernas, batia-lhe o coração <strong>com</strong>o a saltar pelp boca... Sufocava.<br />
Desistiu. "Seria melhor falar-lhe á saída"...<br />
O poeta de Carolina olhou por muito tempo livros, folheou-os, atendeu amigos, e saiu... Saiu tamberr,<br />
em seu encaíço, ora passando á sua frente, ora deixando que á sua frente passasse ele... Depois, viu-c<br />
subir para um bonde que partia... Não teve duvida, subiu também, e tornou o banco immediato, <strong>com</strong>o<br />
se fazem ás namoradas, e assim levou toda a viagem, a olhai-o iongamente, tentando dirigir-lhe a oala-<br />
vra, sem encontrar lingua para falar, nem palavra para apresen-<br />
4 ar-se. até que o vehiculo parou em um póste, quasi ao fim da<br />
viagem, e ele viu Machado saltar, e entrar, magestosa e triste-<br />
mente, a sua casa das Laranjeiras...<br />
Muitos anos depois, — proségue Belmiro — já publicados li-<br />
vros meus, entrei por uma tarde na Livraria Garnier, e notei um<br />
sujeito moço, pálido, imberbe, uma cara simpatica emfim, a<br />
querer embargar-me os passos... Mas <strong>com</strong>o tinha pressa de fa-<br />
lar ao gerente sobre o meu livro Rosas, que estava a esse tempo,<br />
nos gabos da imprensa, não pude deter-me, e fui entrando... Não<br />
perdi, porém, do vista o homem da porta da livraria. Falei ao<br />
gerente, olhei lombadas do vient-de-paraítro.- conversei <strong>com</strong> ami-<br />
gos, — e o individuo sempre á porta, a<strong>com</strong>panhando-me os ges-<br />
tos, fitando-me. seguindo-me os movimentos, parecendo <strong>com</strong>er-me<br />
<strong>com</strong> os oihos. . . Lembrei-me então, — dos meus tempos <strong>com</strong><br />
Machado de Assis! Quem sabe. não estaria ali também algum dos<br />
meus tímidos admiradores?... (E diz, risonho:) — "Senti-me pi-<br />
cado de uma pontinha de vaidade"... Palestrei <strong>com</strong> Castro Me-<br />
nezes e sal pelo seu braço. O homem que montava guarda á<br />
porta, empalideceu air.da mais quando me viu descer os batentes<br />
da Garnier, e tremulo, gaguejando, tirando o chapéo, avançou...<br />
— O Sr. não é o Sr. Belmiro 3raga?...<br />
— Sim, meu amigo, respondi caminhando...<br />
E o homem mais gago ainda, ao meu lado... "Eu conheço muito<br />
o Sr....' De Juiz de Fóra... Quer me abonar 5$000 para almo-<br />
çar?" . . .<br />
E o grande poeta da Tarde Fiorida, rindo largamente, <strong>com</strong>o um<br />
bretão magnifico, muito vermelho: — Seu Adelmar, — era um<br />
mordedor tenebroso!...<br />
24-3-31. Constâncio Alves, tesoureiro da Academia, pede, em<br />
sessão, a <strong>com</strong>pra de um para-raios para protecção do edifício,<br />
alegando ter caido, dias passados, um raio bem proximo ao local<br />
onde assenta o Petit-Trianon. . . E justificando, galhofeiro, <strong>com</strong><br />
a voz arrastada dos homens do Norte: — Vocês hão de convir que<br />
<strong>com</strong> os raios dos inimigos que tomos. Santa Barbara, só, não<br />
chega...<br />
I5-7-3Í. Atravesso a Avenida <strong>com</strong> Humberto de Campos que<br />
vae ao medico. Quelxa-se-me de andar muito doente e fala so-<br />
bre "seguro de vida"... Entristeço, e desconvérso, chamando-lhe<br />
a attenção para o Julho carioca que está uma embriaguez, —<br />
tão belos o tempo e o céu que andam pedindo um pincel de gé-<br />
nio. Sobretudo, as montanhas em tarde <strong>com</strong>o aquela... "Sim, —<br />
diz-me ele, <strong>com</strong> desalento: — "ao longo, as montanhas são<br />
azues"... E minutos depois a responder-me sobre a publicação<br />
de um livro seu, que os jornaes anunciam, acrescenta: — Para que<br />
livros?... Livro, não vale a pena, nesta época. Oiha, em maté-<br />
ria de iivros, estou <strong>com</strong> o garotinho do meu filho... E conta —<br />
(agora risonho). "Um desses dias, estava eu no gabinete, a me-<br />
xer nas estantes, quando ele entrou, e desconfiado, ficou a olhar-<br />
me a um canto. Eu empilhava livros, arrumando. A' vista daquelas<br />
pilhas, não se ccnteve e exclamou: —<br />
— Tanto livo ! Tanto livo !<br />
— Tudo isso será teu, meu filho, quar.do papae morrer, respondi...<br />
— Pá que? !<br />
— Para o filhinho ler... Ser um grande homem... Ele esteve,<br />
esteve, e dando uma dentadinha no biscoito que trazia em mão.<br />
disse, contemporâneo: — Eu não. que não ia lê isso tudo... Eu<br />
vendia... e <strong>com</strong>pava um avião...<br />
.<br />
A D<br />
i M MORTALITATEN'<br />
: -.r- .vv*<br />
• •• • Liifi* 9<br />
•: i V ^
N o prologo do edição brasileira do magnifico livro<br />
Juan Facundo Quiroga, do Sr. Ramon J. Cárcano,<br />
Rodrigo Octávio escreveu o seguinte topico :<br />
"E hoje dá-se que muita gente, percorrendo, na ve-<br />
locidade dos cárros ou na tranquilidade dos passos, a<br />
maraviihosa avenida que borda a baía de Guanabara,<br />
ao enfrentar o velho solar, que foi do precláro Barão<br />
de Cotegipe, cujo valor de estadista e de homem<br />
de espirito, o Senhor Cárcano, mais do uma vez, pro-<br />
Ciamou e enalteceu, e onde é hoje a morada da re-<br />
presentação argentina no Brasil, iança um olhar, in-<br />
discréto, mas bem intencionado e afetuoso, para a<br />
ampla varanda voltada para o mar, na esperança de<br />
vislumbrar, na liberdade da despreocupação, o vulto<br />
do Embaixador, fazendo os dez passos de exercício ou<br />
sentado nas confortáveis poltronas de vime, que a<br />
guarnecem, na intima palestra dos amigos.<br />
"Pela cabeça de toda essa gente, entretanto, não passa<br />
a ideia do que, desde tempo indeterminado, toda<br />
essa zona, hoje de nervoso movimento, e onde óra se<br />
exibe a magnificência dos jardins e dos palacios, foi<br />
a simples órla do continente dos indios. em que o<br />
Pessoos presentes á inauguração da p/oco<br />
que o embaixador Carcano mandou gravar<br />
e collocar sobre o velho coqueiro.<br />
Aspec/o do velho<br />
tronco <strong>com</strong> o ploca<br />
de bronze, cujo<br />
inauguração ofereceu<br />
ensejo a umo<br />
linda fesla de cordialidadeargentino<br />
— brasileira.<br />
europeu um dia esbarrou, apropriando-se dêle; que<br />
essa praia ce iuxo noo era mais do que a linha do<br />
iitoral por onde. sublinhado pela branca fimbria de<br />
areia, o modesto coqueiral frondejava. Ninguém pen-<br />
sa nisso; entretanto, nessa formosa praia, transforma-<br />
da em passeio oe gente elegante, existem ainda, aqui<br />
e ali, alguns coqueiros, testemunhas solitárias e ana-<br />
chronicas dos bosques devastados.<br />
"Ali mesmo, no parque da Embaixada Argentina, um<br />
desses raros, característicos remanescentes vetustos de<br />
uma feição desaparecida da terra, eleva-se na gra-<br />
ciosa linha do sou tronco esguio, muito mais nossa,<br />
no selvagem de seu porto e no romantismo de sua<br />
reverencia, do que essas altas palmeiras importadas<br />
que. na rigidez hierática de sua postura, se enfilei-<br />
ram aos pares no duro aspécto, clássico e frio, de<br />
longas colunátas coríntias. Mas, quem passa não re-<br />
pára no gracioso coquoiro dos jardins da Embaixa-<br />
da. que aos ventos do mar, balança o encanecido<br />
cocar; ou, se o vê, não sente a significação da su-<br />
gestiva presença. Lembra-se do Embaixador, que na-<br />
quela casa vive e trabalha, inspirado em seu patrio-<br />
O C O Q U E I R O C O 1, O X I A L<br />
D O P A R Q U E Q> A<br />
E M K A I X A l> A A R U B M T I W A<br />
tismo e em sua amizade pelo Brasil, em bem da con-<br />
cordia do continente.<br />
"Estamos no século XX. O tempo do cocar passou e<br />
o Senhor Cárcano se incorporou ao cenário brasi-<br />
leiro".<br />
O Sr. Cárcano, num gesto bem característico de seu<br />
alto espirito quiz assinalar esse vélho coqueiro, re-<br />
manescente da época colonial, e <strong>com</strong>o que re<strong>com</strong>en-<br />
dá-lo ao cuidado dos posteros. Por isso fez fundir<br />
uma placa de bronze onde se acham gravadas as se-<br />
guintes palavras :<br />
"Rodrigo Octávio escribio conceptos bellos sobre esto<br />
cocotero plantado em el solar de Cotegipe, y hoy<br />
guardian altivo de la Embajada Argentina. — Outu-<br />
bro 1935."<br />
Essa placa foi aderida ao tronco do coqueiro e, para<br />
inaugurá-la o Embaixador Argentino reuniu um grupo<br />
de amigos, reaiisando-se ao é da vélha arvore uma<br />
cerimonia intima mas de alto relevo cultural e artís-<br />
tico.<br />
A Senhorita Rodrigo Octávio retirou, entre palmas<br />
dos assistentes, a bandeira Argentina que cobria a<br />
placa, depois de haver o Sr. Octávio Pinto, Secretá-<br />
rio da Embaixada Argentina, lido o bélo trecho de<br />
Rodrigo Octávio, acima transcrito.<br />
Em seguida o ilustre poeta que é o Sr. José M. Car-<br />
bonel, Ministro de Cuba, íeu um magnifico soneto<br />
allusivo á cerimonia.<br />
Encerrando esta hora espiritual na Embaixada, falou<br />
o Ministro Rodrigo Octávio, dizendo que o fazia em<br />
nome da brasilidade do velho coqueiro. Tendo provo-<br />
cado aquela festa, por o ter feito viver no prefácio<br />
do Facundo, sentia-se feliz em ver a esguia palmeira<br />
brasileira constituindo hoje um élo de amizade brasi-<br />
leiro-argentina, cada vez mais solidificada pela óbra<br />
constructiva do eminente Embaixador Cárcano.<br />
As gravuras que reproduzimos neste numero ilustram<br />
essa magnifica fésta.<br />
O coqueiro do Embaixada Argentina,<br />
testemunha de alguns séculos<br />
do evolução carioca.
Henrique Berna rdelli,<br />
oleo de Sarah Villeia de Figueiredo.<br />
DE MEZ A MEZ<br />
A REABERTURA DO CONGRESSO NACIONAL<br />
E' natural que os acontecimentos políticos tenham<br />
tido primasia sebre todos os demais, no periodo de<br />
abri! a maio.<br />
Em abril principiaram a chegar é Capital Federal os<br />
deputados dos diversos Estados da Federação, para<br />
as sessões preparatórias da Camara e do Senado da<br />
Republica.<br />
Jó encontraram aqui as noticias sobre o accordo em<br />
Torno do uma trégua politica, entre o governo e a<br />
opposição, dada a delicadeza da situação que não<br />
se <strong>com</strong>padecia, de maneira alguma, <strong>com</strong> os debates<br />
acaloiados o a effervescencia partidaria.<br />
O Congresso Nacional abriu-se assim, num ambiente<br />
de gerai espectativa.<br />
AS ALTERAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO<br />
MUNICIPAL<br />
Com o afastamento do Dr. Pedro Ernesto da chefia<br />
do Lxecutivo Municipal, assumiu as funeções de Pre-<br />
feito o Padre Olympio de Mollo.<br />
O secretariado rambern soffreu profunda modificação,<br />
pois do todos os titulares do governo do Dr. Pedro<br />
Ernesto, ficaram sómente os Srs. Francisco Campos,<br />
secretario da Educação e Mario Machado, secretario<br />
da Viação e Obras Publicas.<br />
São os seguintes os demais secretários: Interior, Mi-<br />
randa Valverde; Finanças, Ivan Pessoa; Assistência e<br />
Saúde, Irineu Malagueta.<br />
Houve diversas modificações noutros sectores da ad<br />
ministração municipal.<br />
UM GOLPE NA JOGATINA<br />
Um dos primeiros actos do novo governo municipal<br />
que tiveram maior repercussão na vida da Capital<br />
Federa», foi a ordem de fechamento das casas de jogo<br />
que funccionavam no centro urbano e immediações.<br />
De um momento para outro, cerraram as suas portas<br />
umas quinze casas de jogos os mais diversos, desde<br />
os grandes ciubs. até os boliches, patim-ball e outros<br />
centros de diversões e apostas.<br />
Continuaram funccionando os grandes casinos, que se<br />
encontram na zona balnearia.<br />
Dr. Herbert Moses, Presidente da A. B. I.<br />
N O B R A S I L<br />
NOTAS LITERARIAS E ARTÍSTICAS<br />
O mez passado foi particularmente fértil em novida-<br />
des literarias. Deram-se tres eleições para as vagas da<br />
Academia Brasileira. Sómente duas destas se decidi-<br />
ram. Para a cadeira de Coelho Notto, foi eleito o<br />
Sr. João Neves da Fontoura. Para a vaga de Felix<br />
Pacheco, foi escolhido o Sr. Pedro Calmon. Ambos<br />
são deputados e pertencem á minoria parlamentar.<br />
O pleito para preenchimento da vaga de Gregorio<br />
da Fonseca não deu maioria absoluta a nenhum dos<br />
candidatos, ficando, portanto, transferido.<br />
Faileceu o velho pintor brasileiro, Henrique Bernar-<br />
deili, uma grande figura de artista, aureolada por<br />
notáveis triurnphcs.<br />
Outra morte, que causou profundo pesar nos meios<br />
intellectuaes do Brasil, foi a do poeta Mario de Lima,<br />
que, por varias vezes, exerceu a presidencia da Aca-<br />
demia Mineira de Letras.<br />
NAVEGAÇÃO AEREA E MARÍTIMA<br />
Dois acontecimentos <strong>com</strong>pletamente diversos que tive-<br />
ram alguns pontos de contacto: a visita do "Hinden-<br />
burg" e a chegada do M Suomen juotsen". O primeiro<br />
é a ultima palavra em navegação aerea. O segundo<br />
é um velleiro finlandez, um maravilhoso barco <strong>com</strong><br />
feição antiga, mas servido por todos os recursos da<br />
moderna technica de navegação maritima. Estiveram<br />
quasi ao mesmo tempo. O primeiro, sahindo do Rio,<br />
teve que vencer um pavoroso temporal, mas prose-<br />
guiu, brilhantemente, a sua rota para Friedrischaffen.<br />
O segundo, que conduz a bordo, uma exposição de<br />
productos Tinlandezes. foi igualmente apanhado por<br />
um temporal, á sahida da barra do Rio de Janeiro,<br />
tendo que regressar a nosso porto, trazido pelos re-<br />
bocadores brasileiros, depois de uma emocionante luta<br />
contra o mar.<br />
O FUNDADOR DO ROTARY CLUB ENTRE NÓS<br />
O Rio de Janeiro hospedou, por alguns dias, um dos<br />
grandes obreiros da fraternidade mundial, o Sr. Paul<br />
Harris, fundador do Rotary Club, uma das associa-<br />
ções internacionaes de maior vitalidade e projecção.<br />
Viajando pela America do Sul. onde a sua obra en-<br />
Suomen Justsen, o veleiro finlandez<br />
controu um ambiente tão propicio á sua expansão e<br />
desenvolvimento, o Sr. Pau! Harris realizou aqui al-<br />
gumas conferoncias e foi alvo de carinhosas home-<br />
nagens, por parte dos rotarianos brasileiros.<br />
UMA CONQUISTA DA NOSSA IMPRENSA<br />
O governo federal teve um acto felicíssimo quando,<br />
attendendo finaimente, aos insistentes reclamos de<br />
toda a imprensa do paiz e 6 infatigavel campanha da<br />
A. 3. I., resoiveu conceder isenção de direito para o<br />
pape) importado pelas empresas jornalisticas. Querendo<br />
dar uma expressão mais significativa a este acto, que<br />
representa uma homenagem á mais poderosa instituição<br />
da cultura e da educação brasileira, o governo da<br />
Republica assignou-o no dia 7 de abril, data <strong>com</strong>me-<br />
morative do 28° anniversario da Associação Brasileira<br />
de Imprensa.<br />
Representa uma grande victoria do jornalismo brasi-<br />
leiro, além de um triumpho pessoal do Sr. Herbert<br />
Moses, piesider.te daquella associação que puzera<br />
toda a sua dedicação e habilidade a serviço dessa<br />
causa.
O PACTO FRANCO-RUSSO - Foi ratificado<br />
o Tratado íranco-sovietico. O ministro<br />
Boncour, que se vê aqui na tribuna,<br />
falou no Senado defendendo o espirito<br />
desse tratado que serviu de pretexto a<br />
Hitler para denunciar o Pacto de Locarno.<br />
OS GRANDES ESTADISTAS - Eis 1res figuras proeminentes da politica internacional.<br />
A contar da esquerda: Tewfik Pachá,ministro do Exterior, da Turquia,<br />
Sr. Augusto Barcia, chancelier hespanhcl, e Dr. Monck, primeiro ministro<br />
da Dinamarca. Representam seus paizes no Conselho da Liga das Nações.<br />
<strong>MAIO</strong> DE <strong>1936</strong><br />
TH^UÏÈKM<br />
HEROE DOS ARES-O aviador Tommy<br />
Rose, que realisou a travessia Inglalerra-Africa<br />
do Sul, em 3 dias e 17<br />
horas, arrebatando o «record» detido<br />
por Amy Mollison. A taça que Tommy<br />
empunha, sorridente, foi-lhe dada por<br />
sua extraordinaria façanha.<br />
OS NOVOS TRANSATLANTICOS<br />
O transatlantic© inglez «Queen Mary»,<br />
a ser lançado ao mar, agora, quando<br />
recebia em Clydebank, Escócia, as<br />
ultimas pinturas. A partida do colosso<br />
dos mares dar-se-á em Southampton.
ILI JSTRAÇAO BRASILEIRA<br />
0 ~fKlUíd(y MARAVILHAS<br />
m<br />
CN NE PASSERA PAS... — Um instantaneo do movimento<br />
de trepas írancezas na Lorena, perto de<br />
Metz, Jogo após a remililarização da Rhenania. A<br />
direita, soldados transportando uma peça de artilharia<br />
ligeira e seguidos de um artilheiro mascarado.<br />
O «DUCE» AUSTRÍACO NA ITALIA Por<br />
occasião da recente visita do principe de<br />
Starhemberg, foi-lhe dada opportunidade<br />
na Praça de Siena (Roma), de passar em revista<br />
o famoso Reg. «Julio Cesar», uma das<br />
melhores organisações militares da Italia. O<br />
principe é o que presta continência, á direita.<br />
DA ENGENHARIA -<br />
Proseguem os trabalhos de construcção<br />
de uma vasla usina de energia eleclrica<br />
em Seattle (E. U.). Os serviços são feitos<br />
sem interrupção de um minuto. A noite, a<br />
luz do Sol é substiiuida por intensa projecção<br />
de possantes lampadas electricas.<br />
A INAUGURAÇÃO DAS OLYMPIADAS<br />
Flagrante da abertura dos jogos olym-<br />
DÍCOS, — sports. de inverno — em Garmisch<br />
Allemanha). Á direita, em pé, o Führer,<br />
rodeado de seus secretários de Estado.
Concluímos, hoje, a publicação do<br />
esplendido trabalho do professor<br />
Laudelino Freire — " Regras Pralicas<br />
para bem escrever". Estudo inédito,<br />
destinado aos que se servem conti-<br />
nuamente da palavra escripta, o tra-<br />
balho do grande philologo patricio<br />
obteve o êxito que esperavamos,<br />
alcançando notável repercussão<br />
entre todos o3 que se interessam<br />
pela pureza do nosso idioma.<br />
L X E' indiferente empregar ate o ou até ao.<br />
Tanto vale dizer — Vou até a cidade, <strong>com</strong>o até à<br />
cidade, vou até o jardim, ou até ao jardim.<br />
Embora seja em gerai indiferente associar ou não as<br />
preposições, casos há em que se impõe a associação.<br />
Quando se usa de até antes de nome precedido do<br />
art. o, nao raro fica confuso o sentido, segundo se<br />
vê neste exemplo: "Percoiremos até o campo '. Fica-<br />
so na dúvida se o percurso chegou até ao campo, o;:<br />
se foi também percorrido o ccmpo.<br />
L X I No construir a frase proferir a ordem inversa á<br />
direta, sempre que a isto se não oponha a cla-<br />
reza, ou harmonia.<br />
O péssimo de todos os galicismos, o mais freqüente,<br />
o que vai tar.to de foz em fora, que nem nos arris-<br />
camos a futurar se haverá diligências que lhe tenham<br />
mãe, ò o galicismo da construção e contextura do<br />
período.<br />
Uma diferença característica dos períodos, francês e<br />
português, ó esta: que o francês se adstringe. quasi<br />
sem exceção, á chamada ordem gramatical, colocan-<br />
do primeiro o sujeito, depois o verbo, por ultimo o<br />
<strong>com</strong>plemento, quer êste seja atributivo, quer objetivo;<br />
isto é, ou designe predicado ou paciente, segundo a<br />
natureza neutra ou transitiva do mesmo verbo. O<br />
portüguês quanro mais genuino, tanto mais propende<br />
para pór primeiro o verbo, e depois o seu agente; e<br />
se constantemente o não faz, é porque algumas vêzes<br />
lho embarga a suprema loi da clareza, outras a da<br />
harmonia.<br />
Assim, quando o francês diz: Le roi était a cette<br />
époque à Versaiiles; o português traduz: Estove el-rei<br />
naquelle iempo em Versalhes.<br />
'II le pria de 1'ecouter. Pediu-lhe ele que o ouvisse,<br />
ou pediu-lhe o ouvisse."<br />
"Cette invention a été une dos pius avantageuses. Fo»<br />
este invento um dos mais prestadios; ou. foi este um<br />
dos mais prestadios inventos; ou, dos inventos mais<br />
prestadios um foi êste: ou. .nvento foi êste dos mais<br />
prestadios."<br />
Para êste caso ainda haveria mais variantes, desenga-<br />
nadamente preferíveis, por parte da vernaculidado,<br />
àquela forasteira construção.<br />
Assim <strong>com</strong>o acabamos de ver que o nosso uso prefe-<br />
re a anleposição do verbo ao sujeito, assim se pode<br />
observar que também o <strong>com</strong>plemento do verbo su<br />
lhe antepõo <strong>com</strong> muito acêrto; e para não irmos tra-<br />
zer os exemplos de mais longe, aí vão alternadas<br />
frases da oração dominical numa e noutra língua:<br />
Que votre nom soit sanctifié: sujeito, verbo, atributo.<br />
Santificado seja o vosso nome: atributo, verbo, sujeito.<br />
Que votre régne arrive: sujeito, verbo. Venha a nós o<br />
vosso reino: verbe. sujeito.<br />
Que votre volonté soit faite sur la terre <strong>com</strong>me aux<br />
cieux: sujeito, verbo, <strong>com</strong>plemento atributivo. Seja fei-<br />
ta a vossa vontade assim na terra <strong>com</strong>o no céu: ver-<br />
bo, <strong>com</strong>plemento atributivo, sujeito.<br />
Donnez-nous aujourd'hui notre pain quotidien: verbo,<br />
<strong>com</strong>plemento objetivo. O pão nosso de cada dia nos<br />
dai hoje: <strong>com</strong>plemento objetivo, verbo. — (Arquivo<br />
Pitoresco. II, 10).<br />
LXII Quando a frase se inicia pe!o <strong>com</strong>plemento<br />
direto, Indireto ou predicativo, cumpre relembrá-<br />
los <strong>com</strong> o pronome oblíquo correspondente.<br />
Ex: — Arquiteio do mosteir© do Santa Maria já o<br />
não sou; sabedor nunca o fui M . (Herculano).<br />
êste modo de escrever imprime á frase relêvo, for-<br />
ça, elegância e c'areza. Há quem por preguiça, des-<br />
caso, ou por entender que é dispensável o reforço,<br />
omita o pionome, adverte Silva Ramos; a gramática<br />
restrita poderá consentir na omissão, mas o relêvo da<br />
frase muito deixa que desejar.<br />
Tome-se o seguinte período de Vieira: 'Os dias so-<br />
ma-os a vida, diminue-os a morte, e multiplica-os a<br />
ressurreição" — e veja-se <strong>com</strong>o ficaria construído se<br />
o grande serrnonista, senhor de todos os segredos<br />
da -íngua, não houvesse relembrado <strong>com</strong> a variação os<br />
o <strong>com</strong>plemento direto das três orações: O periodo<br />
r.ão poderia manter a ordem inversa em que está<br />
vernàculíssirnamente oscrito, perderia a clareza, tor-<br />
nar-se-ia deselegante, e sem força expressiva. — O<br />
conhecido texto de Rodrigues Lobo: "Ao pobre não<br />
lhe devo; ao rico não lhe peço", mostra que, no caso<br />
em que a frase <strong>com</strong>eça peio <strong>com</strong>plemento indireto,<br />
não se deve deixar de adotar a mesma sintaxe. Em<br />
exemplos semelhantes, quando no <strong>com</strong>êço da oração<br />
vem o <strong>com</strong>plemento indireto sem preposição, é êsse<br />
<strong>com</strong>plemento representado pe!a variação pronominal<br />
posta junto ao verbo; ex.: "O (ao) filho não lhe fal-<br />
tam noivas". (Camilo: O sangue, 2. ; ' ed., 84). Ocor-<br />
re aí o desvio da sintaxe, que é o que caracteriza o<br />
anacoiuto, construção que se inicia de um modo e<br />
logo toma outro modo ou direção, denotando certa<br />
inconseqüência ou discordância entre o <strong>com</strong>êço e o<br />
fim da proposição, segundo se observa nestas cita-<br />
ções, além da de Camilo: "Bartolomeu (a) andava-<br />
lhe já a cabeça à roda, e fugia-lhe o lume dos olhos."<br />
(Herculano: Lendas e Narrativas, 3. a ed., 254). — "O<br />
Duque, vendo sua filha morta, nenhuma paciência lhe<br />
bastava pa^a poder temperar a sua pena". (Ap. Fatos<br />
da Ling., de M. Barreto). — "Um deles meteu-se-lhe<br />
na cabeça ir a Coimbra estudar para doutor". (Ca-<br />
milo, ibid.).<br />
L X I I I Substituir o possessivo pelo dativo do prono-<br />
me pessoal correspondente.<br />
Ex: "Cortou-me o braço (e não o meu braço) — Ou-<br />
viu-se-lhe a vez (e não a sua voz) — Se não me fôs-<br />
seis amigo (e não meu amigo) — Vejo-te o coração<br />
(e não o teu coração). — Não lhe sou tutor (e não<br />
o seu tutor).<br />
L X I V Preferir o mais-que-perfeito-simples ao uso re-<br />
petido dos auxiliares.<br />
Não se inculca aqui a <strong>com</strong>pleta proscrição das for-<br />
mas auxiliares, convenientes ás vêzes á mais adequada<br />
expressão do pensamento; o que se quer é que o es-<br />
crito: não as empregue abusivamente, nem delas faça<br />
uso sistemático <strong>com</strong> preterição da forma do mais-que-<br />
perfeilo-simples, ou ainda do pretérito-perfeito, que<br />
<strong>com</strong>unicam ao dizer mais perspicüidade. concisão e<br />
elegância.<br />
As formas — tinha feito, tinha dito, tinham afirmado,<br />
tínhamos concluído, etc, devem ser substituídas pelas<br />
fizera, dissera, afirmaram, concluíramos.<br />
L X V Aos verbos do regência diversa, que na frase<br />
se sucedem, deve dar-se a cada um a regência<br />
que lhe é própria.<br />
Segundo êste proceito, não serão corretas as frases:<br />
Recebi e respondo a sua carta" — "Assisti e elogiei<br />
a festa" — "Era a viigom que escutara e deferira<br />
a súplica ardente".<br />
Correto será construí-las dando a cada a sua verda-<br />
deira regência: "Recebi sua carta e respondo a ela"<br />
— "Assisti â festa e elogiei-a" — "Era a virgem que<br />
escutara a súplica e deferira a ela".<br />
"Houve muitos homens que desprezaram o mundo e<br />
fugiram déie". Não seria certo escrever: "Houve mui-<br />
tos homens que desprezaram e fugiram do mundo".<br />
LXVI Evitar reger os verbos <strong>com</strong> a partícula <strong>com</strong>o<br />
dando a esta partícula a função prepositiva, <strong>com</strong><br />
a significação de pôr.<br />
Não raro o uso do <strong>com</strong>o fore o ouvido <strong>com</strong> intolerá-<br />
veis cacofonias. Devo dizer-se Tinha por hábito" e<br />
não <strong>com</strong>o hábito — Tomou-me por seu advogado, e<br />
não <strong>com</strong>o seu advogado."<br />
Ex: "E! rei D. João o escolheu por seu pregador". —<br />
"El rei o nomeava por mestre todas as vêzes que lhe<br />
escrevia ou falava". (Sousa). — "E escolheram por mi-<br />
nistro..." — "não se tinha por águia" (Vieira) —<br />
"e o propôs por exemplar de todas as virtudes" (Ber-<br />
nardes).<br />
LXVII Quando na oração houver outro <strong>com</strong>ple-<br />
mento regido da prep. a. não se deve esta jun-<br />
tar ao objetivo.<br />
Assim disse Camões: "Tirar Inês ao mundo determina".<br />
Em virtude desta regra está defeituoso êste período:<br />
"Amarrava a uns aos pés dos altares, a outros aos ins-<br />
trumentos de agricultura, a outros á cauda de seus<br />
cavalos de guerra" |Ap. L. Pereira).<br />
LXVI II Não deve reger-se de preposição o <strong>com</strong>ple-<br />
mento direto, por ser êste regido e governado<br />
diretamente pelo verbo.<br />
Ensina Leopoldo Pereira: "Muito erra o vulgo contra<br />
esta regra: assim na oração — "peço-te para não te<br />
retirares hoje" — há um grave solecismo. Pedir é<br />
verbo transitivo relativo, tem dois <strong>com</strong>plementos (pe-<br />
dir alguma coisa a alguém). Ora na oração acima o<br />
pronome te é o <strong>com</strong>plemento terminativo, e o <strong>com</strong>-<br />
plemento diroto é a oração de retirares: fica ali mal<br />
a prep. para regendo um <strong>com</strong>plemento objetivo. Cor-<br />
retamente se dirá: — "peço-te que não te retires<br />
hoje".<br />
LXIX E érro empregar o simples adv. através em lu-<br />
gar da loc. prepositiva através de.<br />
Não deve dizer-se: "através o século — através a<br />
multidão, — através os ouvidos", e sim — através do<br />
século, etc.<br />
t' de rigor o emprego da prep. de depois de através,<br />
salvo o caso em que através é mero adverbio. Tome-<br />
se êste exemplo: "Passou através do muro para cortá-<br />
lo através". Há aqui a loc. prepositiva através de, na<br />
qual se não pode precindir a partícula de, e há o<br />
adverbio através, significando de lado a lado, trans-<br />
versalmente.<br />
L X X Evitar a forma passiva dos verbos que na ativa<br />
não <strong>com</strong>portam objeto direto.<br />
Não é correto escrever: "A festa foi assistida por<br />
pessoas gradas", e sim "A' festa assistiram pessoas<br />
gradas". — "A cátedra foi aspirada por vários dou-<br />
tores" o sim A' cátedra aspiraram vários doutores"<br />
— "O chamado foi atendido pelo médico", e sim<br />
"Ao chamado atendeu o médico".<br />
LXXI Reger de preferência os participios passa-<br />
dos cem a prep. de em iugar de por.
S À O P A U L O<br />
P K K ii A \ i> o<br />
AS K PISTOL AS<br />
Os brasiieiros não figuram air-<br />
da em grande numero na cate-<br />
goria de colleccionadores de<br />
obras de arte. A collecção reu-<br />
nida pela fina intelligencia do Dr.<br />
Dejalma Touse Hermes é uos<br />
melhores que possuímos. Espe-<br />
cialisada nas obras de arte bra-<br />
sileira encerra algumas precio-<br />
sidades a magnifica cabeça de<br />
S. Paulo, que reproduzimos, será<br />
para muitos uma revellação. E'<br />
obra de Décio Pillares, mais<br />
conhecido <strong>com</strong>o pintor. A ener-<br />
gia do modelado, o vigor da<br />
synthese e expressão, attestam<br />
as suas raras qualidades de ar-<br />
tista e fazem dessa esculptura<br />
uma bella obra de arte.<br />
Vejam-se estes exemplos, dignos de imitação, tirados<br />
de Vieira:<br />
E que sobre mirrados... ainda se vejam pisados e per-<br />
seguidos dos homens" — mirrados da fome e da do-<br />
ença — casas... habitadas de Egípicios, outras habi-<br />
tadas de Hebreus — fulminado da mão do Senhor,<br />
cái do cavaio — mordido das serpentes no deserto<br />
— a barca de S. Pedro no mar das Tiberíades derro-<br />
tada da fúria dos ventos, e quási sossobrada do peso<br />
das or.das — ele foi ferido e morto de uma seta per-<br />
dida — e nenhum ofendido do outro".<br />
"Cativado eu do muito saber e substancia déste li-<br />
vro" (Castilho) — ''conhecido de alguns transeuntes<br />
*oi rodeado do povo M (Camilo) — "tentado do or-<br />
gulho de levantar uma ponta do véu M (Rebelo da<br />
Silva) — "ajudado de tropas avançava" (Herculano)<br />
— "Um morreu abrasado do fogo, outro cortado do<br />
ferro" (Ad. de Freitas).<br />
LXXII Deve evitar-se a sucessão imediata de vo-<br />
gais ou consoantes, que se choquem, e formem<br />
dicção extravagante, ridícula ou obscena.<br />
Afeiam e enfraquecem o estilo os hiatos, colisões, ca-<br />
cófatos, ou repetição dos mesmos sons, ou sons simil-<br />
cadentes. de que se dão estas amostras:<br />
"Todo romano ilustro ia a Atenas — O avô ouviu<br />
o griio do neto — A fé é eterna — Lilia ia sosinha<br />
— O homem mente — A infame morte — Numa vi-<br />
tória tão afortunada nada há que não mereça admi-<br />
ração — A agreste terra — Formosíssima Maria"...<br />
Depois de referir-se és três sortes de cacofonia — de<br />
torpeza, de imundície, ou de simples desagrado, pas-<br />
sa Castilho a individuá-las. Ocorre a de torpeza<br />
"quando as extromidades convizinhas de duas pala-<br />
vras produzem um vocábulo indecente"; a segunda<br />
especie "quando de igual reunião provém têrmo re-<br />
pugnante em conversação de pessoas delicadas: —<br />
"Em Meca cada quai se apresentava" —; o será ainda<br />
vício deste gênero o só fazer lembrar palavra inde-<br />
corosa: "Tens-me já dado amor bastante".<br />
O desagrado cacofônico pode ser ainda de dois mo-<br />
dos: ou quando da continuidade de dois têrmos se<br />
forma um terceiro e bem perceptível, sobretudo se a<br />
sua significação é desagradavel ou baixa, <strong>com</strong>o: "Mas<br />
morra enfim ás mãos da bruta gente —, ou mesmo<br />
quando, sem formar vocábulo algum, dá <strong>com</strong>binação<br />
pouco bela: "Vendo a sua ré linda el rei perdoa".<br />
L X X I I I Não construir a frase de modo que se use<br />
do gerúndio onde devera usar-se do adjetivo qua-<br />
lificativo, ou oração adjetiva.<br />
Não deve dizer-se, por incorreto: "A loi prohibindo<br />
o contrabando e indispensável", e sim: "A lei prohi-<br />
bitiva do contrabando, ou que proíbe o contrabando é<br />
indispensável" (Consultar M. Barreto, Novos Estudos,<br />
p. 349).<br />
L X X I V b" de bom estilo reforçar o pronome objeto<br />
<strong>com</strong> o pronome ablíquo correspondente, ou ain-<br />
da <strong>com</strong> o pronome ele, precedidos um e outro<br />
da prep. a.<br />
Ex: "Mato-me a mim — Aconselhei-o a ele — Nun-<br />
ca se lhe deparou a ele".<br />
Estas formas preposicíonadas e expletivas vigorizam<br />
a frase, tornando-a clara e incisiva. Vieira, Rui e Her-<br />
culano empregam-nas <strong>com</strong> frequência.<br />
"O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o<br />
picaram a ele", dizia Vieira.
C O L L E G I O S<br />
M I L I T A R E S<br />
As grandes desgraças, tocando fundamente os cora-<br />
ções, despertam sentimentos generosos nas collectivi-<br />
dades congregando-as em torno de idéas nobres que<br />
vão produzir obras meritórias e duradouras. Os Col-<br />
leg ; os Militares constituem uma destas obras, conse-<br />
quência remota que veio a ser da Guerra do Para-<br />
auay.<br />
A desolação que tal lucta produziu na familia brasi-<br />
leira, gerou um movimento nacional em favor dos que<br />
se invalidavam no serviço da Patria, <strong>com</strong> uma grande<br />
subscrioção nacional que, sob o patrocínio da Asso-<br />
ciação Commercial, correu todo o Brasil e se desti-<br />
nava a manutenção d'um Asylo de Inválidos da Pa-<br />
tria. E, caso o governo o creasse, á fundação d um<br />
instituto ao ensino onde se educassem gratuitamente<br />
os fiihos dos que tombassem ou se invalidassem na<br />
defesa do torrão natal.<br />
Tomando o governo a seu cargo aquelle Asylo, resta-<br />
va a segunda nypothese, a qual, atravessou diversos<br />
governos, sem qualquer tentativa de emprehendimento<br />
e foi encontrar seu realisador na pessoa do Conse-<br />
lheiro Thomaz José Coelho de Almeida.<br />
GENESE<br />
No inicio do anno de 1888 lançou aquelle esclarecido<br />
estadista sua idéa, encarregando da redacção do res-<br />
pectivo piano ao seu prestimoso amigo, Dr. José de<br />
Nápoles Telles de Menezes, — engenheiro civil que<br />
regressara da guerra <strong>com</strong> as honras de Tenente Coro-<br />
nel, — o quai inspirou-se no regulamento do Prytanée<br />
Militaire de ia F!êche, donde tirou inclusive a deno-<br />
Pateo Thornaz Coelho e pavilhão central<br />
do Collegio Militar desta Capital.<br />
» •<br />
MAJOR JOSÉ FAUSTINO FILHO<br />
Do Estado Maior do Exercito<br />
minação proposta de Prytaneu<br />
Militar, que foi trocada pelo<br />
Imperador para a de Imperia'<br />
Collegio Militar. O monarcha<br />
discordou egualmente da indi-<br />
cação do illuslre engenheiro,<br />
para ser seu primeiro <strong>com</strong>man-<br />
dante, por saber de suas idéas<br />
republicanas.<br />
Outro ardoroso propugnador de<br />
creação do novel instituto foi o então Major Antonio<br />
Ernesto Gomes Carneiro; a elle coube, após ingentes<br />
pesquizas, levar o Ministro, do cujo gabinete fazia<br />
parte, á visitar o cognominado "Palacete da Babylo-<br />
nia", que vem a ser adquirido ao Barão de Itacurus-<br />
sá pela quantia de 220 contos, pagos em apólices da<br />
divida publica.<br />
OBRIGATORIEDADE DA PROFISSÃO MILITAR<br />
O primitivo regulamento. — Dec. 10.202 de 9-III-I889.<br />
— estabelecendo a clausula da gratuitidade da ma-<br />
tricula aos filhos dos officiaes, impunha a condição,<br />
aos que terminassem o curso, de seguirem a carreira<br />
militar; o que foi mantido por muito tempo, para fi-<br />
nalmente deixar-se a futura profissão á livre escolha<br />
do alumno.<br />
Este é o verdadeiro critério, pois não se justifica,<br />
pagar-se ao filho a divida que se roconhece contra-<br />
hida <strong>com</strong> o pae, impondo-se, á creanças. a clausula<br />
d'uma indemnisação quo poderá de futuro importar-<br />
lhe no permanente sacrifício da contrariedade de pen-<br />
<strong>MAIO</strong> DE <strong>1936</strong><br />
Avenida 1° de Junho, consagrada á data da<br />
inauguração do Collegio Militar do Ceará.<br />
dores esoirituaos por outra carreira, onde melhor ser-<br />
viria ao paiz.<br />
Vae caber, é certo: aos seus dirigentes, a nobilitant^<br />
o delicada funccão de despertar nos espíritos ainda<br />
tímidos o enthusiasmo nela vida militar; avivando os<br />
arroubos d alma, as tendencias o inclinações, logo que<br />
revelem.<br />
Taes educadores devem ter hem presente as obser-<br />
varões feitas por Guilherme I ao da consti-<br />
tuição militar da Confederação Allemã. onde diz aue<br />
"os deveres do offi^ia! são penoso* e semente os<br />
hem cumnrir acnelles oue deHir*ram á r^Teln<br />
oor vocação ou foram educados desde a sua infância<br />
para exercel-a". "Por isso, nroseque o orando Gene-<br />
ral. é de summo interesse que continuem a existir es-<br />
tabelecimentos onde os asoirantes á carreira mili+*r<br />
se habituem desde a mais tenra edade á severa dís-<br />
riolina, á ordem, as privações e á obediencia que seu<br />
futuro estado lhes imporá, oara poderem dar bons<br />
exemplos aos seus su balte rnos<br />
OS TRABALHOS PRÁTICOS<br />
Pondo de parte a instrucção militar, queremos salientar<br />
a orientação pratica que, <strong>com</strong> o mais <strong>com</strong>pleto<br />
êxito, sempie se deu, nos Collegios Militares, ao<br />
estudo das sciencias.<br />
As visitas ao Museu Nacional, Jardim Zoologico, Jardim<br />
Botânico e Hortos Florestaes, já se tornaram tradicionaes.<br />
O Capitão de Fragata Themistocles Savio dava proveitosos<br />
ensinamentos de Geographia do Alto do Corcovado.<br />
Em 1905 o Capitão Pereira de Mello levou<br />
a turma de Historia Natural á assistir a abertura do<br />
tunnel do Leme, donde trouxe os preciosos exemplares<br />
de graphiío que enriquecem o Museu do Collegio<br />
do Rio e que mereceu a especial visita do Dr. Costa<br />
Senna, Director da Escola de Ouro Preto. O primeiro<br />
levantamento topographico da iiha de Paquetá foi<br />
feito em 1900 pelos alumnos do professor Bello Lisboa.<br />
Desde o apparecimento do hoje afamado methodo<br />
Berlitz, para aprendizagem pratica das linguas,<br />
que o Collegio o adoptou, ao par do ensino theorico.<br />
"A ASPIRAÇÃO" E A "LITTERARIA"<br />
O cultivo do vernáculo e o acendrado amor ás let-<br />
tras poz á prova o enthusiasmo e a persistência de<br />
tres dos melhores alumnos de então, Armando Fer-<br />
reira, Daltro Santos e Graça Couto, os dois últimos<br />
hoje iliustres professores; ao pugnarem pela fundação<br />
d'uma revista onde cultivassem as sciencias e a litte-<br />
ratura, luctando inclusive contra a pirronica prescri-<br />
pção do art. 42 do regulamento de I892, que veda-<br />
va aos alumnos occuparem-se <strong>com</strong> a redacção de<br />
periodicos. Dizem as suas boas intenções, do instru-<br />
mento poderoso que seria uma publicação onde so-<br />
mente se pregasse amor aos mestres, estimulo aos es-<br />
tudos, cuito ao civismo, respeito á ordem e á disci-<br />
plina; e acabam vencedores, dando por terra <strong>com</strong> a<br />
*nachronica disposição regulamentar.<br />
Surgem então, aquelles magníficos apparelhos para<br />
desenvolvimento das actividades mentacs, que se cha-<br />
mam "Aspiração" no Coüegio do Rio e "Hiléia" no<br />
de Porto Alegre. Nestes Collegios, <strong>com</strong>o também no<br />
do Ceará, existem as Sociedades Litterarias que tanto
ILLÜSTRAÇÃO BRASILEIRA<br />
concorrem para desenvolver o gosto pela linguagem<br />
fallada.<br />
Foi r.a 'Aspiração" e na "Litteraria" que ensaiaram<br />
seus primeiros passos, nomes aureolados depois no<br />
jornalismo. Felix Pacheco o saudoso redactor do "Jor-<br />
nal do Commercio", Gastão Penalva o scintillante<br />
chronista do "Jornal do Brasil", Carivaldo Lima, o<br />
talentoso secretario da "A Tribuna", Luiz Sucupira o<br />
operoso e vibrante redactor-chete do "S. Paulo-lm-<br />
parciai" e Luiz Amaral França que deixou tradição<br />
de hon^adês e civismo na imprensa carioca.<br />
POSTOS Dc DESTAQUES<br />
Não só no jornalismo, <strong>com</strong>o em todas as demais pro-<br />
fissões, oncontram-se occupando postos do destaque<br />
ex-alumnos dos Collegios Militares. Ministros de Esta-<br />
do já tivemos FeÜx Pacheco e Oswaldo Aranha. Na<br />
magistratura, o saudoso Eurico Cruz brilhou <strong>com</strong>o es-<br />
treila de primeira grandeza, e só não attingiu a Su-<br />
prema Corte pela sua morto prematura. Seguem-lhe<br />
as pogadas Edgard Ribas Carneiro e Frederico Sus-<br />
sekind.<br />
No Magisierio tornaram-se notáveis pelo sabor e do-<br />
tes de espirito, Mario Barreto, Daltro Santos. Graça<br />
Couto, Milton Cruz, Sebastião Fontes, Fenelon Bo-<br />
miícar, Hermenegildo Porto Carrero, Alonso de Oli-<br />
veira, Alexandre Barroto Filho, Décio Coutinho, Djal-<br />
ma Régis Bittencourt e Ruy de Lima e Silva, o mais<br />
jovem e operoso director que já teve a Escola Poly-<br />
rechnica e na magistratura militar: Ranulpho B:-cay-<br />
uva, Berredo Leal e Campos da Paz.<br />
São brilhantes Generaes de terra e mar José Pompeu<br />
Cavalcanti, Pedro de Alcantara Cavalcanti de Albu-<br />
querque e Amphiioquio dos Reis.<br />
Na Medicina gozam ae justa fama: Castro Araujo,<br />
Octávio Vianna, Emygdio Cabral. Roberto Freire, Ar-<br />
mando Alves da Rocha, Capanema de Sousa, Tarqui-<br />
no Lopes Filho. Victor Nunes Godinho, Paranhos Fon-<br />
tenelle, Jesuino de Albuquerque, Christino Cruz e<br />
Eduardo Sattamini.<br />
engenheiros de nomeada <strong>com</strong>o Coelho Rodrigues, Os-<br />
car Machado da Costa, Feliciano Sousa Aguiar, Firmo<br />
Dutra e Lino de Sá Pereira.<br />
Na Advocacia fulguram os talentos de Justo Mendes<br />
de Mo r aeS: Sylvio Rangel do Castro, Araujo Carva-<br />
lho, Bruno Mendonça Lima, Francisco Baldessarini,<br />
Tancredo Moita Albuquerque e Hermínio Duque Es-<br />
trada Costa.<br />
No Funccior.aiismo publico muito se distinguio o sau-<br />
doso Mario Gitahy de Alencastro e occupam alli po-<br />
sições de marcante relevo Manoel Paes de Oliveira,<br />
Bello Amorim, João de Oliveira Sá, Laudelino Tava-<br />
res, Giasdorino Cosra, Anacreonte Borba e Almerin-<br />
do de Moraes.<br />
No Commercio, Gastão Ferreira attingiu a culminân-<br />
cia de interessado na firma Paul Christoph.<br />
Na diplomacia, Edmundo Luz Pinto teve fulguração<br />
scintilante ainda agora quando do rpeente Congres-<br />
so de Paz de Buenos Ayres.<br />
EXAME DE MADUREZA<br />
Ao Coiiegio Militar cabe a primasia no regimen da<br />
revisão dos estudos de humanidades. Foi instituído<br />
pelo regulamento baixado <strong>com</strong> o Dec. 1.775-A de<br />
1894, que vigorou até 1898, <strong>com</strong> a denominação de<br />
Exame de madureze", o qual embora assaz <strong>com</strong>ba-<br />
Vista geral do Collegio Militar do Coará,<br />
tido pela imprensa, notadamente pelo "O Paiz", <strong>com</strong>-<br />
provou sua razão de ser e delle pouco differem os<br />
exarr.es vestibulares e cursos <strong>com</strong>plementares adopta-<br />
dos pc!a instrucção publica, <strong>com</strong>o admissão ás escolas<br />
superiores.<br />
INSTITUIÇÃO MODELO<br />
Um dos redactores do "Jor-<br />
nal do Commercio", dando<br />
con+a o'e sua minuciosa visi-<br />
ta, creou a denominação<br />
que se tornou tradicional,<br />
neste trecho da edição de<br />
23 de Dezembro de 1892:<br />
— "Resumindo a excellente<br />
impressão que tivemos, dire-<br />
mos mais uma vez, que o<br />
Collegio Militar é uma ins-<br />
tituição modelo e que entre<br />
nós não possuímos nenhuma<br />
egual".<br />
E <strong>com</strong>o modelo tem sido to-<br />
mado pelas auctoridades do<br />
ensino.<br />
O proprio Conselho Superior<br />
do Ensino diz, em seu officio<br />
n° 40, de 28-111-1921. ao Sr.<br />
M inistro da Justiça: "E* las-<br />
timável, por exemplo, que<br />
até hoje não se tenham con-<br />
Entrada principal do Collegio<br />
Militar do Rio do Janeiro.<br />
cluído as obras do edifício do Externato do Collogio<br />
Pedro II, e que o Internato desse estabelecimento<br />
ainda se resinta quasi das mesmas deficiências da sua<br />
installõção inicial no edifício em que funcciona, fazendo<br />
singular e significativo contraste <strong>com</strong> o modelar<br />
Collegio Militar desta Capital de creação muito mais<br />
recente".<br />
FINALIDADE NOBILITANTE<br />
O fim essencial dos Collegios Militares, sendo o de<br />
ministrar educação aos orphãos dos militares, é da<br />
mais alta nobresa por encerrar uma missão de amor<br />
e jusliça, qual seja a gratidão do Estado para <strong>com</strong><br />
seus servidores fallecidos.<br />
Tinha muila razão o Coronel Telles de Menezes quan*<br />
do propoz a denominação de Prytanéu para tal educandario.<br />
Prytonêj era o sábio areopago da velha<br />
Grécia onde tinham assento seus políticos e juristas.<br />
Nelle se abrigavam aquelles que eram sustentados<br />
polo thesouro em re<strong>com</strong>pensa aos serviços prestados<br />
á Patria.<br />
O noravel cabo de guerra que ascendeu ao throno<br />
da França <strong>com</strong> a denominação de Henrique IV foi<br />
quem deu a ta! premio a nobilitante finalidade da<br />
educação aos filhos dos servidores da Patria. Dahi<br />
o Collegio Luiz, o Grande, que na Republica tomou<br />
o nome de Prytanéu Francez e no IImpério o de<br />
Prytanéu Militar da Flexa; nome que foi dado ao estabelecimento<br />
hoje universalmente conhecido por Escola<br />
de Saint-Cyr. Foi ainda tangida por esta altiloquente<br />
ideia que Maria Thereza, a vehemente Rainha<br />
que defendeu <strong>com</strong> inabaiavel energia seus Estados,<br />
doou ó Áustria o collogio que tem o seu nome.
O Dr. Aderbal Novais, presidente do "Instituto de<br />
Aposentadoria e Pensões dos Bancarios" em seu<br />
gabinete de trabalho, ladeado pelo gerente e contador<br />
da instituição.<br />
Aspecto da Secretaria <strong>com</strong> todo o<br />
seu funcionalismo a postos.<br />
Seção de Contabilidade, uma das<br />
mais importantes do Instituto.<br />
Gabinete do diretor dos serviços<br />
medicos.<br />
Maio de <strong>1936</strong><br />
0 INSTITUTO DE APOSENTADORIA<br />
E P E N S Õ E S D O S B A N C A R I 0 S<br />
UMA MODELAR O R G A N I S A Ç A O DE<br />
P R E V I D Ê N C I A S O C I A L<br />
Dentre os organismos do providencia creados em virtude da legis-<br />
lação social vigente, nenhum supera em valor e eficiencia ao "Ins-<br />
tituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancarios".<br />
Contando pouco mais áe ano de existencia, já são notáveis os<br />
benefícios de toda ordem que vem prestando á classe, servindo<br />
<strong>com</strong>o um dos mais impressivos padrões da conquista social no Bra-<br />
sil. Dotado de uma organisação, em verdade modelo, o "Instituto<br />
dos Bancarios" ó uma das poucas instituições que entre nós den-<br />
tro de pequeno espaço de tempo atingiram a sua nobre finali-<br />
dade, sendo, assim, um conjunto admiravel de trabalho e pro-<br />
dução.<br />
Sob a atuai Presidoncia dum espirito esclarecido e operoso que<br />
é o Dr. Aderbai Carneiro de Novais, seu antigo Procurador que,<br />
neste posto, foi sem duvido o orientador técnico, criterioso e<br />
<strong>com</strong>petente, no periodo de sua organisação vae o Instituto al-<br />
cançando um glorioso destino, atravez de suas magnificas reali-<br />
sações.<br />
Além das aposentadorias e pensões, já concedidas em elevado numero, apesar do seu pouco<br />
tempo de funcionamento, somente no primeiro trimestre deste ano despendeu em auxilio rs.<br />
606:7ô6$700, discriminados da seguinte maneira : — Assistência Medica, Cirurciga e Hospi-<br />
talar, rs. 268:554$900; Aposentadorias por invalidez, rs. I8I:026$500: Auxilio-Maternidade, rs.<br />
61:85?$600 e Pensões, rs. 60:026$000.<br />
C ultimo exercício financeiro foi enr.orrado <strong>com</strong> um saído de rs. 17.342:400$200 que foi<br />
transferido para o Fundo de Garantia.<br />
É a única instituição existente no país que dá Internação Hospitalar, incluindo sala de ope-<br />
rações e material de curativos e socorros, c Auxilio-Maternidado, não sómente a bancaria<br />
<strong>com</strong>o também a esposa do bancario, sendo a sua assistência medica prestada em consultoric<br />
ou domicilio. Fornece ainda os elementos necessários ás elucidações de diagnósticos e ap<br />
cações physioterapicas, taes <strong>com</strong>o: Mecanoterapia, Eletroterapia, Radioterapia e Hidroterapia.<br />
Esse serviço nãc e apenas prestado aqui no Rio de Janeiro, mas em qualquer parte do terri-<br />
tório nacional onde o bancario necessite. Emfim. o bancario, em qualquer logar em que se<br />
encontre, recebe absoluta assistência medica, dado que o Instituto possue nas capitaes e em<br />
rodo e qualquer centro de atividade da classe, médicos contratados.<br />
Quan x o a Aposentadorias por invalidez, o instituto socorre a 155 associados, <strong>com</strong> os quaes<br />
despende mensalmente r s. 77:067$500 e <strong>com</strong> referencia ás Pensões paga 54 herdeiros a im-<br />
portância mensal de rs. 16:632$200.<br />
Como realisação de sua atual Presidencia, dentro do breves oias serão inaugurados dois in-<br />
estimáveis serviços: o Ambulatorio, dispondo de moderno e aperfeiçoado material medico e<br />
cirúrgico, a cargo de nabeis profissionais e a Carteira de Empréstimos, antiga e merecida as-<br />
piração da classe, destinada a exercer função da maior significação aos interesses dos ban-<br />
carios brasileiros.<br />
essa, em síntese, o conjunto das atividades do Instituto que integra tão admiravelmente a<br />
visão panoramica do Brasil sociai contemporâneo para o qual tanto contribuiu <strong>com</strong> sua inte-<br />
ligência e dedicação, quando antigo deputado á Camara Federal, o Ministro Agamemnon Ma-<br />
galhães, atual detentor da Pasta do Trabaiho e preclaro orientador das organisações traba-<br />
lhistas da Nação — elemento da maior vaiia para a vitoria integral da causa social entre nós.<br />
Este é o Departamento de Receita<br />
e Delegacias, de grande responsabilidade<br />
na vida da importante organisação.<br />
Serviços médicos. Seção de estatística<br />
medica e registro <strong>com</strong>petente.
ILLüSTRAÇÂO BRASILEIRA<br />
OS PRIMEIROS FRANCEZES EM MINAS<br />
Foram Ciaude Gayon e Benoit Fromentiêre os primeiros<br />
francezes que penetraram na Capitania das Minas<br />
Geraes.<br />
Devido a se tratarem mutuamente por Monsieur o logar<br />
onde ficaram residindo foi baptisado "Bairro dos<br />
Mor.siús". Ciaude vivia no Gualaxo do Norte, entro<br />
Antonio Pereira e Bento Rodrigues, e Fromentiêre mcrava<br />
nas Aguas Claras, entre o Infeccionado e São<br />
Caetano.<br />
OS OUVIDORES DO BRASIL<br />
Por Ouvidor entendia-se. em Portugal d'antanho, um<br />
magistrado adjuncto ás repartições de Estado, sendo<br />
sua funcçáo ouvir e julgar. Ouvidor geral era o quo<br />
dava conta ao Conselho Ultramarino de Lisboa do<br />
que occorria no vice-reino. Vários governadores do<br />
Brasil foram delatados pelos ouvidores geraes por<br />
mal administrarem.<br />
Eis uma pequena lista de ouvidores que funccionaram<br />
em nossa terra: Christovam Monteiro, em 1568, no<br />
Rio de Janeiro; Padre Matheus Nunes, ouvidor do<br />
ecclesiastico, em 1569, no Rio de Janeiro; Luiz d'Armas,<br />
em 1571, idem; Francisco Dias Pinto, em 1572,<br />
idem; Sebastião Alves, em 1576, na Bahia; Julião Rangel,<br />
em 1583, no Rio; Martins Leitão, em 1588, idem;<br />
Francisco Dias Pinto, em 1572, idem; Luiz Nogueira de<br />
Brito, em 1627, idem; Paulo Pereira, em 1631, idem;<br />
Miguel Cysne de Faria, em 1633, idem; Dr. João Velho<br />
de Azevedo, em 1655, idem; Manoel Dias Rapo<br />
so, em 1667, idem; João de Abreu o Silva, em 1670,<br />
idem; André da Costa Moreira, em 1672, idem; Pedro<br />
Unhão Castello Branco, em 1674, idem; capitão<br />
Francisco Barreto de Faria, em 1678, idem; Dr. Fernando<br />
Pereira de Vasconcellos, em 1718, idem; Dr.<br />
Manuel da Costa Mimoso, em 1727, idem; Dr. Agostinho<br />
Pacheco Telles, em 1735, idem; Dr. Ignacio Dias<br />
Moreira, em 1736, idem; Manoel Monteiro de Vasconcellos,<br />
em 1753, idem; o Inconfidente Alvarenga<br />
Peixoto, em S. João d'EI-Rey.<br />
Um Ouvidor costumava receber, annualmente, uma<br />
subvenção do 30$000.<br />
Deram a uma do nossas principaes e priscas ruas o<br />
nome de Ouvidor em virtude de ter ali residido um<br />
desses maqistrados.<br />
A PRAÇA DO COMMERCIO<br />
O dia 13 de maio de 1820 marcou, pode dizer-se, o<br />
inicio das construcções artísticas e magestosas no Brasil.<br />
Commemorando-se a data natalícia de D. João<br />
VI, que geria os destinos de nossa Patria, seus admiradores<br />
aproveitaram a opportunidade para inaugurar<br />
a Praça do Commercio, que o progresso crescente da<br />
metropoie tanto requeria, a exemplo de outras cidades<br />
importantes do Universo. O edifício, que foi planejado<br />
e construído sob as vistas do architecto francez<br />
Grandjean de Montigny, occupava a área situada<br />
entre a rua do Sabão (General Camara) e o mar,<br />
tendo á esquerda a Alfandega. Era um parallelogrammo<br />
de 175 palmos de <strong>com</strong>primento e de 145 de largura.<br />
Eievava-se a 4 degraus acima do solo. Tinha très<br />
portaes para a rua, na fachada, e outras tantas dos<br />
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lados, todas em arcadas. Nos ângulos do palacio viam-se estatuas representando<br />
a Agricultura, o Commercio, a Industria e a Navegação. Entre as quatro<br />
a r cadas, que supportavam a cupola do cdificio, destacavam-se as iniciaes<br />
de D. João VI e as armas do Reino Unido.<br />
1 A visita do soberano effectuou-se somente a '4 do julho do mesmo anno. Por<br />
essa occasião, o representante o'c <strong>com</strong>mercio portuguez no Brasil disse as<br />
palavras que seguem, franqueando o edificio ao Monarcha:<br />
"Senhor. Tendo V. M. concedido ao Corpo do Commercio a mais decidida<br />
protecção, não podia esquecer o estabelecimento do uma Praça onde os Commerciantes<br />
se reunissem para fazer as suas transacções; ordenou V. M. e apparece<br />
feito em tão pouco tempo esío magnifico e sumptuoso edificio, que<br />
levaré á posteridade o Nome de seu Augusto Fundador. O Corpo de Commercio,<br />
penetrado da mais viva gratidão, não só por este beneficio mas pela<br />
ventura de ser honrado <strong>com</strong> a Real Presença, beija a Augusta Mão de V.<br />
Magestade".<br />
A Praça estava aberta ao publico, todos os dias, excepto domingos e dias<br />
santos de guarda, das 9 horas aa manhã ao crepúsculo.<br />
O "Regulamento para a Praça de Commercio" trazia as assignaturas de<br />
Diogo Birckhead, Guilherme Theremin. André de Lizaur, Marcellino José<br />
Coelho, Guilherme Moon, Philippe Nery de Carvalho, Jorge Naylor, Henrique<br />
Riedy e José Antonio Moreira, e era datado de 21 de agosto de 1834.<br />
Fm substituição da Praça do Commercio surgiu a Associação Commercial, que<br />
honra sobremaneira o nosso Paiz.
U.LÜSTRAÇÁO BRASII.EIKA<br />
O RELATORIO<br />
ANNUAL DO<br />
BANCO DO BRASIL<br />
Na Assembléa Geral dos Accionistas do<br />
Banco do Brasil realizada a 18 de Abril<br />
do anno corrente, o presidente desse<br />
estabelecimento de credito, Sr. Leonar-<br />
do Truda, leu o seu relatorio sobre a<br />
gestão de 1935, a<strong>com</strong>panhado do pa-<br />
recer do Conselho Fiscal, mandando<br />
approvar essa prestação de contas.<br />
Nesses documentos, encontram-se mui-<br />
tos dados interessantes sobre a situação<br />
financeira do Banco e do paiz, a<strong>com</strong>-<br />
panhados de observações felizes sobre<br />
a matéria.<br />
Por ahi se vê, que a economia nacional<br />
convalesce, lentamente, da crise eco-<br />
nomica que assaltou o mundo inteiro,<br />
desde 1929 e que se veio aggravando,<br />
de anno para anno.<br />
O movimento de credito do Banco do<br />
Brasil espelha essa situação, conforme<br />
salienta o referido relatorio:<br />
"A recuperação economica do paiz re-<br />
flediu-se nas condições do mercado de<br />
capitaes, dando logar, em 1935, a um<br />
accentuado augmento da procura de<br />
credito para operações agrícolas, indus-<br />
Iriaes e <strong>com</strong>merciaes.<br />
O confronto das médias annuaes dos<br />
tres últimos annos revela que, emquanto<br />
a expansão do total dos emprestimos<br />
bancarios, de 1933 para 1934, foi de<br />
5 %, o augmento de 1934 para 1935<br />
Dr. Leonardo Truda,<br />
Presidente do Banco do Brasil.<br />
foi de intensidade bem superior, havendo-se<br />
expressado por 9 %.<br />
De 31 de Dezembro de 1934 a 31 de Dezem-<br />
bro de 1935, o saldo total dos emprestimos<br />
feitos pelos bancos passou de réis 7.406.000 a<br />
7.752.000 contos de réis, demonstrando um<br />
augmento de 346.000 contos de réis.<br />
Como o saldo dos emprestimos feitos peio<br />
Banco do Brasil á União, aos Estados aos Mu-<br />
nicípios e ao Departamento Nacional do Ca-<br />
fé, em conjunto, soffreu entre as duas referi-<br />
das datas, uma reducção de 198.000 contos<br />
de réis, verifica-se que o total dos demais<br />
emprestimos, no movimento de todos os ban-<br />
cos do paiz, accusou um augmento de ....<br />
544.000 contos de réis. E' incontestável, pois,<br />
que o movimento ascensional dos empresti-<br />
mos bancarios proveiu essencialmente de uma<br />
ampliação do credito destinado a finalidades<br />
economicas.<br />
Como é naturaí nas phases de expansão de<br />
negocios, o volume dos depositos permane-<br />
ceu praticamente estacionário. O confronto<br />
das médias annuaes revela que o total dos<br />
depositos teve, de 1934 para 1935 um au-<br />
gmento de apenas 3 %."<br />
Quanto aos lucros do Banco do Brasil, o rela-<br />
torio estabelece que o lucro liquido de 1935<br />
foi de 83.722 contos de réis, contra 87.710,<br />
do anno anterior.<br />
As reservas especiaes, para situações de<br />
emergencia, foram augmentadas em 55.723<br />
contos. Os dividendos distribuídos foram de<br />
15.000 contos.<br />
O presente relatorio, reflectindo <strong>com</strong> clare-<br />
za, a situação actual do Banco, constitue o<br />
melhor elogio á operosidade, intelligencia e<br />
dedicação da sua actual directoria, á frente<br />
da qual se encontra o Sr. Leonordo.
BRASIL ECONOMICO<br />
A RENDA DO DEPARTAMENTO DOS CORREIOS E<br />
TELEGRAPHOS<br />
No período de 1931 a 1934 a renda auferida pelo<br />
Departamento dos Corroios e Telegraphos ascendeu a<br />
300.830:315$/77 rs., ou seja rs. 169.693:739$734 reco-<br />
NORTE<br />
DO PARANÁ<br />
MODELO 37-G - 7 VALVULAS<br />
ONDAS CURTAS E LONGAS<br />
CORCAO CARDIA! S.A<br />
lhidos pelos guichets cos Correios e rs. I 31.1 36:576$043<br />
peias agencias dos Télégraphes.<br />
O serviço de Correios conta actualmente no paiz<br />
<strong>com</strong> 3.467 agencias e os Telegraphos oíferecem 1.480<br />
estações receptoras e iransmissoras ao serviço publi-<br />
co do territorio nacional. Em 1934 foram transmitti-<br />
F U T U R O DO B A A S ! I<br />
A ponte Manoel Ribas <strong>com</strong> 300 mts. de<br />
<strong>com</strong>primento sobre o Tibagy, veio garantir o<br />
fácil accesso ás terras da Companhia per-<br />
mittindo fácil <strong>com</strong>municoção ferroviário entre<br />
este activo centro e as demais localidades<br />
sitos á margem direita. do grande rio.<br />
CIA. de TERRAS NORTE DO PARANÁ<br />
A maior empresa colonizadora da America do Sul<br />
Rua 3 de Dezembro, 48 — Caixa Postal, 2771 — São Paulo<br />
das e recebidas, no ser-<br />
viço interior da nação.<br />
176.457.464 palavras pe-<br />
los nossos telegraphistas<br />
e 2.452.115 ditas no ser-<br />
viço <strong>com</strong> os paizes es-<br />
trangeiros.<br />
O serviço de registro<br />
de apparelhos de radio<br />
(broadcasting) effectua-<br />
do pelo Departamento,<br />
accusou 50.655 appare-<br />
lhos.<br />
Subiu a 8.909.656 o nu-<br />
mero de cartas expedi-<br />
das por via aéropostal,<br />
e a correspondência or-<br />
dinaria foi calculada em i .418.854.007 cartas, naquelle<br />
anno.<br />
OS CAFÉS EMBARCADOS PELO PORTO DO RIO,<br />
EM 1935<br />
O Centro Commerclo de Caré vem de organizar a<br />
estatística correspondente aos embarques de cafés<br />
por este porto, em 1935, tendo attingido a 3.059.824<br />
de saccas.<br />
Em igual periodo, em 1934, foram exportadas<br />
2.i57.584 saccas, havendo, portanto, uma differença<br />
para mais, em 35, de 902.240 ditas.<br />
As firmas que mais exportaram foram: Theodor Wille,<br />
Ornstein, A. Jabor, Leon Israel, Vivacqua Irmãos,<br />
Mac Kilay, Sinner, American Coffee, E. G. Fontes,<br />
Marcellino Martins, Hard Rand, Rabello Alves e Pinto<br />
Lopes, que occupam até o 13° logar, respectivamen-<br />
te, na ordem acima, entre os cincoenta exportadores<br />
da nossa praça.<br />
Como se vê, a exportação de cafés, em 1935, foi<br />
bem melhor que no anno anterior, o mesmo se regis-<br />
tiando nos outros pontos de embarques.<br />
A IMPANHId CONTINENTAL, s. n. «le scijiiros,<br />
tem a grande satisfação de apresentar os ciados seguintes relativos Á sua existencia:<br />
SINISTROS PAGOS DE NOVEMBRO 1924 A DEZEMBRO 1935 Rs. 4.828:0075464<br />
SINISTROS OU CONTAS A PAGAR EM DEZEMBRO 1935 N|hj| A V RIO BRANCO 91<br />
QUESTÕES JUDICIAES OU OUTRAS EM DEZEMBRO 1935 Nihll ' J 9<br />
ED. SÃO FRANCISCO<br />
UMA COMPANHIA BRASILEIRA QUE SE SOUBE IMPOR EM ONZE ANNOS DA MAIS _<br />
ABSOLUTA LISURA E CRITÉRIO TECHNICO. 3.° ANDAR
A <strong>MAIO</strong>R<br />
à<br />
O R A<br />
DIRECÇÃO • ESCRIPTORIO REDACÇÃO • OFFICINAS<br />
TRAVESSA DO OUVIDOR, 34 R. VISCONDE DE ITAÜNA, 419<br />
JANEIRO