a prática do educador - Centro Paulo Freire - Estudos e Pesquisas

V Colóquio Internacional Paulo Freire – Recife, 19 a 22-setembro 2005
[...] os alarmantes índices de reprovação nas turmas de alfabetização relacionam-se
ao despreparo científico dos educadores e também, à ideologia elitista que
discrimina meninas e meninos populares. Daí se explica, em parte, o descaso da
escola pela identidade cultural dos educandos.
POSSIBILIDADES DE UMA ESCOLA QUE PROMOVA A DIGNIFICAÇÃO 2 DE EDUCANDOS E
EDUCADORES
As possibilidades de uma escola que promova a dignificação de educandos e educadores são
engendradas a partir dos movimentos de lutas, que, laboriosa e cotidianamente, são travadas
sob os fundamentos da "ética da vida", a favor da humanização e libertação crescentes de
todos que nela estão inseridos. (DUSSEL, 2002):
A ética de libertação é uma ética possível acerca de toda ação de cada dia. No
entanto, o próprio desta ética, ou seu referente privilegiado, é a vítima ou
comunidade de vítimas que operará com o/s 'sujeito/s' em última instância.
(DUSSEL, 2002, p.519):
Em sintonia com Giroux (1988), afirmo que é essencial que a escola seja vista como local de
lutas e possibilidades. E que professores, tratados como “intelectuais orgânicos”, sejam
apoiados em seus esforços para compreender as escolas como instituições de empenho
democrático e, também, como processo de educação não neutro e, assim, atuarem na sua
transformação:
As escolas deveriam desenvolver jovens para adaptarem-se à sociedade atual assim
como está, ou a escola tem uma missão revolucionária de desenvolver jovens que
procurarão aperfeiçoar a sociedade? (GIROUX, 1997, p.97).
A escola que se diz promotora da dignificação dos agentes nela inseridos, e que para tanto tem
como pressuposto a ética da vida, responde positivamente à segunda parte da indagação de
Giroux.
Assim, importante é que ela dê atenção, criticamente, às diversas formas e suposições
ideológicas, para que não atue, apenas, de forma simplista ou conformista, mas como agente
de transformação social, redefinindo-se com base em uma prática pedagógica educativocrítica
e portanto não excludente.
Segundo Bernstein (1988), a relação básica da reprodução ou transformação cultural é
essencialmente a relação pedagógica, seja visível ou invisível.
Fazer articulação entre a cultura e luta política - como propõe Gramsci (SCHELESENER,
1992)-, e contar a história sob a ótica dos oprimidos - como na proposta de Paulo Freire -, se
torna exercício ético cotidiano.
2 Dignificação: ato de dignificar (do latim dignificare), elevar a uma dignidade (autoridade moral, respeitabilidade); honrar,
nobilitar; atingir o maior grau de dignidade; nobilitar-se. (DICIONÁRIO BRASILEIRO GLOBO, 1993).
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