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Inspiro profundamente e expiro devagar. Eu ainda sinto um frio na barriga,<br />
minha perna ainda treme de maneira incômoda. Minhas mãos estão quentes.<br />
Mark James está sentado três mesas na minha frente. Ele se vira uma vez e<br />
olha para mim; depois sussurra alguma coisa no ouvido de Sarah. Ela se vira.<br />
Ela parece legal, mas o fato de que ela o namorava e que está sentada com<br />
ele me surpreende. Ela sorri calorosamente para mim. Eu queria sorrir de volta,<br />
mas estou congelado. Mark tenta novamente falar-lhe algo, mas ela balança a<br />
cabeça e o empurra. Minha audição é muito melhor que a humana, se eu me<br />
concentrar, mas eu estou tão confuso com o sorriso dela que não consigo.<br />
Queria ter ouvido o que ela disse.<br />
Eu abro e fecho minhas mãos. As palmas estão suadas e começam a queimar.<br />
Outra respiração profunda. Minha visão está embaçada. Cinco minutos se<br />
passam, depois dez. A Sra. Burton ainda está falando, mas eu não consigo<br />
ouvir o que ela diz. Mantenho minhas mãos fechadas, depois as reabro.<br />
Quando faço isso, minha respiração fica presa na garganta. Um brilho fraco<br />
aparece na palma da minha mão direita. Olho para ele, chocado, maravilhado.<br />
Depois de alguns segundos, o brilho começa a ficar mais forte.<br />
Fecho minhas mãos. Meu medo inicial é que algo tenha acontecido com algum<br />
dos outros. Mas o que poderia ter acontecido? Nós não podemos ser mortos<br />
fora de ordem. Esse é o modo como o feitiço funciona. Mas isso significa que<br />
eles não podem ser feridos? Algum deles teve a mão direita cortada? Não tem<br />
como eu saber. Mas se algo tivesse acontecido, eu teria sentido as cicatrizes<br />
no meu tornozelo. Só então que eu percebo: meu primeiro Legado está se<br />
formando.<br />
Eu pego meu telefone da mochila e mando uma mensagem de texto para Henri<br />
que diz VNEHA, embora eu quisesse escrever VENHA. Estou muito atordoado<br />
para mandar alguma coisa mais. Fecho minhas mãos e coloco-as no colo. Elas<br />
estão queimando e tremendo. Abro minhas mãos. A palma da minha mão<br />
esquerda está vermelha e a da direita ainda está brilhando. Olho para o relógio<br />
na parede e vejo que a aula está quase terminando. Se eu puder sair dali, eu<br />
encontrarei uma sala vazia, ligarei para Henri e perguntarei para ele o que está<br />
acontecendo. Começo a contar os segundos: 60, 59, 58. Parece que minhas<br />
mãos vão explodir. Concentro-me na contagem. 40, 39. Elas estão formigando<br />
agora, como se pequenas agulhas estivessem enfiadas na palma. 38, 37. Abro<br />
meus olhos e olho para frente, me concentrando em Sarah com a esperança<br />
de me distrair olhando para ela. 15, 14. Olhar para ela faz piorar. As agulhas<br />
parecem pregos agora. Pregos que foram colocados em uma fornalha e<br />
aquecidos até incandescerem. 8, 7.<br />
O sinal toca e, em um segundo, estou de pé e fora da sala, andando rápido<br />
entre os outros estudantes. Eu estou tonto, instável sobre meus pés. Continuo<br />
andando pelo corredor, sem idéia de aonde vou. Posso sentir que alguém está