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Carlos Manuel da Silva Gonçalves EMERGÊNCIA E ...

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do vivido no trabalho, <strong>da</strong>s significações atribuí<strong>da</strong>s pelos indivíduos à sua<br />

condição de trabalhador. Tal opção acaba por accionar uma perspectiva micro-<br />

sociológica atenta à diversi<strong>da</strong>de de interacções sociais existentes, mas,<br />

paralelamente, não <strong>da</strong>ndo espaço à emergência, no plano <strong>da</strong> descoberta, de<br />

aspectos de outra grandeza. O centralizar a análise no plano micro implica, por<br />

conseguinte, que não seja equaciona<strong>da</strong>, numa visão mais global, a<br />

contextualização sócio-económica e cultural <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des profissionais 60 .<br />

Embora os interaccionistas tenham presente que uma profissão é<br />

essencialmente uma ocupação que detém o monopólio <strong>da</strong> respectiva activi<strong>da</strong>de -<br />

o que representa uma significativa mu<strong>da</strong>nça de problemática face aos<br />

funcionalistas -, como indica M. Saks,<br />

"(...) eles não explicitaram de modo preciso o que a reivindicação do<br />

status profissional envolvia em termos de privilégios mais latos, nem<br />

iniciaram a exploração <strong>da</strong>s condições estruturais sob as quais<br />

determinados grupos teriam probabili<strong>da</strong>de de serem bem sucedidos. À luz<br />

desta deficiência, é talvez compreensível que a proposta interaccionista<br />

não tenha persistido fortemente na análise <strong>da</strong> natureza e papel <strong>da</strong>s<br />

profissões na socie<strong>da</strong>de - visto que foram estu<strong>da</strong>dos sobretudo<br />

profissionais individuais mais do que os traços institucionais mais<br />

característicos <strong>da</strong>s profissões" 61 .<br />

A crítica <strong>da</strong> postura micro-sociológica vem juntar-se, na opinião de alguns<br />

sociólogos, a incapaci<strong>da</strong>de do interaccionismo romper de modo absoluto com o<br />

modelo <strong>da</strong>s profissões liberais. Significativo disso é assumirem como pressuposto<br />

a existência de ocupações e profissões. Nem mesmo a utilização do conceito de<br />

processo de profissionalização - conceito chave e que é encarado como não<br />

universalista - tem possibilitado, no plano <strong>da</strong> descoberta, a produção de um<br />

conhecimento heuristicamente mais abrangente sobre as trajectórias <strong>da</strong>s<br />

profissões. E isto fun<strong>da</strong>mentalmente porque o processo de profissionalização não<br />

60 Mike Saks, op. cit., p. 4.<br />

6i Mike Saks, op. cit., p. 5.<br />

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