os exercècios de força mais eficientes para om sculo latissimus dorsi

OS EXERCÍCIOS DE FORÇA MAIS EFICIENTES PARA O MÚSCULO
LATISSIMUS DORSI
Kleber Brum de Sá 1,2
1
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – São Leopoldo.
2
Institut für Sportwissenschaft – Universität Bayreuth – República Federal da Alemanha .
Resumo: Este estudo objetivou comparar a atividade eletromiográfica de diferentes exercícios de força para o músculo
latissimus dorsi. Dez homens com experiência em treinamento resistido executaram 3 repetições de cada exercício com
o peso determinado no teste de 12RM. Foram comparados 8 exercícios, sendo 4 variações do exercício remada, 3
variações do exercícios barra e 2 variações do exercício puxada. A atividade eletromiográfica ARV deste músculo foi
coletada, usando eletrodos de superfície e normalizada usando o exercício de maior ARV de cada participante. Os
exercícios puderam ser agrupados em 3 blocos. As variações do exercício remada unilateral produziram NARVEMGs
significativamente maiores do que todos os outros exercícios, embora não tenham diferido entre si. Os resultados
indicam que a eletromiografia pode fornecer uma base científica para a seleção dos exercícios de força.
Palavras Chave: Eletromiografia, atividade muscular, latissimus dorsi, grande dorsal.
Abstract: This study aimed at comparing the electromyographic activity of different strength exercises for the latissimus
dorsi muscle. Ten men with large strength training background performed 3 repetitions of the each exercise using their
experimentally determined 12RM. Eight exercises were compared, being 4 variations of the rowing exercise, 3
variations of the pull up exercise and 2 variations of the lat pulldown exercise. The electromyographic activity (ARV)
of this muscle was recorded using surface electrodes and normalized using the exercise with the highest ARV from each
participant. The exercises could be grouped in 3 different blocks. The variations of the rowing exercise performed
unilaterally produced significantly higher NARVEMGs than all others exercises, however no differences between then
were observed. The results indicate that the electromyographic can provide a scientific base to the selection of the
strength exercises.
Keywords: Electromyographic, muscular activity, latissimus dorsi.
INTRODUÇÃO
Independente dos objetivos perseguidos pelo
amplo espectro de praticantes do treinamento
resistido (musculação), Kraemer & Ratames [8]
salientam que o fator primordial para atingi-los,
recai numa apropriada elaboração do programa de
treinamento. Isso acontece através da manipulação
de algumas variáveis, tais como: intensidade,
volume, freqüência de treinamento, intervalos, etc.
Apesar da escolha dos exercícios também ser
apontada como uma destas variáveis
influenciadoras dos resultados do treinamento de
força, poucas investigações científicas a tem como
objeto de estudo. Geralmente, a seleção dos
exercícios é baseada em análises anatômicas ou na
experiência de professores de educação física,
técnicos e ex-atletas [2]. O American College of
Sports Medicine (ACSM) [1] e Ratames &
Kraemer [8], por outro lado, diferenciam os
exercícios segundo o número de articulações
envolvidas no movimento. Apontam os exercícios
multiarticulares como promoteres de maiores
ganhos de força e potência do que os exercícios
monoarticulares. Alguns outros estudos procuram
classificar os exercícios segundo a atividade
eletromiográfica produzida [9,15,16]. Sua grande
maioria restringe-se na comparação de pequenas
variações a partir de um mesmo exercício ou de
uma pequena quantidade de exercícios para um
determinado músculo. Uma comparação mais
ampla, que contemple um número maior de
exercícios, principalmente com aqueles mais

comummente utilizados nos programas de
treinamento de força em academias, é muito
escassa. Mesmo assim, alguns autores apresentam
rankings de exercícios para diversos grupamentos
musculares, elaborados com metodologias
diversas, mas que procuram ordenar os exercícios
segundo o sinal eletromiográfico produzido
[2,3,4,5,6,7]. Em alguns deles, nota-se a falta de
uma comparação mais direta dos dados coletados
que, além de estabelecer uma hierarquia mais
precisa entre os exercícios, poderia resultar na
formação de blocos de exercícios com atividades
mioelétricas semelhantes.
Neste sentido, o presente estudo objetiva
comparar a atividade eletromiográfica de oito
exercícios de força para o músculo latissimus
dorsi, agrupando-os em blocos de exercícios com
atividades eletromiográficas semelhantes.
MATERIAIS E MÉTODOS
A amostra foi composta por 10 alunos dos
curso de educação física da Universidade de
Bayreuth - Alemanha (média idade = 23,6 ± 0,9;
média altura = 181,2 ± 0,7; média peso = 78,6 ±
3,6) com, no mínimo, 2 anos de prática de
exercícios resistidos e que não reportaram
quaisquer contra-indicações à prática de atividades
físicas. Todos os sujeitos foram informados dos
procedimentos adotados e assinaram um termo de
consentimento aprovado pelo comitê de ética desta
univesidade.
A escolha dos exercícios se deu através da
consulta à bibliografia especializada e considerou
os resultados de pesquisas anteriores realizadas no
Instituto de Ciências dos Esportes da Universidade
de Bayreuth [2,3,4]. Levou em conta também a
relevância dos mesmos para a prática de exercícios
resistidos no âmbito do fitness. Os exercícios
foram divididos em 3 grupos (barras, puxadas e
remadas). Suas execuções são apresentadas pelas
figuras 1, 2 e 3:
Barras (Figura 1)
a. Barra por trás com pegada em pronação aberta
no Graviton
b. Barra pela frente com pegada em supinação na
altura dos ombros no Graviton
c. Barra pela frente com pegada em pronação na
altura dos ombros no Graviton
A B C
Figura 1 - Apresentação dos exercícios do grupo
“Barras”.
Puxadas (Figura 2)
d. Puxada atrás na polia alta com pegada em
pronação aberta
e. Puxada na frente com o tronco inclinado pegada
em supinação
D E
Figura 2 – Apresentação dos exercícios do grupo
“Puxadas”

Remadas (Figura 3)
f. Remada unilateral com o halter, pegada em
semi-pronação
g. Remada unilateral com o halter, pegada em
supinação
h. Remada baixa, pegada em semi-pronação
F G
H
Figura 3 – Apresentação dos exercícios do grupo
“Remadas”.
No sentido de garantir uma mesma base de
comparação entre os exercícios, é indispensável,
além de normalizar os dados, padronizar a
intensidade dos mesmos. Para tanto, os voluntários
compareceram à sala de musculação da
Universidade de Bayreuth 3 semanas antes do
início da coleta dos dados. Apesar da grande
experiência dos participantes na prática de
exercícios resistidos, eles puderam exercitar a
técnica e a velocidade de execução corretas dos
exercícios, fixada em 3 segundos e controlada
através de um metrônomo configurado a 60
bat/min. Para padronizar as larguras das pegadas
nos exercícios “b”, “c” e “e” tomou-se como base a
distância biacromial que foi marcada
individualmente nos pegadores do Graviton e na
barra da polia alta. Para os exercícios “a” e “d” a
largura da pegada foi igual para todos, sendo
determinada pelas dobraduras mais externas dos
pegadores e da barra. As alturas dos assentos e as
distâncias dos participantes em relação aos
aparelhos foram anotadas para posterior utilização.
Na semana seguinte, cada participante compareceu
mais 2 vezes, em dias não consecutivos, à sala de
musculação para a realização dos testes de 12
repetições máximas (12RM) em cada exercício.
Entre cada tentativa foi adotado um intervalo de 4
min. Em cada encontro foram testados 4
exercícios, sendo a ordem de execução tanto nos
testes de 12RM quanto na coleta dos dados gerada
individualmente e aleatoriamente pelo software S-
Plus 2000 da Firma Lucent Technologies, Inc..
Antes da coleta do sinal eletromiográfico a
pele da superfície de medição foi depilada e limpa
com álcool para que a impedância elétrica cutânea
fosse reduzida. O par de eletrodos Ag/AgCl em
forma de disco (Blue Sensor ref M OO S, Ambu
A/S Dinamarca) com diâmetro de 10mm foram
posicionados do lado direito no meio do músculo a
uma distância de 20mm entre si paralelos à direção
da fibras musculares. O eletrodo de referência foi
posicionado em cima da crista ilíaca direita.
Depois de fixados, a posição dos eletrodos não foi
mais modificada. Para a aquisição do sinal
eletromiográfico foi utilizado o aparelho Muscle
Tester ME 3000 Professional (Mega Eletronics Ltd
Finlândia), conectado aos eletrodos e a um
computador portátil da marca Samsung GT 8000,
para onde o sinal eletromiográfico, captado a uma
taxa amostral de 1000hz, foi salvo e analizado pelo
programa Megawin 700046 versão 1.0. A captação
do sinal, automaticamente filtrado e retificado, se
deu via modo average online, o qual calcula a
média de 1024 sinais crus de emg a cada 0,016 seg.
Adicionalmente, foi conectado ao Muscle Tester o
posionador de marcadores, permitindo a
identificação exata de cada repetição. Cada
participante executou 3 repetições de cada

exercício com a intensidade obtida no teste de 12
RM em uma ordem aleatória com um intervalo de
3 min. entre cada tentativa. Para o cálculo da
amplitude média do sinal – average rectified value
(ARV) – de cada exercício foi considerada
somente a segunda repetição. A ARV de cada
exercício foi então normalizada tendo como base
(100%) a ARV do exercício que obteve o maior
sinal eletromiográfico para aquele participante.
Análise estatística. Primeiro foram testadas a
distribuição dos dados e da homogeniedade de
variança (Teste de Kolmogorov-Smirnov e Teste
de Levene) com a ajuda do sofware estatístico
SPSS 12.0. Em seguida, as ARVs normalizadas
(NARVEMG) dos exercícios foram comparadas
entre si utilizando-se o teste T para amostras
independentes. Adotou-se o nível de significância
de 5%. A formação dos blocos de exercícios de
atividade eletromiográfica semelhantes teve como
critério que as NARVEMGs dos exercícios em um
mesmo bloco não poderiam diferir
significativamente. Tanto para as comparações das
NARVEMGs quanto para a formação dos blocos
de exercícios foi desenvolvido um programa pelo
autor deste artigo que roda no programa
estastístico R versão 1.6.1 [14]
RESULTADOS
O ranking dos exercícios de força para o
músculo latissimus dorsi com as respectivas
médias do sinal eletromiográfico normalisado
(NARVEMG) são apresentados na tabela 1.
A tabela 2 mostra os resultados das
comparações das médias do NARVEMG dos 8
exercícios entre si. Os sombreamentos nas tabelas
indicam os diferentes blocos de exercícios.
Tabela 1: Apresentação do ranking de exercícios
para o músculo latissimus dorsi (n=10)
Pos. Exercício
1
2
3
4
5
6
7
Remada unilateral com o halter, pe-
gada em semi-pronação
Remada unilateral com o halter, pe-
gada em supinação
Puxada na frente com o tronco inclinado
pegada em supinação
Barra por trás com pegada em pro-
nação aberta no Graviton
Puxada atrás na polia com pegada
em pronação aberta
Remada baixa, pegada em semipronação
Barra pela frente com pegada em supinação
na altura dos ombros no
Graviton
8 Barra pela frente com pegada em
pronação na altura dos ombros no
Graviton
NARVEMG
x ± dp (%)
92,5± 9,7
85,4±16,4
77,5±16,3
73,1±20,0
71,7± 17,4
71,3±17,8
66,6±19,1
59,7±10,3
Tabela 2: Apresentação das comparações entre
as médias do NARVEMG dos oito
exercícios de força para o músculo
latissimus dorsi (n= 10)
Bl. Pos.
1
2
Exercícios com NARVEMG
signifinicativamente menor (p

DISCUSSÃO
O músculo latissimus dorsi, também
conhecido como grande dorsal, estende e aduz o
ombro, rodando o braço medialmente [10]. Os
exercícios escolhidos atuam basicamente,
estendendo e aduzindo o ombro. Os resultados
indicam que as duas variações do exercício
“remadas unilateral” produziram atividades
mioelétricas significativamente maiores do que
todos os outros exercícios, embora sem diferir
significativamente entre si. A maior efetividade
destas variações em comparação com as variações
dos exercícios de puxada e barra também pôde ser
constatada por Boeckh-Behrens & Buskies [3] e
Cornacchia & Volpe [7]. Boeckh-Behrens &
Buskies [3] sugerem que a grande atividade
elétrica do latissimus dorsi nos exercícios de
remada unilateral pode ser explicada pela boa
fixação do tronco e pelo bom isolamento da ação
muscular. A boa fixação corpo contribuiria para
que esses exercícios pudessem ser executados com
maiores pesos para um determinado número de
repetições. Em comparação com o exercício
remada baixa (pos. 6), colocam que a força
contraria gerada pelo cabo obriga que os músculos
eretores da espinha se contraiam isometricamente
para que a coluna vertebral seja estabilzada, sendo
a força destes músculos um fator limitador para
que esse exercício possa ser executado com
maiores pesos e com isso gerar mais tensão
muscular.
Com exceção das variações da remada
unilateral (pos. 1 e 2), todos os outros exercícios
são executados bilateralmente. Para a discussão
dos exercícios bilaterais é interessante analisar por
primeiro a influência do tamanho da pegada na
atividade do grande dorsal. A análise das
NARVEMGs de dois exercícios de barra (pos. 4 e
8) mostra que uma pegada mais larga aumenta
significativamente a ativação elétrica do grande
dorsal. Esses resultados são ratificados pelos
achados de Boeckh-Behrens & Buskies [2,3],
Cornacchia & Bompa [5], Signorile et al. [15] e
Wills et. al. [16]. Porém para analisar esta
influência, com exceção do primeiro estudo, todos
as outras investigações tiveram como exercício
teste a “puxada” e não a “barra”. Esses autores
sugerem que uma pegada mais aberta, ou seja, com
os braços mais abduzidos horizontalmente,
colocaria o latissimus dorsi numa posição mais
favorável para a contração muscular. Mesmo
assim, é prudente ressaltar que, no presente estudo,
os exercícios de barra (pos.4 e 8) são executados
diferentemente. Em um deles o movimento é feito
por trás e no outro pela frente. Alguns autores [2,3]
apontam a execução dos exercícios de puxada e de
barra por trás como o mais eficientes, enquanto
outros pesquisadores [15] sugerem exatamente o
contrário, tornando-se difícil uma interpretação
mais precisa destes dados, já que utilizaram
metodologias diferentes. Signorille et al. [15]
coloca que, apesar da puxada por trás também
demandar um alto grau de abdução horizontal, essa
não é tão grande quanto na variação executada pela
frente. Assim, a grande tensão muscular do grande
dorsal, gerada pela execução pela frente, poderia
ser ocasionada pelo maior aumento do
comprimento muscular produzido quando o úmero
é mais abduzido horizontalmente. Adicionalmente,
destacam que a execução por trás abaixaria mais
ombros, enfatizando a ação dos músculos
rombóides e da porção inferior do trapézio em
detrimento da ativação do grande dorsal. A
influência de outros tipos de pegada (supinação,
pronação e semi-pronação) na atividade elétrica do

latissimus dorsi pode ser analisada ao comparar-se
as NARVEMGs dos exercícios nas posições 1-2 e
7-8). Não foram observadas diferenças
significativas entre as NARVEMGs, tanto das
remadas unilaterais executadas com a pegada em
semi-pronação e supinação (pos. 1 e 2), quanto das
duas variações do exercício barra (pos. 7 e 8) feitas
com pegadas em pronação e supinação. Esses
resultados contrariam as conclusões de Boeckh-
Behrens & Buskies [3] que apontam a variação da
barra em pronação com sendo a mais eficiente, já
que essa pegada enfraqueceria a ação do bíceps.
A formação dos 3 blocos de exercícios,
demostrados nas tabelas 1 e 2 através dos
sombreamentos, teve como critério que as
NARVEMGs dos exercícios agrupados em um
mesmo bloco não poderiam diferir
significativamente. Com exceção dos exercícios
nas posições 6 e 7, que também poderiam ser
posicionados no blocos 3 e não no bloco 2, como
de fato aconteceu, todos os outros puderam ser
agrupados facilmente nos 3 blocos, sugerindo que
os exercícios em um mesmo bloco possam ser
trocados durante o processo de treinamento sem
alterar significativamente a atividade elétrica do
grande dorsal. Conclui-se que a EMG pode
fornecer uma base científica, auxiliando na escolha
dos exercícios de força.
REFERÊNCIAS
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Rowohlt Verlag, 2004.
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http://www.r-project.org acessado em
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[15] Signorile JF, Zink AJ, Szwed SP. A
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J. Str. Cond. Res. 2002; 16 (4): 539–
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[16] Wills R, Signorile JF, Perry A, Tremblay L,
Kwiatkowski K. Differences in EMG
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lat pulldown. Med. Sci. Sports Exer. 1994;
26 (5): 20.
e-mail: kleber@unisinos.br