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a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

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mesma racional; somente a conjugação <strong>de</strong> saberes diversos <strong>em</strong> diálogo po<strong>de</strong> ser<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente Razão. O conhecimento só t<strong>em</strong> sentido à medi<strong>da</strong> que se consubstanciar<br />

<strong>em</strong> autoconhecimento, e o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico só vale a pena se trouxer<br />

sabedoria <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Então, compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os:<br />

Em vez <strong>de</strong> eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a história; <strong>em</strong> vez do <strong>de</strong>terminismo, a<br />

imprevisibili<strong>da</strong><strong>de</strong>; <strong>em</strong> vez do mecanismo, a interpenetração, a<br />

espontanei<strong>da</strong><strong>de</strong> e a auto-organização; <strong>em</strong> vez <strong>da</strong> reversibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

irreversibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a evolução; <strong>em</strong> vez <strong>da</strong> ord<strong>em</strong>, a <strong>de</strong>sord<strong>em</strong>; <strong>em</strong> vez<br />

<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e o aci<strong>de</strong>nte. (SANTOS, 1996, p. 28).<br />

Sustentar o não-saber é a maior prova <strong>de</strong> sabedoria que o hom<strong>em</strong> <strong>da</strong>rá a si<br />

mesmo, retomando o preceito socrático. No futuro pós-mo<strong>de</strong>rno, a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá<br />

promover um reencontro consigo se compreen<strong>de</strong>r que a razão só t<strong>em</strong> razão <strong>de</strong> ser se<br />

trouxer felici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

4. CONCLUSÃO<br />

Ao se <strong>de</strong>parar com a inegável e inelutável <strong>crise</strong> do pensamento vigente, Thomas<br />

Kuhn foi buscar <strong>em</strong> suas próprias estruturas a razão <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>clínio. Diante do quadro<br />

que se apresentou, construiu um mecanismo <strong>de</strong> alternância entre fases estáveis e<br />

instáveis <strong>da</strong> <strong>ciência</strong>, compreen<strong>de</strong>ndo que a <strong>ciência</strong> normal paradigmática ten<strong>de</strong> a se<br />

renovar através <strong>de</strong> revoluções científicas, porém, volta a ser reprodutora <strong>de</strong><br />

conhecimento quando o novo paradigma substitui o fracassado. Boaventura já parte <strong>de</strong><br />

outra constatação a que as conclusões <strong>de</strong> Kuhn não pu<strong>de</strong>ram chegar: a <strong>crise</strong> po<strong>de</strong> até<br />

mesmo ser um mecanismo inerente à <strong>ciência</strong>, mas somente à <strong>ciência</strong> <strong>mo<strong>de</strong>rna</strong>. N<strong>em</strong><br />

todo o conhecimento é paradigmático e não é somente este que po<strong>de</strong> gerar progresso. A<br />

<strong>ciência</strong> paradoxal, vacilante e crítica, assim o é por estar condiciona<strong>da</strong> a uma<br />

racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> totalitária e instrumentaliza<strong>da</strong>. E o progresso a que ela se <strong>de</strong>stina está<br />

<strong>de</strong>svinculado <strong>de</strong> valores elevados. Esse progresso não implica o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano <strong>em</strong> suas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s profun<strong>da</strong>s, mas coloca o hom<strong>em</strong> a serviço <strong>de</strong> um<br />

projeto exterior, autoritário e coercitivo.<br />

Os diagnósticos <strong>de</strong> Kuhn e Santos têm o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> partir dos próprios<br />

paradigmas vigentes para os <strong>de</strong>sconstituir <strong>em</strong> sua prevalência absoluta, e ambos se<br />

<strong>de</strong>param com a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma serpente que abocanha a própria cau<strong>da</strong> para representar<br />

150<br />

PROMETEUS - Ano 4 - Número 7 - Janeiro-Junho/2011 - ISSN: 1807-3042 - E-ISSN: 2176-5960

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