II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

De fato, por diversas vezes, nos relatórios dos presidentes da província da Paraíba,
deparamo-nos constantemente com reclamações por parte dos presidentes com relação às
escolas, aos professores, às bibliotecas e às parcas verbas destinadas ao ensino público. Mas
isto não quer dizer que a Província da Paraíba não tinha vida cultural e intelectual. Segundo
pesquisas que realizamos nos Relatórios das demais províncias do Brasil, verificamos que
os mesmos problemas aconteciam em outras províncias, como Bahia, Espírito Santo, Mato
Grosso e Minas Gerais, por exemplo: não havia dinheiro, nem bibliotecas, nem professores
preparados nas escolas. Esta situação não permaneceu durante todo o século XIX. Assim
como na Paraíba a educação se desenvolveu consideravelmente durante o passar dos anos,
ainda que aos poucos, nas demais províncias do Brasil, o mesmo ocorreu. Percebemos que
todas as províncias tiveram suas dificuldades, e assim como o estado paraibano, elas
encontraram meios de solucioná-los.
Pudemos perceber também que, assim como na Paraíba, havia uma dificuldade
muito grande das demais províncias de uniformizar o ensino nas escolas. Muitos
compêndios diferentes eram utilizados por diversas cidades dentro de um mesmo estado.
Era muito comum haver reclamações de presidentes em referência à escassez dos Cofres
Públicos que dificultava o desenvolvimento das escolas, e a compra de novos compêndios
para as crianças. Excetuando as Províncias mais desenvolvidas (Rio de janeiro, São Paulo,
Ceará, Amazonas, e Maranhão, por exemplo), as demais possuíam a mesma dificuldade que
a Paraíba: ter boas escolas, com bons professores, bons alunos e com uma Biblioteca
Pública organizada.
Barbosa (2007) ainda nos afirma que a distância entre as práticas de leitura da Corte
e das Províncias, inclusive a Paraíba, não eram limitadas. Segundo ela, a pesquisa em
jornais e periódicos revela que a circulação da cultura letrada se dava de forma muito mais
intensa do que se imaginava, desmentindo a idéia de que as Províncias viviam
“culturalmente isoladas” do restante do país e o mundo, mantendo, no máximo, contato
com a Corte, ou a capital da República:
Ao contrário, os jornais e periódicos revelam que havia um movimento intenso
entre as províncias, o que incluía a troca de jornais, o recebimento de livros, a
crítica literária, tudo isso apresentado em notas que, por si só, já constituem fonte
de documentos e de pesquisas para uma história da leitura no Brasil que não se
limite às fontes bibliográficas tradicionais. (BARBOSA, 2007, p.83-84)