17.04.2013 Views

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

para a razão <strong>mo<strong>de</strong>rna</strong>, que, como filha fiel <strong>de</strong> Descartes, quer <strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> conhecer “A<br />

Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>”, una e absoluta. Dessas incertezas, ressurge uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> filosófica no<br />

interior <strong>da</strong>s próprias <strong>ciência</strong>s naturais:<br />

Depois <strong>da</strong> euforia cientista do século XIX e <strong>da</strong> conseqüente<br />

aversão à reflexão filosófica, b<strong>em</strong> simboliza<strong>da</strong> pelo positivismo,<br />

chegamos a finais do século XX possuídos pelo <strong>de</strong>sejo quase<br />

<strong>de</strong>sesperado <strong>de</strong> completarmos o conhecimento <strong>da</strong>s coisas com o<br />

conhecimento do conhecimento <strong>da</strong>s coisas, isto é, com o<br />

conhecimento <strong>de</strong> nos próprios [...] A análise <strong>da</strong>s condições<br />

sociais, dos contextos culturais, dos mo<strong>de</strong>los organizacionais <strong>de</strong><br />

investigação científica, antes acantona<strong>da</strong> do campo separado e<br />

estanque <strong>da</strong> sociologia <strong>da</strong> <strong>ciência</strong>, passou a ocupar papel <strong>de</strong><br />

relevo na reflexão epist<strong>em</strong>ológica. (SANTOS, 1996, p. 30)<br />

Eis aqui o inevitável resgate <strong>da</strong> filosofia. Boaventura aponta como mote<br />

principal <strong>de</strong>ssa reflexão filosófica <strong>da</strong>s <strong>ciência</strong>s o conceito <strong>de</strong> lei e a causali<strong>da</strong><strong>de</strong> a esta<br />

relaciona<strong>da</strong>, d<strong>em</strong>onstrando que a anterior lei absoluta e imutável passa a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

algo aproximativo e probabilístico, ou é substituí<strong>da</strong> pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as e processos.<br />

Concomitant<strong>em</strong>ente, há a relativização do conceito <strong>de</strong> causa, orienta<strong>da</strong> pelos<br />

questionamentos ontológicos acerca <strong>da</strong> causali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ocasionando a crescente<br />

substituição do causalismo pelo finalismo <strong>em</strong> <strong>ciência</strong>s como a biologia e a microfísica,<br />

por ex<strong>em</strong>plo. Mas diante <strong>de</strong> to<strong>da</strong> essa evi<strong>de</strong>nte <strong>crise</strong> e transição, qual seria o novo<br />

paradigma? Para ele,<br />

[...] a natureza <strong>da</strong> revolução científica que atravessamos é<br />

estruturalmente diferente <strong>da</strong> que ocorreu no século XVI. Sendo uma<br />

revolução científica que ocorre numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ela própria<br />

revoluciona<strong>da</strong> pela <strong>ciência</strong>, o paradigma a <strong>em</strong>ergir <strong>de</strong>la não po<strong>de</strong> ser<br />

apenas um paradigma científico (o paradigma <strong>de</strong> um conhecimento<br />

pru<strong>de</strong>nte), t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser também um paradigma social (o paradigma <strong>de</strong><br />

uma vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>cente). (SANTOS, 1996, p. 37).<br />

Pois b<strong>em</strong>: o novo paradigma é o paradigma pós-mo<strong>de</strong>rno. A primeira ruptura<br />

necessária para que ele se afirme será a <strong>de</strong>sconstituição <strong>da</strong> cisão entre <strong>ciência</strong>s naturais e<br />

<strong>ciência</strong>s sociais, b<strong>em</strong> como a reconciliação entre sujeito e objeto do cogito, o que, para o<br />

Professor <strong>de</strong> Coimbra, <strong>de</strong>ixou não apenas <strong>de</strong> ter sentido, mas também qualquer<br />

utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. “É como se o hom<strong>em</strong> e a mulher se tivess<strong>em</strong> lançado na aventura <strong>de</strong> conhecer<br />

os objetos mais distantes e diferentes <strong>de</strong> si próprios, para, uma vez aí chegados, se<br />

148<br />

PROMETEUS - Ano 4 - Número 7 - Janeiro-Junho/2011 - ISSN: 1807-3042 - E-ISSN: 2176-5960

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!