a prática do educador - Centro Paulo Freire - Estudos e Pesquisas
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V Colóquio Internacional <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> – Recife, 19 a 22-setembro 2005<br />
Teoria da Resistência, por usar o termo “alunos que apresentam resistências” para, a partir de<br />
uma visão crítica, lançar um novo olhar sobre as atitudes <strong>do</strong>s alunos.<br />
Falar sobre "resistência", nesta pesquisa, é descrever o inconformismo <strong>do</strong>s alunos, a ousadia;<br />
a tempestade que atravessa a calmaria e provoca e movimenta as salas de aula, os corre<strong>do</strong>res,<br />
o pátio, a cantina, a sala da direção, a sala da orientação educacional, enfim, to<strong>do</strong> o espaço<br />
escolar.<br />
Não se trata aqui de algum tipo de apologia à revolta ou à rebelião, embora estas em alguns<br />
casos sejam legítimas. A lógica da presente exposição é que, partin<strong>do</strong> da premissa da<br />
existência de tais resistências, faz-se urgente entendê-las. Por compreender que o modelo<br />
sociológico, que privilegia as grandes estruturas sociais, não consegue responder a to<strong>do</strong>s os<br />
significa<strong>do</strong>s da realidade em questão, a principal preocupação deste estu<strong>do</strong> está em entender o<br />
porquê destas resistências, que aparecem, fundamentalmente, em embates e enfrentamentos<br />
<strong>do</strong>s alunos em relação à escola, e como estas podem ser entendidas e mediadas pelo educa<strong>do</strong>r<br />
no cotidiano escolar.<br />
A NÃO NEUTRALIDADE DA EDUCAÇÃO E A DESNATURALIZAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS<br />
O pensar crítico e dialético sobre a educação - movimento de reflexão-ação-reflexão, e a<br />
proposição de uma escola que paute seu cotidiano pela ética da vida e que promova educan<strong>do</strong><br />
e educa<strong>do</strong>res à conscientização de como - sujeitos da história-podem nela interferir são<br />
aspectos que envolvem a reorganização da escola, como espaço e tempo favoráveis ao<br />
aprender e ensinar. Isto inclui to<strong>do</strong>s os agentes nela inseri<strong>do</strong>s, principalmente os alunos que<br />
apresentam resistências à escola. Então, des<strong>do</strong>bra-se em uma nova forma de relação entre o<br />
educan<strong>do</strong> e o educa<strong>do</strong>r, o educan<strong>do</strong> e a escola, a escola e a comunidade.<br />
Quan<strong>do</strong> tratamos <strong>do</strong>s alunos resistentes, a primeira reflexão que se faz necessária é o pensar<br />
sobre o conceito crítico de como acontece a transmissão cultural no interior de nossas escolas.<br />
Esta transmissão não obedece a padrões rígi<strong>do</strong>s e sem interferências, de forma incontestável e<br />
idêntica para to<strong>do</strong>s, ela se dá num campo de relações de forças simbólicas, de conflitos, e é<br />
vulnerável aos contextos históricos econômicos e políticos de cada época.<br />
Portanto, desta forma a tradição sofre algumas reestruturações, reavaliações, quan<strong>do</strong> há<br />
significação da experiência de uma coletividade. Sen<strong>do</strong> assim, levar em consideração o que<br />
acontece no interior das escolas, torna-se extremamente necessário.<br />
A não-neutralidade da educação se imprime no espaço e no tempo escolar cotidiano, e é<br />
justamente neste universo que as contradições aparecem e dão evidências das necessidades<br />
reais da escola:<br />
[...] existe um acúmulo crescente de provas de que a instituição de ensino não é<br />
neutra... uma reivindicação de neutralidade tem pouco fundamento. Essa<br />
reivindicação ignora o fato de que o conhecimento que se traduz nas escolas já é<br />
uma escolha de um universo muito mais vasto de conhecimentos e princípios sociais<br />
possíveis. (FORQUIN, 1993, p.19).<br />
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