17.04.2013 Views

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

a crise da ciência moderna em thomas kuhn e boaventura de sousa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1. INTRODUÇÃO<br />

Estabelecer um paralelo entre dois teóricos <strong>de</strong> orientações tão diversas para se<br />

chegar, <strong>em</strong> última instância, ao mesmo resultado, qual seja, à salutar <strong>crise</strong> por que passa<br />

a <strong>ciência</strong>, perfaz uma estratégia acadêmica oportuna e responsável. O escopo do<br />

presente trabalho, portanto, mais do que <strong>de</strong>notar o período transitório <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os,<br />

é d<strong>em</strong>onstrar que sua inexorabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ita a crítica nas mentes mais heterogêneas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que lúci<strong>da</strong>s e dispostas a enxergar o evi<strong>de</strong>nte.<br />

A <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que a racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>mo<strong>de</strong>rna</strong> se encontra num processo altamente<br />

crítico t<strong>em</strong> sido sist<strong>em</strong>aticamente realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu próprio amadurecimento. Essa<br />

<strong>crise</strong> se <strong>de</strong>ve claramente à sua incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> conhecer tudo<br />

absolutamente, como intentara, estabelecendo conceitos e teorias fixas e imutáveis, e ao<br />

seu <strong>de</strong>slocamento <strong>em</strong> relação à ontologia do conhecimento, apartando-se<br />

completamente <strong>da</strong> ética e <strong>da</strong> filosofia. Esse fracasso <strong>da</strong> panacéia <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, ao<br />

lado <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sprezo pelo humanismo genuíno, é patente, senão óbvio. Conquanto, o<br />

que há <strong>de</strong> interessante e salutar nos pensamentos <strong>de</strong> Kuhn e Santos, especificamente, é<br />

que suas críticas à razão <strong>mo<strong>de</strong>rna</strong> part<strong>em</strong> do seu próprio interior teórico. Ambos os<br />

autores procuram <strong>de</strong>sconstruir a supr<strong>em</strong>acia paradigmática <strong>da</strong> <strong>ciência</strong> a partir <strong>da</strong>s suas<br />

próprias estruturas, d<strong>em</strong>onstrando sua falência inevitável.<br />

O norte-americano Thomas Kuhn iniciou sua carreira como físico teórico,<br />

orientando-se para a História <strong>da</strong> Ciência, por se sentir extr<strong>em</strong>amente angustiado ao não<br />

encontrar respostas aos seus questionamentos subjetivos na rigi<strong>de</strong>z dos paradigmas<br />

dominantes. Viu-se compelido a buscar reflexões filosóficas, questionando a<br />

organização epist<strong>em</strong>ológica <strong>de</strong> uma <strong>ciência</strong> que nega qualquer subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> sua<br />

metodologia. Boaventura <strong>de</strong> Sousa Santos, professor <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Economia <strong>de</strong><br />

Coimbra, mais ousado, realiza um discurso que abrange todo o pensar científico,<br />

apartando qualquer preceito <strong>de</strong> especialização positivista, e procurando evi<strong>de</strong>nciar a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do resgate <strong>de</strong> uma gnosiologia que tenha a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> seu interior.<br />

Kuhn e Boaventura, mutatis mutandis, acabam por afirmar que a <strong>crise</strong> do<br />

racionalismo instrumental mo<strong>de</strong>rno clama pelo resgate do pensar filosófico, que se<br />

encontrava rechaçado ao limbo <strong>da</strong> indiferença pelo cartesianismo e pelo positivismo<br />

132<br />

PROMETEUS - Ano 4 - Número 7 - Janeiro-Junho/2011 - ISSN: 1807-3042 - E-ISSN: 2176-5960

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!