II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

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De acordo com SENA (2008), esta obra pertence a uma tradição de livros de leitura feitos para ensinar regras de conduta para os moços, daí, portanto, o seu caráter pedagógico. Logo nas primeiras páginas do compêndio, Joaquim Ignácio de Frias escreve um texto destinado à Madame Leprince Beaumont, para justificar a tradução feita por ele na língua portuguesa, destinada, inclusive à mocidade portuguesa. Segundo Joaquim Ignácio de Frias, o objetivo desta tradução seria educar as crianças desde cedo, para que recebam a nobre educação que deve acompanhá-las por toda a sua vida, e ainda, torná-las dóceis, obedientes e virtuosas. 3.5. Tratado de Pedagogia, de Mr. Daligault Pouco se sabe sobre esta obra. Mas sua importância foi bastante significativa, já que este livro foi comprado para sanar as dificuldades da falta de preparo dos professores. Seu registro nos relatórios dos presidentes da Paraíba acontece somente em 1866, quando o presidente da província manda comprar 50 exemplares da obra Tratado de Pedagogia, de Mr. Daligault, diretor de uma das mais consideradas escolas Normais da França, e traduzida (em língua vulgar) pelo Dr. Joaquim Pires Machado Portella, para serem revendidos a preço de custo aos professores que vinham apresentando muitas dificuldades no magistério, provavelmente devido a sua falta de vocação para a profissão; compêndio “cujo mérito é servir de guia àqueles que bem compreendem as várias obrigações que sobrecarregam o lugar do mestre”. (PARAÍBA, 1866) 4. Conclusões Através dos Relatórios dos Presidentes da Província da Paraíba e dos demais arquivos e materiais pesquisados, constatamos que cada presidente tem uma característica própria de administração. Uns se apresentam mais flexíveis e cuidadosos, sempre preocupados em adotar os melhores compêndios em vista do melhor aproveitamento dos alunos, pois ao presidente é que cabia o papel de escolher os materiais de leitura mais apropriados para serem adotados nas escolas. Outros presidentes se mostram menos pacientes adotando medidas mais radicais, e deixando sob a responsabilidade dos
professores a responsabilidade de adotar o melhor método de educação, como também os melhores compêndios para os seus alunos. Concluímos que grande foi a importância da produção de livros francesa na educação paraibana, como também foi em todo o Brasil. Percebemos que a Paraíba não se encontrava em estado de isolamento cultural e intelectual como muito se acreditava, no século XIX (BARBOSA, 2007). Sempre preocupados com a melhor forma de ensino, e com os melhores compêndios a serem dados pelos alunos, a quase totalidade dos presidentes da província paraibana procurava acompanhar as novidades que surgiam na Corte e no mundo: Há elementos de instrução indispensáveis que devem estar ao alcance de todos. (...) Aprenda o discípulo por um método expedito e claro a ler, escrever e contar; saiba a gramática de sua língua; escolham-se para a sua leitura livros simples e bem apropriados (...): é muito provável que por estes meios o professor consiga levar suavemente o aluno até ao fim de seus estudos com proveito deste, e com a mais nobre e legítima satisfação para si. (PARAÍBA, 1869) Os compêndios franceses, muito importantes no ensino da leitura, sempre eram utilizados como forma de ensino dos bons costumes e da boa educação, como vimos em Simão de Nantua, de Mr. De Jussieu, e Tesouro de Meninas, de Jeanne Marie Leprice de Beaumont. Até o final do século XIX, grande foi a influência da literatura francesa no Brasil; esta esteve sempre presente nas escolas paraibanas, seja em livros de leitura, seja em livros de outras disciplinas, como Geografia, <strong>História</strong>, Filosofia, Algébra, entre outras, como vimos anteriormente. Pudemos observar também, através de um caso não comum no Brasil de se adotar um compêndio que defendia idéias revolucionárias, como Palavras de um Crente, de Felicité Robert de Lamennais. Isso demonstra o quanto os acontecimentos da sociedade francesa influenciavam a sociedade brasileira, ao ponto de se adotar para o ensino infantil, um livro que foi tão popular quando da sua publicação, em 1834, na França, mesmo possuindo uma linguagem tão complicada ao nível das crianças. E por fim, vemos a importância da literatura francesa, ainda que não somente para instruir as crianças, mas também os professores, como demonstra a adoção do compêndio Tratado de Pedagogia, de Mr. Daligault, obra esta tão importante nas escolas da França, e utilizada também na Paraíba.
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